Manipulação psicológica: Alienação Parental

Compartilhe este conteúdo:

‘’Até que a morte nos separe’’, hoje vem sida cada vez mais abolida dos casamentos, onde o aumento de separações tem crescido gradativamente em nosso país. Fator sociocultural vem influenciando essa atitude, que infelizmente vem afetando as estruturas familiares. O divorcio dos pais acabam gerando efeitos de culpa, desamparo e abandono tanto em crianças como em adolescentes.

Pelo fato de ocorrer muitas mudanças na estrutura e na rotina familiar, o divorcio acaba-se tornando um evento estressante para todos os presentes do momento, não só para o casal. Pelo fato de sermos biopsicossociais diversos fatores devem ser estudados em um adolescente que passa por essa situação, que é presenciar o divorcio dos pais.

Os temperamentos dos adolescentes que passam por situações assim acabam sofrendo uma alteração como: começar a conviver com comportamentos de risco, uso de drogas, álcool e podendo até ter seu rendimento escolar afetado.

Fonte: encurtador.com.br/jGRTU

De acordo com um estudo comparativo de Dunlop et al. (2001, a autoestima do adolescente está associada a um alto cuidado parental, sem que isso signifique um controle excessivo por parte dos pais, visto que aquele necessita também de autonomia e individuação. Filhos de casais que tiveram um rompimento com complicações normalmente tem um sentimento de revolta, seja pela ausência do pai ou pela ausência da mãe.

Um dos maiores problemas de ajustamento do adolescente á separação é o alienação parental, onde uns dos cônjuges motivados por rancores e mágoas acabam utilizando o próprio filho como instrumento de vingança seja consciente ou inconsciente, o que acaba influenciando a ‘’escolha’’ de um dos pais. Hoje esse tipo de atitude já é considerado crime.

A separação nem sempre é má aceita por parte dos filhos, muita já tem consciência de que a relação dos pais não estava estável como antes. Por ser uma situação delicada, não se pode falar que todos terão a mesma reação, alguns podem ser mais próximos dos pais, já outros não. Varia muito do contexto familiar. É necessário apoio, limites e cuidados, ou seja, se preza pela natureza das relações entre pais e filhos e pós-separação se preze a continuidade desses laços.

Fonte: encurtador.com.br/ajrG2
Compartilhe este conteúdo:

A Bruxa: o combustível do horror é a mente

Compartilhe este conteúdo:

Bruxas e a moralidade de puritanos da América colonial do século XVII narrado com explícitas alusões à família que se autodestrói no filme “O Iluminado” de Kubrick e a referência visual do quadro de Goya “O Sabá das Bruxas”. Tudo leva a crer que “A Bruxa” (The Witch, 2015) é mais um filme do gênero terror com sustos, sangue e perseguições. Mas o estreante diretor Robert Eggers sabe que a mente é o verdadeiro combustível do horror: mantém o espectador no fio da navalha entre a realidade e a ficção: a dúvida se o elemento sobrenatural sugerido no filme é real ou se atmosfera claustrofóbica da moralidade puritana foi capaz de criar bruxas e demônios. O resultado é uma verdadeira psicanálise dos arquétipos do horror e das bruxas que sempre foram “bodes expiatórios” dos horrores que povoam nossas mentes.

Desde que Linda Blair vomitou um líquido verde e girou a cabeça em O Exorcista em 1973, o gênero terror acabou confundindo-se com efeitos especiais, monstros dismórficos e muito sangue e vísceras espirrando para a câmera. Foram décadas de serial killers do outro mundo como Jason e Fred Krugger, zumbis e bruxas cujas vassouras se transformam em arma mortal para decepar cabeças.

Décadas que acabaram fazendo o gênero esquecer os seus fundamentos no distante expressionismo alemão de Fritz Lang, Robert Wiene e Murnau onde o víamos o horror muito mais no rosto dos protagonistas (olhando para o contra-campo – aquilo que está fora do enquadramento), na cenografia fantástica e na atmosfera de pesadelo. O terror e o susto substituíram o horror humano diante do próprio Mal.

Mas o filme A Bruxa, na estreia do diretor Robert Eggers em longas metragens, resgata esse horror fundamental e esquecido nos últimos tempos: um profundo e inquietante conto do folclore da Nova Inglaterra em uma América colonial. Perturbador e totalmente inesquecível.

Mas um ponto fora da curva dentro das atuais convenções hollywoodianas do gênero. Tanto que o diretor encontrou dificuldades para encontrar financiamento. Entre outras produtoras, precisou também de uma produtora brasileira, a RT Features (responsável por filmes como Tim Maia e O Cheiro do Ralo), que apostou em um filme estranho aos clichês atuais gênero.

Nas entrevistas com a imprensa especializada, Eggers afirma que o filme foi, de um lado, o resultado de vinte anos de paixão e desconstrução do filme O Iluminado de Kubrick e, do outro, o fascínio pelos filmes de horror inglês da Hammer (produtora de filmes dos anos 1960) inspirados em contos do folclore daquele país.

O processo de autodestruição de uma família como em O Iluminado e as personagens das bruxas do folclore, cuja melhor tradução visual está nas pinturas de Goya, foram os principais elementos para a construção do filme A Bruxa. Para tanto Eggers fez uma extensa pesquisa sobre a vida familiar e o folclore da década de 1630 na Nova Inglaterra, algumas décadas antes do infame julgamento das bruxas de Salém – onde 20 pessoas, a maioria mulheres, foram julgadas e executadas.

Mas principalmente o filme A Bruxa busca o horror que está dentro de nós: a forma como projetamos no outro um bode expiatório para tentar expiar o Mal que instituições como a família e a religião criam e que levam elas próprias à autodestruição.

O Filme

A narrativa acompanha uma família de agricultores que foi excomungada de uma comunidade puritana depois de o pai William (Ralph Ineson) acusar os laços religiosos frouxos que sustentariam aquela sociedade. William muda-se com sua família para uma cabana isolada ao lado de uma floresta fechada e sombria, vendo a possibilidade de praticar uma vida mais próxima a Deus e dos fundamentos da religião puritana.

Mas o otimismo e o fervor religioso começam a ser postos em prova quando a filha adolescente Thomasin (Anya Taylor-Joy) não percebe o desparecimento do bebê da família enquanto brincava com ele. Então o espectador é introduzido a uma figura encapuzada correndo com o bebê através da floresta.

O que se segue é o centro do conflito do filme: a família luta em manter a fé em Deus diante de tal tragédia. Além disso, as coisas continuam a piorar com a pobre colheita do milho e o perigo da família morrer de fome com a aproximação do inverno.

A fé dos membros inclui a mãe Katherine (Kate Dickie), o filho pré-adolescente Caleb (Harvey Scrimshaw) e dois jovens gêmeos indisciplinados Jonas (Lucas Dawson) e Mercy (Ellie Grainger). O tempo inteiro oscilam entre as questões puritanas sobre o pecado original, o destino do bebê após a sua morte ou se eles foram redimidos aos olhos de Deus. É possível ir para o céu se você pecou? Podemos saber com certeza se Deus perdoa? O que significa permitir a entrada do pecado em sua vida? E como podemos identificar as consequências?

Essas dúvidas começam a atormentar cada vez mais os corações e mentes da família enquanto os infortúnios vão se sucedendo, o que se transformam em suspeitas de uns contra os outros. Alguém deve ser o responsável pela má sorte. Se não é Deus, com certeza será alguns deles.

O susto e o medo

O filme lida com o medo e não com sustos. O filme sugere que há alguma coisa de sinistra e sobrenatural no interior da floresta que cerca a cabana. Mas Eggers sabe que o verdadeiro poder de filmes como esse não é mostrar um vilão icônico e familiar para o gênero. Há uma dúvida sobre a existência real de algum círculo de bruxas no interior da floresta, ou se a própria floresta sombria não passa de uma projeção da crescente paranoia e ansiedades religiosas daquela família.

Há diversos sub-plots no filme (a relação de Caleb com o pai, a incompetência do pai em manter a subsistência da família, a crescente histeria religiosa da mãe, mentiras e hipocrisias que aos poucos vem à tona etc.).

Mas todos esse subtemas terminam na menina Thomasine. Ela está entrando na puberdade, tornando-se um fator de desequilíbrio na dinâmica familiar. Sutilmente, Eggers mostra como a natural sensualidade de Thomasine começa a afetar a todos, a cada um de uma maneira diferente.

O que impressiona é como a moralidade puritana torna cada membro daquela família duro consigo mesmo: se todos são filhos do pecado original, então somos naturalmente culpados e condenados ao inferno desde o início, tornando a vida uma série de gestos e penitências que buscam pedir o perdão de Deus.

O inferno puritano procura um bode expiatório

Com esse inferno psíquico puritano somada a série de infortúnios que atinge a família, a pressão torna-se cada vez mais insuportável para todos. Como em qualquer instituição social, essa pressão deve ser necessariamente aliviada pela busca do chamado “bode expiatório”- alguém deve ser o culpado por não ter fé suficiente ou de simplesmente ser um traidor.

O que Eggers faz no filme é uma verdadeira psicanálise dos contos de fadas, no melhor estilo do livro clássico Psicanálise dos Contos de Fadas de Bruno Bettelhein. A figura mítica da bruxa surge como um recurso desesperado para manter uma família ou comunidade coesas quando estão à beira da autodestruição. As acusações dos pais contra Thomasine onde tentam encontrar alguma lógica religiosa para acusa-la de bruxaria foram retiradas das pesquisas do diretor sobre os relatos do Julgamento das Bruxas de Salém. Somado ao assustador design de áudio e os sets unicamente iluminados por velas e lampiões, cria-se uma atmosfera claustrofóbica que em muitos momentos faz o espectador lembrar do filme O Iluminado.

A mente é o combustível do horror. Eggers sabe disso e mantém a narrativa e os espectador no fio da navalha – os constantes enquadramentos com os personagens olhando aterrorizados para o contra-campo; as sequências das imagens da floresta profunda sugerindo às vezes o horror sobrenatural e, outras vezes, apenas o medo natural diante das intempéries; a ameaça de alguma força demoníaca que parece crescer ao mesmo tempo em que se acumulam as tensões e são reveladas as mentiras e hipocrisias daquela família puritana. E a dúvida permanente do espectador entre a realidade e ficção, bruxas reais ou delírios de puritanos atormentados pelo culpa e pecado.

Eggers conseguiu fazer uma história arquetípica do horror da Nova Inglaterra após pesquisas junto a historiadores, museus de história natural e os arquivos do infame Julgamento de Salém. Mas, principalmente, também conseguiu fazer uma psicanálise dos colonos puritanos que iniciaram a América.

Assistindo ao filme, fica a questão que continua martelando a mente desse humilde blogueiro: qual as conexões desse horror gótico do século XVII com o mundo moderno? Como esses medos puritanos que, foram a base cultural da América, continuam presentes no mundo atual? Principalmente em um mundo onde a cultura norte-americana é irradiada para todo o planeta através da indústria hollywoodiana.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

A BRUXA

Diretor e Roteirista: Robert Eggers
Elenco: Anya Taylor-Joy, Ralph Ineson, Kate Dickie, Harvey Schrimshaw;
País: EUA
Ano: 2015
Classificação: 16

Compartilhe este conteúdo: