TDAH: o risco de não buscar tratamento

Compartilhe este conteúdo:

Para tratar algo é preciso ter o diagnóstico de um profissional médico. Conhecer, saber, acreditar e aceitar também faz parte. No Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) o diagnóstico precoce ajuda no tratamento e na qualidade de vida do portador.

Independentemente da idade em que ocorre o diagnóstico, é vital tratar o TDAH, pois este é o apoio para o controle dos sintomas, para a qualidade emocional, além de dar forças para enfrentar as adversidades. Não existe uma cura, mas é possível melhorar a convivência no âmbito social, emocional e acadêmico. O tratamento se dá por meio do tripé de apoio: psicoeducação, psicoterapia e medicamentos.

Na psicoeducação envolve informação e orientação sobre o transtorno ao portador e à família próxima, chegando ao ambiente de convívio, principalmente a escola. Ajuda na conscientização e, muitas vezes, pode antecipar ou prevenir situações indesejáveis. Pode ser aplicada através de sessões grupais ou palestras ou materiais informativos.

Na parte de psicoterapia, envolve a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Comprovadamente, é a mais indicada para lidar com o emocional do portador, para ajudar vencer e driblar as dificuldades criando estratégias para o enfrentamento. Fornece também elementos necessários para as relações interpessoais e autonomia da pessoa, além de atuar no desenvolvimento de padrões de comportamentos e pensamentos.

Fonte: encurtador.com.br/grC12

Já os medicamentos, com prescrição médica, são utilizados para conter e melhorar os sintomas do TDAH. Ainda nos dias de hoje, eles são considerados como os “fantasmas”, pois há o medo da dependência química e dos efeitos colaterais.

Vale lembrar que há a fase de adaptação ou escolha do medicamento que melhor atenda cada paciente. Após este ajuste, o custo/benefício se faz presente. Medicar significa testar a resposta do paciente, pois como o transtorno é funcional, cada pessoa pode responder de uma forma diferente. Como disse uma vez Sam Goldstein, um renomado psicólogo americano: “o risco de não tratar é certamente maior que o risco do tratamento”.

Realmente, é uma escolha difícil, mas é preciso tentar fazer uso e buscar a adaptação aos medicamentos para saber se será bom o suficiente para suprir as inconveniências dos sintomas involuntários do transtorno, nem que seja por um tempo. Ressalto ainda que existe grande probabilidade de associação de outras comorbidades ao TDAH, onde há necessidade de tratamento concomitante.

Tudo o que ajuda a pessoa a conviver melhor consigo próprio, a aceitar sua condição física e emocional, bem como suas limitações, é bem-vindo.

Investir em bons hábitos também ajudam a equilibrar o físico e a saúde mental, como, por exemplo, a prática de exercícios físicos, de preferência aeróbicos, a boa alimentação, manter o sono equilibrado e praticar hobbies prazerosos e saudáveis.

Portanto, encare o tratamento do TDAH como um caminho mais iluminado que aumenta a confiança, empodera o contorno dos problemas ou desata os nós bem-feitos dos desafios, promovendo laços para uma vida mais leve e harmoniosa.

Compartilhe este conteúdo:

TDAH e os desafios na escola

Compartilhe este conteúdo:

Na escola, há crianças que sentem como um turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo: são lápis e borracha que insistem em ficar no chão, papéis amassados que voam, ruídos nos corredores, o vento bagunçando as árvores, os carros buzinando, colegas de classe disputando atenção e um adulto falando coisas que o aluno não sabe, o tempo todo. Esses são os dilemas na vida de quem tem TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Apesar de serem bem comuns, esses detalhes do cotidiano são grandes desafios para a criança com TDAH. Os resultados logo aparecem: notas baixas, conversas paralelas e/ou não saber o que foi falado durante a aula, ter sentimentos confusos e misturados emocionalmente, além de usar o ambiente escolar para brincadeiras emocionantes.

Também é comum a criança receber punições dos pais quando eles não correspondem com resultados satisfatórios na escola. Por sua vez, os profissionais da educação também punem o aluno que não cumpre regras na sala de aula: quando não ficam quietos, andam e incomodam outros alunos ou interrompem a aula a todo momento.

A tendência dos pais e dos professores é advertir e irritar-se com eles, perdendo a paciência até chegar ao castigo. Isto leva a uma rejeição em sala de aula, na escola, entre os amigos e, às vezes, até na própria família. Os pais não entendem, trocam de escola e tudo se repete.

Fonte: encurtador.com.br/ewAV6

O sentimento da criança com TDAH é de impotência. Quando percebem que se esforçam ao máximo, mas normalmente com muitas falhas, desistem de tentar, ficam com baixa autoestima, ansiedade e passam a se desinteressar pelos estudos.

Cada pessoa tem uma expectativa, mas não podemos exigir de quem tem TDAH que atendam o que esperamos dele. Há uma diferença. Por exemplo, não é que ele não queira fazer do seu jeito ou como a sociedade espera. Ele não consegue atender esta satisfação. Porém, pode-se fazer de outra maneira, usando sua criatividade e habilidade para cumprir o necessário para seguir em frente.

Quando pais e professores utilizam o reforço positivo, ou elogios diante de progressos e pequenas conquistas, promove-se a autoestima e a pessoa com o transtorno passa a superar as dificuldades indo por outros caminhos que até então ninguém pensou em ir, mas que o levará por experiências positivas, com bons resultados.

Mesmo não tendo notas brilhantes em todas as matérias, as crianças com TDAH que tiverem boa autoestima, com muita motivação e incentivo apresentarão resultados satisfatórios, mesmo que estes sejam regulares no seu ponto de vista. O conjunto vale mais do que a própria obra!

É bom lembrar que não é uma questão de inteligência. Há comprovação científica de que quem tem TDAH pode ter inteligência normal ou até acima da média. A diferença é seu grande talento! O incentivo e o estímulo são a melhor ferramenta para o sucesso!

Compartilhe este conteúdo:

O desafio de incluir portadores de TDAH na escola

Compartilhe este conteúdo:

O Transtorno do de Déficit de Atenção e Hiperatividade, o TDAH, é geralmente identificado na infância e a maioria dos casos persiste até a fase adulta, segundo o CID 10 (Código Internacional de Doenças) é nominado como F.90 Transtorno Hipercinético. Este transtorno é caracterizado por três aspectos, impulsividade, hiperatividade e desatenção, afetando então de alguma maneira, os aspectos cognitivos, sociais e psíquicos do sujeito. De acordo com o DSM-IV(Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais), o sujeito deve apresentar estes sintomas em um período mínimo de seis meses.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH tem alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro, isto é, a parte responsável pela inibição do comportamento, como a memória, o auto controle, organização e planejamento . Acredita-se também que possa ter influências genéticas, pois perceberam que nas famílias que já tinham algum caso de TDAH. Atualmente não há cura para mas este tipo de transtorno é  tratável, quanto mais cedo  administrar os sintomas , melhor é o desenvolvimento social, acadêmico e emocional da pessoa.

O problema  é geralmente notado pelos professores quando as crianças iniciam atividades na escola a partir dos seis anos de idade, pois antes disso o  comportamento infantil é muito variável, o que não assegura, por si só, a identificação do TDAH. Para ser considerado como TDAH é necessário que estes comportamentos possam ser percebidos em vários ambientes, tais como: escola, casa e trabalho.

“Este transtorno geralmente é reconhecido em crianças do sexo masculino e há críticas em relação a este tipo de diagnóstico diante desta população, compreendendo que as crianças estão em uma fase de descoberta do mundo através de muitas visualizações na internet, televisão, jogos etc, ” diz  Mariana Miranda Borges , psicóloga na clínica Aprimore  e coordenadora do Serviço de Psicologia da Ulbra .

“É importante que após o diagnóstico, os pais continuem colocando os limites e os acompanhando” diz Mariana, psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia da Ulbra.

O professor, assim como a escola conhece o dia-a-dia de seus alunos, e sabe qual deles têm dificuldades de aprendizagem ou comportamento prejudicial, podendo alertar aos pais para que busquem ajuda de um especialista.

Mas, o preconceito acerca desse assunto ainda é muito grande. A maioria dos  pais, quando surpreendidos pela sugestão de procurar ajuda, ficam amedrontados, e reagem muito mal, criando uma situação de estresse familiar e matrimonial. E neste caso o  apoio familiar é a base mais sólida para a otimização do tratamento, pois envolve afeto e dedicação.

“Muitos  pais interpretam erroneamente, não aceitam que devem procurar um especialista para ter uma melhor orientação” afirma Kallianna Novais Kós, professora na Escola Municipal Monteiro Lobato, em Palmas. Na unidade, ela dá aulas aos portadores de TDAH desde 2011, e é pós graduada em Atendimento Educacional Especializado (AEE), pela Universidade Federal do Ceará – UFC.

Professora Kallianna com os alunos Maria Tereza, 10 anos, e Guilherme M de Oliveira, 7 anos.

O diagnóstico do transtorno é realizado por um especialista geralmente (médicos neurologistas, psicólogos  com especialização em neuropsicologia e psicopedagogos)  em uma entrevista clínica, colhendo a historia da vida da criança juntamente com os pais, através  de uma avaliação baseado em uma lista de nove sintomas de hiperatividade e impulsividade.

Mariana acrescenta que é fundamental oferecer exames que observam atividade neuronal com  alguns testes psicológicos que verificam o desempenho cognitivo e a neurologia “ É importante também observar as capacidades visuais e auditivas, pois o comprometimento nestas áreas podem dificultar o foco e a manutenção da atenção durante a realização das atividades educacionais e laborais, podendo elaborar um diagnóstico errôneo.”

Uma vez diagnosticados, o professor tem condições de ajudar o aluno com o TDAH, sem prejudicar o andamento da turma, e através de algumas estratégias para facilitar o cotidiano desta criança na escola, com atividades lúdicas e concretas.

Kallianna diz que o  tratamento envolve uma equipe multidisciplinar, pois requer também aplicação de medidas pedagógicas e comportamentais  “O que criamos são rotinas, regras, procuramos pausas regulares entre as atividades, tempo extra para responder perguntas, estimulação e elogio verbal nas atividades realizadas”, explica  “Usamos  técnicas de organização, estratégias para atrair atenção do aluno na sala de aula.”

Existem alguns autores que acreditam que o uso de farmacológicos é essencial para o tratamento do mesmo, colocando as psicoterapias como algo complementar. Enquanto, outros profissionais acreditam que o uso medicamentoso pode ser substituído por psicoterapia e atividade física.

Mariana  acredita que o medicamento, atividade física e psicoterapia são possibilidades de tratamento “Entendendo que o medicamento irá atuar no nível neuronal, diminuindo as disfunções e tratando a impulsividade e a dificuldade de atenção; atividade física poderá ser uma forma de descarregar a energia, diminuindo a hiperatividade; já a psicoterapia terá o papel de tornar consciente as escolhas que o sujeito está fazendo, bem como orientar os pais e professores a lidarem com estas situações.”

O papel dos pais é dar suporte emocional porque normalmente elas são muito carentes. Sentar, conversar e dar carinho, a criança precisa de troca, de afeto. Isso ajuda muito no tratamento das crianças com TDAH. “É importante que após o diagnóstico deste transtorno em seus filhos, os pais continuem colocando os limites e os acompanhando” finaliza Mariana.

Compartilhe este conteúdo:

Depressão, Autismo, TDAH, Esquizofrenia e Bipolaridade compartilham a mesma base genética?

Compartilhe este conteúdo:

Depressão, Autismo, TDAH, esquizofrenia e bipolaridade são doenças mentais categorizadas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) a partir de um conjunto de sinais e sintomas. Esses sintomas podem mudar substancialmente de uma categoria para outra. Agora, a questão é: e se todos esses transtornos mentais compartilhassem um mesmo fator genético?

O artigo publicado na revista científica The Lancet (http://www.thelancet.com) na quarta-feira (27/02/2013) mostra o resultado de uma pesquisa baseada em dados genéticos de mais de 60.000 pessoas e que apresenta algumas informações elucidativas para o entendimento das premissas desencadeadoras de vários transtornos mentais. Um grupo de cientistas de diversas instituições de ensino aponta que essas pesquisas sobre o material genético e sua relação com os transtornos psiquiátricos podem ser a mais relevante da atualidade nesse contexto. O resultado dessa pesquisa em específico começa a indicar que, em um dado nível, os fatores de riscos genéticos podem ser mais salutares para o tratamento das doenças do que seus sintomas. Mas, os pesquisadores estão cautelosos com a apresentação dos resultados, dada a complexidade da temática, assim o Dr. Jordan Smoller, um dos responsáveis pela pesquisa e professor de psiquiatria na Harvard Medical School, diz que “o que foi identificado é provavelmente apenas a ponta de um iceberg“, pois entender os fatores genéticos por detrás dos problemas psíquicos não é algo trivial, já que há uma série enorme de genes envolvida e a descoberta dessas variações aponta para um caminho que pode ser refutado ou comprovado em pesquisas posteriores.

Para entender a pesquisa (iniciada em 2007), é interessante uma contextualização:

  • Participantes: dois grupos de pessoas, 33.332 com transtornos mentais e 27.888 sem incidência alguma de doença mental (o grupo de controle). Material genético de pessoas de 19 países.
  • Coleta de dados: de exames de DNA.
  • Procedimentos: verificação de variações em trechos de material genético (considerando que cada DNA tem bilhões de letras, é um trabalho que requer o uso de tecnologia de ponta e algoritmos computacionais complexos).

Para Jonathan Sebat, professor assistente de psiquiatria e medicina celular e molecular da Universidade da Califórnia, a seguinte situação já era comumente observada: “dois diagnósticos diferentes podem ter o mesmo fator de risco genético”. Assim, um ponto relevante de contribuição dessa pesquisa é a possibilidade de ampliação das variáveis para a elaboração dos diagnósticos desses transtornos mentais, agregando aos sinais e sintomas, fatores genéticos observáveis em exames.

Segundo o Dr. Smoller, o novo estudo contribuiu na descoberta de quatro regiões do DNA que conferem um pequeno risco de transtornos psiquiátricos. Para duas dessas regiões, a situação ainda não está clara, pois não se sabe quais genes estão envolvidos ou o que fazem.  Já as outras duas envolvem genes que fazem parte dos canais de cálcio, que são utilizados quando os neurônios enviam sinais ao cérebro.

A descoberta acerca do envolvimento dos canais de cálcio nessas regiões sugere que os tratamentos que afetam tais canais podem ter efeito sobre uma série de doenças, mas o Dr. Smoller é prudente em dizer que isso é apenas um grande “se”, logo ainda são necessárias mais pesquisas para a devida comprovação.

Há algum tempo já existem no mercado medicamentos que são usados para bloquear os canais de cálcio, utilizados para o tratamento da hipertensão arterial. Alguns pesquisadores já tinham postulado que tais medicamentos podiam ser úteis para o tratamento do transtorno bipolar antes mesmo dos resultados dessa pesquisa virem à tona. Mas, ainda há um (longo) caminho para a comprovação desse postulado. Um exemplo de tentativas de comprovação desse postulado é a investigação do Dr. Roy Perlis, do Hospital Geral de Massachusetts, que concluiu o tratamento em um pequeno grupo de pessoas (dez) com transtorno bipolar utilizando bloqueadores de canais de cálcio. Seu próximo passo é expandir a pesquisa para um grupo maior de participantes.

Mas, é claro que esse “se” já deve ter causado um alvoroço na indústria farmacêutica. Por isso, é importante ater-se ao “se”, pois uma hipótese ainda não é um fato. Assumir que bloqueadores de canal de cálcio podem contribuir no tratamento da bipolaridade e, a partir da aceitação da associação que há na base genética desse transtorno com os demais, transformar tal droga “em potência” em um novo Santo Graal da indústria farmacêutica pode ser o início de mais uma doença e não de um processo de cura. Essas pesquisas são importantes desde que sejam compreendidas como um processo dinâmico (passível de refutação, mudança e comprovação), não como uma verdade absoluta e imediata.

Referências:

http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736%2812%2962129-1/fulltext
http://www.nytimes.com/2013/03/01/health/study-finds-genetic-risk-factors-shared-by-5-psychiatric-disorders.html

 

Compartilhe este conteúdo: