Solos: quando o cuidador não consegue mais cuidar

Compartilhe este conteúdo:

Solos é uma antologia dramática misturada com ficção científica criada por David Weil e produzida pela Amazon. Composta até então por uma temporada de sete episódios desconexos, exceto o último que interliga todos os outros. O episódio 1 intitulado como Leah, interpretado por Anne Hathaway, conta a história de uma brilhante física que está obcecada em viagem no tempo. Logo no começo do episódio somos confrontados com o seguinte questionamento: se você viajar para o futuro poderá fugir do seu passado?

Após Leah encontrar com sua aparente versão do passado, começa a relatar várias coisas sobre si mesma, como o cantor preferido que só ela sabe, não o que ela conta pra pessoas e o amor de sua vida, a mãe, que se encontra em um estado crítico em um hospital por causa de uma doença degenerativa sem cura (esclerose lateral amiotrófica). Essa versão começa a apontar como ela se tornou grossa e inconsistente, e a mesma considera sua versão do passado burra e ingênua; numa espécie de despertar para o autoconhecimento ela parte para uma longa discussão em busca do código que a levará para o futuro.

Tudo o que ela mais quer é chegar ao futuro, pensamos que é só uma questão científica até ser revelado o real motivo da sua obsessão. Uma de suas versões até chega a dizer que ela não pode ser feliz no futuro, mas a mesma insiste pela busca, quando ela pensa que conseguiu acaba “invocando” mais uma versão… dessa vez, aparentemente a versão do futuro, até que algumas coisas são desvendadas.

Fonte: encurtador.com.br/AY258

CONTÉM SPOILER A PARTIR DAQUI!

Leah diz querer viajar no tempo para encontrar a cura da doença da sua mãe, não convencida dessa resposta sua versão do futuro a questiona: ‘porque viajar cinco anos no tempo e não dez ou mais?’. A mesma acaba cedendo à pressão e de forma chocante nos traz o seguinte monólogo: “eu preciso que ela morra, quero que isso acabe”. Os médicos tinham dado para sua mãe uma estimativa de apenas cinco anos de vida’’.

“Houve tantos dias, e tantas cirurgias, muitas despedidas mas nenhuma compaixão, tanta perda de movimento e memória”… sua justificativa é que a ama demais, mas precisa que a mãe fique no passado, para que ela seja alguém no futuro. Logo a sua versão do futuro também nos revela que foi embora, e pede para que a mesma a perdoe, mas fique e aproveite os momentos com a mãe, porque cada dia com ela é como se fosse um ano. Sua versão do presente a perdoa mas faz algo inesperado.

Tudo que Leah mais almeja é uma vida sem dor e remorso ao lado de sua mãe, mas tudo que vemos é a mesma sobrecarregada de estresse e culpa, anulando sua vida pela da sua progenitora. Segundo a psicóloga Raissa Silveira “os indicadores de que o cuidador chegou ao seu limite no manejo do paciente estão: a fadiga constante, a diminuição da habitual capacidade de relaxar ou sentir prazer, insônia, queda da produtividade profissional, isolamento social, sintomas dolorosos, desenvolvimento de sentimentos raiva, rejeição e conformismo, atuações de superproteção e até pensamento e comportamento suicida”.

Embora pela ótica de muitos pareça um motivo egoísta e cruel, o comportamento de Leah é um pedido desesperado de socorro. Ainda segundo Raissa Silveira, “é necessário a desconstrução do ideal do “cuidador perfeito” e nos convocar a compreensão dos nossos próprios limites”. Podemos perceber as suas limitações quando a mesma entra na busca constante para ir ao futuro querendo fugir dessa situação, esquecendo o fato de ainda ter que lidar com o passado, o que ela precisa é de um olhar para si onde reconheça seus limites, esse monólogo com suas versões nos causa essa sensação de admissão da verdade e de que precisa ir em busca de uma ajuda, quando a mesma pede para que uma de suas versões busque a cura da doença de sua mãe, nos faz refletir que talvez a cura que mais precise é a sua.

FICHA TÉCNICA

Diretor: David Weil (II)
Elenco: Helen Mirren, Morgan Freeman, Anne Hathaway
Gênero: Drama, Ficção científica
Nacionalidade: EUA

Referências:

Série Solos Ep 1 Amazon Prime – encurtador.com.br/muJS6

A saúde mental do cuidador | Jornada de Geriatria – encurtador.com.br/NOSX2

Compartilhe este conteúdo:

Tokyo Ghoul: a complexidade de ter múltiplas identidades

Compartilhe este conteúdo:

É melhor machucar a si mesmo do que machucar os outros. Pessoas gentis podem ser felizes assim.
Ken Kaneki

O transtorno dissociativo de identidade é visto até hoje como um grande desafio para a Psicologia e Psiquiatria. Segundo Faria (2008), o transtorno de personalidade múltipla como era visto antigamente é um transtorno mental de difícil diagnóstico devido à sintomatologia diversificada e à sua forte comorbidade. Nos dias de hoje é conhecida como transtorno dissociativo de identidade, porém só ficou sendo considerado como transtorno mental, quando a Associação Americana de Psiquiatria (APA) conseguiu diagnosticar em meados de 1980. No âmago das características da síndrome, que não é um artefato iatrogênico e cuja característica essencial é a existência dentro do indivíduo de duas ou mais personalidades distintas, cada qual dominante num momento específico, encontram-se as chamadas personalidades alternativas, múltiplas ou alters (Hacking, 1995).

Outros autores fomentam que o que origina o transtorno são traumas vividos pelos indivíduos, sendo estes na infância, adolescência ou idade adulta, podendo ser físicos, psíquicos e emocionais. Ao passar por tais perturbações o sujeito pode desenvolver outra personalidade além da sua “primária”, com objetivo de defender-se do sofrimento vivido, pois esse transtorno se relaciona com processo mental dissociativo, incumbido de defender a mente, seja pela descompensação mental, cognitiva e física, seja  pela desconexão que o sujeito faz  com sua personalidade vivida naquele momento.

Para Freud (1923/1996) “(…) talvez o segredo dos casos daquilo que é descrito como ‘personalidade múltipla’ seja que as diferentes identificações se apoderam sucessivamente da consciência.” (pp. 43). Ele em conjunto com Joseph Breuer, apresentou informações que estão em consonância com os critérios diagnósticos atuais da Personalidade Múltipla:

(…) Num mesmo indivíduo são possíveis vários agrupamentos mentais que podem ficar mais ou menos independentes entre si, sem que um ‘nada saiba’ do outro, e que podem se alternar entre si em sua emersão à consciência. Casos destes, também ocasionalmente, aparecem de forma espontânea, sendo então descritos como exemplos de ‘double consciente’ (Freud, 1910 [1909]/1996, p.35).

Esse transtorno de tão complexo que é, vem sendo descrito além da literatura em outros meios de comunicação como em documentários na BBC, Discovery Home & Healph, filmes como em “Clube da luta” e o mais atual “Fragmentado” e em animes no caso de “Tokyo Ghoul”.

Tokyo Ghoul é um anime de origem japonês que se passa na cidade Tóquio, em um mundo parecido com os de hoje. Todavia, existem outros seres que habitam a grande metrópole, indivíduos quase idênticos as outras pessoas, a única diferença é que eles sobrevivem se alimentando dos seres humanos. Daí o título da animação, um lugar em que coexistem pessoas normais e outros seres considerados por muitos como “monstros”.

É certo que humanos e os ghoul vivem em guerra, uma batalha sombria que muitos preferem ignorar, os únicos humanos que enfrentam esses seres são da organização Comissão e Contra Medidas Ghoul (CCG) ou mais conhecidas pelos ghouls como “Pombas”, eles lutam contra os ghouls desde sempre e tudo começa a mudar quando alguém adentra essa história.

O protagonista da serie é um jovem estudante de literatura chamado de Ken Kaneki. Como os demais cidadãos dessa Tokyo, Kaneki não se importa com o ghouls, tudo muda quando ele conhece a linda e devoradora de livros, como ele, Rize (Atenção, alerta de spoiler). Eles saem para um encontro na cafeteria da Anteiku, quando eles terminam ela comenta que tem muito medo dos ghouls e gostaria que ele lhe levasse em casa. Tudo fazia parte dos planos de Rize, uma ghoul mais conhecida como “Gulosa”, que vivia aterrorizando o Distrito 11. Quando Kaneki percebe o plano dela já era tarde demais; Rize, do modo mais brutal possível, tenta matar ele e por sorte ela é atingida em uma construção. Contudo, Kaneki já estava muito debilitado e precisando de um transplante de órgãos, recebe então os de Rize e acaba se tornando metade ghoul, metade humano.

O transtorno de Kaneki começa quando ele percebe não ser um mero humano, com os órgãos de Rize ele ganha novas habilidades, não obstante também perde o apetite por comidas “normais”, só conseguindo se saciar ao comer carne humana. O dilema dele inicia quando este necessita comer humanos para sobreviver. Kaneki, no entanto, luta contra essa sede considerada por ele como algo abominável e até pura maldade. Embora isso aconteça, ele percebe que pode sim tentar uma vida “normal” sendo metade ghoul, metade humano, comendo somente carne de quem morreu de forma natural (sem ser assinado por ele, no caso).

Mesmo após ter lutado contra seu lado sombrio por ser ghoul, Kaneki tem uma personalidade bondosa, gentil, que sempre coloca os outros em primeiro lugar, ao invés dele. Isso muda quando ele encontra outro ghoul, Jason, que fora torturado em prisão na CCG; utilizando-se da mesma abordagem, Jason machuca das formas mais horríveis possíveis Kaneki, que não aguentando mais tanta dor, sofrimento, desencadeia uma nova personalidade, sombria, com sede de matança.

Kaneki ao todo possui três personalidades, a primeira é a sua principal, o Ken Kaneki, antes de se tornar ghoul, ele já havia sofrido muitos traumas na infância e tendo recalcado esses sentimentos, se tornou uma pessoa solitária, mas com um grande coração. O Kaneki ghoul, após ser torturado por Jason, muda completamente de personalidade, pois além de ser massacrado fisicamente e psiquicamente, ele aceita seu lado macabro ghoul que Rize lhe proporcionou. Virando um sujeito frio, com cabelos brancos, pele mais branca do que o normal, nesse estado ele tenta ainda não ferir as pessoas que gosta, mas acaba matando muitos outros, inclusive ghouls (ele até come os ghouls). Após sofrer novo trauma, a perda de um amigo e ter se entregado para a CCG, Kaneki se torna de novo outra pessoa, agora chamado de Kaise Sasaki, um membro de um grupo especial da CCG que caça e mata ghouls. Nessa nova identidade, Kaneki não se lembra de suas outras personalidades, tão pouco do que viveu no passado, ele se intitula um ser que faz a justiça acabando com os temidos monstros Ghoul.

Do personagem em questão o transtorno dissociativo de identidade é algo profundo, interessante de se ver registrado e abordado de modo diferenciado. Contudo, é importante dizer que cada pessoa passa pelo processo traumático de modo distinto, podendo ou não desenvolver tal transtorno. Em relatos de casos descritos por Santos (2015), durante a internação de um paciente, ao falar de seu passado, ou em consultas mais demoradas, o sujeito apresentava episódios característicos de dissociação, em que mudava bruscamente o tom de voz, a fisionomia do rosto, o modo de falar e respondia como sendo outra pessoa. O tratamento ideal de TDI se dá a partir do trabalho mútuo de psicoterapia e com medicação supervisionada, prescrita por um psiquiatra. O que se espera do tratamento é que a pessoa possa equilibrar as personalidades. Um desafio e tanto para a Psicologia e a Psiquiatria.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Diretor: Shuhei Mota
Elenco: Masataka Kubota, Fumika Shimizu, Nobuyuki Suzuki, Shun’ya Shiraishi; 
Gênero: Suspense; Terror.
País:Japão
Ano: 2014

REFERÊNCIAS:

FARIA, M. A. O Teste de Pfister e o transtorno dissociativo de identidade. Aval. psicol. v.7 n.3 Porto Alegre dez. 2008.

FREUD, S. (1996). O Ego e o ID. Em. J. Strachey (Org. e Trans.), Edição STANDARD Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. XIX). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1923).

FREUD, S. (1996). Cinco Lições de Psicanálise. In. J. Strachey (Ed. e Trans.), Edição STANDARD Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. XI). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1910[1909]).

HACKING, I. (1995). Múltipla Personalidade e as Ciências da Memória. Rio de Janeiro: José Olympio.

SANTOS, M. P.; GUARIENTI, L. D.; SANTOS, P. P.; DAURA, E. F.; DAL’PIZOL, A. D. Transtorno dissociativo de identidade (múltiplas personalidades): relato e estudo de caso. Revista Debates em Psiquiatria, 2015.

Compartilhe este conteúdo:

Fragmentado: as fantasias libidinais de Kevin

Compartilhe este conteúdo:

“A identidade do sujeito é um produto das relações com os outros. Neste sentido todo indivíduo está povoado de outros grupos internos na sua história. Assim como também povoado de pessoas que o acompanham na sua solidão, em momentos de dúvidas e conflito, dor e prazer. Desta maneira estamos sempre acompanhados por um grupo de pessoas que vivem conosco permanentemente”, dizia Pichon Rivière [1].

Mas o que fazer quando se perde o controle? Quando cada uma dessas pessoas somos nós mesmos? Fragmentado, o título em português do filme “Split” (dividido) marca a volta por cima do diretor Shyamalan, explorando um roteiro dramático, onde o suspense ganha mais espaço nas viradas e nos enquadramentos fechados de uma grande angular, que intensificam o conceito de profundidade de campo dentro da história, ao desfocar todo o fundo, torna-lo distante e trazer à tona a interpretação dos atores. Dessa forma cada expressão fala mais que as palavras, cada olhar revela mais que as imagens.

Nesse ponto, torna-se até redundante algumas falas da psiquiatra de Kevin buscando explicar o que as atitudes do personagem já haviam deixado claro, como o diálogo entre suas personalidades, a manifestação de mais de um ao mesmo tempo, dentre outras tentativas didáticas de informar o público sobre aspectos do Transtorno Dissociativo de Identidade.


Hedwig, Patricia, Dennis e Barry.

O título do filme em português remete à teoria psicanalítica sobre a fragmentação do Ego, e olhando por esse lado, se Shyamalan tivesse explorado essa abordagem a partir da personagem da terapeuta a história poderia ter ficado ainda mais intrigante. Todavia, o foco ficou mais no campo neurocientífico das reações corporais dada a manifestação de cada personalidade, sendo pouco explorados os aspectos psicológicos que geraram a patologia. Mas, vamos falar sobre Kevin. Brilhantemente interpretado por James McAvoy, o rapaz possui em si 23 pessoas, ficando a 24ª em suspense por algum tempo, entre a fantasia e a realidade, dado o fato de nenhuma das pessoas da Horda (como prefere ser chamado o grupo) terem conhecido-a.

Dentre todas as identidades que habitam o corpo de Kevin, Dennis é a dominante, ao lado de Patricia, uma dama requintada, são eles os protetores das outras personagens consideradas mais frágeis, também são eles que sustentam a existência do monstro, nunca visto, mas que acreditam ter sido criado quando o pai de Kevin partiu em um trem, e que aguarda o momento certo para aparecer e proteger o grupo dos humanos, visto que ele é o ápice do aprimoramento dos mecanismos de segurança da psique de Kevin. Nesse ponto a história de Shyamalan ganha ares de X-Men, e o que é considerado patológico e anormal pela sociedade, de outro ponto de vista é apresentado como um ganho evolutivo para a proteção tanto física quanto psíquica do indivíduo, que de outra forma poderia ser destruído. Discussão abordada por Canguilhem [2].

Dennis, uma das identidades dominantes em Kevin.

Mas, voltando à discussão sobre as identidades, cada uma surge em um momento crítico da vida de Kevin com o objetivo de protegê-lo do perigo, são partes de um Ego fragmentado que nunca conseguiu se unificar. A psicanálise de Melanie Klein [3] explica que, ao nascer o Ego rudimentar do indivíduo ainda é frágil e em formação, isto posto, diante das pressões e ameaças externas, o Ego tende a se fragmentar, gerando terreno fértil para o desenvolvimento de diversas doenças psíquicas. Para Klein, o local de fixação das doenças psíquicas estaria na posição esquizoparanoide – que termina por volta do terceiro ao quarto mês de vida – e no início da posição depressiva que a segue. Sendo assim, a origem se dá a partir dos cuidados maternos, que no caso de Kevin ficam claros terem sido precários, para não dizer maus.

Na infância que se segue, a relação entre Kevin e a mãe tem uma continuidade permeada por violência, o que favorece a fragmentação do Ego e o surgimento das diversas personalidades, uma delas é Hedwig, um garoto de nove anos assustado e que furta objetos das outras identidades para poder brincar, teme a Dennis e a Patrícia, mas confia neles e os obedece como se eles fossem o pai e a mãe que o protege das ameaças externas. Já Dennis é compulsivo por limpeza e organização, extremamente meticuloso, inteligente e forte, tem fantasias com garotas stripper, é ele o sequestrador e detentor do controle sobre o grupo, ao lado de Patrícia que, por sua vez, é uma dama requintada, elegante e também meticulosa como Dennis, se irritando até com um corte torto num sanduíche.

Patricia.

Esses dois personagens reclamam serem os mais fortes, os únicos capazes de proteger Kevin, mas que foram banidos da consciência, ficando adormecidos durante muito tempo, e agora voltaram devido às neuroses [4] de Barry, o artista, designer de moda, que ficou por 10 anos com a luz, mas teve suas angústias atualizadas mediante uma provocação sexual de duas garotas.

Não conseguindo superar a situação, a libido de Kevin retorna ao ponto de fixação de onde surgiram Denis e Patrícia trazendo-os de volta para proteger os demais das ameaçadoras garotas “impuras” que o abusaram no presente, atualizando possíveis abusos sexuais e violência vivenciados na infância. A partir desta situação entende-se o sequestro planejado das duas adolescentes, entrando a terceira no caso por acidente.

Os abusos sexuais na infância de Kevin, apesar de ficarem apenas no campo da hipótese, são evidenciados na mania de limpeza de Dennis, que busca a todo o tempo se livrar das impurezas, do pó, bem como em suas fantasias eróticas com garotas dançando nuas e, também, em sua relação com a terceira personagem sequestrada por acidente. E ainda, nas angústias de Barry, no perfeccionismo de Patrícia e na crença da eliminação das garotas impuras que, de abusadoras, passam a ser alimento sagrado para o monstro.

Este, por sua vez deseja devorar seus ventres, numa alusão à figura materna que o gerou. Este ato também remete a uma atualização do Complexo de Édipo e do mito da horda primitiva de Tótem e Tabú [5], onde, ao devorar o ventre ele tanto possui a mãe quanto destrói o pai, presente neste através da semente plantada em seu útero, o que, portanto, simboliza o devorar o próprio pai, finalmente destruindo seu opositor e se apropriando de seu falo e conquistando o poder.

REFERÊNCIAS:

[1] ALONSO, A. N. D. S., Rio de Janeiro, (2003). A importância da afetividade no relacionamento professor-aluno para o sucesso do processo ensino-aprendizagem. Disponível em: http://www.avm.edu.br/monopdf/6/ADRIANA%20NASCIMENTO%20DA%20SILVA%20ALONSO.pdf.

[2] CANGUILHEM, G., (1943,1995). O normal e o patológico, trad. Maria Thereza Redig de Carvalho Barrocas e Luiz Octavio Ferreira Barreto Leite. – 4a. Ed.- Rio de Janeiro, Forense Universitária.

[3] Klein, M. (1986b). Notas sobre alguns mecanismos esquizóides. In M. Klein (Org.), Os progressos da psicanálise (4a. ed.). Rio de Janeiro: Zahar.

CAPITÃO, Carlos Garcia; ROMARO, Rita Aparecida. Concepção Psicanalítica de Família. In: Psicologia de família: teoria, avaliação e intervenções. Porto Alegre: Artmed, 2012.

[4] FREUD, S. (1912), Tipos de Adoecimento Neurótico. In: Obras completas volume 10. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

[5] FREUD, S. (1912-1913), Tótem e Tabu: algumas concordâncias entre a vida psíquica dos homens primitivos e dos neuróticos. In: Obras completas volume 11. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

FRAGMENTADO

Diretor: M. Night Shyamalan
Elenco: James McAvoy, Anya Taylor-Joy, Betty Buckley, Haley Lu Richardson
País:
 EUA
Ano:
2017
Classificação:
14

Compartilhe este conteúdo: