Acadêmica de Psicologia da Ulbra Palmas participa de evento da ETSUS-TO
3 de dezembro de 2022 Simone Barbosa Magalhães
Mural
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Fonte: Arquivo pessoal
Essa semana vai acontecer a II Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde e a I Mostra de Pesquisa Científica em Saúde, promovida pela Escola Tocantinense do Sistema Único de Saúde (ETSUS-TO). O curso de Psicologia da Ulbra será representado pela acadêmica Simone Barbosa Magalhães, selecionada entre os 84 melhores trabalhos, para apresentação do pôster com o tema “Função transcendente na prática clínica Junguiana para pacientes surdos”.
Fonte: Arquivo pessoal
Sob supervisão do professor Sonielson Luciano, a acadêmica aborda o tema da Surdez no contexto da Psicologia, trazendo ruptura de paradigmas, uma visão inovadora e mais humana do atendimento deste público. De acordo com a acadêmica “o tema surdez, na clínica psicológica, ainda é muito deficitário, é preciso imersão do profissional na cultura e contexto social do sujeito Surdo para que haja qualidade e eficácia no atendimento psicológico”.
O evento acontecerá no período de 7 e 8 de dezembro de 2022, no Centro Universitário Católica do Tocantins em Palmas/TO a partir das 8 horas.
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A família Bélier: a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como ferramenta de aprendizagem para o deficiente auditivo
26 de março de 2022 Josélia Martins Araújo da Silva Santos
Filme
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Através da análise do filme é possível perceber que o mesmo nos apresenta uma adolescente denominada Paula, que enfrenta questões comuns de sua idade, dentre elas os problemas e desafios na escola, brigas com os pais e amigos, mas trazendo em seu roteiro algo de extrema relevância a ser discutido.
Os seus pais e seu irmão são surdos sendo ela a responsável por traduzir a língua de sinais nas conversas com as pessoas que os cercam. A Psicopedagogia em linhas gerais é um campo extremamente amplo e valioso, afinal ao longo do curso foi algo que se tornou pouco a pouco cada vez mais evidente, inclusive sabemos que a audição é o órgão do sentido que possibilita a percepção de sons no ser humano, sendo que a mesma é o primeiro sentido a ser apurado antes mesmo de a criança nascer, além disso a audição é o principal canal pelo qual a linguagem e a fala são desenvolvidas, é primordial para o relacionamento humano independente de suas diferenças tornando de fato a inclusão uma realidade.
O modelo inclusivo sustenta-se em uma filosofia que advoga a solidariedade e o respeito mútuo às diferenças individuais, cujo ponto central está na relevância da sociedade aprender a conviver com as diferenças. A inclusão apresenta-se como uma proposta adequada, que se mostra disposta ao contato com as diferenças, porém não necessariamente satisfatória para aqueles que, tendo necessidades especiais, necessitam de uma série de condições que, na maioria dos casos, não têm sido propiciadas (LACERDA, 2006, p. 166).
Apesar de todos os estudos históricos acerca da importância da Psicopedagogia nesse processo de construção e formação do indivíduo, é necessário salientar que diante disso é imprescindível que se criem leis para inclusão que seja eficaz de fato e assim gere igualdade, por isso a importância de a criança ser inserida no aprendizado de Libras desde muito pequena. Destaca-se a fala abaixo como aspecto a ser analisado no decorrer do presente trabalho apresentado:
Fundamentar a educação de surdos nesta teorização cultural contemporânea sobre a identidade e a diferença parece ser o caminho hoje. […] A modalidade da ‘diferença’ se fundamenta na subjetivação cultural. Ele surge no momento que os surdos atingem sua identidade, através da diferença cultural, surge no espaço pós-colonial. Neste espaço não mais há a sujeição ao que é do ouvinte, não ocorre mais a hibridação, ocorre a aprendizagem nativa própria do surdo. (PERLIN E STRÖBEL, 2008, P. 19).
O aprendizado de Libras desde estágios iniciais é de grande relevância para que busque uma educação que contemple suas necessidades, pois justamente isso implica em preparar os professores para que estejam comprometidos com a aprendizagem e o desenvolvimento, atentos para as diversidades de modo geral.
Dentro do próprio contexto psicopedagógico é importante discutirmos que é através dessa atitude e comportamento que se construirá uma sociedade solidária, consciente e preparada para conviver com as diversidades. A inclusão veio justamente ampliar as possibilidades para construir uma sociedade mais justa, dando oportunidades para todos de ocuparem seus espaços, buscando conquistar sua autonomia. Uma lição que não se encontra em livros ou nos bancos acadêmicos, como respeitar, entender e reconhecer o outro de maneira integral e humana.
A partir do momento em que nos reservamos a discutir a temática abordada consequentemente fomos capazes de perceber de maneira ainda mais evidente que a nossa formação acadêmica nos faz refletir e concluir se estamos agindo de acordo com o que é moral e ético, ao psicopedagogo cabe promover a inclusão, diminuindo as barreiras intelectuais e sociais para que os sujeitos possam ter as mesmas oportunidades na sociedade e no mundo do trabalho.
Seguindo a mesma discussão, sabe-se que uma das conquistas dos deficientes auditivos foi o reconhecimento do bilinguismo, o direito de se manifestarem através de sua língua própria sendo está superior, um complemento para que o surdo se escolarize formalmente, fator de grande relevância no trabalho apresentado.
Compreende-se, portanto, que tais profissionais precisam estar preparados para lidar com o sujeito que necessita de uma atenção mais especial, inclusive que para isso é necessário que se criem estratégias e soluções que possam melhorar o convívio, sensibilizando, conscientizando e motivando os mesmos, para que os objetivos sejam alcançados por todos. Observe a fala abaixo como base de justificativa para a discussão apresentada:
Porém, os cursos de formação de psicopedagogos devem ter como finalidade, no que se refere aos futuros profissionais, a criação de uma consciência crítica sobre a realidade que eles vão trabalhar e o oferecimento de uma fundamentação teórica que lhes possibilite uma ação psicopedagógico eficaz (GOLDEFELD, 2002, p.68).
A partir dessa perspectiva é interessante ressaltar que a inclusão é acolher as pessoas sem exceção de cor, classe social, condições físicas e psicológicas. Recusar-se a ensinar é crime. As principais causas da deficiência auditiva nem sempre são identificadas, sendo que existem vários fatores que podem levar a essa perda, com isso é importante salientarmos alguns fatores relevantes, dentre os quais se destaca:
Causas pré-natais: Onde a criança adquire a surdez através da mãe no período de gestação, decorrentes de desordens genéticas ou hereditárias relativas a consanguinidade, ao fator Rh, a doenças infectocontagiosas, etc.;
Causas perinatais: a criança fica surda porque surgem problemas no parto como prematuridade, pós-maturidade, inóxia, fórceps, infecção hospitalar e outros;
Causas pós-natais: a criança fica surda porque surgem problemas após seu nascimento como meningite, remédios tóxicos em excesso, sífilis adquirida sarampo, caxumba, exposição contínua a resíduos ou sons muito alto, traumatismo craniano e outras. (STREIECHEN, 2012, p.17).
Apresenta-se ainda nos mesmos estudos que a Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, identifica a libras como a linguagem materna e mais usada pela comunidade surda do Brasil. Em 22 de dezembro de 2005 o presidente Luís Inácio Lula da Silva e o ministro da educação Fernando Haddad assinaram o Decreto nº 5.626 regulamentando a Lei nº 10.436, que dispõe sobre a linguagem Brasileira de Sinais – LIBRAS.
Interessante destacarmos ainda que a libras é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão utilizada por pessoas surdas, inclusive ainda é evidente que possui um sistema linguístico de natureza visual-motora com estrutura gramatical própria, portanto uma língua autônoma.
FICHA TÉCNICADO FILME
Título: La Famille Bélier (Original)
Ano produção: 2014
Dirigido por: Eric Lartigau
Estreia: 25 de Dezembro de 2014 (Brasil )
Duração: 106 minutos
Classificação: 12 – Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero: Comédia, Drama, Música
Referências:
GOLDFELD, Marcia. A Criança Surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócia interativa. 2 eds. Editora: Plexos, 2002.
LACERDA, C. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência de inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Caderno cedes. Campinas, mai.-ago. 2006, v. 26, nº 69, p. 163-84.
Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989.
PERLIN, G. Identidades Surdas. In: SKLIAR, C. (org.). A Surdez um Olhar Sobre as Diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998.
STREIECHEN, Elisiane Manhoso. Língua Brasileira de Sinais: LIBRAS; ilustrado por Sérgio Streiechen. Guarapuava: UNICENTRO, 2012.
Em 3 de março, é celebrado o Dia Mundial da Audição. O que deveria ser apenas um ato de conscientização, tem se tornado um importante alerta para a humanidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 466 milhões de pessoas sofrem de perda auditiva no mundo. A entidade afirmou ainda que, até 2050, o número pode aumentar para 900 milhões.
As razões mais comuns vão desde problemas genéticos a alta exposição aos ruídos, como também uso de medicamentos ototóxicos que possuem excesso de antibióticos e diuréticos, além de infecção por vírus e bactérias.
No entanto, os maiores vilões da audição podem estar em nossas mochilas, bolsas, pendurados em nossas orelhas ou em cima de nossas mesas: os fones de ouvido e aparelhos com som muito alto. Sabemos que há músicas que despertam diferentes sentimentos, alguns nos relembram paixões, outras ajudam a lidar com frustrações ou nos animam diante de desafios. Então, a pessoa se empolga e coloca o som lá nas alturas. O resultado é a perda de audição de maneira gradual.
Os primeiros sinais da doença aparecem quando a pessoa começa a solicitar repetições da fala, quando ela mesma começa a falar mais alto, esquece o que foi dito, irrita-se com alguns tipos de sons e, em alguns casos, passa a ouvir um zumbido frequente.
Outro detalhe importante que pode ajudar é a identificação precoce, o que evita danos maiores. Vale lembrar que quem processa qualquer tipo de som é o nosso cérebro. Portanto, quando aumenta o tempo de privação de som, ele perde habilidades importantes de compreensão de fala, sendo mais difícil o tratamento. Além do mais, o adiamento do uso do aparelho auditivo pode ocasionar no maior agravamento da doença. Nesses casos de tratamento tardio, a tecnologia pode não ser suficiente.
Aqueles que estão mais expostos aos ruídos, no trabalho ou no trânsito, por exemplo, possuem riscos grandes de perder a audição ou parte dela. Caso esteja associada à genética, o risco é ainda maior. Para esses casos, o indicado é o uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) para auxiliar e prevenir. Eles são capazes de diminuir o impacto de sons altos dentro do sistema auditivo.
No geral, o necessário é diminuir a exposição ao ruído e melhorar a alimentação. Hábitos saudáveis não auxiliam só a emagrecer, mas influenciam também em nosso corpo como um todo. Por exemplo, estudos mostram que a ingestão de zinco e magnésio podem colaborar com a prevenção para perda induzida pelo ruído.
Outra sugestão é promover realmente um descanso auditivo. Tente diminuir a exposição ao ruído. Caso o seu dia a dia o force a estar em lugares barulhentos, no seu momento de folga, diminua o volume do som. Ouça mais músicas de relaxamento.
Vale ressaltar que quando nossa capacidade auditiva diminui, sentimos a perda de algo importante em nossas vidas. Isso nos impede de nos comunicar e trocar experiências com outros. Há pacientes que se isolam, sofrem com pensamentos de autoestima baixa e podem enfrentar quadros de depressão. Fica claro que ouvir bem é um fator impactante na qualidade de vida, que deve ser escolha número um no ranking de prioridades de qualquer um.
Há pessoas que escutam, mas não entendem o que outros falam. Tem gente que não consegue ouvir televisão nem quando alguém liga pelo telefone. Há também quem reclame de zumbido nos ouvidos. Por conta desses problemas de audição, muitos se isolam e até deixam de participar de reuniões sociais e festas. Esses são exemplos de pessoas que precisam utilizar aparelhos auditivos. Mas esse assunto ainda causa constrangimento.
Ter de usar um aparelho auditivo não é motivo para se envergonhar. Pelo contrário, é uma forma de melhorar a qualidade de vida, ser mais ativo socialmente, comunicar-se melhor e não correr riscos por não ouvir quando estiver pelas ruas.
Antigamente, o transtorno era grande. Quem tinha problemas auditivos precisava, por exemplo, usar enormes aparelhos. Depois, vieram os tubos que eram mais finos. Mas, hoje, temos equipamentos imperceptíveis que trazem gigantescos benefícios. Muitas vezes, as pessoas em volta nem conseguem notar o aparelho.
Fonte: encurtador.com.br/loAY2
Na virada do século XXI, a tecnologia computadorizada tornou os aparelhos auditivos menores, ainda mais precisos e com ajustes para se acomodar virtualmente a todo tipo de ambiente. Os equipamentos de última geração podem continuamente se ajustar para melhorar a qualidade de som e reduzir o ruído de fundo. Além disso, há aplicativos com conectividade com o som direto no aparelho auditivo.
Diferente do que alguns acreditam, o uso de aparelho não causa efeito colateral. Pelo contrário, há tratamento de zumbido que é realizado por meio desses equipamentos. Em muitos casos, isso é causado pela perda auditiva. Por conta disso, o cérebro compensa com o zumbido o som que falta. Dentro dos aparelhos auditivos é possível ajustar e corrigir a audição para oferecer sons com o intuito de minimizar esse problema.
Existem três tipos básicos de aparelhos auditivos: com receptor no canal (RIC: Receiver-in-canal); utilizados atrás da orelha (BTE: Behind-the-ear); e aqueles utilizados na parte interna da orelha (ITE: In-the-ear). O modelo correto vai depender da deficiência auditiva e também da anatomia da orelha, além das preferências pessoais considerando a tecnologia e até o design. Hoje, há muitos modelos no mercado. Com a ajuda do fonoaudiólogo, é possível escolher o modelo que mais agrada para a dificuldade.
Existem dois tipos principais de perda auditiva: a neurossensorial e a de condução. A primeira acomete o nosso sistema auditivo interno e pode ser desencadeada por exposição ao ruído, envelhecimento, alguns remédios ototóxicos, como alguns antibióticos de atividade bactericida, doenças entre outras etiologias.
Já a de condução pode acontecer por conta do acúmulo de cera, rigidez no sistema, inflamações e infecções e outras doenças. Também há casos que a pessoa apresenta os dois tipos de perda auditiva, condutiva e neurossensorial.
O exame de perda auditiva deve ser sempre levado a sério. É realizado por meio da avaliação clínica, anamnese (entrevista inicial), inspeção clínica da orelha, audiometria, imitanciometria (avaliação das condições da orelha média e da tuba auditiva) e alguns exames objetivos da audição.
É fundamental a atuação conjunta entre o médico otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo. Dessa forma, a pessoa pode retomar suas rotinas normais com melhor qualidade de vida.
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Uma análise das dificuldades de percepção auditiva sob a perspectiva da Gestalt
O presente texto tem por finalidade apresentar o caso de Juliana e Ana, bem como traçar uma discussão a respeito das principais dificuldades de pessoas com percepção auditiva reduzida ou ausente, além dos conceitos da abordagem Gestalt que têm relação com estes casos.
Em geral, considera-se a dificuldade de aprendizagem uma constelação de fatores de ordem pessoal, familiar, emocional, pedagógica e social. Também, pode ser problema neurológico que afeta a capacidade de cérebro para entender, recordar ou comunicar informações (SMITH, 2007).
Ao observar a Gestalt nas situações que norteiam a vida daqueles que têm dificuldade ou ausência da percepção auditiva, questiona-se a respeito da efetividade dessa abordagem nesses casos. Assim, a partir dos estudos realizados, conclui-se que há evidências de que essa abordagem é eficaz, além da fácil compreensão dos conceitos característicos da mesma em relação à aprendizagem dessas pessoas.
A seguir, é apresentado a descrição do caso considerando a teoria da Gestalt para análise teórica e por fim são apresentadas estratégias e técnicas para o aprimoramento da aprendizagem tanto no âmbito acadêmico quanto social.
GESTALT E SUA TEORIA DA APRENDIZAGEM
Fonte: encurtador.com.br/dvBER
A Gestalt foi criada pelos psicólogos alemães Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka. Teoria que afirma que o todo, é maior que a soma das partes. E o significado não vem da soma das partes, mas da capacidade humana de perceber sua organização o que se denomina por insight.
A Gestalt não era exatamente uma teoria de aprendizagem, mas uma teoria psicológica. O seu conceito teoria mais importante para o estudo da aprendizagem é o de “insight” – súbita percepção de relações entre elementos de uma situação problemática. Uma característica da aprendizagem por insight é que algumas situações são mais favoráveis do que outras na eliciação do insight. Com isso, em uma situação de ensino, caberia ao professor selecionar condições nas quais a aprendizagem por insight poderia ser facilitada: por exemplo, mostrar ao aluno que a solução de um problema alcançada por insight é facilmente aplicável a outros problemas (OSTERMANN, CAVALCANTI, 2010, p.17).
A visão gestaltista é de que a aprendizagem resulta na formação de traços de memória e a característica mais importante é que o material aprendido, como qualquer informação perceptual, tende a adquirir a melhor estrutura possível (prãgnaz) devido às leis da organização perceptual.
RELATOS DE CASOS
Os casos relatados a seguir são baseados em dados reais obtidos através uma entrevista com duas pessoas deficientes auditivas. Para tanto, foram utilizados nomes fictícios- Juliana e Ana.
Caso Juliana
Juliana, uma moça de 22 anos, professora de Libras, que perdeu sua capacidade auditiva aos 7 meses de vida devido à uma doença chamada meningite e que começou a aprender libras aos 13 anos de idade.
Juliana relata que teve um processo de aprendizagem difícil pois seus professores não eram capacitados para lidar com surdos e, segundo ela, é difícil para o surdo compreender a linguagem escrita, algo completamente compreensível visto que Libras não é uma representação gestual do Português e tem estruturas de construção gramatical diferenciadas (Oliveira; Walter, 2016; Faria, 2011)
Juliana ainda cita que continua encontrando dificuldades em seu meio acadêmico pois faltam profissionais de libras e ainda quando existem, não são suficientes para o processo de inclusão do surdo. Além das escolas e universidades, Juliana fala da importância de intérpretes em locais públicos e privados pois saber libras é contribuir para o desenvolvimento dessa comunidade que, segundo o censo do IBGE em 2010, constitui 9,7 milhões de pessoas que têm deficiência auditiva; desses, 2.147.366 milhões apresentam deficiência auditiva severa, situação em que há uma perda entre 70 e 90 decibéis (dB). Cerca de um milhão são jovens até 19 anos.
Juliana relata sempre ter tido o apoio da família, mas que ela não é maioria. Nem todas as famílias, apesar de apoiarem, sabem como lidar com esse tipo de situação ou se informam e aprendem o suficiente para auxiliar seus filhos. Juliana mora em Araguaína e faz parte de um grupo de apoio chamado CIL – Central de Interpretação de Libras, que auxilia os surdos na comunicação durante atendimentos públicos, tem guia intérprete, encaminha os surdos para cursos, auxilia a respeito dos seus direitos garantidos em lei, dentre outras coisas.
Fonte: encurtador.com.br/bhjku
Caso Ana
Ana, tem 21 anos, mora em Porto Nacional- TO, sua família mora em Palmas-TO, faz faculdade de Letras Libras e nasceu surda.
A entrevistada diz que, uma das suas maiores dificuldades é na área da saúde, já que vê como algo muito importante para o ser humano. E uma das barreiras que encontra é a falha de comunicação dos médicos com os surdos, e comenta que já recebeu medicamento errado por isso. Além disso, a não aceitação de um intérprete nessas consultas é outra limitação, e sugere então que, os profissionais na saúde aprendam a língua de sinais para que possam se comunicar com os surdos sem a necessidade de um intérprete.
Já na área acadêmica, ela diz não sentir tanta dificuldade e limitações, embora perceba que às vezes a comunicação não é muito clara, porque as pessoas não são fluentes em libras. Ela afirma que a ausência dessas dificuldades é devido ao curso que ela faz, que é de Letras e Libras, portanto as pessoas estão ali para serem capacitadas nisso e para evitar que outros surdos tenham que enfrentar essas e outras dificuldades.
Ana relata que não foi estimulada a aprender libras desde pequena, pois sua família não tinha conhecimento sobre o que era a língua de sinais. E embora algumas pessoas tentassem uma comunicação por meio de sinalização, ela não aceitava, achava estranho. Ao completar seus 13 anos, quando mudou para outra cidade, encontrou uma intérprete e outra pessoa surda, foram elas que conseguiram ter contato com Ana. A partir do momento em que começou a vê-las sinalizando é que se interessou por isso. Ela diz que oralizava quando criança, mas quando viu essas duas pessoas sinalizando, se identificou mais com a língua de sinais. Portanto, hoje ela é acadêmica do curso de Letras Libras e futura professora de língua de sinais.
Quanto a sua família, Ana percebe que eles sentem orgulho por ela ser surda. Percebe que eles compreendem as falhas que ela têm, mas que confiam nela e sabem que é capaz. Afirma que a família a estimula e dá liberdade para que ela sozinha possa aprender e ter conhecimento de mundo. Compreende que a família a ensinou muito, mas que ela foi atrás de complementos para sua própria aprendizagem.
Ana afirma que os surdos são diferentes entre si. A maioria das famílias de surdos possuem uma mente muito fechada, muitas dificuldades: não confiam; não acreditam nas capacidades do surdo; e são como uma prisão para eles, assim não dando liberdade para que possam sozinhos conhecer o mundo. Por isso há muitos surdos doentes (depressivos), pois estão presos pela própria família.
Existem diversos grupos de surdos, explica Ana. São eles grupos sociais, que combinam de ir para festas, praia, reuniões em casas de amigos. Mas também existem os grupos das instituições de apoio, como: a associação de surdos, CRAS, igrejas, faculdades, entre outros.
Segundo Ana, o maior vilão é na área da saúde, pois ainda vê que a barreira de comunicação é muito grande. Portanto, Ana deixa essa mensagem: “O que eu desejo, o que eu quero, é que vocês tenham essa consciência de aprender…de deixar o intérprete. E caso não queiram a presença do intérprete, que sejam fluentes em língua de sinais, que aprendam a língua de sinais, mas que não seja algo básico, que sejam fluentes para que a gente possa se sentir…ter uma auto-estima maior.”
Fonte: encurtador.com.br/uxAMZ
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
A percepção auditiva, por mais que não seja publicamente difundida é algo intrínseco a todo ser humano e necessita, portanto, de um breve resumo com o objetivo de que sua essência possa ser devidamente absorvida. Desta forma, Buriti e Rosa (2014), em um estudo sobre percepção auditiva em escolares com dislexia, afirmam que a percepção auditiva ocorre por que as células sensíveis a um determinado estímulo- chamada de células receptoras- dão início ao processamento de um sinal acústico audível.
Assim, compreende-se a percepção auditiva como a capacidade que o ser humano possui para compreender os estímulos sonoros externos, ou seja, é a capacidade de interpretar os sons, sendo que, assim como quase tudo na vida, existem os casos de deficiência ou deformidades que impedem o bom funcionamento de determinado órgão, o que sugere uma hipótese neurológica ou neurogênica.
No caso em questão, trata-se da dificuldade na percepção auditiva, que ocorre quando não há um bom funcionamento no processamento de um sinal acústico, que terá por consequência uma má interpretação da mensagem recebida, não absorção do conteúdo, levando até mesmo na confusão de comandos, dessa forma a interpretação errônea do que foi previamente designado.
A deficiência na percepção auditiva pode ter várias causas: hereditária (quando a criança herda um gene defeituoso de um ou ambos os pais), acidente (ocorre durante a concepção da criança ou em qualquer outra ocasião que cause lesões cerebrais), erros no desenvolvimento cerebral (disfunção no processo de desenvolvimento da pessoa, impossibilitando assim, sua completa e perfeita função neurológica) e desequilíbrios neuroquímicos (decorrente do desequilíbrio químico cerebral, ocasionado pela injeção de tóxicos no corpo, como álcool, cocaína e outras substâncias nocivas).
Apesar de pouco conhecidas, existem não só dificuldades, mas também padrões gerais para sua identificação, seja pelo esforço e concentração durante uma oração (virar a cabeça para que “a mensagem penetre o cérebro”); prefere ler uma notícia a ter que assistir o jornal; ler um livro a ver um filme; possui dificuldades de distinguir sons; tem facilidade na compreensão visual; possui pouco interesse musical.
Fonte: encurtador.com.br/qORT4
Em detrimento dos fatos narrados, ocorrem as dificuldades de socialização e aprendizado, de acordo com Smith (2007), a compreensão sobre a temática não é de conhecimento geral, sendo que, em sua grande maioria, até mesmo entre profissionais da educação, ocorre um pré-conceito sobre um aluno, tratando-o como menos capaz ou de menor capacidade cognitiva, conforme se observa: “Ano após ano, muitos desses jovens são erroneamente classificados como tendo baixa inteligência, insolência ou preguiça. Eles são constantemente instados, por adultos ansiosos e preocupados com seu desempenho acadêmico, a corrigirem-se ou a esforçarem-se” (SMITH, 2007, p.14).
É importante ressaltar que as crianças que possuem dificuldades na percepção auditiva geralmente são invisibilizadas socialmente tanto dentro do âmbito escolar quanto familiar. As dificuldades podem gerar novos mecanismos adaptativos não somente para a criança em questão, mas para o meio do qual ela participa.
DISCUSSÃO DOS CASOS
O Insight
O insight pode ser compreendido como a capacidade advinda de uma clareza súbita para resolver determinado problema. Köhler (1969, p.163), entende que essa clareza parte de uma “reorganização de certos materiais” , então é possível dizer que, para que haja um insight, é necessário que haja antes um repertório de conhecimentos no intelecto do indivíduo. Como, então, um surdo haveria de ter um insight?
Como a Juliana citou, é difícil para um surdo compreender a linguagem escrita e, em muitas ocasiões, a fala também devido a falta de intérpretes. Isso não significa, portanto, que o mesmo não tem conhecimento sobre outras situações que envolvem o seu próprio cotidiano. É mais fácil para um surdo ter um insight para resolver um problema enfrentado pelo surdo do que o ouvinte, já que seu repertório de conhecimento e vivência da área é bem maior, e o contrário também procede. Mas é possível ampliar esse repertório para que haja inclusão dos surdos em diversas áreas, como a profissional, por exemplo. Para isso a Libras se torna peça chave, pois permite que o surdo compreenda e se faça compreendido.
Libras e os quatro (4) Princípios da Gestalt
Fonte: encurtador.com.br/cnpIM
Libras é a sigla para Língua Brasileira de Sinais, e se manifesta pelo conjunto de formas gestuais utilizadas para comunicação entre surdos e ouvintes. Ela se diferencia entre países e entre regiões também. Apesar de haver semelhanças com a língua portuguesa, a linguagem de sinais envolve diferentes níveis linguísticos. O surdo no Brasil acaba sendo forçado a ser bilíngue pois deve aprender não somente Libras como a língua de seu país, no caso o português. No Brasil, a língua brasileira de sinais foi estabelecida através da Lei nº 10.436/2002, como a língua oficial das pessoas surdas, que a compreende como um sistema de natureza visual-motora.
Embora o surgimento das Libras não tenha sido inspirado pela teoria da Gestalt, é possível perceber os princípios dessa abordagem na sua formação.
Princípio do Fechamento: visto como um ato de completar uma figura ou ideia, a Linguagem de Sinais é vista como complexa para os ouvintes pois ela te dá as partes para que você, através de estudo e vivência, as complete, tal complexidade pode ser explicada pelo fato da Juliana e Ana terem se interessado em aprender somente aos 13 anos de idade;
Princípio da Continuidade: pode-se dizer que os símbolos se apresentam com a necessidade de uma continuidade que se dá de forma gestual posteriormente;
Princípio da Similaridade: além de se assimilar muito com as formas da escrita brasileira, a linguagem de sinais se assimila também às formas daquilo que se pode ver, relacionando os símbolos aos gestos.
Princípio da Proximidade: esse campo acontece de forma semelhante para o surdo e para o ouvinte, já que depende do campo visual. A exemplo temos o teclado, a proximidade de todas as formas constrói uma composição visual: o teclado.
O Professor
Fonte: encurtador.com.br/ezAR9
Apesar de ideal, o professor nem sempre precisa saber falar em Libras quando há a presença de um intérprete, porém o mesmo é responsável pela busca teórica e elaboração de técnicas que atendam às necessidades do surdo. Recursos visuais se fazem extremamente necessários, conforme Campello (2008, p. 115) “a modalidade viso-espacial, como um dos recursos visuais, é defendida pelos sujeitos surdos na perspectiva de uma política visual da língua de sinais como um conjunto de experiências culturalmente produzidas”. Mas como vimos nas entrevistas, só a sala de aula não resolve os problemas enfrentados por eles. Se tratando de sistema educacional, é necessária uma escola com todos os departamentos adaptados para atender de forma abrangente os surdos.
A realidade na escola e na sociedade, para o surdo, é uma educação bilíngue, sendo fundamental que o professor consiga lidar de forma dinâmica com as duas línguas, que, nesse caso, trata-se da sua língua oficial – o português – e da língua de sinais, a fim de escolher métodos e oferecer às crianças surdas condições para serem alfabetizadas de acordo com as exigências básicas da educação (BRITO, 2012; 2015; FARIA, 2011; OLIVEIRA, 2011; OLIVEIRA; WALTER, 2016).
ESTRATÉGIAS
Existem algumas estratégias de ensino para a obtenção da aprendizagem de alunos com problemas na percepção auditiva. Dentre elas, a utilização de vocabulários com gravuras, apresentação de filme com legenda, desenhar; fazer detalhes; esquematizar idéias no quadro, utilizar cores diferentes; setas e símbolos, utilizar slides com o máximo de detalhes de informações visuais possíveis (imagens,desenhos e figuras) além de usar ilustrações associadas com frases curtas,fotos ,mapas ,entre outros.
Vale ressaltar que é necessário os pais criarem estímulos visuais para que a criança surda possa chegar a uma compreensão correta daquilo que está sendo discutido. Portanto, verifica-se a importância na relação com os pais, e como eles devem ajustar-se criativamente para receber e lidar com as dificuldades na percepção auditiva dessa criança (SMITH, 2007).
Deve-se considerar as limitações que podem surgir no caminho da família, entretanto é de suma importância que eles assumam a responsabilidade diante da mesma e se comportem de forma assertiva, compreendendo o baixo desempenho que ela pode obter em algumas tarefas, e contribuindo para conscientizar os outros campos sociais que ela participa acerca da sua limitação e as implicâncias que a mesma pode desencadear.
Smith (2007) também comenta que o papel da escola é propiciar um ambiente adaptado e inclusivo à criança resguardando seus direitos e prezando pelo seu desenvolvimento cognitivo no que tange a escolaridade. Assim, é imprescindível que o professor espere o aluno copiar primeiro para depois fazer a explicação, aplicar as matérias de maneira reduzida e bem trabalhada para uma aprendizagem eficaz, dar tempo e ter paciência com eles ,para que ele possa prestar atenção no intérprete e depois escrever no caderno. Além disso, os pais devem manter-se atentos ao papel desempenhado pela escola, fazendo a ponte entre os outros profissionais que atendem a mesma e entre a escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir que as dificuldades de aprendizagem englobam diferentes causas, as quais podem afetar o desempenho acadêmico, ou seja, a criança apresenta um baixo desempenho inesperado em relação ao que ela deveria fazer e o que ela realmente faz.
Na percepção auditiva, percebe-se que a maior dificuldade está na comunicação, tendo em vista que a Língua Brasileira de Sinais se configura como a língua oficial do surdo e são poucas as pessoas que têm domínio dela para a eficaz comunicação através de símbolos e isso dificulta a interação social, com profissionais da saúde, bem como professores.
Além disso, pôde-se perceber o quanto os princípios da Gestalt de estão relacionados com as estratégia utilizadas para o estabelecimento de uma aprendizagem de pessoas com problemas no processamento auditivo. Tais estratégias evidenciam a importância da utilização de recursos visuais com símbolos, cores, imagens, compreensão por parte dos pais e professores do baixo desempenho que ela pode obter em algumas tarefas, e incentivá-la em suas atividades acreditando que é capaz de ter uma vida mais independente e de desenvolver suas potencialidades.
REFERÊNCIAS
BRITO, J. B. Alfabetização de crianças e jovens: superando desafios da inclusão escolar. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Educação, UFRN. Natal, 2012.
BURITI, A. K. L; ROSA, M.R.D. Percepção auditiva em escolares com dislexia: uma revisão sistemática. Rev. psicopedag. [online]. 2014, vol.31, n.94, pp. 82-88. ISSN 0103-8486. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000100010> acesso em: 24 nov 2018.
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“O que importa a surdez da orelha, quando a mente ouve? A verdadeira surdez, a incurável surdez, é a da mente”. (Surdo francês Ferdinand Berther)
Alexander Graham Bell, inventor do telefone, Jonathan Swift, escritor do romance “As Viagens de Gulliver” e o ex-presidente dos EUA Bill Clinton possuem uma característica em comum, além de destaque no cenário mundial: têm deficiência auditiva. No Brasil, por exemplo, estima-se que existam cerca de 15 milhões de pessoas com algum tipo de perda de audição e percebe-se a grande dificuldade no que diz respeito a relacionamentos e socialização ao analisar adolescentes com esse tipo de deficiência, o que gera maiores desafios e complicações na fase adulta da vida.
Adolescência é fase delicada e determinante. Mudanças em todos os aspectos ocorrem e na vida de um surdo não é diferente. Pelo contrário, são necessários mais cautela e respeito. “Um adolescente surdo, que precisa de um intérprete, de uma prótese, tende a ser visto diferente. Frequentemente, passa por situações de evitamento ou distanciamento por parte dos ouvintes, ou ele mesmo acaba não facilitando esse tipo de aproximação”, explica Marta Schorn, psicóloga argentina, especialista em surdez. A condição de surdo os inibe de certas possibilidades e situações e, futuramente na vida adulta, percebem-se características peculiares.
A psicóloga e pesquisadora Gisele Oliveira da Silva, professora de Libras do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN, comenta que os surdos são, por vezes, considerados imaturos e problemáticos nas relações que estabelecem com si mesmos e com o mundo. “Mas isto não é um efeito que tem como causa a própria surdez, mas da forma com que a família, a escola e outras instituições formadoras lidam com estes sujeitos ao preservarem estigmas que, somados a barreiras linguísticas, os privam de orientação, esclarecimento, e os eterniza como seres “infantis””, esclarece Gisele.
Isso porque a sociedade no geral não sabe lidar com surdos. Muitas das situações preconceituosas acarretam grandes consequências e podem ser evitadas. Blogs e vlogs relatam erros graves dos ouvintes que não têm sensibilidade e respeito com deficientes auditivos. Da mesma forma que há regras de convivência e educação na cultura ouvinte, há também na vida dos que não escutam. Algumas dicas podem ajudar na relação:
– Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam porque não aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, outras não.
– Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver prestando atenção em você, acene para ela ou toque em seu braço levemente.
– Quando estiver conversando com uma pessoa surda, fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras, mas não exagere. Use a sua velocidade normal, a não ser que lhe peçam para falar mais devagar.
– Use um tom normal de voz, a não ser que lhe peçam para falar mais alto. Gritar nunca adianta.
– Fale diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela.
– Faça com que a sua boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossível a leitura labial. Usar bigode também atrapalha.
– Quando falar com uma pessoa surda, tente ficar num lugar iluminado. Evite ficar contra a luz (de uma janela, por exemplo), pois isso dificulta ver o seu rosto.
– Se você souber alguma linguagem de sinais, tente usá-la. Se a pessoa surda tiver dificuldade em entender, avisará. De modo geral, suas tentativas serão apreciadas e estimuladas.
– Seja expressivo ao falar. Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, as expressões faciais, os gestos e o movimento do seu corpo serão excelentes indicações do que você quer dizer.
– Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual, se você desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.
– Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se tiver dificuldade para compreender o que ela está dizendo, não se acanhe em pedir para que repita. Geralmente, as pessoas surdas não se incomodam de repetir quantas for preciso para que sejam entendidas.
– Se for necessário, comunique-se através de bilhetes. O importante é se comunicar. O método não é tão importante.
– Quando a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, dirija-se à pessoa surda, não ao intérprete.