Saúde Pública é tema em Psicologia da Saúde

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Psicologia da Saúde é disciplina conduzida pela Profa. Me. Izabela Almeida Querido em 2018.2

Nesta terça-feira (14), a Prof. M.e Izabela Almeida Querido ministrou a aula “Psicologia da Saúde e Saúde Pública”, para a turma 0848 de Psicologia da Saúde, no CEULP/ULBRA. Entre os assuntos abordados, estavam a utilização e os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).

Prof. M.e Izabela Almeida Querido ministrando a aula “Psicologia da Saúde e Saúde Pública”

Sobre a utilização do SUS, toda e qualquer pessoa a faz, independente da classe social. Essa utilização se dá por diversas formas, como: através da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), da Unidade de Saúde da Família (USF), do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), dos hospitais, dos agentes comunitários de saúde, de diversas campanhas de prevenção e informação, além de vacinação e exames.

Turma 0848 de Psicologia da Saúde

O SUS é um sistema que possui alguns princípios, em que os cinco principais e abordados na aula de Izabela são: equidade (garantia de acesso para toda a população); universalidade (todos podem utilizar o serviço); integralidade (atendimento em todos os serviços e em todas as necessidades das pessoas); descentralização (facilidade de acesso; próximo a todos) e participação popular (população pode decidir sobre o funcionamento do SUS).

Vídeo apresentado em aula sobre os Princípios do SUS

Por fim, Izabela dividiu a turma em quatro equipes, das quais cada uma irá produzir um trabalho referente às redes prioritárias, realizando, inclusive, uma entrevista com um profissional de cada rede. São elas: Rede Cegonha, Rede de Atenção Psicossocial, Rede de Atenção às Urgências e Emergências e Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência. Os trabalhos serão apresentados para a turma nos dias 28 de agosto e 11 de setembro.

Sobre a Professora:

Izabela Almeida Querido é Psicóloga, Professora Universitária, Mestre em Ensino na Saúde pela Faculdade de Medicina Universidade Federal de Goiás. Possui especialização em Terapia Cognitivo-comportamental Aplicada a Crianças e Adolescentes e especialização em Saúde Mental. É pesquisadora com ênfase nas áreas Saúde e Terapia Cognitivo-comportamental.

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IV Mostra – um evento que mudou meu conceito sobre a Saúde Pública no Brasil

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Primeiramente devo dizer que fiquei lisonjeada ao ser convidada pela Coordenadora dos cursos de Comunicação Social do CEULP/ULBRA – Irenides Teixeira, para fazer parte da equipe de mídia colaborativa do Projeto (En)Cena na IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica.

Durante o evento desenvolvemos atividades na área da comunicação, abrangendo fotografia, produção audiovisual, textos entre outras. Assim, além de informar o público sobre a IV Mostra, tivemos a oportunidade de nos aprimorar nas áreas atuadas.

Equipe de mídia colaborativa do (En)Cena na IV Mostra – Foto: Irenides Teixeira

Sobre a minha participação, posso afirmar que conhecer distintos projetos desenvolvidos em todo o Brasil, englobando a temática Saúde Pública, me possibilitou quebrar o preconceito a respeito do assunto, pois pude perceber que esse sistema é feito diretamente pelos próprios brasileiros que trabalham nele, e não pelo governo como muitos pontuam. E com a alegria e dedicação que eles levam adiante seus projetos, mesmo com todas as dificuldades, é claramente percebível que há muitas pessoas empenhadas e dispostas a fazer a mudança na Saúde Pública do Brasil.

Oficina que possibilitava a troca de experiências entre participantes através de relatos dos projetos desenvolvidos – Foto: Beatriz Cruvinel.

 Já no último dia, finalização das atividades com roda de maracatu aberta aos presentes na IV Mostra – Foto: Beatriz Cruvinel

Oficina na tenda Paulo Freire – Foto: Beatriz Cruvinel

Além do conhecimento dos projetos, com as diversas expressões artísticas e culturais desenvolvidas na IV Mostra, pude vivenciar um pouco mais os “Brasis” que temos. Assim, em quatro dias, tive a grande oportunidade de participar de um intercâmbio riquíssimo que agregou valor não somente à minha vida como profissional de comunicação, mas também, e principalmente, à minha vida pessoal e como cidadã brasileira. Sem dúvida alguma, foi uma experiência inesquecível.

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Hellen Dias – Cinema Terapia mudou a minha comunidade

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Hellen Dias é Agente Comunitária de Saúde na ESF – Estratégia de Saúde da Família em Caratinga/MG e acadêmica de Psicologia no Centro Universitário de Caratinga. Ela realiza visitas domiciliares em uma micro área em Caratinga/MG, que possui aproximadamente 165 famílias.

Hellen Dias na IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica e Saúde da Família
Foto: Michel Rodrigues

A população de Caratinga não conseguia ser totalmente abrangida com um atendimento psicológico individual, pela alta procura aliada a particularidade do processo terapêutico, que muitas vezes requer maior tempo de atendimento. Percebendo isso, Hellen juntamente com o Psicólogo e o Enfermeiro da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Esperança de sua cidade, e na qual ela atua atualmente.

Foi pensando, em alternativas que pudesse atender a comunidade partindo de demandas de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que nasceu no coletivo a ideia de implantar um Cinema Terapêutico. A princípio, foi realizado um levantamento, em busca de identificar a quantidade de pessoas que faziam uso de medicamentos psicoativos. E foi neste momento que surgiu um novo desafio, em meio ao levantamento eles perceberam outra demanda: a de pessoas com problemas emocionais, mas que não utilizavam medicamentos psicoativos, como: depressão leve, problemas familiares, crianças com dificuldades de aprendizagem, entre outros.

Foi então que o grupo percebeu que precisavam abrir esse grupo de Cinema Terapia para incluir demandas de sofrimento mental de toda a comunidade. A ideia após apresentada foi bem aceita pela comunidade e implantada no bairro em 2013, e toda comunidade aderiu ao grupo terapêutico, participando das sessões que aconteciam mensalmente.

Hoje, o grupo continua com o mesmo formato, encontros mensais, com duração de duas horas. Cada mês é selecionado o filme com temas de acordo as demandas que surgem nos grupos: mulheres, gestantes, idosos, e crianças.

A Agente Comunitária de Saúde esteve no IV Mostra para apresentar o trabalho desenvolvimento pela equipe no qual participa na ESF e os resultados que o Cinema Terapia proporcionou para a sua comunidade. Com esse trabalho ela teve a oportunidade de colocar em prática o aprendizado que vem adquirindo ao longo de sua graduação em Psicologia.

O trabalho da equipe de Hellen tem bons resultados nas famílias atendidas. Houve uma redução de procura para consultas psiquiátricas entre os participantes da terapia. Como saldo positivo ela diz que “é perceptível a mudança de vida, com maior motivação e vontade de viver”.

Graças ao trabalho desenvolvido por Hellen e sua equipe, a comunidade do Bairro Esperança passou a ver o profissional em psicologia com outro olhar, sem os preconceitos relacionados à doença mental. Com seu projeto ela pode se aproximar ainda mais da profissão que pretende seguir ao passo em que teve meios para contribuir com a saúde mental de sua comunidade.

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Inclusão e diversidade na IV Mostra de Saúde reflete a própria dinâmica do SUS

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“Perceber que há um sistema de saúde que acontece, que está em movimento e dando certo, foi uma experiência profundamente marcante para mim”.
Sonielson Luciano de Sousa.

Foto IV Mostra

Abertura do evento IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família
Foto: Paulo André

Como comunicador social e interessado pelo tema da saúde pública brasileira (modelo que julgo ideal, no entanto ainda não implementado em sua totalidade, portanto com muitas imperfeições), confesso que aprendi muito durante minha participação na IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família. Isso porque o evento, em si, é uma espécie de “colcha de retalhos” onde a colaboração e a troca de experiências dão a tônica, e é impossível deixar de refletir sobre o papel que cada brasileiro tem para construir um modelo de saúde pública, de fato, eficiente.

A Mostra é um exemplo de que há inúmeras práticas dentro do Sistema Único de Saúde e das secretarias de Saúde, em todos os Estados brasileiros, que estão fazendo a diferença e transformando a vida não apenas dos usuários, mas também dos profissionais que estão no “front” para levar a saúde pública. Esse é o caso de um grupo de agentes de saúde do interior de Santa Catarina, que encontrei no traslado entre o hotel e a Mostra. “Moço, eu amo o meu trabalho e gosto de interagir com as pessoas”, contou-me uma delas, em referência ao perfil de alguns profissionais mais jovens, que, para ela, não pensam no papel social de sua atuação, mas apenas na sua carreira individual.

O “recorte” acima é só um dos vários (na verdade, tem milhares, mas seria impossível conhecer todos) que pude perceber durante o encontro. Fiquei profundamente tocado ao me deparar com pessoas envolvidas “de corpo e alma” com a saúde do próximo, pessoas que obviamente e merecidamente recebem pelo que fazem, mas que de forma clara não colocam as questões pecuniárias em primeiro plano. Elas brilham os olhos sempre que tem que falar de suas práticas, das pessoas que influenciam positivamente. Uma delas, inclusive, uma professora da rede estadual do Rio Grande do Sul, chorou ao assistir a apresentação de um slide com as suas ações no campo da saúde na escola. “Quando se faz o que ama, é impossível não se emocionar com o resultado de nosso trabalho”, me contou. Respirei fundo, mas também foi difícil não “encher os olhos d’água”.

Foto IV Mostra

Hall da entrada IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família
Foto: Paulo André

Como usuário do SUS, eu estaria sendo injusto se negligenciasse todos os percalços que os profissionais enfrentam para levar um atendimento e serviço de qualidade. E conheço muitas pessoas em Palmas profundamente apaixonadas pelo que fazem. De forma geral, sempre nos perguntamos se o acolhimento que às vezes nos dispensam nas unidades “próximas” de nossas casas (por já estarmos familiarizados culturalmente) também ocorre em outras cidades e regiões. As práticas exitosas e desafiantes expostas em Brasília foi uma oportunidade de me mostrar que existe uma proposta de universalização da saúde que é viva, mutável, que pulsa em igualdade com a própria existência e anseios de quem “produz” os serviços de saúde. Que está em constante crescimento e aperfeiçoamento. E falar mal da saúde pública e/ou do SUS, de forma generalista, é olhar apenas um lado desabonador do sistema (filas, demoras, alguns atendimentos inadequados etc), sem levar em conta os inúmeros profissionais que fazem a diferença, que adotam posturas “dialogistas”, originais e que, nas suas comunidades, contribuem para oferecer um serviço de saúde com o mínimo de qualidade.

Estar próximo de uma mulher que lida com plantas medicinais, e que participa em Marabá-PA de um grupo que promove cultura para alertar para a saúde é também uma grande oportunidade de perceber que, pelo menos em comunidades do Norte do país, ainda se alia a tradição cultural com o saber científico. E o que dizer do grupo de palhaços de João Pessoa-PB? Eles lutam contra o que chamam de “espoliação” do atendimento em saúde, pelo setor privado, e veem o trabalho nesta área mais como uma missão, e menos como uma mera profissão que garanta seus salários no início de cada mês. São pessoas e experiências que, certamente, me influenciaram de forma profunda. Aliás, este é um dos objetivos da Mostra, explicitar “um SUS profundo”, que não é retratado na mídia tradicional e que, assim, é conhecido apenas pelo seu aspecto negativo.

Nestes últimos seis anos, em contato com o Budismo e o Taoismo, aprendi que uma mesma circunstância pode apresentar muitas facetas, e que se deve ter muito cuidado com os (pré)julgamentos. Longe de querer negar os vários problemas do SUS, nesta Mostra pude perceber parte destas máximas orientais. Se se investigar com esmero, sem inclinações ideológicas (o que confesso que é difícil), há sim como vê os “dois lados da moeda”. Estava acostumado a ver apenas um dos lados. Esta IV Mostra me possibilitou outros olhares sobre a saúde. O mais importante, creio, é perceber que o processo (de oferecer saúde pública, universal e de qualidade) é uma meta a ser buscada constantemente, e que há muita gente boa envolvida nisso. Que possamos, então, atingir logo este objetivo.

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Aderbal Canibal, o (médico) palhaço que agita a cena pessoense

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Profissional veio a Brasília coordenando uma “trupe” de palhaços para mostrar um pouco do trabalho que desenvolvem na capital paraibana.

Palhaco Aderbal

O médico Aldenildo Costeira “encarna” o palhaço Dr. Aderbal Canibal – Foto: Paulo André Borges

Nascido em João Pessoa 47 anos atrás, o médico Aldenildo Costeira é um dos militantes da chamada medicina preventiva, onde o foco está na capacitação dos agentes envolvidos em saúde, para que estes possam encarar a lida como “cuidadores”, e não como meros funcionários. Adenildo percebeu, quando ainda trabalhava em Sobral, no interior do Ceará, e depois de observar o trabalho dos “Doutores da Alegria”, que este poderia montar personagens cômicos para levar alegria e informação aos pacientes. Foi daí que surgiu o Dr. Aderbal Canibal, desde 2010 atuando em João Pessoa, e que veio a Brasília coordenando uma “trupe” de palhaços para mostrar um pouco do trabalho que desenvolvem na capital paraibana.

(En)Cena – O que é, afinal, o PalhaSus?

Aldenildo – É um projeto com foco na humanização da saúde, que tem como preocupação formar cuidadores em saúde, para que estes saibam a importância de se ter interações humanas qualitativas. O objetivo é oferecer um serviço de saúde de qualidade, começando pelo atendimento, já que muitas vezes as relações (entre os profissionais e os pacientes) são prejudicadas em decorrência ou de questões técnico/administrativas, ou pela própria condição que o paciente se encontra, devido a doença.

(En)Cena – Como surgiu a ideia de capacitar “palhaços cuidadores”?

Aldenildo – Nós temos a grande referência dos Doutores da Alegria, e também fomos influenciados pelo médico americano Patch Adams. Houve uma formação para os primeiros interessados na prática, em 2004, através da Oficina do Riso da UFPB – Universidade Federal da Paraíba. Foi uma forma de aperfeiçoar uma prática que eu já vinha desenvolvendo em Sobral (CE).

Palhaco Aderbal

“Trupe” de palhaças que vieram a Brasília animar a tenda Paulo Freire e os corredores do evento
Foto: Paulo André Borges

(En)Cena – Como sua família encarou a empreitada?

Aldenildo – Só para você ter uma ideia, minha esposa e minha filha também tornaram-se palhaças (risos). Lá em casa ninguém faz cara feia. Descobrimos o deslumbramento provocado pelo riso, e a partir de então nunca mais o abandonamos de nossas vidas.

(En)Cena – Quais as linhas de atuação do projeto? Vocês são muito requisitados?

Aldenildo – Olha, lá em João Pessoa eles nos disputam a tapas (risos). Há uma agenda enorme, para que possamos atender e levar alegria para os pacientes e motivação para os colaboradores. O projeto também é uma forma de integrar os estudantes (da UFPB) no trato e no cotidiano da saúde pública. Inclusive os estudantes “fazem fila” para participar. Já são mais de 80 Palhaços formados no projeto, e as expectativas são as melhores. Quanto às linhas, há o foco no autocuidado no papel do cuidador, o desenvolvimento da sensibilidade no cuidado com o paciente, o cuidado e incentivo aos trabalhadores da saúde, dentre outros. Dentre os hospitais que visitamos com mais frequência, há o Hospital Universitário Lauro Wanderley, o Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira e o Hospital Padre Zé, além do Programa de Educação Popular em Saúde – PROGEPS.

(En)Cena – Como você define seu papel no projeto?

Aldenildo – Eu me considero uma pessoa feliz, realizada, porque além de fazer o que amo, faço com alegria, e levo a alegria para os meus colegas e pacientes. É uma prática que, confesso, não causa o menor cansaço, pois a transformação que percebemos nas pessoas, através de suas expressões faciais, é como um combustível para nós. É extremamente gratificante. Administrativamente falando, eu sou o coordenador do grupo.

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Edinaldo Coriolano – O Lampião da arte, saúde e educação

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Edinaldo presente na IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica – Foto: Isadora Fernandes

Edinaldo Coriolano é assistente social da Estratégia de Saúde da Família em Santa Cruz – PE e também apoiador do Programa de Saúde nas Escolas do Ministério da Educação.  O PSE é um programa que une a saúde e a educação com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos educandos. Ele implantou em sua unidade em 2011, com o objetivo de promover saúde por meio de expressões artísticas.

A função do assistente social é basicamente fazer com que os princípios do SUS aconteçam, são eles: Integralidade, dar assistência completa ao paciente; Gratuidade, deve ser um serviço gratuito; Equidade, classificar o atendimento de acordo com a necessidade e Universalidade, todos têm direito à assistência. A ESF tem como principal linha de trabalho a atenção primária que visa prevenção e promoção de saúde, portanto a equipe deve assistir ao cliente pautada em um planejamento de intervenções educativas.

Vendo que a Unidade Básica de Saúde na qual ele trabalha não estava obtendo muito êxito com palestras educativas, pois é algo cansativo e pouco atraente, foi quando ele viu a necessidade de trabalhar a saúde nas escolas usando a arte nas suas variadas formas, pois o público principal das escolas é composto por crianças e adolescentes, e pensando nisso, reuniu a equipe para pensar em maneiras de como chamar a atenção desses jovens.

Formou um grupo condutor com seus colegas da UBS, com a finalidade de planejar as “novas intervenções”. Inicialmente ele, junto a equipe, desenvolveu oficinas para conhecer o perfil daquele grupo em especial e permitir que eles expressem o que esperam e como esperam ser abordados pela equipe. Instigava os alunos a mostrar o que eles já sabiam sobre saúde de maneira artística. Suas ações partem do diagnóstico que ele faz da turma, por exemplo, se a demanda do local é esclarecimento sobre DST, higiene, gravidez na adolescência, relações sociais, entre outros.

Trabalhando com os educandos, sentiram que precisavam do apoio dos professores, e para isso, tinham que inseri-los no processo. Portanto passou a criar oficinas com os educadores, de forma que pôde conhecer o que eles já entendiam sobre o assunto e foi uma forma de facilitar na busca da demanda, pois os professores passam a maior parte do tempo com os alunos então têm a oportunidade de observar o comportamento e as necessidades.

Apesar da dificuldade em unir-se com a educação, sua proposta foi um grande sucesso que foi evidenciado pelos excelentes resultados e também, pela grande aceitação entre os escolares ressaltando a importância de sua originalidade e iniciativa. Quando se fala de um público jovem, já se cria uma resistência por parte dos profissionais, porque é uma turma difícil de atrair a atenção, por isso requer muita criatividade e consequentemente muito esforço, que claro não faltaram para Coriolano.

Ponto de Encontro em que Edinaldo apresentou seu trabalho – Foto: Isadora Fernandes

De maneira inusitada apresentou seu trabalho na IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica. Vestido de lampião, encantou a todos recitando um trecho da música de Luiz Gonzaga com uma adaptação logo no início de sua apresentação.

 

“A minha vida é trabalhar no meu sertão

Com arte, saúde e educação

Levando informação aos territórios onde eu passei

Andando pelos sertões, muitos amigos eu encontrei

Chuva, sol, poeira e carvão

Longe de casa, seguindo o roteiro da educação

Auê, auê, auê

E com a saúde no coração”.

 

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Drag Queen Viviane Viva Voz é diferencial de “consultório de rua” em Recife

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Método utilizado por Jonathan, que alia humor e informação, foi uma combinação perfeita, e vem ajudando de forma efetiva na “redução de danos” e até reabilitação de muitos os moradores de rua que são usuários de drogas.

Foto: Michel Rodrigues

O recifense Jonathan Reis mudou completamente a vida quando, poucos anos atrás, resolveu criar uma personagem, a “Viviane Viva Voz”, para compor a equipe de um “consultório de rua” na capital pernambucana. O método utilizado por Jonathan, que alia humor e informação, foi uma combinação perfeita, e vem ajudando de forma efetiva na “redução de danos” e até reabilitação de muitos os moradores de rua que usuários de drogas.

Num bate-papo descontraído com o (En)Cena, Jonathan fala dos principais desafios que enfrenta na empreitada, de como tudo surgiu e foi se consolidando, além das perspectivas futuras. Jonathan fala da alegria que é ajudar pessoas desesperançadas a encontrarem “uma alternativa”, além de sua satisfação por ter conseguido mostrar para a sua família – em especial a sua mãe – a importância de seu trabalho como drag queen.

(En)Cena – Qual é a sua participação aqui na mostra?

Jonathan – Eu vim para o lançamento nacional do documentário sobre políticas integrativas no SUS, tendo em vista que, em Recife eu trabalho com “redução de danos” entre usuários de drogas que moram nas ruas.

(En)Cena – Qual é a abordagem propriamente dita que vocês fazem com as populações de rua?

Jonathan – Na redução de danos nós procuramos focar no indivíduo. Nós abordamos uma pessoa, por exemplo, que é usuária de craque, e daí vamos tentar fazer com que essa pessoa troque esta droga pela maconha. Se nós conseguirmos isso, já é um passo para, mais à frente, conseguirmos que esta pessoa largue totalmente as drogas, pois ela demonstrou maleabilidade em relação a questão.

(En)Cena – E o trabalho para por aí, ou você e a equipe que você faz parte age em outras frentes?

Jonathan – Não, nós fazemos um esforço intenso para reinserir o usuário na sociedade. Para tanto, entramos em contatos com outros setores do serviço público e procuramos encontrar encaixes que sejam compatíveis com o perfil deste usuário que demonstra disposição para largar as drogas.

(En)Cena – E como ocorre o contato inicial com as populações de rua? O que é feito para “quebrar o gelo” e gerar confiança?

Jonathan – Eu não sou muito convencional (risos). Você percebeu que tenho 1,90m, mas o salto e a peruca ajudam a criar uma empatia. No entanto, nos consultórios de rua atuam cinco personagens, eu sou apenas uma delas. Na verdade, a “Viviane Viva Voz” foi a última personagens construídas. Ela surgiu depois que eu participei de um seminário de comunicação para o público GLBT. Com o passar do tempo, me convidaram para participar de uma ação informativa no carnaval. O sucesso foi tão grande, as pessoas receberam com tanto carinho, que minha agenda foi se ampliando, até que eu fui contratada para atuar com as equipes dos “consultórios de rua”, dentro do projeto de Práticas Integradoras de Saúde. Ou seja, tudo começa numa brincadeira, mas a informação e o cuidado são passados, o que é mais importante. Hoje nosso trabalho é conhecido no Brasil inteiro, e equipes de outros estados vão até Recife observar nossas práticas.

(En)Cena – Você tem alguma militância, atua em alguma ONG fora deste trabalho que é feito junto à Prefeitura de Recife?

Jonathan – Eu também ajudo numa ONG chamada “Movimento Cultural Fazendo Arte”, que reúne jovens de diferentes níveis sociais e faixas etárias, e procura incentivá-los, pela arte, a desenvolverem suas habilidades. Lá é ensinado dança, teatro. No começo, a ONG atuava na região periférica da cidade. Com o sucesso do projeto, passamos para o centro de Recife, e o ambiente é bem heterogênio, já que não há restrição de público.

(En)Cena – E como foi a construção da personagem Viviane? Houve muitas dificuldades?

Jonathan – Houve sim. Eu até desconfio daqueles personagens que parecem ter caído do céu. É importante que, no desenvolvimento do projeto, os desafios contribuam para a maturação. No começo nós não recebemos apoio de nada, e inclusive há dificuldade com o figurino mais básico. Com o passar do tempo, se você faz um trabalho com consistência e focado no benefício, na melhora da qualidade de vida das pessoas, afinal fazemos rir, então vão aumentando a confiança em nós e passam a contribuir financeiramente para o projeto avançar. Também me marcou muito a mudança da minha família, sobretudo a minha mãe. No começo, ninguém aceitava a minha homossexualidade, e aparecer vestido de mulher causou um grande impacto. No entanto, quando começaram a perceber a importância do meu trabalho, começaram a ver o respeito que as pessoas nutriam por mim, aí sim mudaram de ideia a respeito.

(En)Cena – Você tem conhecimento se o seu trabalho é pioneiro?

Jonathan – Olha, eu sei que tem um grupo de drags em São Paulo, e uma drag em Brasília que também atuam na divulgação dos programas de prevenção e de saúde, mas elas não ficam totalmente envolvidas com a questão da saúde, como no meu caso. Desta forma, no formato que atuamos, creio mesmo que seja um trabalho pioneiro. Eu presto serviço à Prefeitura de Recife, de forma terceirizada, exclusivamente para desenvolver este trabalho.

(En)Cena – Você está satisfeito com o que faz?

Jonathan – Você nem imagina o quanto eu me sinto gratificado quando vejo que atuei de forma positiva na vida de uma pessoa. Fico extremamente feliz quando encontro um usuário ou ex-usuário e ele me diz que, a partir do nosso contato, ele mudou o curso da sua vida, mesmo que isso tenha ocorrido de forma discreta. Isso é o que me motiva.

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Como conto o que vi e senti na IV Mostra

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A troca de experiências, sendo elas boas ou ruins, serve para que aprendamos com a vivência do outro absorvendo o que de melhor aquela situação tem a oferecer.

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Foto: Paulo André Borges

A Mostra de Experiências em Atenção Básica visa permitir que os trabalhadores compartilhem ideias bem-sucedidas acerca do seu dia-a-dia na assistência, como estratégias implantadas que “deram certo”, temas nos quais identificaram a necessidade de ser melhor trabalhado para esclarecer e atualizar os demais profissionais, e também as ideias que por algum motivo não obtiveram os resultados esperados, procurando por meio delas, mostrar os motivos do insucesso e propondo possíveis soluções.

 O principal objetivo da atenção básica é a prevenção e a promoção de saúde por meio de medidas estratégicas criadas em conjunto com a equipe, que é composta por um conjunto multiprofissional, são eles: enfermeiros, psicólogos, médicos, técnicos de enfermagem, agentes de saúde, assistentes sociais, dentistas, farmacêuticos, fisioterapeutas.

Foto: Paulo André Borges

O evento tem como foco principal promover a interação entre esses profissionais de forma que eles possam melhorar a assistência ao usuário tomando como base o relato dos colegas.

Visto que a atenção básica é a base da assistência por se tratar de atenção primária, ela se torna crucial na prevenção das doenças e controle dos agravos. O evento é uma grande oportunidade que os profissionais têm de se expressarem; recebe pessoas de todo o Brasil. São mais de quatro mil inscritos das mais variadas profissões que compõem a equipe de atenção básica. Os relatos partem da seguinte pergunta: “Como você conta o que você faz?”, e a partir dela, eles criam maneiras originais para compartilharem suas ações.

Isadora Fernandes na IV Mostra. Foto: Paulo André Borges

Creio que o fato de, como “acadêmica” do curso de Enfermagem, ter a possibilidade de observar as experiências daqueles que já estão no mercado de trabalho há algum tempo, me fará compreender melhor que o “principal personagem” do serviço de saúde é o usuário, pois quando nós procuramos conhecimento e maneiras para melhorar nossa assistência de alguma forma, seja por relatos (que é a proposta da mostra) ou por cursos de aperfeiçoamento, o nosso objetivo sempre é oferecer ao cliente o melhor atendimento possível.

Nos corredores pude observar uma grande empolgação e curiosidade por parte dos visitantes em relação aos trabalhos que serão apresentados. Isso mostra o verdadeiro significado da troca de experiências, o que promove a intersecção entre o ato de ensinar e de aprender, resultando em uma vivência muito mais abrangente e aprofundada.

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Mais que empatia, um ato de amor

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 “As coisas não têm significação: têm existência.”
Fernando Pessoa

A data? Agosto de 2010, O local? Ala geriátrica do Hospital Regional de Porto Nacional – TO. Nunca me esqueço daquela manhã…

Eu acabara de concluir a primeira fase do curso técnico em enfermagem, um total de 14 meses de estudo entre sala de aula – parte teórica – e um estágio em uma Unidade de Saúde da Família (USF). E agora, nosso grupo havia sido encaminhado para a próxima etapa da parte prática de nossa formação, o estágio no hospital geral de minha cidade, nessa primeira etapa, a ala geriátrica.

A ansiedade dominava a cena, todos estavam lá, nervosos, instantes antes da chegada da nova professora designada para orientar o estágio. A tensão não era por conta da parte teórica, quanto a isso todos estavam seguros, a apreensão era porque, pela primeira vez, iriamos aplicar todo aquele conhecimento aprendido, e não havia garantia nenhuma de sucesso. Todos esperavam por aquele momento, mas ninguém tinha percebido, até então, a responsabilidade por trás dessa opção. Eu, sempre muito seguro, confesso que nesta ocasião era um dos menos nervosos.

Foi quando chegou à professora. Ela se apresentou, disse algumas palavras, mais regras para decorar… Protocolo por trás de protocolo, isso era moleza, pelo menos para mim que sempre tive boa memória. Então, munidos de nossos equipamentos e jalecos, entramos no hospital. No peito um crachá com a descrição: estagiário. Eu estava cheio de mim, até começarmos entrar nos e conhecer os pacientes. Eu pude ver em cada olhar, toda a admiração de quem, em meio ao sofrimento, esperava em nós, auxílio para um alívio em seu sofrimento.

Confesso que até então eu não havia percebido o real significado por trás daquela roupa branca. Até aquele momento eu não havia percebido o poder do qual é investido um profissional do campo da saúde. A coisa toda tomou um novo significado, e sob uma nova ótica comecei a entender o cenário. Fiquei maravilhado com cada detalhe. À medida que a professora nos apresentava o hospital (campo de estágio) e a funcionamento do local, eu ficava cada vez mais fascinado com a organização e a rotina de trabalho.

Era uma verdadeira sinfonia a forma como cada área se complementava; fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de enfermagem, dentistas, auxiliares de serviços gerais, nutricionistas e assistentes sociais, todos juntos, dentro da sua ciência, em prol do mesmo objetivo: proporcionar certo alívio ao sofrimento daqueles pacientes. Era assim a ala geriátrica.

Fomos de quarto em quarto da ala geriátrica, conhecendo cada paciente, em cada leito. A maior parte daqueles idosos havia sido abandonada por suas respectivas famílias outros, já em fase terminal, recebiam o cuidado e assistência multiprofissional enquanto esperavam chegar sua hora, e em meio a estes estava seu Francisco1. Sua saúde debilitada chamou a atenção de todos, e de tanto nos interessarmos pelo caso, e nos foi delegado o seu cuidado.

Era um desafio, sua saúde exigia cuidado intenso e atenção dobrada. Logo nos inteiramos mais de sua situação, e descobrimos que ele era paciente de um asilo de idosos e que estava ali, em fase terminal, recebendo cuidados enquanto esperava sua morte, o prognóstico não era dos melhores.

Tínhamos outros clientes para também prestar cuidado, mas seu Francisco tinha cativado a todos nós, a empatia fora instantânea para com todos do grupo, e nos empenhamos ao máximo, dando a ele tudo o que podíamos: nossa técnica, atenção, carinho. Logo as outras turmas de estagiários também abraçaram a causa, e todos nos empenhamos em dar a seu Francisco muito mais que cuidado ou sua dieta – que era por meio de uma sonda – demos a ele amor. Genuíno, puro e fraternal.

Nosso trabalho naquele setor durou duas semanas. Na semana seguinte, ao sermos relocados para o estágio no centro cirúrgico perdemos contato com Seu Francisco, mas tínhamos deixado à orientação para que a equipe seguinte seguisse com o mesmo cuidado. Eles haviam aceitado de bom grado a proposta, e se comprometido, afinal, o carisma daquele senhor cativava a todos, instantaneamente.

Outra semana se passara, e quando voltamos para visitar Seu Francisco, a surpresa, o paciente que era terminal, havia recebido alta, devido ao rápido avanço e sua melhora. A alegria era visível nos olhos de todos, e em mim, a satisfação da sensação de dever cumprido. Fiquei alegre, não simplesmente pela eficácia de nosso trabalho, ou por sua melhora, mas por ter ajudado uma vida.

Algum tempo depois descobri que Seu Francisco faleceu 3 meses após esse acontecido. A notícia não foi recebida com pesar nem com tristeza, mas com a certeza, de que ele tinha vivido uma vida plena e de que, certamente, tinha recebido com bom grado seu momento.

Aquele primeiro caso mudou minha vida, e meu modo de ver muitas coisas. Seu Francisco nem sabe, mas pude aprender mais com ele do que com a maioria dos livros com os quais passei horas agarrado lendo e tentado entender sobre como curar pessoas. Ele me fez perceber que maior e mais poderosa que qualquer palavra, é um ato de amor.

Nota:

Nome fictício, utilizado para preservar a identidade do paciente.

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