Saúde alerta a população sobre a importância do respeito e cuidado às pessoas surdas

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Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez é comemorado nesta sexta-feira, 10

Karoliny Santiago/Governo do Tocantins

O mês de novembro reúne diversas datas importantes para o incentivo e cuidado da saúde. Uma delas é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, que acontece hoje, dia 10 de novembro. E o objetivo principal é conscientizar a sociedade sobre a importância da audição e sobre como lidar com pessoas com deficiência auditiva, orientando a população sobre o que é a surdez, quais são as suas causas, os tratamentos e quem são os profissionais responsáveis pela saúde auditiva e como eles atuam.

Os sintomas mais comuns da perda auditiva são: dificuldade para compreender a fala – “escuta, mas não entende”, falar muito alto, aumentar o volume da TV e celular e aparecimento de zumbido. Salienta-se que o atraso no desenvolvimento da fala das crianças pode indicar problemas auditivos.

Para quem não sabe, a deficiência auditiva pode ser diagnosticada de duas formas, sendo a primeira conhecida como congênita, ou seja, quando a deficiência é detectada nos primeiros meses de vida e pode ser tratada. Já a segunda, é chamada de adquirida, que é quando a pessoa passa por alguma situação que causa dano aos seus sistemas auditivos, podendo acontecer em qualquer fase da vida.

                                                                                                                              Fonte: secom.to.gov.br

   O teste da orelhinha é disponível nas maternidades do SUS

Situação ocorrida com o Fernando Ribeiro, de 36 anos, que ficou surdo após ficar doente. “Descobri a surdez após ter meningite e para mim, a data é muito importante, pois, é muito necessário o respeito à comunidade surda, que tem uma língua e precisa ser respeitada”.

Outro problema de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é que mais de 1 bilhão de pessoas com idade entre 12 e 35 anos correm o risco de perder a audição devido à exposição excessiva a música alta e outros sons recreativos. Por esse motivo, a prevenção ainda é o melhor caminho.

A gerente de atenção odontológica à Pessoa com Deficiência/SESTO, Suzi Américo disse que a surdez pode afetar pessoas de todas as idades por isso a necessidade de buscar promover uma conscientização sobre a importância de combater o preconceito e estigma que é associado à perda auditiva, levando a sociedade a compreender a relevância da inclusão e igualdade de oportunidade para todos.

“Não podemos esquecer que a data também remete a prevenção e diagnóstico precoce, porque quando a gente pensa em surdez, logo imaginamos uma condição de nascença, mas a verdade é que sem a prevenção adequada, todos estão condicionados a desenvolvê-las. Por isso, é tão importante a adoção de medidas protetivas, como por exemplo, a realização de exames auditivos regulares, a proteção em ambientes barulhentos, o uso correto do fone de ouvido, entre outros hábitos”, acrescentou a gerente de atenção odontológica à Pessoa com Deficiência/SESTO, Suzi Américo.

Serviços ofertados

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta o cuidado em saúde auditiva de forma integral e gratuita, com ações que vão desde promoção à saúde e prevenção de perdas de audição, passando por identificação precoce por meio do teste da orelhinha, até o diagnóstico em serviços especializados e reabilitação auditiva (próteses auditivas e terapias especializadas).

“O atendimento das pessoas com deficiência auditiva se dá nos diferentes pontos de atenção à saúde do SUS que compõem a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, envolvendo os seguintes componentes: Atenção Primária; Atenção Especializada (em Reabilitação Auditiva); Atenção Hospitalar de Urgência e Emergência, disse a superintendente da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, Rosa Helena Ambrósio de Carvalho.

Teste da orelhinha

A Triagem Auditiva Neonatal (TAN), conhecida como Teste da Orelhinha, tem por finalidade a identificação, o mais precocemente possível, da deficiência auditiva nos neonatos e lactentes. É um exame obrigatório garantido por Lei, sendo ofertado nas maternidades.

Para reabilitação a Secretaria Estadual de Saúde através da Superintendência da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência tem como referência o Centro Especializado em Reabilitação de Palmas – CER III e Centro Especializado em Reabilitação – CER II APAE Colinas os quais são habilitados no estado do Tocantins para assistência em saúde auditiva aos usuários com perda temporária ou definitiva.

Os CER’s encontram-se em pleno funcionamento, realizando avaliação dos casos através de exames e consultas que envolvem o processo de Reabilitação Auditiva, destacando que a última etapa do atendimento seria a concessão da prótese auditiva.

A concessão de próteses auditivas também é considerada um recurso efetivo para crianças e adultos com deficiência auditiva. Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI), Sistemas de Frequência Modulada (Sistema FM), Próteses de Implante Coclear (IC) e Prótese Auditiva Ancorada no Osso (PAAO), permitem uma melhora significativa na vida dessas pessoas, sempre acompanhada de habilitação e/ou reabilitação auditiva. Tudo isso é ofertado pelo SUS com atendimentos ambulatoriais e hospitalares.

 Cuidados

– evite manipular o ouvido;

– o uso do cotonete não é indicado para realizar a limpeza, que deve ser feita com uma toalha seca na borda do ouvido após o banho;

– evite exposição a ruídos intensos acima de 90 decibéis por um período prolongado (acima de 8h por dia). Quem precisa se expor, deve usar equipamentos de proteção individual (EPIs);

– atenção ao com o volume do fone de ouvido, que possui ruídos intensos;

– Tenha hábitos de vida saudáveis.

– respeitar os intervalos de repouso quando a exposição a altos níveis sonoros é intensa; usar protetores sonoros;

– não fazer automedicação; controlar a exposição prolongada a sons em TVs, celulares e som de carros.

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Evento especial celebra o dia da consciência surda e promove a inclusão

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Em comemoração ao Dia Internacional do Surdo, o Núcleo de Atendimento Educacional Especializado ao Discente – ALTERIDADE tem o prazer de anunciar um evento especial que busca promover a conscientização e a inclusão das pessoas surdas na nossa comunidade. O evento, intitulado “DIA DA CONSCIÊNCIA SURDA“, acontecerá no dia 27/09/2023 na SALA 222, do PRÉDIO 2, da ULBRA em Palmas/TO.

O Dia Internacional do Surdo, celebrado em todo o mundo entre os dias 23 a 27 de setembro, é uma ocasião significativa que nos convida a reconhecer a riqueza da cultura surda e a importância da inclusão e igualdade de direitos para as pessoas surdas. Esta data especial nos lembra que a surdez não é uma limitação, mas sim uma parte valiosa da diversidade humana. É uma oportunidade para honrar as conquistas e contribuições das comunidades surdas, promover o uso da língua de sinais e sensibilizar a sociedade para a necessidade de garantir que todas as pessoas, independentemente de sua capacidade auditiva, tenham igualdade de oportunidades e acesso a serviços e recursos adequados.

DETALHES DO EVENTO:

 

Data: 27/09/2023

Horário: das 9h às 11h

Local: Sala 222, Prédio 2 da ULBRA

Endereço: Av. Joaquim Teotônio Segurado, 1501 – Plano Diretor Expansão Sul, Palmas – TO, 77019-900.

PROGRAMAÇÃO:

O evento contará com uma variedade de atividades, incluindo uma magnífica palestra com o Palestrante Surdo Sérgio Gomes Silva e os participantes terão, além dessa experiência única, a possibilidade de receber um certificado de participação ao final do evento.

INSCRIÇÕES:

A participação no evento é gratuita, mas as inscrições são limitadas. Para garantir seu lugar, acesse https://forms.gle/P5nSyrt2dnopEKm26 e preencha o formulário de inscrição. Se você precisar de serviços de interpretação de língua de sinais ou outras acomodações especiais, informe-nos durante o processo de inscrição.

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Como a inclusão de pessoas surdas ocorre na Prática?

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Muito se ouve falar sobre Inclusão e nas últimas décadas de fato percebe-se avanços, porém na prática as mudanças acontecem de maneira lenta, principalmente se tratando de deficiência física, mais especificamente de pessoas surdas.

Uma das maiores dificuldades dos surdos na sociedade está relacionada à área da saúde, grande parte de hospitais, laboratórios, postos de saúde e clinicas, ainda não oferecem o padrão necessário para atender pessoas com deficiência auditivas, o maior empecilho para um atendimento de qualidade é a dificuldade de comunicação em libras.

As dificuldades dos surdos na sociedade precisam ser conhecidas, a partir disso é possível desenvolver ações efetivas que ofereçam melhores condições de vida às pessoas com deficiência auditiva. Para tornar atendimento mais eficaz, faz-se necessário que pessoas nas equipes de atendimento tenham formação na língua brasileira de sinais.

Pensando nesse assunto o (En)cena entrevista Simone Barbosa Magalhães para entender o que a motivou estudar e trabalhar com esse público.

(En)cena – Quem é Simone Barbosa Magalhães?

Simone Magalhães: Mulher, mãe, filha, esposa, irmã. Atualmente estou no 7º período da minha segunda graduação (Psicologia), já sou formada em Educação Física e atuei, desde a primeira graduação, com pessoas/crianças portadoras de alguma deficiência. Estar num contexto onde pude sentir na pele a reação da sociedade diante de uma pessoa com deficiência fez com que tivesse extrema necessidade de trabalhar na área. Tenho um irmão com deficiência intelectual e que faz parte do espectro do autismo, fazer algo por esse público é fazer algo por ele.

Além de já ter tido certa experiência com pessoas com deficiência intelectual, ainda na adolescência, conheci o público surdo e fiquei encantada com a forma expressiva que eles utilizavam o corpo para se comunicar. Aos 17 anos já fazia parte da comunidade surda e, aos 18 anos, dava aulas particulares de química para surdos. Nessa época, a profissional de intérprete de Libras ainda não era reconhecida e exercia com pouca experiência, a pedido dos meus amigos, para que, de alguma forma, eles se sentissem pertencentes ao cenário social.

Após alguns anos afastada profissionalmente, retomei meus estudos acadêmicos iniciando com o curso de Psicologia e, esse ano, resolvi retomar meus estudos em Libras e atuar no atendimento clínico de pessoas surdos, mantendo a minha essência de ajudar aos que a sociedade pouco ou nada escuta.

(En)Cena – O que é inclusão?

Simone Magalhães: Inclusão é fazer com que um grupo minoritário que não se encaixa em um padrão social, seja trabalhado, instruído, capacitado a conseguir viver (sobreviver) de forma o mais “normal” possível em um grupo majoritário.

(En)Cena – Do que se trata o Conceito de inclusão para você?

Simone Magalhães: A inclusão fala muito mais em tomada de decisões de uma sociedade majoritária que acredita saber o que é melhor para pessoas com alguma deficiência desconsiderando, muitas vezes, a autonomia desse pequeno grupo. É como se colocasse todas as pessoas dentro de uma “caixa”, acreditando que o acesso às informações e benefícios chegam a todos, mas, dentro dessa “caixa” há divisórias e formas diferentes de enxergar e ouvir o mundo.

É fato que há necessidade de sobreviver socialmente, mas respeitar os limites desse processo é fundamental, entender que as pessoas portadoras de alguma deficiência (ou os que cuidam) são os únicos indivíduos capazes de dizer qual a melhor forma de incluí-los.

(En)Cena – Na sua visão quais são as dificuldades que a pessoa surda encontra diante ao processo de atendimento Psicológico?

Simone Magalhães: De imediato, é possível pensar na comunicação enquanto maior dificuldade, porém, apenas saber Libras e os sinais que essa comunicação envolvem não é o suficiente. Existe a dificuldade de entender quem é esse sujeito surdo, a forma como ele pensa e age, compreender o cenário cultural em que ele vive e, assim, alcança-lo enquanto ser humano social. Para tanto, não há outra forma de fazer isso, tem que viver e experienciar o dia a dia do surdo em seus grupos.

(En)Cena – Existem testes que normatizam a Avaliação Psicológica/Neuropsicológica para pessoas surdas?

Simone Magalhães: Não existem testes favoráveis para pessoas surdos, a Psicologia voltada à avaliação ainda é bastante limitada quanto a esse aspecto. Atualmente, existe um grupo de profissionais da área do sul do país buscando realizar a adaptação da bateria WISC (versão reduzida) em Libras para uma futura aplicação desses testes para surdos.

(En)Cena – Você teria algum relato sobre os principais adoecimentos e sofrimentos psicológicos das pessoas surdas?

Simone Magalhães: Segundo Chaveiro (2014) existe uma probabilidade de três a cinco vezes maior de a pessoa surda sofrer alterações psicológicas em relação às pessoas ouvintes. Dentre essas alterações se destacam a depressão e a ansiedade, nessa ordem de prevalência. Por isso, é preciso que os profissionais da psicologia vão além do padrão de paciente e busquem aperfeiçoamento na diversidade, entendendo que é preciso ir além do conhecimento em Libras, mas compreendendo o sujeito surdo como uma pessoa culturalmente diferente.

Referência:

CHAVEIRO, Neuma et al. Qualidade de vida dos surdos que se comunicam pela língua de sinais: revisão integrativa. Interface – Comunicação, Saúde, Educação [online]. 2014, v. 18, n. 48, pp. 101-114. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1807-57622014.0510 Acesso em: 25 Set. 2022.

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A família Bélier: a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como ferramenta de aprendizagem para o deficiente auditivo

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Através da análise do filme é possível perceber que o mesmo nos apresenta uma adolescente denominada Paula, que enfrenta questões comuns de sua idade, dentre elas os problemas e desafios na escola, brigas com os pais e amigos, mas trazendo em seu roteiro algo de extrema relevância a ser discutido.

Os seus pais e seu irmão são surdos sendo ela a responsável por traduzir a língua de sinais nas conversas com as pessoas que os cercam. A Psicopedagogia em linhas gerais é um campo extremamente amplo e valioso, afinal ao longo do curso foi algo que se tornou pouco a pouco cada vez mais evidente, inclusive sabemos que a audição é o órgão do sentido que possibilita a percepção de sons no ser humano, sendo que a mesma é o primeiro sentido a ser apurado antes mesmo de a criança nascer, além disso a audição é o principal canal pelo qual a linguagem e a fala são desenvolvidas, é primordial para o relacionamento humano independente de suas diferenças tornando de fato a inclusão uma realidade.

O modelo inclusivo sustenta-se em uma filosofia que advoga a solidariedade e o respeito mútuo às diferenças individuais, cujo ponto central está na relevância da sociedade aprender a conviver com as diferenças. A inclusão apresenta-se como uma proposta adequada, que se mostra disposta ao contato com as diferenças, porém não necessariamente satisfatória para aqueles que, tendo necessidades especiais, necessitam de uma série de condições que, na maioria dos casos, não têm sido propiciadas (LACERDA, 2006, p. 166).

Fonte: encurtador.com.br/bijxN

Apesar de todos os estudos históricos acerca da importância da Psicopedagogia nesse processo de construção e formação do indivíduo, é necessário salientar que diante disso é imprescindível que se criem leis para inclusão que seja eficaz de fato e assim gere igualdade, por isso a importância de a criança ser inserida no aprendizado de Libras desde muito pequena. Destaca-se a fala abaixo como aspecto a ser analisado no decorrer do presente trabalho apresentado:

Fundamentar a educação de surdos nesta teorização cultural contemporânea sobre a identidade e a diferença parece ser o caminho hoje. […] A modalidade da ‘diferença’ se fundamenta na subjetivação cultural. Ele surge no momento que os surdos atingem sua identidade, através da diferença cultural, surge no espaço pós-colonial. Neste espaço não mais há a sujeição ao que é do ouvinte, não ocorre mais a hibridação, ocorre a aprendizagem nativa própria do surdo. (PERLIN E STRÖBEL, 2008, P. 19).

O aprendizado de Libras desde estágios iniciais é de grande relevância para que busque uma educação que contemple suas necessidades, pois justamente isso implica em preparar os professores para que estejam comprometidos com a aprendizagem e o desenvolvimento, atentos para as diversidades de modo geral.

Dentro do próprio contexto psicopedagógico é importante discutirmos que é através dessa atitude e comportamento que se construirá uma sociedade solidária, consciente e preparada para conviver com as diversidades. A inclusão veio justamente ampliar as possibilidades para construir uma sociedade mais justa, dando oportunidades para todos de ocuparem seus espaços, buscando conquistar sua autonomia. Uma lição que não se encontra em livros ou nos bancos acadêmicos, como respeitar, entender e reconhecer o outro de maneira integral e humana.

Fonte: encurtador.com.br/kszJW

A partir do momento em que nos reservamos a discutir a temática abordada consequentemente fomos capazes de perceber de maneira ainda mais evidente que a nossa formação acadêmica nos faz refletir e concluir se estamos agindo de acordo com o que é moral e ético, ao psicopedagogo cabe promover a inclusão, diminuindo as barreiras intelectuais e sociais para que os sujeitos possam ter as mesmas oportunidades na sociedade e no mundo do trabalho.

Seguindo a mesma discussão, sabe-se que uma das conquistas dos deficientes auditivos foi o reconhecimento do bilinguismo, o direito de se manifestarem através de sua língua própria sendo está superior, um complemento para que o surdo se escolarize formalmente, fator de grande relevância no trabalho apresentado.

Compreende-se, portanto, que tais profissionais precisam estar preparados para lidar com o sujeito que necessita de uma atenção mais especial, inclusive que para isso é necessário que se criem estratégias e soluções que possam melhorar o convívio, sensibilizando, conscientizando e motivando os mesmos, para que os objetivos sejam alcançados por todos. Observe a fala abaixo como base de justificativa para a discussão apresentada:

Porém, os cursos de formação de psicopedagogos devem ter como finalidade, no que se refere aos futuros profissionais, a criação de uma consciência crítica sobre a realidade que eles vão trabalhar e o oferecimento de uma fundamentação teórica que lhes possibilite uma ação psicopedagógico eficaz (GOLDEFELD, 2002, p.68).

A partir dessa perspectiva é interessante ressaltar que a inclusão é acolher as pessoas sem exceção de cor, classe social, condições físicas e psicológicas. Recusar-se a ensinar é crime. As principais causas da deficiência auditiva nem sempre são identificadas, sendo que existem vários fatores que podem levar a essa perda, com isso é importante salientarmos alguns fatores relevantes, dentre os quais se destaca:

  • Causas pré-natais: Onde a criança adquire a surdez através da mãe no período de gestação, decorrentes de desordens genéticas ou hereditárias relativas a consanguinidade, ao fator Rh, a doenças infectocontagiosas, etc.;
  • Causas perinatais: a criança fica surda porque surgem problemas no parto como prematuridade, pós-maturidade, inóxia, fórceps, infecção hospitalar e outros;
  • Causas pós-natais: a criança fica surda porque surgem problemas após seu nascimento como meningite, remédios tóxicos em excesso, sífilis adquirida sarampo, caxumba, exposição contínua a resíduos ou sons muito alto, traumatismo craniano e outras. (STREIECHEN, 2012, p.17).

Apresenta-se ainda nos mesmos estudos que a Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, identifica a libras como a linguagem materna e mais usada pela comunidade surda do Brasil. Em 22 de dezembro de 2005 o presidente Luís Inácio Lula da Silva e o ministro da educação Fernando Haddad assinaram o Decreto nº 5.626 regulamentando a Lei nº 10.436, que dispõe sobre a linguagem Brasileira de Sinais – LIBRAS.

Interessante destacarmos ainda que a libras é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão utilizada por pessoas surdas, inclusive ainda é evidente que possui um sistema linguístico de natureza visual-motora com estrutura gramatical própria, portanto uma língua autônoma.

 FICHA TÉCNICADO FILME

Título: La Famille Bélier (Original)

Ano produção: 2014

Dirigido por: Eric Lartigau

Estreia: 25 de Dezembro de 2014 (Brasil )

Duração: 106 minutos

Classificação: 12 – Não recomendado para menores de 12 anos

Gênero: Comédia, Drama, Música

Referências:

GOLDFELD, Marcia. A Criança Surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócia interativa. 2 eds. Editora: Plexos, 2002.

LACERDA, C. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência de inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Caderno cedes. Campinas, mai.-ago. 2006, v. 26, nº 69, p. 163-84.

Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989.

PERLIN, G. Identidades Surdas. In: SKLIAR, C. (org.). A Surdez um Olhar Sobre as Diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998.

STREIECHEN, Elisiane Manhoso. Língua Brasileira de Sinais: LIBRAS; ilustrado por Sérgio Streiechen. Guarapuava: UNICENTRO, 2012.

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Cegos e surdos esquecemos daquilo que buscamos na vida em “A Grande Beleza”

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Freud revelou que o homem é capaz passar uma vida inteira repetindo, compulsivamente, uma cena traumática – revisitando essa cena-clichê de diversas maneiras com roupagens diferentes. 

Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2014, muitos críticos consideram “A Grande Beleza” (2013), de Paolo Sorrentino, quase uma refilmagem de “A Doce Vida”, filme de Fellini de 1960. Roma, a “Cidade Eterna”, vista pelos olhos de Jep Ganbardella, um escritor de apenas um livro que vive no centro de uma vida mundana de festas e exposições de artistas, intelectuais, jornalistas e editores de revistas culturais. Cínico, zomba de todos, mas principalmente de si mesmo pelo vazio, desilusão e niilismo. Todos parecem zumbis, vagando em festas barulhentas e ensurdecedoras atrás da “grande beleza” esquecida, lá atrás na juventude. Cegos e surdos pelas distrações que criamos, esquecemos daquilo que passamos uma vida inteira procurando. No clássico filme “Cidadão Kane” era o “Rosebud”. E o que Jep Gambardella procura em “A Grande Beleza”? 

Era uma vez o Esclarecimento, o movimento filosófico Ocidental que libertaria o homem das mentiras, ilusões e mitificações, cujo empenho racional conduziria o homem para a felicidade, quebrando a compulsão da covardia, preguiça e comodismo. Mas nessa jornada da Razão alguma coisa deu errada.

Nietzsche falava em “eterno retorno”. Freud revelou que o homem é capaz passar uma vida inteira repetindo, compulsivamente, uma cena traumática – revisitando essa cena-clichê de diversas maneiras com roupagens diferentes. 

Adorno e Horkheimer (os temidos “marxistas culturais”, fantasmas que assombram a atual política brasileira) apontavam que a Razão paradoxalmente trouxe de volta os mitos, tidos como sepultados pela Modernidade – e o nazismo e o Holocausto foram a principal evidência disso.

Filmes como Cidadão Kane, 1941 (talvez, o mais freudiano filme jamais feito), mostram como uma vida inteira de um personagem pode ser marcada pela busca de um simples objeto emblemático da infância – o “Rosebud”. A procura de alguma coisa (objetos, cenas, conquistas etc.), até a morte, que trouxesse de volta aquilo que foi perdido numa vida: carinho, afeto, amor, segurança. Inconscientes, damos voltas e voltas em torno desse objeto ou cena mítica perdida no passado, procurando alguma coisa que nos traga de volta aquela experiência.

Fonte: encurtador.com.br/ruXZ1

Mas coube ao filósofo alemão Peter Sloterdijk o diagnóstico do estágio final dessa viagem do Esclarecimento: o momento em que a Razão desemboca na desilusão cínica. O Esclarecimento finalmente realizou sua missão (a ausência de ilusões), mas o resultado foi a paralisia do “cinismo esclarecido”.

Cinismo e desespero

É de tudo isso que trata o filme italiano A Grande Beleza (La Grande Bellezza, 2013), Oscar e Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, do cineasta Paolo Sorrentino, num estilo barroco e envolvente. Muito consideram praticamente uma refilmagem do clássico A Doce Vida (1960) de Fellini – sob as aparências de uma sociedade contemporânea jovem e enérgica, o cinismo que esconde a desilusão, niilismo e desespero.

A Grande Beleza aspira à universalidade, a partir do olhar do protagonista Jep Gambardella (o brilhante Toni Servillo) para Roma atual – Jep é um escritor de apenas um livro que vive no centro de uma vida mundana de festas e exposições de artistas, intelectuais, jornalistas e editores de revistas culturais. Cínico, zomba de quem assume ares pseudo-intelectual, com discursos sobre ética, arte, ativismo político e eterna juventude.

Mas, principalmente, zomba de si mesmo. Como todos, quer permanecer sempre jovem (tem 65 anos) desfilando com seu cinismo e ironia pelas intermináveis festas. Botox e cirurgias plásticas de milhares de euros ajudam bastante. Mas apenas criam máscaras que encobrem vazios profundos.

A Grande Beleza é um verdadeiro estudo desse “abismo das aparências” (Jean Baudrillard) – enquanto turistas de acotovelam pelas ruas de Roma para fotografar as ruínas de um Império que desapareceu (“acho os romanos insuportáveis, as melhores pessoas em Roma são os turistas”, dispara Jep a certa altura), a elite cultural dança freneticamente entre toda aquela herança cultural que de nada serve – são apenas ruínas de algo que não existe mais. Serve para criar uma imagem de exportação da Itália, ao lado de pizzas e moda.

Todos cínicos e esclarecidos: paralisados no comodismo e covardia, apenas festejam uma espécie de melancolia hiperativa. Porém, Jep, assim como todos, está inconscientemente em busca de um “Rosebud”.

Fonte: encurtador.com.br/vwxzZ

O Filme

No olho da tempestade está Jep Gambardella, um playboy sessentão que fez sua fortuna e reputação como jornalista e escritor de um livro de décadas atrás chamado “O Aparato Humano”, “obra-prima da literatura italiana”, mas que, apesar do título pretensioso, foi lido apenas pelos leitores frívolos daquela alta sociedade romana.

Quando o filme começa, Jep está celebrando seus 65 anos. Uma abertura impactante na qual parece que o diretor Sorrentino quer nos cegar e ensurdecer com imagens e música – de um lado um turista japonês ansiosamente tira fotos do horizonte romano, até cair na rua aparentemente com uma overdose do puro esplendor das imagens que tem diante de si; e do outro, a frenética festa com tipos fellinianos totalmente indiferentes ao cenário ao redor.

Parece querer nos dizer que do Coliseu àquela festa que rola sobre o terraço diante da majestosa cidade, tudo está em ruínas – ruínas físicas e psíquicas.

Jep reconhece em si mesmo tudo que é feio e provinciano em Roma. A partir dessa abertura feérica, a narrativa de A Grande Beleza começa a misturar o presente e a realidade com as memórias e, talvez, até sonhos. 

Sorrenttino quer transformar o seu filme num Grande Colisor de Partículas. A cada encontro de Jep com personagens da “doce vida” da elite cultural romana, parece uma colisão que esmaga o Sagrado e o Profano um contra o outro: o encontro com a stripper inteligente Ramona (Sabrina Ferili), cujo romance vazio acaba revelando o “Rosebud” de Jep – a primeira vez que viu o seio da mulher amada à beira-mar na juventude.

Ou o encontro com um cardeal respeitado, cotado para ser o próximo Papa, e que nada tem a compartilhar do que dicas de culinária; uma versão da Madre Tereza de Calcutá (a “Santa”) que fala em voto de pobreza em meio a uma celebração mundana; a performance vazia de uma artista que bate a própria cabeça nas ruínas do aqueduto romano; o dramaturgo mal sucedido que tenta buscar opiniões sobre sua próxima peça de artistas em meio às festas turbinadas por longas carreiras de cocaína.

Fonte: encurtador.com.br/dTY78

A Grande Beleza aplica o mesmo princípio da acumulação dos filmes de Fellini: a cada cena adiciona significados, ao invés de fatos. Aparentemente, nada acontece. Porém, a cada cena Sorrentino vai inserindo novos personagens para criar dicotomias e justaposições que serão progressivamente diluídas num imenso painel de figuras vazias, alienadas e entediadas. 

Cinismo esclarecido

Parece que a “Grande Beleza” da qual trata o filme refere-se aos meios utilizados pela sociedade para expressar esse mal-estar: através da arte, música, memórias pessoais e coletivas (ruínas), amizade e amor.

Mas aqui a jornada do Esclarecimento e da Arte se deteriora em cinismo e paralisia: todos os personagens, e principalmente Jep, são conscientes das máscaras vazias que portam em festas que celebram novas obras artísticas que são sempre mais do mesmo. São “cínicos esclarecidos”, como certamente os definiria o pensador Peter Sloterdijk.

Um tipo de cinismo característico de pessoas integradas aos seus postos e privilégios (gerentes, executivos, professores, jornalistas ou diretores) que mantêm um autodistanciamento irônico e melancólico sobre o que fazem, um sentimento de “inocência perdida”, de ironizar e depreciar a si mesmos e ao que faz, uma falsa consciência conformista e sem sonhos diante do sistema de onde tira seus privilégios – leia SLOTERDIJK, Peter, Crítica da Razão Cínica, Estação Liberdade, 2012).

Fonte: encurtador.com.br/gKMZ3

É uma razão que se pretende transparente e livre de ilusões e mentiras. Porém, como aponta Sloterdijk, “o marketing da falsidade é ser honesto” – uma transparência que alimenta as commodities do cinismo. A mentira parece que veio à luz e deixou de ser o fundo podre da civilização, como dizia Freud. O cinismo esclarecido tornou-se o bem de primeira necessidade.

Porém, por trás de todo esse mal-estar pulsa o “Rosebud”: como no personagem Jep Gambardella, ele, assim como todos os outros personagens, vagam como zumbis naquelas festas ensurdecedoras atrás daquela experiência marcante e decisiva na juventude, incompreendida e deixada lá atrás e esquecida.

Esse o principal tema gnóstico de A Grande Beleza: nos tornamos cegos e surdos com as distrações que criamos para nós, esquecendo que aquilo que procuramos (o nosso “Rosebud”) já está dentro de nós mesmos. 

E a Razão e o Esclarecimento falharam nessa busca.  

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Título Original: La grande bellezza
Direção: Paolo Sorrentino
Elenco:  Toni Servillo, Carlo Verdone, Sabrina Ferilli,
Produção: Indigo Film, Medusa Film, Pathé
País: Itália, França
Ano: 2013
Gênero: Comédia, Drama

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