Reflexões sobre as novas relações de trabalho

No dia 05 de maio de 2017 aconteceu na sala 203, a partir das 8h o Psicologia em Debate com o seguinte tema “Relações de trabalho e corrosão do caráter em Sennett” apresentado pelos acadêmicos de Psicologia do CEULP Erismar Araújo e Fabrício Veríssimo. A princípio foi abordada a definição de corrosão, ou seja, o ato ou efeito de corroer que segundo o dicionário genérico é o desgaste gradual de um corpo qualquer que sofre transformação química e/ou física, proveniente de uma interação com o meio ambiente. Foi abordada também a definição geológica: destruição de rochas devido à decomposição química realizada por água salina ou doce; química: transformação química de metais ou ligas em óxidos, hidróxidos etc., por processos de oxidação pelo contato com agentes como o oxigênio, umidade.

Fonte: http://zip.net/bstKtb

Em seguida foram explanadas questões biológicas, religiosas e psicológicas a cerca do caráter (formação moral) sendo respectivamente: aspecto morfológico ou fisiológico utilizado para distinguir indivíduos em uma espécie ou espécies entre si (marca a mesma espécie), indicadores gerais sobre condutas (deveres) e conjunto coerente de respostas dadas por um indivíduo a uma série de testes e que permite, por comparação estática, situá-la numa categoria determinada.

Adentrando mais ao tema vimos sobre a dinâmica entre capitalismo versus rotina versus natureza flexível, onde o trabalhador disciplinado é aquele que se preocupa com o trabalho, têm uma rotina a seguir, relações duráveis devido à maior estabilidade no ambiente de trabalho e gosta de estar inserido nesse meio, já o trabalhador flexível tem uma visão de articular melhor com o outro, diante das mudanças no mundo de trabalho, sendo passível de mudança e estabelecendo relações menos duráveis.

Assim, tal dinâmica remete a questão de como se podem buscar objetivos de longo prazo numa sociedade de curto prazo? O que nos leva a seguinte conclusão, de que os dois modelos (disciplinado e flexível) se encaixam ao modelo de vida que levamos hoje (capitalismo). Ou seja, temos uma “certa” rotina, porém buscamos uma flexibilidade no trabalho, como por exemplo, o flexitempo, que é quando procuramos criar tempo e alimentar as demais áreas da nossa vida, criando assim uma dinâmica favorável.

Fonte: http://zip.net/bctJ3T

Por fim, entramos na ética do trabalho em que tal dinâmica: disciplina e flexibilidade diante do capitalismo podem levar a uma desorganização do tempo, o trabalho em equipe quando não bem estruturado é afetado, a autodisciplina e automodelação dentro das empresas acarretam na individualidade do sujeito e uma competição a fim de atingir metas impostas, o ambiente de trabalho visto como polivalentes e adaptáveis as circunstâncias (sujeito passivo) e a ética protestante levando o indivíduo a ter o trabalho como foco principal na sua vida. Logo, a relação de trabalho que é toda essa dinâmica vista, pode influenciar na corrosão do caráter do sujeito, moldando-o para operar junto ao capitalismo, toda essa corrosão pode levar o sujeito ao adoecimento psíquico, adquirindo algum tipo de psicopatologia ao longo da vida.

REFERÊNCIA:

SENNET Richard. A Corrosão do Caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.