Na tarde do dia 23 de maio de 2019 durante o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS), é trago à tona pela acadêmica de psicologia do Ceulp/Ulbra Marlene Pereira Guimarães o tema: “Sexualidade do adulto jovem com Síndrome de Down”. Que apresentou uma pesquisa realizada com uma pessoa com síndrome de Down e sua avó, propondo a busca por conhecer a vivência e dificuldades das relações afetivas e sexuais do adulto jovem com Síndrome de Down.
Nos relatos, percebe-se que os sentimentos e desejos nesse âmbito se assemelham a qualquer outra pessoa sem a síndrome, entretanto, devido aos preconceitos sociais, essas pessoas são proibidas de explorar a própria sexualidade ou vistas como assexuais. A participação da sua cuidadora nessas discussões fez-se necessário já que o contexto familiar pode favorecer ou prejudicar o desenvolvimento relacional e cognitivo e interfere em como ele vivencia sua sexualidade.
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Tati: a inclusão dos indivíduos com síndrome de Down através dos gibis
Tati, a mais nova personagem do cartunista Mauricio de Sousa, possui síndrome de Down e estreou em um gibi especial com toda a Turma da Mônica, o “Viva as Diferenças!”. A personagem é uma homenagem à Tathi Heiderich, filha de Patrícia e Fernando Heiderich, responsáveis pela coordenação do Instituto MetaSocial, que, juntamente a mídia, promove a inclusão social há mais de 19 anos. Tati possui características próprias da síndrome como os olhos puxados, além de ser um pouco menor que as crianças da sua idade. Tati é alto-astral e divertida. Ela possui uma boa interação social com seus amigos, os quais costuma chamar de “fofos” e gosta de sempre vê-los felizes.
A Síndrome de Down corresponde a uma desorientação genética onde a criança apresenta uma quantidade de 47 cromossomos em suas células, tendo no par 21 três cromossomos, em vez de dois. Essa síndrome sucede de maneira igual tanto no sexo masculino quanto no sexo feminino, ocorrendo em todas as raças, grupos sociais, e nacionalidades independentemente da pessoa.
Dentre as características físicas mais facilmente intrínsecas, destacam-se os olhos com fendas palpebrais oblíquas, rosto largo e achatado e orelhas pequenas, além das largas e pequenas mãos e uma única prega palmar transversal. O pescoço é curto e a musculatura é mais flácida, dentre outras particularidades.
A inclusão de pessoas com síndrome de Down ainda é um desafio na nossa sociedade e é necessária a reflexão se esta condição faz de alguém um cidadão diferente ou com menos direitos, uma vez que, por mais que o desenvolvimento intelectual seja mais lento, as pessoas com a síndrome conseguem realizar atividades, compreender e desenvolver repertórios de linguagem verbal e não verbal. Maurício de Sousa busca mostrar aos seus leitores que as pessoas com distúrbio genético, apesar de possuírem certas limitações, são pessoas com capacidades de viver uma vida social e tem competência de se desenvolverem cognitivamente, aprender e interagir com o seu meio social, que se sucede mais efetivamente em ambientes inclusivos, em interação com outras pessoas, onde as experiências são reforçadoras.
Apresentar uma personagem com síndrome de Down leva à conscientização da necessidade de promoção da inclusão e reforça a importância de estimular e incentivar cada vez mais a construção de uma vida produtiva. Mauricio busca sensibilizar os pequenos leitores de seus quadrinhos da importância da compreensão acerca de temas relacionados ao bem-estar das pessoas diferentes através de personagens como a Tati, conduzindo as crianças e as ensinando que respeitar as diferenças é a chave para moldarmos um mundo melhor. Dessa maneira, se torna possível a efetivação de uma verdadeira sociedade inclusiva através de historinhas que buscam educar e ensinar as crianças a perceber que todos possuem o mesmo valor humano e que merecem ser tratados com dignidade e respeito.
ALVES, Maria Lúcia Silva; OLIVEIRA, Iran Johnathan S. Síndrome de Down: determinantes e desafios. Em foco, 2012.
DE DOWN, Fundació Catalana Síndrome. síndrome de Down. Hacia la tercera edad: retos y esperanzas. Recopilación de las ponencias de las IX Jornadas Internacionales sobre el Síndrome de Down. Barcelona: Fundació Catalana Síndrome de Down, 2009.
Com devidos mecanismos de desenvolvimento de habilidades e convivência social aliados a métodos de aprendizagem, os portadores da síndrome de Down podem ter uma vida social plena
O filme Colegas (2013), de Marcelo Galvão é o primeiro filme brasileiro protagonizado por atores com síndrome de Down. O enredo, inspirado nos filmes americanos Little Miss Sunshine (2006) e Thelma & Louise (1991), se desenvolve ao redor de três grandes amigos portadores de Síndrome de Down que viviam juntos em um instituto e fogem em um carro conversível em busca de seus sonhos: Stallone sonha em conhecer o mar, Márcio sonha em voar e Aninha sonha em ter um namorado músico e casar. Entre aventuras e confusões, eles vivem essa aventura como se a vida não passasse de uma simples brincadeira.
Nota-se que os valores compartilhados pelo trio são específicos e diferenciados dos valores sociais correntes. Percebe-se no relacionamento entre os três uma relação de poder bastante definida, onde Stallone assume a liderança e conduz os outros amigos. É notória a influência do filme Thelma & Louise, praticamente decorado por Stallone, denotando que pode ser profundo o nível de aprendizagem, a qual é replicada no decorrer de toda a aventura.
Dentre as características físicas mais facilmente perceptíveis, destacam-se os olhos com fendas palpebrais oblíquas, rosto largo e achatado e orelhas pequenas, além das largas e pequenas mãos e uma única prega palmar transversal. O pescoço é curto e a musculatura é mais flácida, dentre outras particularidades. Tais características são resultantes das alterações genéticas protagonizadas pela Trissomia 21. A pessoa com essa síndrome apresenta 47 cromossomos em suas células. Tendo no par 21 três cromossomos em vez de dois.
Os personagens apresentam graus diversos da síndrome de Down, o que pode ser notado claramente com a ação do atendente do motel (que também apresenta a síndrome) que age com infantilidade negando a existência de vagas quando o claviculário estava repleto de chaves.
Também fica patente o atraso no desenvolvimento intelectual nas cenas em que o trio teve que pagar por algo que consumiu (o retratista, o taxista, o comércio na beira da estrada e o restaurante), bem como a falta do senso de responsabilidade (apropriação do automóvel). A dificuldade nas relações comportamentais sociais fica vincada quando, confrontando a regra social, adentram o ônibus de excursão e quando Márcio se comunica com outra criança no banco do ônibus.
O filme mostra também que há possibilidades de um amplo desenvolvimento de habilidades como a capacidade de Márcio em se relacionar sexualmente com uma pessoa não portadora da síndrome. É necessário lembrar que, antigamente, os portadores da síndrome de Down eram excluídos e impedidos de viver uma vida social plena devido à ausência de informações suficientes acerca da síndrome dentro da sociedade, haja vista que os portadores de Down são capazes de realizar tarefas complexas e relacionarem-se com relativa facilidade, fruto de mecanismos de desenvolvimento de habilidades.
Logo, a recorrência de Stallone de mostrar a arma denota comportamento repetitivo, próprio de portadores da síndrome. Tal limitação pode afetar o aprendizado na interação com o ambiente. Desse modo, deveríamos considerar que, com devidos mecanismos de desenvolvimento de habilidades e convivência social aliados a métodos de aprendizagem, os portadores da síndrome de Down podem ter uma vida social plena sem serem estereotipados pela sociedade.
Fonte:Imagem do filme
REFERÊNCIAS:
ALVES, Maria Lúcia Silva; OLIVEIRA, Iran Johnathan S. Síndrome de Down: determinantes e desafios. Em foco, 2012.
Barry J. Wadsworth, (1997) Inteligência e Afetividade da Criança na Teoria de Piaget: 5ª Edição, São Paulo, EDITORA XX.
FICHA TÉCNICA DO FILME:
COLEGAS
Diretor: Marcelo Galvão Elenco: Ariel Goldenberg, Rita Pokk, Breno Viola, Lima Duarte; País: Brasil Ano:2013
Gênero: Aventura/Comédia Prêmios: Festival de Gramado – Melhor Direção de Arte; Festival de Gramado – Melhor Filme; Festival de Gramado – Longa Metragem Brasileiro; Mostra Internacional de Cinema de São Paulo – Melhor Filme Brasileiro; Prêmio Jovem Brasileiro –Melhor Filme Nacional.