Mindfulness e Teatroterapia podem te ajudar a se expressar na faculdade

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As tensões fazem parte do processo evolutivo do ser humano, um componente inerente à vida. Todavia, uma vez que elas se tornam frequentes e intensas, podem levar o indivíduo a um processo de adoecimento totalmente contrário ao seu progresso. E, o ambiente universitário, é um local que gera maior índice de tensão nos indivíduos participantes, não é à toa, é amostra de grupo onde percebesse maior índice no desenvolvimento de transtornos mentais. Prova disso, a OMS (2015) revela que 10% da população mundial sofre de algum transtorno psíquico, porém, quando vemos essa amostragem com estudantes universitários, mais de 40% dos jovens acadêmicos possuem algum transtorno mental Gomes & col. (2020)

Esses índices levam à seguinte reflexão: quais grandes marcadores no ambiente universitário geram essa tensão nos acadêmicos e, ocasionalmente, desenvolvimento dos transtornos psíquicos? Oliveira e Duarte (2004) se atentam ao stress gerado nas apresentações dos trabalhos universitários, e percebem que esses momentos os tornam mais vulneráveis a essa tensão devido a exposição e avaliação rígida sobre o construto de seu trabalho acadêmico. Gerando nesses universitários índices mais elevados de ansiedade e sintomas ligados a ela, até porque, a atuação do acadêmico dentro desse contexto o faz refletir diretamente no seu futuro profissional e o torna mais sensível e crítico consigo mesmo.

 Tendo isso em vista, nota-se a relevância na busca de ferramentas para diminuir o nível de estresse gerado nas apresentações orais dos trabalhos acadêmicos. Uma dessas ferramentas da psicologia que podem ser utilizadas para diminuir o nível de estresse são Mindfulness e teatroterapia. Conheça abaixo sobre cada uma delas e como elas podem te ajudar:

O QUE É MINDFULNESS

            Também chamada de atenção plena, tem origem no budismo. Quem trouxe o mindfulness para o Ocidente e passou a estudá-lo foi o biólogo americano Jon Kabat-Zinn (2005, n.p) , em 1979. Ele iniciou na faculdade de medicina da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, um programa de redução de estresse, batizado como Mindfulness-Based Stress Reduction.  O programa de Jon Kabat-Zinn é o mais conhecido, porém existem diversos outros protocolos indicados por psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da saúde mental. Hoje o mindfulness complementa o tratamento de transtornos mentais como ansiedade generalizada e depressão, por auxiliar no manejo de problemas do dia a dia.

Fonte: Imagem por ArtPhoto_studio no Freepik

            Mindfulness é a prática de se estar no momento presente da maneira mais consciente possível. Para Jon Kabat-Zinn “a consciência surge quando prestamos atenção, com propósito, no momento presente e sem julgamentos”.  Ou seja, focar sua atenção em cada movimento, situação, respiração, e deixar de lado as distrações, pensamentos externos e sentimentos anteriores, para intencionalmente sentir, ouvir, viver plenamente a situação presente, também se trabalha a disciplina da mente com o objetivo de aumentar o foco. Com isso, aprendemos a fazer escolhas mais conscientes e funcionais, influenciando positivamente na maneira como lidamos com os desafios cotidianos.

            A prática para permanecer no estado mental de atenção plena é como uma atividade física, é preciso treinar e manter uma rotina para sentir os resultados, ela pode ser exercitada em atividades simples do dia a dia, como escovar os dentes, tomar banho ou comer, esse exercício exige dedicação e autorregulação por parte de cada pessoa para se alcançar os resultados.

O QUE É TEATROTERAPIA

            Na teatroterapia, o psicólogo utiliza de recursos e técnicas teatrais com fins terapêuticos, geralmente com o objetivo de se trabalhar habilidades sociais. Ele permite ao participante exercitar novos papéis, promovendo diferentes vivências e formas de ação, desenvolvendo nele habilidades de autoexpressão, espontaneidade, relacionamentos interpessoais. Auxilia ainda na resolução de conflitos internos e na aquisição de uma linguagem expressiva própria (ROCHA, 2007, pág. 25).

De acordo com Marcia Pontes Mendonça (2012), terapeuta organizacional colaboradora do site redehumanizasus.net, trata-se de uma estratégia terapêutica concebida em 1997 cuja elaboração foi baseada no Método Boal de Teatro e Terapia, no Teatro da Espontaneidade de Moreno, em princípios de Psicomotricidade e abordagens corporais como a bioenergética e o Sistema Rio Aberto, bases teórico-práticas da Terapia Ocupacional, além de ferramentas do teatro como a teatralidade, a espontaneidade e os jogos dramáticos”.(MENDONÇA, 2012, n.p)

Fonte: Imagem por rawpixel.com no Freepik

Ainda de acordo com ela, a técnica teatral trabalha questões conflitivas presentes em desafios cotidianos, explorando as possibilidades de (re)vivências de eventos rotineiros e concedendo o poder de transformação através da (des)construção dele. Durante a terapia, “emoções emergentes são simbolicamente enfrentadas, para que sejam transpostas para a atuação na vida real” (MENDONÇA, 2012). Ou seja, o ambiente artístico de uma sala de ensaio permite que as habilidades socioemocionais sejam trabalhadas em um ambiente controlado, que não só imita a vida, mas busca relações reais entre seus participantes.

Em conclusão, aprender sobre as técnicas do psicodrama e entender a importância da teatroterapia serve como base para a futura atuação enquanto profissionais, tendo em vista os benefícios do uso das artes para a expressividade acadêmica e no contexto pessoal. A partir dos elementos supracitados é possível compreender que de modo geral a habilidade de se reconhecer enquanto pessoa e conseguir externalizar o seu “eu” real, antecede as práticas acadêmicas que exigem saber utilizar os conhecimentos adquiridos juntamente com tais habilidades, que servem como instrumento para o dia a dia, independente da sua área de atuação.

 

REFERÊNCIAS

GOMES, Carlos Fabiano Munir et al . Transtornos mentais comuns em estudantes universitários: abordagem epidemiológica sobre vulnerabilidades. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.),  Ribeirão Preto ,  v. 16, n. 1, p. 1-8, mar.  2020 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762020000100009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  30  maio  2022.

ROCHA, A. Teatroterapia: O teatro como terapia social. Arquivo PDF, 2007. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/T202148.pdf

MENDONÇA, M. TEATROTERAPIA RECURSO TERAPÊUTICO ALIADO À TRATAR CONFLITOS PESSOAIS E GRUPAIS. Rede Humanizasus, 2012.  Disponível em: https://redehumanizasus.net/12711-teatroterapia-recurso-terapeutico-aliado-a-tratar-conflitos-pessoais-e-grupais/

Teatro, Autismo e desenvolvimento socioemocional. Clia Psicologia, [s.d]. Disponível em: https://cliapsicologia.com.br/piracicaba/teatro-terapeutico/#:~:text=Qual% 20%20 objetivo%20do%20 Teatro,nos%20 ajuda%20a%20a can%C3%A7%C3%A1%2 Dias.

CUNHA, L.; SILVA, R.; ALCÂNTARA, B. UM ESTUDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA DINÂMICA DE GRUPO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM PROFESSORES. Revista Eletrônica, [s.d]. Disponível em: http://revistaeletronica1.hospedagemdesites.ws/revistaeletronicarh/pasta_upload/artigos/a33.pdf

BALDISSERA, O. O poder do mindfulness explicado pela neurociência. Pós Digital, 2021. Disponível em: https://posdigital.pucpr.br/blog/mindfulness-neurociencia

Pichon-Rivière: para psiquiatra e psicanalista argentino, aprender em grupo significa conviver com uma leitura criativa e crítica da realidade. Revista Educação, [s.l], Edição 243, online, 1 nov. 2017. Disponível em: https://revistaeducacao.com.br/2017/11/01/pichon-riviere-aprender-em-grupo/

MINAYO, M. C. et. al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21. Petrópolis: Vozes, 2002. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/franciscovargas/files/2012/11/pesquisa-social.pdf

MARINHO, A. C.; TEIXEIRA, L. Medo de falar em público e timidez em universitários, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/35290#:~:text=O%20medo%20de%20falar%20em%20p%C3%BAblico%20foi%20associado%20com%20a,em%20p%C3%BAblico%20negativa%20ou%20positiva.

Autores: Ellen Chaves Silva, Gabriela da Silva Queiroz, Lucas do Nascimento da Silva, Melissa Fernandes Magalhães.

 

 

 

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Dialética e TFC ajudam mulheres gestantes no mercado de trabalho

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Na contemporaneidade, a discriminação contra profissionais gestantes é um tema recorrente, pois muitas são desrespeitadas a partir do momento em que engravidam. Cabe lembrar que, apesar da lei impedir que profissionais gestantes com Registro na Carteira de Trabalho sejam demitidas sem justa causa, a realidade perdura, fazendo com que muitas mulheres sejam humilhadas diariamente e submetidas a níveis de estresse muito altos, além de serem vítimas de assédio moral.

Assim, esse cenário na vida da mulher nos papéis de mãe e trabalhadora pode gerar desequilíbrio emocional, decorrente do quadro de que a maternidade é vista como uma variável agravante, fazendo com que os gestores cometam comportamentos violentos, tais como: retirar a autonomia da trabalhadora gestante ou contestar, a todo momento, suas decisões; vigilância excessiva seguida de manipulação de informações; isolar fisicamente o trabalhador e presumir que a carga horária da mulher deve ser reduzida apenas por conta da gestação.

O que é Dinâmica de grupo?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo (2006, p. 1), “dynamis é uma palavra de origem grega que significa força, energia, ação”. E, Segundo Tatiana Wernikoff, (Instituto de Psicologia Organizacional) “Qualquer situação em que você reúne pessoas para uma atividade conjunta, com um objetivo específico, caracteriza uma dinâmica”.

Em um artigo publicado em 1944 por Kurt Lewin, Dinâmica de Grupo é o “estudo das forças que agem no seio dos grupos, suas origens, consequências e condições modificadoras do comportamento do grupo”.

A Dinâmica de Grupo consiste em permitir que os indivíduos participantes desenvolvam suas habilidades e se tornem mais competentes por meio do que já sabem, atingindo quatro dimensões muito importantes: social, interpessoal, pessoal e profissional.

Os exercícios de dinâmicas de grupo são frequentemente utilizados para melhorar o relacionamento entre os diferentes elementos de um mesmo grupo, promovendo a autenticidade nas pessoas, além de permitir que os indivíduos lidem com opiniões e atitudes divergentes, promovendo o crescimento pessoal.

Fonte: Imagem por pch.vector no Freepik

 

O que é Dialética?

A Dialética é um método de diálogo que se concentra na contradição e oposição de opiniões, um jogo de ideias que se contradizem porque são diferentes umas das outras, podendo gerar novas ideias. A Dialética pode ser o debate ou a arte da persuasão, estando intimamente relacionada à retórica.

Jung define a Dialética como simplesmente uma discussão entre duas ou mais pessoas, que logo resulta em duas definições igualmente concisas, um método de construir novas sínteses.

O que é Terapia Focada na Compaixão?

A Terapia Focada na Compaixão (TFC) tem como objetivo ajudar as pessoas a acessar e estimular suas motivações, emoções e competências de autocompaixão. É uma terapia que integra conceitos do budismo, da psicologia evolucionista e das neurociências.

De acordo com Paul Gilbert (2009), a terapia centrada na compaixão decorre da percepção de que os pacientes se tratam com muita severidade, cheios de críticas, hostilidade, raiva e desprezo. Nesse sentido, um dos principais objetivos é que os pacientes desenvolvam uma atitude mais compassiva em relação a si mesmas, desenvolvendo assim a autocompaixão, onde o paciente permite se aceitar, diminuindo as cobranças e a autocrítica.

Fonte: Imagem no jcomp no Freepik

Cabe lembrar, ainda, a diferença entre autocrítica severa e autocorreção compassiva, visto que a autocrítica se refere a uma forma de autojulgamento e auto avaliação negativos, que podem ser direcionados a diversos aspectos do self, como a aparência física, as emoções, os comportamentos, os pensamentos, a personalidade e os atributos intelectuais. Ao contrário da autocrítica, considera-se que a autocompaixão é uma resposta alternativa mais adaptativa à falha percebida. Na autocrítica severa os indivíduos funcionam como seus próprios inimigos, se auto agredindo e punindo de forma constante diante de falhas, remoendo e cultivando sentimentos de raiva, arrependimento e culpa. Já na autocorreção compassiva, o objetivo é procurar compreender que é possível aprender com os erros, que faz parte da natureza humana errar e sofrer, é parte natural da vida. Com uma atitude de aceitação e acolhimento se torna possível evoluir, aprendendo com os erros e situações adversas da vida.

”O sofrimento faz parte da vida. Que eu seja gentil comigo mesma neste momento. Que eu possa dar a mim mesma a compaixão de que preciso.”- Neff; Kristin.

Sendo assim, percebe-se que, com o uso regular das práticas supracitadas, será possível que as gestantes atinjam maior compreensão acerca da sua realidade e conquistem melhor qualidade de vida.

 

Referências bibliográficas

AFONSO, MARIA LUCIA MIRANDA. Oficinas Em Dinâmica de Grupo: Um Método de intervenção psicossocial. Casa do Psicólogo, 2007.

ANDRADE, Suely Gregori. Teoria E Pratica de Dinâmica de Grupo: Jogos E. Casa do Psicólogo, 1999.

CABRAL, João Francisco Pereira. “Dialética”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/dialetica.htm Acesso em 07/06/2022.

COSENZA. BRUNA. Maternidade e trabalho: o preconceito com as mães no mercado. 07 de maio de 2021. Disponível em https://www.vittude.com/empresas/maternidade-e-trabalho-como-combater-o-preconceito/#:~:text=Quando%20o%20assunto%20%C3%A9%20ma acesso em 07/06/2022

GARCIA. C. F, VIECILI. J. Implicações do retorno ao trabalho após licença-maternidade na rotina e no trabalho da mulher. Fractal, Rev. Psicol. 30 (2) • Ago 2018 https://www.scielo.br/j/fractal/a/4zVSP8j3SKn9Rf9TtNvzWzn/? Acesso em 07/06/2022

LARA. C. A importância do apoio psicológico no pré-natal. Disponível em https://leiturinha.com.br/blog/apoio-psicologico-no-pre-natal/#:~:text=Para%20al%C3%A9m%20dos%20inc%C3%B4modos%20naturais,sombra%20de%20d%C3%BAvidas%2C%20acompanhamento%20psicol%C3%B3gico. Acesso 07/06/2022

LUZ, G. A. R. A EVOLUÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO. Disponível em https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-evolucao-mulher-no-mercado-trabalho.htm#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20artigo,homens acesso em 07/06/2022

Maternidade e trabalho: como as empresas podem ajudar nesse desafio? (Autor desconhecido.) 05 de julho de 2021. Disponíveis em https://paraempresas.catho.com.br/maternidade-e-trabalho/ aceso em 07/06/2022

PASQUALINI, Juliana C.; MARTINS, Fernando Ramalho e EUZEBIOS FILHO, Antonio. A “Dinâmica de Grupo” de Kurt Lewin: proposições, contexto e crítica. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2021, vol.26, n.2, pp. 161-173. ISSN 1413-294X.  http://dx.doi.org/10.22491/1678-4669.20210016. Acesso em 07/06/2022

PENIDO. M. A. Terapia Focada na Compaixão – Esclarecendo dúvidas com a professora Maria Amélia Penido. 28 de janeiro de 2021. Disponível em https://www.focotcc.com/post/terapia-focada-na-compaix%C3%A3o-esclarecendo-d%C3%BAvidas-com-a-professora-maria-am%C3%A9lia-penido#:~:text=A%20Terapia%20Focada%20na%20Compaix%C3%A3o%20tem%20por%20objetivo%20ajudar%20as,de%20voz%20e%20outros%20exerc%C3%ADcios. Acesso em 07/06/2022

PORFIRIO. F. Dialética. Disponível em https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/dialetica.htm. Acesso em 07/06/2022

RÓS. L, OLIVEIRA. M. Maternidade. 05 de abril de 2018. Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2018/04/05/elas-foram-perseguidas-e-assediadas-no-trabalho-ao-anunciarem-a-gravidez.htm acesso em 07/06/2022

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DINÂMICAS DE GRUPO (SBDG). Dinâmica de grupo: conhecendo a história da dinâmica dos grupos no Brasil. Blumenau: SBDG, 2006.

SOUZA. F. O que é a Terapia da Compaixão? Paul Gilbert. Disponível em https://www.psicologiamsn.com/2015/12/o-que-e-a-terapia-da-compaixao-paul-gilbert.html acesso 07/06/2022

Autores:

Bruna Teixeira Rabelo

Clara Eliza Ata Nepomoceno

Gabriella Gonçalves de Oliveira

Larissa Rosa de Oliveira Izac

 

 

 

 

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Habilidades sociais na infância: relato de experiência clínica

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É de extrema importância as habilidades sociais na vida das crianças, uma vez que elas vão precisar do treino para assertividade, sabe estabelecer bons relacionamentos e ter bom desenvolvimento dentro da sociedade, com os bons costumes que são esperados deles no relacionamento com os pais, familiares, professores e colegas, com quem convivem diariamente.

Foram feitos 9 encontros com o grupo. Estes encontros eram semanais, aos sábados pela manhã, com duração de uma hora e meia cada encontro. O grupo era composto por duas crianças entre nove e onze anos de idade e duas estagiárias de psicologia. Durante todo o grupo pudemos acompanhar o desenvolvimento de dois pacientes, ambos sempre participativos, mesmo diante das dificuldades encontradas para realizar as atividades, porém sempre se mostraram dispostos e interessados no processo. Enquanto acadêmicas foi muito importante essa experiência, visto que para a carreira profissional lidar com demandas que visam este crescimento pessoal e social dos indivíduos, também exige de nós novas habilidades de enfrentamento, criatividade dentro dos processos e interesse em aprender junto com eles.

O formato em que a disciplina foi ministrada foi muito eficiente visto que se teve oportunidade de aprender dentro do seu processo, que você estava conduzindo com seus clientes, bem como aprender na troca de ideias com os demais grupos no momento da supervisão com a professora. Foi possível discutir questões que poderiam aparecer durante os encontros, que ainda não haviam aparecido, bem como se preparar para situações que pudessem ocorrer.

Fonte: encurtador.com.br/klqC6

No 1º encontro fizemos uma coleta de dados e queixas, bem como a apresentação da proposta grupal para os pais. Foi proposto pela supervisora de estágio, Prof.ª Ana Beatriz, que marcássemos um horário com os responsáveis, apresentando a proposta grupal, coletando os dados e verificando se a queixa inicial permanece a mesma ou se fora alterada. Também se faz necessária a assinatura do termo de ciência referente as faltas que é de prática do serviço escola.

No 2º encontro trabalhamos o tema autocontrole e expressividade emocional. A proposta do encontro é trabalhar as emoções, sabendo reconhecer as suas e identificar a dos outros, bem como aprender a expressar as suas emoções, falar sobre elas. O objetivo era que eles soubessem identificar seus sentimentos, saber lidar com eles, controlar seu próprio humor e tolerar frustrações. Trabalhar com eles a caixinha dos sentimentos com a história da mitologia grega da “caixa de pandora”, também pedimos para eles colorirem o sentimento com a dinâmica “os sentimentos têm cores” e depois tentar identificar os sentimentos das respectivas figuras na dinâmica “eu tenho sentimentos”. Ambas as dinâmicas foram propostas por Prette (2013).

No 3º encontro falamos sobre habilidades de civilidade, entendida como expressão comportamental aceitas ou valorizadas em uma determinada subcultura, com objetivo de trabalhar as boas maneiras, compreender a necessidade de conviver com as pessoas, demonstrar criatividade, seguir regras, falar de si e ouvir o próximo. Já no 4º encontro foi tratado sobre a empatia como ferramenta contra o comportamento violento, vem de encontro com o tema da primeira sessão, porém a proposta é que agora criem-se repertórios de se colocar no lugar do outro, compreendendo e sentindo o que o outro sente. É esperado que ao final da sessão as crianças tenham trabalhado habilidades que permitam: observar, prestar atenção e ouvir o outro, demonstrar interesse e preocupação pelo outro, reconhecer sentimentos, compreender situações, demonstrar respeito às diferenças, expressar compreensão pelo sentimento e experiência do outro, oferecer ajuda e compartilhar.

Fonte: encurtador.com.br/mnU46

No 5º encontro a temática foi assertividade, pois trabalha a noção de igualdade de direitos e deveres, com objetivo de refletir a importância da sinceridade, elogiar, incentivar, compreender o significado das palavras (sim e não). No 6º encontro discutimos sobre soluções de problemas interpessoais com intuito de trabalhar habilidades sociais como de autocontrole, expressividade emocional, empatia, assertividade, relatando a importância de acalmar se diante de uma situação problema, pensar antes de tomar decisões, avaliar possíveis alternativas de soluções de problemas.

No 7º encontro os intrudimos sobre fazer amizades ao trabalhar habilidades específicas para realização de como se fazer amizades, relatar a importância da convivência com os outros, as funções das amizades, a importância de refletir sobre o sentimento gostar. No 8º e penúltimo encontro trabalhamos habilidades sociais acadêmicas. Este encontro tem como proposta trabalhar as principais classes de habilidades acadêmicas como seguir regras, prestar atenção, imitar comportamento socialmente competentes, autocontrole, orientação para a tarefa, elaborar e responder perguntas, oferecer e solicitar ajuda, busca por aprovação de desempenho, reconhecer e elogiar desempenho dos outros, cooperação, atendimento de pedidos e participação das discussões em classe.

No 9º e último encontro demos as devolutivas. Este foi o dia em que se finaliza os encontros, o encerramento será realizado com a reunião de todos os participantes, os estagiários relataram a devolutiva com os pais, realizam encaminhamentos de atendimentos se caso necessário, ou realizam o desligamento do mesmo. Com delicioso café da manhã, as crianças recebem medalhas, que serão representadas pelo seu ótimo desenvolvimento no grupo, superando suas dificuldades e aprendendo suas novas habilidades sociais.

Fonte: encurtador.com.br/bnqvL

Desenvolver as habilidades sociais na infância é poder construir relações mais efetivas, fazendo uma melhor interação com os demais. De acordo com Prette (2013) vivemos numa sociedade que se modifica rapidamente e assim devemos responder com novas práticas de habilidades e novos aprendizados, para poder lidar melhor com essa realidade, sendo mais positivo desenvolver na infância.

De acordo com Freitas (2006, p.251) “além de que outros estudos indicam que o desenvolvimento de habilidades sociais na infância pode se constituir em um fator de proteção contra a ocorrência de dificuldades de aprendizagem e comportamentos antissociais”. Contudo o fator de proteção para suas dificuldades tanto de comportamentos como aprendizado, desenvolve qualidade de vida para o sujeito desde infância.

Prette (2013) também relata em seu texto que não temos dados suficientes sobre o número de casos com as crianças brasileiras, porém elas estão relativamente presentes nos relatos das queixas dos pais em serviços públicos de atendimento. Portanto é justo ressaltar a preocupação de vários profissionais perante essa incidência, tanto psicólogos, educadores, psiquiatras, e outros profissionais.

A utilização do grupo tem como estratégia a metodologia de pesquisa sempre fazendo parte de uma investigação ativa, podendo ter diversos objetivos, como o estudo do processo grupal, das transformações ocorridas nos vínculos do grupo ou na construção do conhecimento do grupo sobre determinado tema. Há autores como Moliterno et al. (2012) que consideram que a atuação do psicólogo em grupos terapêuticos é de fundamental importância, visto que essa possibilita a elaboração psicossocial de seus participantes, fortalece sua autoestima, cria vínculos afetivos, diminui a resistência das relações interpessoais, possibilitando ainda a expressividade dos mesmos.

Fonte: encurtador.com.br/ktBIJ

De acordo com o convívio do grupo e as interações dos membros, acreditamos fielmente que o vínculo estabelecido será de um valor essencial para todos integrantes. Pichon nos deixa claro que o vínculo na relação dialética alimentam mutuamente tanto o sujeito como o objeto conhecendo que a medida que se ensina se aprende, não nos deixando dúvidas do ganho imensurável para ambas as partes envolvidas nesse processo grupal.

Para as configurações do setting se destacam o grupo homogêneo, que segundo Zimmerman & Osório (1997) grupos homogêneos são grupos que têm a mesma categoria, seja ela de idade, sexo, grau cultural, categoria de patologia, entre outros aspectos. Grupo fechado, pois o grupo fechado, após composto não entra mais ninguém. (ZIMMERMAN & OSÓRIO, 1997).

Acreditamos que o crescimento grupal é progressivo e acumulativo, ter pessoas entrando e saindo do processo dificulta que ele tenha um prosseguimento e que siga o planejamento, tendo em vista que todos tenham as mesmas experiências no processo e andem nivelados no decorrer das atividades, também devido à importância de estabelecimento do vínculo que Pichón Riviere define como “uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto, e sua mútua inter relação com processos de comunicação e aprendizagem” (BAREMBLITT, 1986)

O término do grupo é fechado, o grupo começa e termina junto. “Ao resolver as ansiedade básicas, ao alcançar a aprendizagem de comunicação e decisão etc, diz-se que atingiu a “cura” ou seja, tarefa concluída.” (BAREMBLITT, 1986).

Fonte: encurtador.com.br/qtuAO

A ênfase que os pais atribuem a esse processo tem papel fundamental, o pai que antes era o herói nesse momento passa a ser visualizado de forma diferente, deixando de ser idealizado como uma figura sanadora de angústias e problemas. De acordo com (BEE, 1997) os pais são responsáveis pela imagem que o filho constitui sobre si próprios, os padrões que os pais possuem de autoimagem são fortes influenciadores, assim como também as cobranças das atividades realizadas pelo indivíduo, se recebem ênfase ou não ao responderem com bons resultados.

Todos esses aspectos formam a percepção de autoimagem. O sentimento de estima, de admiração dos genitores constitui o processo de autoimagem positiva, construindo assim o processo de autoestima. O não ser visto, ser reprovado, desvalorizado impede que esse processo seja fomentado no ambiente familiar.

Ainda de acordo com (BEE, 1997) processos que envolvem a autonomia como as atividades desempenhadas nos ambientes sociais  também são formadores de autoestima. O sucesso ou fracasso promove o processo de autopercepção podendo ela ser distorcida pelo meio social como exemplo o bullying que acontece frequentemente nas escolas. Para (Bee, 1997) o juízo de valor empregado por outras pessoas é um forte determinante no que se refere à estima, o que o outro pensa faz uma significativa diferença para eles. Partindo de tais configurações serão elaboradas propostas para ser trabalho temáticas referentes à autopercepção.

Fonte: encurtador.com.br/dqzRW

REFERÊNCIAS

BAREMBLITT, Gregorio. GRUPOS TEORIA E TÉCNICA. 5. ed. Rio de Janeiro: Graal Editora, 1986. 224 p.

Bee. Helen O ciclo vital / Helen Bee, brad. Regina Cortez. – Porto Alegre: Artmed. 1997.

Del Prette Z. A. P. & Del Prette, A. (2005). Psicologia das habilidades sociais na infância: Teoria e prática. Petrópolis: Vozes 6 ed.- Petrópolis, Rj: Vozes, 2013.

Freitas, Lucas Cordeiro. Resenha: Psicologia das Habilidades Sociais na Infância: Teoria e Prática. Psicologia: Teoria e Pesquisa Mai-Ago 2006, Vol. 22 n. 2, pp. 251-252

ZIMERMAN, David E.; OSORIO, Luiz Carlos. Como Trabalhamos com Grupos. Porto Alegre: Artmed, 1997. 424 p.

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