26 de abril de 2021 Carolina Vieira de Paula
Mural
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Marcele Tonet, psicóloga social e institucional e doutoranda em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul precisa entrevistar professores universitários vinculados a instituições privadas, com fins lucrativos.
Figura 1 foto Marcele Tonet
O objetivo da pesquisa é identificar os impactos da financeirização do ensino superior, com enfoque na saúde e nas relações de trabalho.
Em tempos de pandemia, as ferramentas de tecnologia e comunicação oportunizam encontros e facilitam as coletas de dados. Neste caso, as entrevistas serão realizadas por meio remoto e eletrônico, utilizando plataformas como WhatsApp, zoom, meet, conforme a conveniência do entrevistado.
Segundo Marcele Tonet, a participação dos docentes nesta pesquisa é importante para “dar visibilidade ao trabalho do professor (a) universitário (a)”.
No dia 05 de maio de 2017 aconteceu na sala 203, a partir das 8h o Psicologia em Debate com o seguinte tema “Relações de trabalho e corrosão do caráter em Sennett” apresentado pelos acadêmicos de Psicologia do CEULP Erismar Araújo e Fabrício Veríssimo. A princípio foi abordada a definição de corrosão, ou seja, o ato ou efeito de corroer que segundo o dicionário genérico é o desgaste gradual de um corpo qualquer que sofre transformação química e/ou física, proveniente de uma interação com o meio ambiente. Foi abordada também a definição geológica: destruição de rochas devido à decomposição química realizada por água salina ou doce; química: transformação química de metais ou ligas em óxidos, hidróxidos etc., por processos de oxidação pelo contato com agentes como o oxigênio, umidade.
Fonte: http://zip.net/bstKtb
Em seguida foram explanadas questões biológicas, religiosas e psicológicas a cerca do caráter (formação moral) sendo respectivamente: aspecto morfológico ou fisiológico utilizado para distinguir indivíduos em uma espécie ou espécies entre si (marca a mesma espécie), indicadores gerais sobre condutas (deveres) e conjunto coerente de respostas dadas por um indivíduo a uma série de testes e que permite, por comparação estática, situá-la numa categoria determinada.
Adentrando mais ao tema vimos sobre a dinâmica entre capitalismo versus rotina versus natureza flexível, onde o trabalhador disciplinado é aquele que se preocupa com o trabalho, têm uma rotina a seguir, relações duráveis devido à maior estabilidade no ambiente de trabalho e gosta de estar inserido nesse meio, já o trabalhador flexível tem uma visão de articular melhor com o outro, diante das mudanças no mundo de trabalho, sendo passível de mudança e estabelecendo relações menos duráveis.
Assim, tal dinâmica remete a questão de como se podem buscar objetivos de longo prazo numa sociedade de curto prazo? O que nos leva a seguinte conclusão, de que os dois modelos (disciplinado e flexível) se encaixam ao modelo de vida que levamos hoje (capitalismo). Ou seja, temos uma “certa” rotina, porém buscamos uma flexibilidade no trabalho, como por exemplo, o flexitempo, que é quando procuramos criar tempo e alimentar as demais áreas da nossa vida, criando assim uma dinâmica favorável.
Fonte: http://zip.net/bctJ3T
Por fim, entramos na ética do trabalho em que tal dinâmica: disciplina e flexibilidade diante do capitalismo podem levar a uma desorganização do tempo, o trabalho em equipe quando não bem estruturado é afetado, a autodisciplina e automodelação dentro das empresas acarretam na individualidade do sujeito e uma competição a fim de atingir metas impostas, o ambiente de trabalho visto como polivalentes e adaptáveis as circunstâncias (sujeito passivo) e a ética protestante levando o indivíduo a ter o trabalho como foco principal na sua vida. Logo, a relação de trabalho que é toda essa dinâmica vista, pode influenciar na corrosão do caráter do sujeito, moldando-o para operar junto ao capitalismo, toda essa corrosão pode levar o sujeito ao adoecimento psíquico, adquirindo algum tipo de psicopatologia ao longo da vida.
REFERÊNCIA:
SENNET Richard. A Corrosão do Caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.
Participar do Psicologia em Debate é sempre um grande aprendizado, já que o evento sempre traz temáticas relevantes para nossa formação acadêmica. Trata-se de uma ação que acontece semanalmente (quartas-feiras) no Ceulp/Ulbra, entretanto, a do dia 03/05/17 teve uma novidade, aconteceu às 08h da manhã, ou seja, uma oportunidade a mais para aqueles que não podem estar presentes no período da tarde.
Cabe ressaltar que o Psicologia em Debate nos permite trocas valiosíssimas, especialmente para os alunos. São apresentados conteúdos que irão agregar a nossa constituição enquanto acadêmicos. Nos mobiliza, e nos faz pensar sobre outra perspectiva. O nosso poder de argumento, de tomada de decisão frente aos acontecimentos é sem dúvida aperfeiçoado, passamos a ter a delicadeza de observar o que nos rodeia com outro olhar. Respectivamente, adquirimos conhecimento, ou seja, é uma viagem por esferas antes desconhecidas.
Fonte: http://zip.net/bktJKG
E o simples fato de estarmos no mesmo barco: alunos X alunos, é extremamente enriquecedor. Exemplo disto, os acadêmicos Erismar Araújo e Fabrício Veríssimo ministraram o debate deste dia, com o tema: ‘A CORROSÃO DO CARÁTER – Consequências Pessoais do Trabalho no Novo Capitalismo’. O embasamento teórico foi fundamentado no conceito do Richard Sennett, educador de sociologia da Universidade de Nova York e da London School of Economics, músico e romancista. Tornou-se famoso nos meios acadêmicos brasileiros por seu livro ‘O declínio do homem público’. (SIQUEIRA, 2002). Lembrando que houve participação de alguns professores, com um ambiente repleto de alunos. Ocorreu na sala 203, prédio 2, no CEUPL/ULBRA.
Este evento trouxe uma temática muito discutida em sala de aula, principalmente no que diz respeito às patologias ocasionadas pelo trabalho. Esta flexibilidade proposta por esse novo capitalismo traz risco, e com isso insegurança. Para o autor “há uma perda do senso de comunidade e a tentativa de transformar em seu correlato as comunicações eletrônicas, que se caracterizam por sua brevidade, pressa e inconsistência.” (SIQUEIRA, 2002). Concomitantemente, engloba situações diversas, o novo capitalismo chamado de flexível por Sennett, é por sua vez imediatista, os efeitos deste fenômeno mercadológico é desorientador, resultando em malefícios a saúde mental e física do indivíduo. Cobra-se postura, tempo, disciplina, qualidade, perfeição, prazo, enfim, o sujeito que trabalha tem que se reinventar a todo o momento.
Fonte: http://zip.net/bptKps
Muitos fatores são comprometidos, perde-se a noção de valores, de tempo e de espaço. E com isso o caráter sofre mutações, ou seja, segundo o autor há uma corrosão. Como decidimos o que tem valor duradouro em nós numa sociedade impaciente, que se concentra no momento imediato? Como se podem buscar metas de longo prazo numa economia dedicada ao curto prazo? Como se podem manter lealdades e compromissos mútuos em instituições que vivem se desfazendo ou sendo continuamente reprojetadas? Estas as questões sobre o caráter impostas pelo novo capitalismo flexível. (SENNETT, 1999, p.11)
A sociedade vivencia o processo acelerado da globalização, e por sua vez traz benefícios, o que cabe nesse discurso é como o sujeito enfrenta esse dinamismo, quais as causas que provocam patologias, e o porquê de tanto desequilíbrio pessoal e profissional. Aproveitando o ensejo, cabe a nós futuros psicólogos adentrar a este universo sem medo, e buscar alternativas que possam colaborar com a promoção da saúde mental desses sujeitos fragilizados e a mercê do sistema capitalista, que por sua vez não perdoa.
REFERÊNCIA:
SENNETT, Richard. O Declínio do Homem Público: as tiranias da intimidade. Tradução: Lygia Araújo Watanabe. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.