O uso excessivo de telas pode causar transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)?

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Analisando a influência do uso digital sobre a saúde mental e refletindo estratégias para um equilíbrio saudável.

No cenário atual, a tecnologia digital tornou-se um componente essencial da vida cotidiana, desde a infância até a idade adulta. Dispositivos como smartphones, tablets e computadores são amplamente utilizados para uma variedade de atividades, desde o aprendizado e o trabalho até o entretenimento e a comunicação. No entanto, com o aumento do tempo dedicado a essas telas, surgem preocupações sobre os impactos potenciais desse uso excessivo na saúde mental, especialmente no que diz respeito ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Este texto explora as evidências científicas mais recentes sobre a relação entre o uso excessivo de telas e o TDAH, analisando como a exposição a tecnologias digitais pode influenciar o desenvolvimento e os sintomas desse transtorno.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

O TDAH é um transtorno neuropsiquiátrico que afeta uma proporção significativa da população infantil e pode continuar a impactar indivíduos na vida adulta. Caracteriza-se por dificuldades persistentes na manutenção da atenção, controle dos impulsos e regulação comportamental. Estudos genéticos e neurológicos mostram que o TDAH possui uma base genética significativa, com a herança genética desempenhando um papel crucial na sua manifestação (Faraone et al., 2021). Além disso, o transtorno está frequentemente associado a anomalias em áreas cerebrais responsáveis pela regulação da atenção e controle dos impulsos (Faraone et al., 2019).

                                                      Fonte: www.freepik.com

O Papel das Telas no Desenvolvimento Infantil

A tecnologia digital é uma parte predominante do ambiente moderno das crianças, e a quantidade de tempo gasto em dispositivos digitais tem aumentado consideravelmente. Estudos recentes têm indicado que o uso excessivo de telas pode ter impactos negativos no desenvolvimento cognitivo e comportamental das crianças. Radesky et al. (2021) descobriram que a exposição prolongada a dispositivos digitais está associada a dificuldades de concentração e comportamento impulsivo. Isso pode ser atribuído à natureza fragmentada e altamente estimulante dos conteúdos digitais, que pode interferir na capacidade das crianças de se concentrarem em tarefas que exigem atenção sustentada.

Como o Uso Excessivo de Telas Pode Influenciar a Atenção e o Controle Impulsivo

  1. Impacto na Atenção Sustentada:
    A capacidade de manter a atenção em tarefas prolongadas é fundamental para o aprendizado e o desenvolvimento acadêmico. No entanto, a exposição contínua a mídias digitais, que frequentemente oferece gratificação instantânea e mudanças rápidas de estímulos, pode dificultar a capacidade das crianças de manter o foco por períodos prolongados. Estudos demonstram que a exposição a mídias digitais pode prejudicar o desempenho em tarefas que exigem atenção sustentada (Lillard et al., 2022). A gratificação instantânea proporcionada por dispositivos digitais pode reduzir a capacidade das crianças de lidar com tarefas que exigem paciência e perseverança, afetando negativamente a capacidade de concentração.
  2. Memória de Trabalho e Funções Executivas:
    A memória de trabalho, essencial para reter e manipular informações temporárias, também pode ser impactada pelo uso excessivo de telas. O uso intenso de tecnologia tem sido associado a um desempenho reduzido em tarefas que exigem memória de trabalho e outras funções executivas (Jiang et al., 2022). A natureza multitarefa do uso de dispositivos digitais pode interferir na capacidade das crianças de processar e manter informações relevantes, refletindo em dificuldades acadêmicas e comportamentais.
  3. Controle Impulsivo e Regulação Emocional:
    O uso constante de estímulos digitais pode influenciar a capacidade das crianças de controlar impulsos e regular emoções. Estudos sugerem que o uso excessivo de dispositivos digitais está associado a um aumento na impulsividade e a dificuldades na regulação emocional (Bayer et al., 2021). A gratificação instantânea proporcionada por jogos e redes sociais pode reduzir a tolerância à frustração e impactar a capacidade das crianças de lidar com desafios e controlar impulsos.

A Interação entre Genética e Ambiente

Embora o TDAH tenha uma base genética significativa, fatores ambientais também desempenham um papel na manifestação e gravidade dos sintomas. A interação entre predisposição genética e ambiente digital pode ser complexa e exacerbar os desafios enfrentados por crianças predispostas ao transtorno. Estudos indicam que a exposição a mídias digitais pode potencialmente agravar os sintomas do TDAH em crianças com predisposição genética (Hale et al., 2022). Essa interação destaca a necessidade de considerar tanto os fatores genéticos quanto os ambientais ao avaliar o impacto do uso de telas.

Estratégias para um Uso Saudável das Telas

Para minimizar os possíveis efeitos negativos do uso excessivo de telas, é essencial adotar práticas que promovam um equilíbrio saudável entre atividades digitais e não digitais:

  1. Estabeleça Limites de Tempo:
    Definir limites claros para o tempo de tela pode ajudar a equilibrar atividades digitais e não digitais. A American Academy of Pediatrics recomenda que crianças com idades entre 2 e 5 anos tenham um máximo de uma hora de tempo de tela por dia (American Academy of Pediatrics, 2022). Estabelecer tais limites pode promover um desenvolvimento saudável das habilidades de atenção e controle impulsivo.
  2. Incentive Atividades Diversificadas:
    Atividades que exigem concentração e engajamento, como leitura, esportes e jogos de tabuleiro, podem ajudar a desenvolver e reforçar habilidades cognitivas essenciais. Estudos sugerem que atividades não digitais podem fornecer um contraponto benéfico às rápidas mudanças de estímulos das mídias digitais (Gingold et al., 2021). Incentivar uma variedade de atividades pode contribuir para um desenvolvimento cognitivo mais equilibrado.
  3. Crie Ambientes de Estudo Sem Distrações:
    Garantir que as crianças estudem em ambientes livres de distrações digitais pode melhorar a capacidade de atenção e a memória de trabalho durante o estudo. A criação de espaços dedicados ao estudo, onde dispositivos digitais não são permitidos, pode ajudar a manter o foco e aumentar a eficiência acadêmica (Becker et al., 2021).
  4. Eduque Sobre o Uso Responsável da Tecnologia:
    Ensinar as crianças a usar a tecnologia de forma equilibrada e consciente é crucial para promover uma relação saudável com dispositivos digitais. Conversas abertas sobre os benefícios e riscos do uso de tecnologia podem ajudar as crianças a desenvolver hábitos de uso mais saudáveis e produtivos (Levin et al., 2022). A educação sobre o uso responsável pode auxiliar na formação de um comportamento equilibrado em relação às tecnologias digitais.

Considerações

Embora, não haja evidências conclusivas de que o uso excessivo de telas cause diretamente o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), há um crescente corpo de evidências que sugere que o uso excessivo de dispositivos digitais pode agravar os sintomas relacionados à atenção e ao controle impulsivo, especialmente em crianças com predisposição genética para o transtorno. Adotar uma abordagem equilibrada no uso da tecnologia e implementar práticas saudáveis pode ajudar a mitigar esses efeitos e promover o desenvolvimento cognitivo e comportamental saudável das crianças. Com uma gestão cuidadosa e estratégias práticas, é possível minimizar o impacto negativo do uso de telas e apoiar um desenvolvimento mais equilibrado e produtivo.

 

Referências

AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Media and Young Minds. Pediatrics, v. 149, n. 5, e2022057385, 2022.

BAYER, J. K.; HNATIUK, J.; WILLIAMS, K. The association between screen time and children’s mental health: A review of the literature. Journal of Pediatric Psychology, v. 46, n. 5, p. 554-569, 2021.

BECKER, M. W.; ALZAHABI, R.; HOPWOOD, C. J. Media use, personality, and self-control. Personality and Individual Differences, v. 177, p. 110797, 2021.

FARAONE, S. V.; ASHERSON, P.; BANASCHEWSKI, T.; et al. Attention-deficit/hyperactivity disorder. Nature Reviews Disease Primers, v. 7, n. 1, p. 35, 2021.

FARAONE, S. V.; LARSSON, H. Genetics of attention deficit hyperactivity disorder. Molecular Psychiatry, v. 24, n. 4, p. 562-575, 2019.

GINGOLD, M. J.; FITZPATRICK, B.; HART, S. S. Digital media use and its effects on children’s development: A review of the literature. Developmental Review, v. 59, p. 100965, 2021.

HALE, L.; GUAN, L. Screen time and sleep duration in adolescents: The role of screen content and social media use. Sleep Medicine Reviews, v. 59, p. 101571, 2022.

JIANG, Y.; SCHENKEL, L. S.; LAN, W. The impact of digital media on cognitive development and executive function in children. Cognitive Development, v. 60, p. 101232, 2022.

LILLARD, A. S.; LI, H.; BOGUSZEWSKI, K. The effects of screen media on children’s executive function: A meta-analysis. Developmental Review, v. 63, p. 101075, 2022.

ROSEN, L. D.; CARRIER, L. M.; CHEEVER, N. A. The impact of digital media use on attention and cognitive control: An update. 2021.

 

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TDAH ou TPAC? A necessidade do olhar singular sobre o indivíduo para um diagnóstico diferencial

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Desafios em ensinar alunos com Transtorno do Processamento Auditivo Central

Débora Gerbase – Professora e Autora de livros missgerbase@gmail.com – @deboragerbase

 Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) é uma condição que impacta a habilidade de processar e interpretar informações auditivas, mesmo em alunos com bastante potencial

Em um cenário educacional repleto de diversidade e complexidade, somos frequentemente confrontados com enigmas que desafiam nossa compreensão e habilidades de ensino. Em um capítulo memorável de minha jornada como educadora, deparei-me com uma intrigante questão: como auxiliar alunos notavelmente corteses, tranquilos e afetuosos, que, apesar de parecerem atentos, enfrentavam dificuldades em reter informações e compreender plenamente as lições apresentadas em sala?

Eles eram alunos calmos, carinhosos, que se esforçavam para prestar atenção em sala de aula. Seus olhares atentos transmitiam a impressão de que absorviam o conhecimento compartilhado. No entanto, algo desconcertante acontecia durante as nossas lições. Ainda que demonstrassem engajamento, quando indagados sobre o tópico discutido, suas vozes ecoavam: “Hã?”, “O quê?”. Era como se o entendimento de tudo que havia sido transmitido se dissipasse no ar.

Foi este momento de questionamento que me conduziu a uma jornada de descobertas acerca do Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC), uma condição que impacta a habilidade de processar e interpretar informações auditivas, mesmo em alunos com bastante potencial.

Ao adentrar esse universo, tornou-se evidente que a dificuldade encontrada por esses alunos não era um reflexo de desinteresse, mas sim um desafio real. Após uma conversa com especialistas e coordenadores do departamento de bem-estar da escola, fui introduzida ao mundo complexo do TPAC. Esses alunos não buscavam confundir ou desafiar minha autoridade, mas sim enfrentavam dificuldades em processar a informação oral.

De acordo com o Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos, o TPAC aflige aqueles que não conseguem processar e compreender os sons de maneira convencional, pois algo no seu sistema cerebral interfere na interpretação adequada dos estímulos sonoros. Ele não deve ser confundido com um distúrbio de aprendizagem. Em um ambiente de sala de aula, isso se traduz em desafios para acompanhar debates, ler e escrever, bem como compreender instruções e enunciados de problemas matemáticos.

                                                                        Fonte: https://br.freepik.com/

O TPAC é uma questão auditiva, não cognitiva, e muitas vezes, os alunos sentem-se constrangidos ao admitir que não entenderam uma instrução ou orientação.

Contudo, a American Academy of Audiology (2010) destaca que essa condição frequentemente é mal interpretada, uma vez que seus sintomas se assemelham a outros distúrbios, como atrasos na fala e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Identificar o TPAC requer uma abordagem sensível e conhecimento aprofundado.

Muitas vezes, estes alunos sequer têm consciência de seu próprio problema, devido ao impacto na compreensão auditiva. O TPAC, como destaca o Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos, é uma questão auditiva, não cognitiva, e muitas vezes, os alunos sentem-se constrangidos ao admitir que não entenderam uma instrução ou orientação.

Ainda segundo o Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos, crianças com TPAC são diversas e podem manifestar sintomas na sala de aula. Embora somente um profissional habilitado possa diagnosticar, os educadores podem estar atentos aos sinais, como:

  • Habilidades auditivas pobres;
  • Dificuldade em acompanhar o ritmo de colegas;
  • Dificuldade com consciência fonológica;
  • Desafios em leitura e escrita;
  • Sensibilidade a ruídos de fundo;
  • Dificuldade em recordar informações verbais;
  • Repetição frequente de “Hã?”, “O quê?”, “Eu não ouvi”;
  • Necessidade de repetições ou reformulações;
  • Dificuldade em participar de discussões em sala de aula;
  • Desatenção durante as aulas;
  • Dificuldade com enunciados de problemas matemáticos.

Diante disso, como facilitar a compreensão desses alunos?

Em primeiro lugar, os pais precisam buscar ajuda especializada, como o Exame de Processamento Auditivo, conduzido por médicos e fonoaudiólogos. O diagnóstico precoce é crucial. Em segundo lugar, os educadores devem se familiarizar com o transtorno e implementar estratégias que otimizem a escuta e compreensão, a fim de criar ambientes de aprendizado inclusivos e acolhedores. O Núcleo dos Estudos Fonodiólogos sugere adaptações físicas, como:

  • Redução do ruído de fundo;
  • Posicionamento estratégico na sala de aula;
  • Repetição e esclarecimento de instruções;
  • Comunicação clara e pausada;
  • Uso de apoio visual.

Embora não haja cura definitiva, estratégias bem aplicadas podem melhorar a escuta e desenvolver a via auditiva ao longo do tempo. Crianças com TPAC podem prosperar, especialmente quando apoio e compreensão estão presentes. Como pontua o Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos, uma atitude positiva, realista e autoestima saudável são catalisadores para o sucesso.

                                                                                                  Fonte: https://br.freepik.com/

Com a combinação certa de apoio, estratégias e sensibilização, alunos com TPAC podem atingir suas metas acadêmicas e pessoais

 

 

Lidar com alunos com TPAC requer paciência e empatia, mas também proporciona a oportunidade de empoderamento. Com a combinação certa de apoio, estratégias e sensibilização, alunos com TPAC podem atingir suas metas acadêmicas e pessoais, reforçando que a superação é alcançável para todos.

Em um mundo onde cada aluno enfrenta suas próprias batalhas em busca do conhecimento, é nosso dever como educadores compreender e abraçar cada jornada singular. Dessa forma, capacitamos nossos alunos a enfrentarem os desafios com coragem e alcançar o sucesso com confiança.

Ao compreender a complexidade do TPAC e as estratégias que podem auxiliar alunos a superar seus desafios, abrimos as portas para um ambiente educacional mais inclusivo e enriquecedor. Cada aluno é uma história única de potencial, e é nosso privilégio como educadores ajudá-los a escrever capítulos de sucesso em suas jornadas de aprendizado.

Biografia:

Fonte: Acervo pessoal

Débora Gerbase é uma professora e tradutora que atua nas áreas de inglês, português e português para estrangeiros. Atualmente, reside em São Paulo, onde concluiu sua formação em Letras – Tradução e Pedagogia e, posteriormente, obteve pós-graduações em Psicopedagogia e Formação de Docentes para o Ensino Superior.

Além de seu trabalho como educadora, Débora é autora dos livros “Sem pé nem cabeça – Expressões idiomáticas em português” e “Manual de Sobrevivência para o Professor Esgotado”, e coordenadora e coautora do livro “A realidade diversa na sala de aula: como lidar com a inclusão e a educação Socioemocional nas escolas” e coautora do livro “Alfabetização Bilíngue: benefícios e mitos na formação de crianças bilíngues”. Tem paixão pelo ensino e aprendizagem, bem como por seu compromisso com o sucesso de seus alunos.

 

Referências:

American Academy of Audiology. Clinical practice guidelines. Guidelines for the diagnosis, treatment and management of children and adults with central auditory processing disorder; 2010.

Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos. Orientações à Escola. São Paulo.

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Intervenção naturalística à neurodiversidade

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O Transtorno do Espectro Autista, o Transtorno de Déficit de Atenção, entre outros transtornos e atrasos no desenvolvimento podem ser, e graças ao desenvolvimento científico, são cada vez mais descobertos logo cedo, nos primeiros anos de vida, o que pode impactar de forma significativa na vida, e no desenvolvimento dos indivíduos com estes atrasos no desenvolvimento, ou desenvolvimento atípico. 

No entanto, como o diagnóstico se torna cada vez mais comum na sociedade, e encontramos também cada vez mais adultos sendo diagnosticados de forma tardia, os tratamentos mais diversos tem se proliferado em busca de ajudar no desenvolvimento de forma efetiva e eficaz, para dar mais qualidade de vida para estar crianças, e os tratamentos mais encontrados são, fonoaudiologia, tratamento medicamentoso, psicoterapia individual, musicoterapia, terapia ocupacional, fisioterapia, Padovan, e o tratamento intensivo com terapia ABA (Análise do comportamento Aplicada). 

Abordando um pouco acerca desta intervenção intensiva onde as crianças têm terapia em geral, todos os dias da semana, cerca de uma a duas horas por dia, a variar de acordo com a necessidade específica de cada criança, de suas necessidades, o ABA é comprovado como a intervenção mais eficaz no desenvolvimento de crianças atípicas. Porém dentro desta ciência existem diversos modelos de abordagens para esse tipo de terapia. Uma delas, é muito utilizada é o treino de tentativas discretas. 

O DTT (Treino de Tentativas Discretas) decompõe os comportamentos, para poder ensiná-los de forma isolada (Smith, 2001). A aplicação se dá por meio de um número predeterminado de tentativas, com uma contingência de três termos, antecedente, resposta e consequência, e conforme Ghezzi (2007), o DTT é um procedimento de ensino onde o aplicador tem total controle sob as oportunidades de aprendizado, manipulando variáveis para que se possa estabelecer um aprendizado de novas habilidades.

Além deste modo de intervenção com tentativas discretas, existem os modelos naturalísticos, como o Denver, que ao invés de o aplicador ter controle total do atendimento, no modelo Denver o terapeuta segue a criança e enquanto faz brincadeira da criança, faz a aplicação dos programas, este modelo se baseia em intervenções naturais que em envolvem a rotina familiar, onde o vínculo com a criança é de suma importância, a ponto de que a própria brincadeira seja o reforço da criança, não se fazendo necessário o uso de reforçadores externos, como outros brinquedos, aplausos.

Por ser um modelo de intervenção precoce e que se assemelha a rotina da criança, apresenta também resultados significativos, estas crianças podem ter seus sintomas minimizados, pois a plasticidade cerebral nesta fase é ainda mais latente, e nas últimas décadas foi percebido que as intervenções precoces reduziram a gravidade da linguagem e o comportamento intelectual e aceleraram a aprendizagem das crianças (ROGERS, 2014).

A intervenção Dever pode ser muito eficaz, e com aprendizado que dificilmente as crianças voltem a perder as habilidades adquiridas, por serem associadas a emoções positivas criam conexões neurais muito mais resistentes, e tendem a ter crianças com menos comportamentos inapropriados pelo vínculo terapêutico e forma de trabalho.


Referências 

GHEZZI, Patrick M. Discrete trials teaching. Psychology in the Schools, v. 44, n. 7, p. 667-679, 2007.

ROGERS, Sally J.; VISMARA, Laurie. Interventions for infants and toddlers at risk for autism spectrum disorder. Handbook of Autism and Pervasive Developmental Disorders, Fourth Edition, 2014.

SMITH, Tristram. Discrete trial training in the treatment of autism. Focus on autism and other developmental disabilities, v. 16, n. 2, p. 86-92, 2001.

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Avalição Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

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O 3º Simpósio de Avalição Psicológica Tocantinense ocorreu no dia 25/05/2022 e expôs temas extremamente atuais e relevantes para a sociedade moderna no quesito psicossocial.

Dentre os temas abordados, destaca-se a Avalição Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que foi ministrado pela Psicóloga Karlla Garcia Ferreira, egressa do Curso de Psicologia do CEULP/ULBRA.

Por ser um transtorno que tem ganhado grande visibilidade, graças às redes sociais e a internet, discutir sobre o TDAH neste simpósio se mostrou muito assertivo, pois acrescentou grande conhecimento para os futuros profissionais da saúde mental.

Karlla mostrou dominância sobre o tema, expondo com maestria os fatos que rodeiam o TDAH, aqueles que são falsamente disseminados e os que realmente possuem embasamento científico.

Expor o que é o TDAH é um desafio para aqueles que desconhecem o tema, fazer entender para o paciente que sua falta de concentração não está ligada com preguiça ou desanimo é um papel fundamental do psicólogo.

O TDAH afeta uma gama imensurável de pessoas, vez que grande parte da população sequer sabe que porta tal condição, levando a vida, muitas vezes, como pessoas fracassadas ou sem propósitos.

Fonte: encurtador.com.br/jtQSY

Durante sua apresentação, expôs inclusive sobre os subtipos do TDAH, que são: a) predominantemente desatento; b) predominantemente hiperativo/impulsivo, ou combinado; e, c) uma combinação de ambos, tendo sintomas de desatenção e hiperatividade.

Explicou ainda que tanto os fatores genéticos quanto ambientais estão implicados e conferem vulnerabilidade ao transtorno. Um indivíduo não necessariamente carregará consigo as duas condições do TDAH, desatenção e hiperatividade.

Interessante ainda mencionar que Karlla trouxe um vídeo de uma rede social que publica recorte de entrevistas, ou, como são conhecidos, podcasts. Neste vídeo é explicado que, apesar de muitas vezes ser associado como alguém desatento, uma pessoa que possua o transtorno, na verdade, possui um grande nível de atenção, porém, não consegue sustentar sua atenção em uma única coisa. No vídeo ainda é indicado uma região do cérebro, o tálamo, que possui o papel de filtrar as informações sensoriais.

A palestrante ainda explicou a importância do diagnóstico, posto que mediante este será possível adequar o tratamento para minimizar os sintomas do TDAH no cotidiano do indivíduo portador deste transtorno, vez que é uma condição biológica que o acompanhará por toda vida.

Em suma, a convidada apresentou um tema extremamente importante, relevante e que pode atingir os profissionais da psicologia em geral para alcançar diversos pacientes que se sentem deprimidos por não possuírem a atenção que lhes são cobradas no ambiente de trabalho, familiar ou socialmente. Aquilo que muitas vezes é chamado de preguiça pela sociedade pode ser, na verdade, um transtorno que a pessoa que sofre sequer tem conhecimento e necessita de tratamento psicológico.

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Psicóloga Karlla Garcia Ferreira participa do 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica

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No dia 25/05 o 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica irá contar com a psicóloga Karlla Garcia Ferreira

O 3º Simpósio de Avalição Psicológica Tocantinense, que ocorrerá do dia 25/05/22, abordará diversos temas relevantes para o mundo acadêmico e profissional, dentre eles está a Avalição Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que será ministrado pela Psicóloga Karlla Garcia Ferreira, egressa do Curso de Psicologia do CEULP/ULBRA.

Fonte: Arquivo Pessoal

Em entrevista concedida ao portal (En)Cena, a palestrante respondeu algumas perguntas sobre o universo da psicologia.

En (Cena) – Há quanto tempo atua no mercado como psicóloga? Quais são suas especialidades e áreas de atuação?

Karlla Garcia – Atuo como psicóloga há 1 (um) ano e 6 (seis) meses, atualmente estou pós-graduando em Neuropsicologia, possuo formações em diversos instrumentos psicológicos e Neuropsicológicos, em avaliação comportamental VB-Mapp e em manejo de comportamentos inadequados. Minha atuação é voltada para avaliação Neuropsicológica e Psicoterapia.

En (Cena) – Como a avaliação neuropsicológica do TDAH está presente na sua atividade profissional?

Karlla Garcia – A avaliação de modo geral está presente na minha vida profissional desde os estágios da faculdade, assim como o processo de estimulação cognitiva. No momento a demanda de avaliação para auxiliar no diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade está presente de forma contínua, uma vez que atuo em uma clínica multidisciplinar voltada para avaliação e estimulação de pessoas com atrasos ou transtornos do neurodesenvolvimento.

En (Cena) – Qual foi o ponto crucial que te levou a escolher este tema para apresentar no 3º Simpósio de Avaliação Psicológica Tocantinense?

Karlla Garcia – A escolha do tema da oficina foi pautada tanto na minha habilidade e conhecimento sobre a área quanto na necessidade de abordar o assunto, uma vez que as redes sociais têm discutido bastante sobre diagnóstico, tratamento e a vida de pessoas com TDAH.

En (Cena) – Como é feita a avaliação neuropsicológica para a detecção do TDAH? A simples aplicação de testes é capaz de detectar o transtorno ou a expertise do profissional é crucial para identificar os indícios?

Karlla Garcia – A avaliação de transtornos do neurodesenvolvimento é multidisciplinar, logo é necessária avaliação de outros profissionais para chegar a um diagnóstico. No TDAH acontece dessa forma, conforme demanda de cada caso. Especificamente na Avaliação Neuropsicológica é investigado às funções cognitivas, especialmente a atenção, função executiva e memória operacional no TDAH, e ainda, aspectos comportamentais, a hiperatividade e impulsividade, tendo em vista que esses são critérios que caracteriza o transtorno. Logo, podemos considerar importante tanto os instrumentos psicológicos, quanto a observação clínica e expertise profissional, sendo essas ferramentas cruciais para o processo de avaliação, não negligenciando um ou outro.

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Avaliação Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

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O 3º Simpósio de Avalição Psicológica Tocantinense que ocorrerá do dia 25/05/22 abordará diversos temas relevantes para o mundo acadêmico e profissional, dentre eles está a avalição neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH. O TDAH é uma condição psicológica que atinge uma gama gigantesca de adultos e crianças, sendo facilmente identificada na primeira infância dado os comportamentos característicos desta condição mental.

Fonte: encurtador.com.br/zCFNX

Uma pessoa que sofre deste Transtorno, caso não tenha um diagnóstico comprovado, poderá sofrer demasiadamente em sua vida pessoal e profissional. O déficit de atenção pode muitas vezes ser confundido com preguiça ou desleixo de uma pessoa, vez que não terá facilidade na hora de se concentrar ou na execução de atividades longas ou monótonas.

Tudo isso, pode ser trabalhado, evitado ou melhorado com o devido diagnóstico do transtorno, proporcionando uma vida mais completa para seu portador. O teste para diagnosticar o TDAH deve realizado por profissional especializado que irá avaliar as capacidades cognitivas do indivíduo através de exercícios específicos, além de uma entrevista pessoal com o paciente, que servirão de material para o diagnóstico e possibilitará a melhor alternativa de tratamento do indivíduo.

REFERÊNCIAS

ABRAHÃO, Anaísa Leal Barbosa; ELIAS, Luciana Carla dos Santos. Estudantes com TDAH: Habilidades Sociais, Problemas Comportamentais, Desempenho Acadêmico e Recursos Familiares. Psico-USF [online]. 2021, v. 26, n. 3 [Acesso em 07 de maio de 2022] , pp. 545-557. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-82712021260312>. ISSN 2175-3563. https://doi.org/10.1590/1413-82712021260312.

SALAZAR, Hernán et al. Funções executivas em escolares com e sem TDAH de acordo com pais e professores. Logos, La Serena, v. 31, n. 1, p. 138-155, Jul. 2021. Disponível em <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0719-32622021000100138&lng=es&nrm=iso>. acessado em 07 de maio de 2022. http://dx.doi.org/10.15443/rl3108.

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Médico lança livro para desmistificar o TDAH

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Apesar do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) atingir entre 5% e 6% da população mundial infantil e entre 2% e 3% da adulta, no Brasil, o tema é pouco esclarecido e ainda gera muitos mitos. Pensando nisso, o pediatra e Neurologista Infantil Dr. Clay Brites lança o livro “Como lidar com mentes a mil por hora”, pela editora Gente. A proposta é levar informação baseada na ciência de forma simples para pais, profissionais das áreas de saúde e educação, além de interessados.

 

Segundo o autor, o TDAH é uma alteração de neurodesenvolvimento caracterizada por uma excessiva dificuldade em iniciar, manter e direcionar a atenção durante as atividades do cotidiano. Brites comenta que há muitas pessoas que tem o transtorno, mas que passam a vida sem saber o que acontece com elas, porque há uma série de mitos em volta, além de um alto índice de desconhecimento do diagnóstico entre educadores e até mesmo entre profissionais da saúde.

– Em mais de vinte anos atendendo pacientes com esses transtornos – e eu sendo um deles –, percebo que muitas pessoas não compreendem que há distúrbios e alterações reais não detectadas em exames de sangue ou de imagem – alerta.

Estresse e sentimento de culpa

Pesquisas já mostraram que pais de crianças com TDAH têm maior nível de estresse do que os pais de crianças com asma. Dr. Clay explica que isso acontece pelo fato de crianças com a síndrome comumente sofrem acidentes, enfrentam dificuldades e até reprovações na escola. “Muitas são excluídas de círculos de amizades, sentem imenso desamparo, além de terem problemas alimentares e de sono em frequência maior do que crianças sem o transtorno”.

 

Brites também diz que muitos pais chegam ao consultório se culpando, pois acham que os problemas da filha ou do filho vêm de algum tipo de erro deles na educação. “O livro pretende ser uma oportunidade desses cuidadores reencontrarem paz de espírito”.

Danos na fase adulta

Segundo o autor do prefácio do livro, Dr. Joseph A. Sergeant, Professor Emérito de Neuropsicologia Clínica Da Vrije Universiteit, Amsterdam (Países Baixos) e fundador e Coordenador da European Adhd Guidelines Group (Eagg), pais e professores precisam ser devidamente informados sobre o que a ciência diz do tema. “Não é uma tarefa fácil, uma vez que o TDAH, ao contrário de muitas outras condições, não se mantém estável com o desenvolvimento da criança e do adolescente até a idade adulta”.

Sergeant comenta que estudos recentes mostraram ainda que podem ocorrer casos nos quais indivíduos que não tiveram o transtorno na infância apresentam sintomas na idade adulta; e que o TDAH na infância, embora tenha gravidade reduzida – no que diz respeito ao número de sintomas – na idade adulta, continuam a se manifestar comportamentos emocional e sociopatológico significativos.

Dr. Clay Brites comenta que, na grande maioria dos casos, o TDAH chega à fase adulta e os prejuízos externos (que afetam o dia a dia) e internos (que afetam o emocional) levam a um aumento da vulnerabilidade do indivíduo, que sofre mais quando criança, continua mal na adolescência e chega destituído, emocional e fisicamente, na vida adulta. “São imensos – e ainda incalculáveis – os custos à vida individual e social, e também ao sistema de saúde”.

Entretanto, dois amplos e reconhecidos estudos populacionais realizados mais recentemente revelaram que as consequências do transtorno nos adultos também podem ser muito comprometedoras, como, por exemplo, aumento nos índices de desemprego, acidentes, comportamento criminoso, problemas com a justiça, pagamento recorrente de honorários a advogados, penas de prisão e outros tipos de sentenças, envolvimento com entorpecentes e crises que culminam em separação conjugal.

– A intenção de escrever este livro surgiu da vontade de materializar o conhecimento sobre TDAH com as devidas atualizações e amplificar determinados temas relacionados ao assunto que merecem maior atenção – conclui.

Sobre o autor

Dr. Clay Brites, MD, PhD, é Pediatra e Neurologista Infantil (Pediatrician and Child Neurologist); Doutor em Ciências Médicas/UNICAMP (PhD on Medical Science); Membro da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins (ABENEPI-PR) e Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP (Titular Member of Pediatric Brazilian Society); e cofundador do Instituto Neurosaber.

 

Serviço:

Livro: “Como lidar com mentes a mil por hora”

Autor: Dr. Clay Brites

Editora Gente

Páginas: 192

Dimensão: 23×16

Link para comprar:

https://www.amazon.com.br/Como-lidar-com-mentes-hora/dp/6555441496

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TDAH: o risco de não buscar tratamento

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Para tratar algo é preciso ter o diagnóstico de um profissional médico. Conhecer, saber, acreditar e aceitar também faz parte. No Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) o diagnóstico precoce ajuda no tratamento e na qualidade de vida do portador.

Independentemente da idade em que ocorre o diagnóstico, é vital tratar o TDAH, pois este é o apoio para o controle dos sintomas, para a qualidade emocional, além de dar forças para enfrentar as adversidades. Não existe uma cura, mas é possível melhorar a convivência no âmbito social, emocional e acadêmico. O tratamento se dá por meio do tripé de apoio: psicoeducação, psicoterapia e medicamentos.

Na psicoeducação envolve informação e orientação sobre o transtorno ao portador e à família próxima, chegando ao ambiente de convívio, principalmente a escola. Ajuda na conscientização e, muitas vezes, pode antecipar ou prevenir situações indesejáveis. Pode ser aplicada através de sessões grupais ou palestras ou materiais informativos.

Na parte de psicoterapia, envolve a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Comprovadamente, é a mais indicada para lidar com o emocional do portador, para ajudar vencer e driblar as dificuldades criando estratégias para o enfrentamento. Fornece também elementos necessários para as relações interpessoais e autonomia da pessoa, além de atuar no desenvolvimento de padrões de comportamentos e pensamentos.

Fonte: encurtador.com.br/grC12

Já os medicamentos, com prescrição médica, são utilizados para conter e melhorar os sintomas do TDAH. Ainda nos dias de hoje, eles são considerados como os “fantasmas”, pois há o medo da dependência química e dos efeitos colaterais.

Vale lembrar que há a fase de adaptação ou escolha do medicamento que melhor atenda cada paciente. Após este ajuste, o custo/benefício se faz presente. Medicar significa testar a resposta do paciente, pois como o transtorno é funcional, cada pessoa pode responder de uma forma diferente. Como disse uma vez Sam Goldstein, um renomado psicólogo americano: “o risco de não tratar é certamente maior que o risco do tratamento”.

Realmente, é uma escolha difícil, mas é preciso tentar fazer uso e buscar a adaptação aos medicamentos para saber se será bom o suficiente para suprir as inconveniências dos sintomas involuntários do transtorno, nem que seja por um tempo. Ressalto ainda que existe grande probabilidade de associação de outras comorbidades ao TDAH, onde há necessidade de tratamento concomitante.

Tudo o que ajuda a pessoa a conviver melhor consigo próprio, a aceitar sua condição física e emocional, bem como suas limitações, é bem-vindo.

Investir em bons hábitos também ajudam a equilibrar o físico e a saúde mental, como, por exemplo, a prática de exercícios físicos, de preferência aeróbicos, a boa alimentação, manter o sono equilibrado e praticar hobbies prazerosos e saudáveis.

Portanto, encare o tratamento do TDAH como um caminho mais iluminado que aumenta a confiança, empodera o contorno dos problemas ou desata os nós bem-feitos dos desafios, promovendo laços para uma vida mais leve e harmoniosa.

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TDAH e os desafios na escola

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Na escola, há crianças que sentem como um turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo: são lápis e borracha que insistem em ficar no chão, papéis amassados que voam, ruídos nos corredores, o vento bagunçando as árvores, os carros buzinando, colegas de classe disputando atenção e um adulto falando coisas que o aluno não sabe, o tempo todo. Esses são os dilemas na vida de quem tem TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Apesar de serem bem comuns, esses detalhes do cotidiano são grandes desafios para a criança com TDAH. Os resultados logo aparecem: notas baixas, conversas paralelas e/ou não saber o que foi falado durante a aula, ter sentimentos confusos e misturados emocionalmente, além de usar o ambiente escolar para brincadeiras emocionantes.

Também é comum a criança receber punições dos pais quando eles não correspondem com resultados satisfatórios na escola. Por sua vez, os profissionais da educação também punem o aluno que não cumpre regras na sala de aula: quando não ficam quietos, andam e incomodam outros alunos ou interrompem a aula a todo momento.

A tendência dos pais e dos professores é advertir e irritar-se com eles, perdendo a paciência até chegar ao castigo. Isto leva a uma rejeição em sala de aula, na escola, entre os amigos e, às vezes, até na própria família. Os pais não entendem, trocam de escola e tudo se repete.

Fonte: encurtador.com.br/ewAV6

O sentimento da criança com TDAH é de impotência. Quando percebem que se esforçam ao máximo, mas normalmente com muitas falhas, desistem de tentar, ficam com baixa autoestima, ansiedade e passam a se desinteressar pelos estudos.

Cada pessoa tem uma expectativa, mas não podemos exigir de quem tem TDAH que atendam o que esperamos dele. Há uma diferença. Por exemplo, não é que ele não queira fazer do seu jeito ou como a sociedade espera. Ele não consegue atender esta satisfação. Porém, pode-se fazer de outra maneira, usando sua criatividade e habilidade para cumprir o necessário para seguir em frente.

Quando pais e professores utilizam o reforço positivo, ou elogios diante de progressos e pequenas conquistas, promove-se a autoestima e a pessoa com o transtorno passa a superar as dificuldades indo por outros caminhos que até então ninguém pensou em ir, mas que o levará por experiências positivas, com bons resultados.

Mesmo não tendo notas brilhantes em todas as matérias, as crianças com TDAH que tiverem boa autoestima, com muita motivação e incentivo apresentarão resultados satisfatórios, mesmo que estes sejam regulares no seu ponto de vista. O conjunto vale mais do que a própria obra!

É bom lembrar que não é uma questão de inteligência. Há comprovação científica de que quem tem TDAH pode ter inteligência normal ou até acima da média. A diferença é seu grande talento! O incentivo e o estímulo são a melhor ferramenta para o sucesso!

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