Psicologia das Emergências e Desastres: (En)Cena entrevista Bernardo Dolabella

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O (En)Cena convida o profissional Bernardo Dolabella para uma entrevista acerca da área da Psicologia das Emergências e Desastres, por vezes, pouco difundida no decorrer da graduação e até mesmo moderadamente conhecida por profissionais já formados. 

Bernardo possui um vasto currículo profissional que comprova sua expertise neste contexto de atuação. Sua história e vivências transbordam por cada resposta, de maneira que amplia nossa visão sobre a temática e desperta um  genuíno interesse para conhecer mais sobre este campo. É uma leitura que nos convida a ir além, nos impulsionando a desbravar um novo ramo extremamente valioso.

Bernardo Dolabella é doutorando em Saúde Coletiva pela Fiocruz-MG. Possui graduação e mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e especialização em Saúde Mental pela PUC-MG. Psicólogo clínico, pesquisador de Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Desastres e Emergências em Saúde Pública e membro do Observatório Mineração, Desastres & Saúde, da Fiocruz. Conselheiro estadual e coordenador do setor Psicossocial da Cruz Vermelha Brasileira – Filial Minas Gerais, membro da Comissão de Psicologia Orientativa de Emergências e Desastres do CRP-MG e do Instituto CAVAS. Possui experiência em saúde mental, abuso de substâncias e emergências e desastres.

  

(En)Cena: Como se deu o seu percurso acadêmico até a Psicologia?

Bernardo Dolabella: Meu percurso na graduação em psicologia teve um foco específico, mas sem muita ideia de como chegar até lá. Eu entro na psicologia com a vontade de atuar com psicologia jurídica e forense. Desde minha adolescência eu tinha curiosidade sobre o funcionamento psíquico de pessoas que cometem crimes, queria entender o que era diferente. Durante a graduação me interessei pelo trabalho com populações que apresentavam grande vulnerabilidade. Meus colegas frequentemente me consideram um profissional com aptidão para atuar com públicos sobre os quais outros psicólogos geralmente estão apreensivos. Trabalhei com extrema pobreza, em instituições de saúde mental e com pacientes judiciários. Sempre busquei atuar com casos mais complicados, para que pudesse aprender de outras maneiras ou que não era visto no curso. As matérias que estavam disponíveis durante a minha graduação em sua maioria não me interessavam, por focarem em outras áreas da atuação da psicologia, então tentava conseguir o conhecimento de outra maneira. Somente no final do curso encontrei uma professora que possuía um interesse similar ao meu, o que me auxiliou a direcionar melhor minhas buscas. Acabei realizando meu mestrado com essa professora, estudando assassinas seriais. Esse meu interesse seguiu firme até 2019, quando mudei de área.

(En)Cena: Como foi o seu primeiro contato com a Psicologia das Emergências e dos Desastres?

No final de 2018 e início de 2019 eu estava esperando o resultado de algumas seleções que tinha feito, e por causa disso estava atuando somente no consultório, com um número limitado de pacientes. Era dessa maneira que me encontrava quando, em 25 de janeiro, ocorreu o rompimento da barragem B1, em Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho. Nesse momento fui tomado por um senso de urgência para auxiliar de alguma maneira.  Em contato com uma psicóloga do município, ela pediu para que os psicólogos esperassem para ir, já que o cenário ainda era caótico e eles precisavam entender o ocorrido. Entrei em contato com várias instituições, me inscrevendo como voluntário, e no dia 28 eu fui para Brumadinho, para uma reunião pública com os moradores. Lá eu tive contato com uma representante do CRP, que me informou do trabalho que eles iriam realizar na cidade, e me voluntariei para auxiliar nesse trabalho. O CRP iria reunir voluntários para atuar em Parque da Cachoeira e Córrego do Feijão, dois bairros afetados pelo rompimento, a pedido da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (SEDESE-MG). O trabalho consistia em fazer o acolhimento psicossocial e o levantamento das demandas urgentes da população. Montamos então equipes para irmos para Brumadinho diariamente, até que toda a população dos dois bairros fosse escutada. Esse trabalho durou até o dia 22 de fevereiro, mas continuei indo em Brumadinho semanalmente até o meio do ano, para reuniões do coletivo “Eu Luto, Brumadinho Vive”. A partir da experiência em Brumadinho eu me vinculei à Cruz Vermelha, e a Comissão Orientativa de Psicologia das Emergências e Desastres do CRP/MG, e no início da pandemia me vinculei também à Fiocruz. Mantenho os 3 vínculos até hoje, atuando nas mais diversas situações. 

Esse foi o meu primeiro contato, mas me recordo que já tentei atuar nessa área outras vezes. Tentei ser voluntário para atuar no terremoto do Haiti, mas não tinha os requisitos necessários, e quando ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, eu estava realizando a escrita da minha dissertação, e meus prazos não permitiam que eu parasse tudo para me voluntariar. Então o desejo já existia, faltava a oportunidade para atuar.  

(En)Cena: Você acha que as matrizes curriculares dos cursos de Psicologia possuem uma lacuna referente à essa área?

Falar em lacunas é na verdade ter uma visão até muito otimista dos cursos. A realidade é que o assunto, quando abordado no curso, se resume, na melhor das hipóteses, em uma única disciplina optativa. E ao não tratarmos do tema na graduação, geramos um grande problema, que é de profissionais despreparados tendo que lidar com o desastre. Entendo perfeitamente que não são muitas as pessoas que querem atuar com desastres, mas às vezes não temos opção. Dou muitos treinamentos para profissionais de municípios que de uma hora pra outra tem que lidar com um desastre em sua porta. Então um psicólogo que atua em uma UBS de uma região que foi atingida por uma inundação, um psicólogo que trabalha no CRAS em um território onde ocorreu deslizamentos de terra e soterramentos de casa, ou mais recentemente, um psicólogo que trabalha em uma escola que sofreu um ataque, essas pessoas não têm o luxo de falar que não trabalham com desastres. Além disso, ao não abordar o tema, temos pessoas que, por não entender a complexidade de um desastre, acham que são capazes de atuar. Em Brumadinho eu me deparei com dezenas de psicólogos recém formados, que estavam lá como voluntários ou contratados por alguma empresa ou ONG. E não só encontrei esses psicólogos, como fiz o acolhimento deles, da mesma maneira que estava acolhendo os moradores. O trabalho em desastres já é muito difícil, ainda mais quando não se tem nem conhecimento nem experiência prática. Esses psicólogos foram para atender e acabaram sendo atendidos.

Felizmente existe uma percepção crescente de que o cuidado em saúde mental e atenção psicossocial em situações de emergências e desastres é fundamental não só para os atingidos de um desastre, como também para as equipes que atuam na linha de frente. Os desastres da última década, e principalmente a pandemia, escancararam essa necessidade. Tentamos conscientizar alunos, professores e coordenadores para a importância do conteúdo ser oferecido na graduação, mas para ser efetivo, teria que entrar na grade obrigatória dos cursos. Ainda temos muito o que fazer, mas é possível perceber os avanços

(En)Cena: Levando em consideração que essa área da Psicologia envolve lidar com o momento mais difícil e inesperado na vida de uma pessoa, de que maneira é possível acolher a dor do outro de forma respeitosa, sem absorvê-la?

A lógica do distanciamento emocional, que escutamos durante a graduação, também existe ao lidar em uma situação de desastres, mas os desafios são muito maiores para colocar isso em prática. Precisamos nos conectar com o sofrimento do outro, mas não podemos nos misturar com esse sofrimento. O primeiro passo para conseguir fazer isso é entender qual o seu papel dentro do fluxo de atendimentos, e do cuidado com aquela população. Para acolher a dor do outro de maneira respeitosa e eficiente, primeiro eu preciso encontrar esse lugar. Falo isso porque em todo desastre aparecem psicólogos avulsos, que querem ajudar, mas por desconhecimento acabam causando mais danos. Então se eu quero atuar em um desastre, primeiro eu preciso saber o que eu vou fazer, para quem eu vou fazer, porque eu vou fazer, como eu vou fazer e o que isso vai gerar. E essas perguntas não podem ter respostas genéricas, como “estou ali para atender as pessoas porque elas sofrem”, tem que ser algo mais estruturado. Se o profissional não está dentro do fluxo de atendimentos, ou da rede de resposta, as informações recebidas se perdem, e em vez de ajudar o risco é de retraumatização. Quando estava em Brumadinho via várias pessoas que estavam lá querendo atender a população, mas sem respostas reais para as perguntas que falei. E sem estarem em um fluxo, em vez da pessoa receber um atendimento, com sequência e encaminhamento quando for o caso, várias pessoas vão abordar aquela mesma pessoa, e cada vez vão fazer ela falar sobre o desastre, o que ela viveu e o que ela sentiu. Obrigar a pessoa a reviver a situação sem que exista um planejamento e um fluxo já definido é cruel. Em Brumadinho tiveram relatos de no mesmo dia 10 pessoas se apresentando em uma mesma casa falando que eram psicólogos e que estavam ali para escutar a pessoa. Então a primeira parte da questão, de como acolher a dor de uma forma respeitosa depende muito disso. Outro ponto que é importante, é entender que a pessoa tem o direito de recusar o atendimento, e ela tem o direito de tomar suas próprias decisões. 

Quando ao segundo ponto, de não absorver a dor, confesso que não é uma tarefa fácil. Nos primeiros dias que estava em Brumadinho, eu era tomado por uma sensação de que o desastre era grande demais, e que eu, como indivíduo, não fazia diferença no cenário. Essa foi uma sensação muito pesada, que me acompanhou até aproximadamente o meio da segunda semana. Nesse dia específico, eu fiz o atendimento de uma senhora, que tinha perdido 6 pessoas próximas com o rompimento da barragem. Foi um atendimento longo e pesado, mas ao final do atendimento, que durou cerca de 3h ou 3h30, essa senhora ao se preparar para levantar, olha para mim, faz uma piada e ri, o que me pegou completamente de surpresa. Com um acolhimento essa senhora saiu de um momento de sofrimento intenso para a leveza de uma brincadeira. Esse foi um momento mágico pra mim. Naquele momento entendi que o nosso papel, como psicólogos, em um cenário de desastre, não é consolar as pessoas, ou fazer com que elas parem de sofrer. Nosso papel é de fornecer um espaço onde esse sofrimento possa ser acolhido e trabalhado. Em um cenário macro, isso pode até não parecer muita coisa, mas para a pessoa que é atendida e acolhida, faz muita diferença. Essa percepção mudou a forma como eu estava atuando, e foi o que permitiu que eu continuasse nesse campo até os dias de hoje. Outro ponto que é importante é fazer parte de uma equipe que cuida de seus membros. Durante a ação, eu e mais outras duas psicólogas assumimos a função de coordenar o grupo, tanto na organização da ação como no campo. Todos os dias fazíamos briefing com os voluntários no trajeto até Córrego do Feijão (era uma viagem que demorava cerca de 40 minutos), faziamos o acolhimento dos próprios voluntários caso algum atendimento tivesse sido pesado demais, e no final do dia fazíamos o debriefing, para que cada um pudesse falar sobre o dia, sobre momentos bons e momentos ruins, caso desejasse. Também tínhamos uma preocupação com o descanso dos voluntários. Então a equipe do dia era organizada tentando evitar ao máximo que uma pessoa fosse pra campo 2 ou 3 dias seguidos. E por último é fundamental entender nossos próprios limites. Não somos heróis, não somos invencíveis, somos humanos, e é a nossa humanidade que nos permite ajudar o outro. 

   

(En)Cena: Considerando que, após certo período, pode-se surgir um trauma, como ocorre o acompanhamento de cada sujeito envolvido em uma situação de emergência?

Esse é o grande motivo para que qualquer atendimento realizado durante uma situação de desastre esteja dentro de um fluxo, de uma rede de cuidado. É comum em uma situação de desastre que equipes externas sejam necessárias para auxiliar na absorção da enorme demanda de atendimentos, assim como para auxiliar na organização de redes de cuidado. Uma equipe externa pode assumir três trabalhos distintos, sendo eles a absorção da demanda gerada pelo evento, com atendimento à população, atendimento dos profissionais que estão atuando na linha de frente, e capacitação e reorganização das equipes locais. O terceiro ponto é fundamental, porque os acompanhamentos a médio e longo prazo serão justamente absorvidos pela rede local. As equipes externas estão presentes na fase da resposta, que ocorre durante ou imediatamente após o desastre. Após a estabilização do cenário, geralmente essas equipes externas vão embora, e o cuidado volta a ser responsabilidade integral das equipes locais. Em um desastre, as equipes externas, quando atendem a população, têm a responsabilidade de avaliar os quadros apresentados pelas pessoas atendidas, e qualquer quadro que apresenta um sofrimento persistente deve ser encaminhado para o cuidado pela rede local.

(En)Cena: Primeiros Socorros Psicológicos se constituem como uma ferramenta que está associada às emergências e desastres… Qual a importância que você dá para os PSP e quais as principais diferenças entre a mesma e uma prática clínica padrão?

Para a atuação em desastres, os Primeiros Cuidados Psicológicos (outro nome para os Primeiros Socorros Psicológicos, que eu particularmente prefiro) é uma das grandes ferramentas que temos para tratarmos de saúde mental e atenção psicossocial. Utilizamos os PCP em todos os contatos que fazemos, entendendo que é somente a partir da escuta que vamos conseguir traçar uma estratégia eficiente. Se eu não escuto as pessoas atingidas, eu não consigo construir um cuidado eficiente. Nem todas as pessoas vão precisar de uma escuta longa, mas todas as pessoas precisam ser escutadas. Utilizamos os PCP dentro de uma estratégia maior, desenvolvida pelo IASC, onde vamos traçar estratégias para cuidar das necessidades básicas das pessoas, incluindo acesso aos serviços básicos e segurança, fortalecimento de vínculos comunitários e familiares, acolhimento dirigido e não especializado e acesso aos serviços especializados. Cabe ressaltar que existem técnicas diferentes de PCP, em geral elas são semelhantes. Eu particularmente gosto de usar a técnica da OMS junto com a da Johns Hopkins. Acho que elas se complementam.

Quanto a diferença dos PCP para uma prática clínica padrão, a única coisa que elas têm em comum é a escuta. Enquanto na prática clínica nós vamos escutando queixas e construindo vínculos com calma, seguindo o ritmo do paciente para que eles possam gradativamente nos apresentar seus sofrimentos e vivências traumáticas, em uma situação de desastre essa técnica não só não traz benefícios, como pode dificultar o processo de elaboração das pessoas atingidas. A técnica de PCP surge exatamente para ser utilizada nesses momentos. Nós já sabemos qual é a vivência que causa sofrimento, ela não precisa ser descoberta gradativamente, e a nossa função ali é de estabilização do estresse agudo que está presente. Com os PCP nós temos uma abordagem muito mais prática e com objetivo definido, que inclui questões práticas. A primeira coisa que tentamos descobrir é se a pessoa possui alguma necessidade naquele momento, incluindo necessidades básicas, como água, alimento, abrigo, informações sobre parentes e mesmo necessidade de um atendimento médico. Esse tipo de demanda praticamente não aparece em um consultório. O atendimento de PCP só termina quando percebemos uma estabilização, então não temos tempo definido para o atendimento, nem ele ocorre em um consultório, ou algum lugar com setting terapêutico. Já fiz atendimentos com PCP em garagens, em praças, no meio da rua. O atendimento é onde a crise se manifestou.  Outra diferença é que um acolhimento utilizando os PCP precisa ser fechado. Em um processo terapêutico, muitas vezes deixamos assuntos para serem discutidos em outro atendimento, nos PCP isso não é possível. Como não sabemos se teremos oportunidade de encontrar novamente a pessoa, todo tópico abordado precisa ter um encaminhamento, um fechamento. Pode ocorrer mais de um atendimento, mas cada atendimento tem seu fechamento independente da possibilidade de novos atendimentos. 

De maneira geral, essas são as diferenças mais marcantes entre os dois processos. 

(En)Cena: Referente à ferramenta de Primeiros Socorros Psicológicos, você acredita que existe um despreparo generalizado entre os Psicólogos? 

Assim como a pergunta das lacunas, falar em despreparo é até ter uma visão otimista. Uma parcela bastante significativa dos psicólogos não sabe nem que existem ferramentas diferentes para o trabalho com desastres, e acreditam que o conhecimento que tem sobre a psicologia clínica basta para realizar o cuidado. Então temos um despreparo, um desconhecimento completo da atuação e não raro um sentimento arrogante de imunidade frente ao sofrimento. Vi isso em outros cenários, mas nenhum foi tão forte como Brumadinho. Essa atitude me chocou tanto que se tornou até parte das minhas palestras. 

Listei as seguintes características quando montei minha primeira apresentação sobre o tema, em março de 2019: 

  • Equipes completamente despreparadas
  • Inexistência de diretrizes ou protocolos
  • Invasão das comunidades
  • Atuações solitárias
  • Atendimentos fora do fluxo
  • Ações feitas no improviso
  • Vaidade e autopromoção

(En)Cena: Para os PCP serem aplicados, é preciso que haja uma situação emergente de grande magnitude ou abrange de fato a intensidade da dor vivenciada por um indivíduo em específico?

Os PCP podem ser aplicados em qualquer situação que exista um sofrimento disfuncional para a pessoa. Não importa o tamanho do evento específico, o que importa é o tamanho que ele tem pra pessoa. Já usei PCP no consultório para lidar com crise de ansiedade, por exemplo. Ele não substitui a terapia tradicional, mas elas podem se complementar, justamente por atuarem em momentos diferentes. 

(En)Cena: O que você diria para os estudantes que não conhecem muito sobre o contexto da Psicologia das Emergências e dos Desastres ou os PSP? De que forma é possível se aprofundar no assunto?

São duas as mensagens que sempre deixo para os estudantes. A primeira é que é necessário algum conhecimento sobre a PED, justamente porque em determinadas situações, nós não escolhemos atuar, o desastre chega até nós. A segunda é que tão importante quanto o conhecimento teórico é o conhecimento de seus próprios limites, e de práticas de autocuidado. O profissional de psicologia é tão humano quanto qualquer um. Nós temos limites e eles variam diariamente, então temos que ter essa consciência, de saber quando atuar e quando se recolher. Mesmo tendo experiência e conhecimento, em determinadas situações eu não estou apto a atuar, seja porque estou doente, porque tenho alguma questão pessoal me afetando significativamente ou aquele público ou situação me gera sofrimento ao ponto que não consigo atuar. Esses limites precisam ser conhecidos.

Quanto à forma de se aprofundar no assunto, existem milhares de palestras, vídeos e materiais que auxiliam, assim como existem milhares que confundem, então vou deixar aqui alguns materiais. 

O CRP possui uma Referência Técnica para atuação de psicólogas (os) na Gestão Integral de Riscos, Emergências e Desastres que é o primeiro passo para se conhecer o assunto https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2021/10/Crepop-RT-Emerge%CC%82ncias-e-Desastres-web_v2.pdf 

O IASC possui um material rico, que inclusive é referência para a construção de estratégias de cuidado no mundo todo https://interagencystandingcommittee.org/system/files/iasc_mhpss_guidelines_portuguese.pdf

A OMS possui um ótimo material sobre PCP https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/7676/9788579670947_por.pdf?sequence=1&isAllowed=y

A Fiocruz possui uma quantidade considerável de materiais sobre Saúde Mental e Atenção Psicossocial, que foi produzido na pandemia. Vou enviar a página do NUSMAPS que lá tem muita coisa, inclusive um drive com vários artigos, manuais e protocolos de atendimento https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/programas-projetos/nusmaps/

Temos também uma infinidade de vídeos, que estão na página do youtube da Fiocruz Brasília. Alguns deles estão listados na página do NUSMAPS, mas tem todas as aulas dos dois cursos que produzimos que estão disponíveis, assim como os vídeos curtos que produzimos para as chuvas da Bahia e Petrópolis, em 2022.

https://www.youtube.com/watch?v=NTO0Jgc68dQ&list=PLPyO8qVoPmBRLyv_GOq4GEiK3iCWyWW5W

https://www.youtube.com/watch?v=zwsLK_lW-8k&list=PLPyO8qVoPmBSV9Tmxyj615z2JxVL_5kRZ

https://www.youtube.com/watch?v=AmISB7zTBrs&list=PLPyO8qVoPmBQsz3EQk8OasOFzNfgNqb89

https://www.youtube.com/watch?v=nDvWjdZbgWA&list=PLPyO8qVoPmBSpnPQFXjSaXbr_CrFh3oq_

Também temos uma série de palestras e lives da Débora Noal e Ionara Rabelo, duas grandes referências na área.

E por último temos as plataformas de cursos da Cruz Vermelha e OMS 

https://ifrc.csod.com/client/ifrc/default.aspx?ReturnUrl=https%3a%2f%2fifrc.csod.com%2fphnx%2fdriver.aspx%3froutename%3dSocial%2fUniversalProfile%2fTranscript%26TargetUser%3d438759

https://openwho.org/

Também é possível procurar as instituições que atuam com crises humanitárias e começar um trabalho voluntário, ou mesmo se candidatar para uma vaga de emprego, ou pelo menos seguir nas redes sociais para saber mais sobre o trabalho e ser informado de cursos e eventos. Acho que com esse conteúdo já dá pra começar a entender melhor a área. 

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Bird Box: o apocalipse e os sentidos além da visão

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Muito mais do que apenas uma história de suspense, Birdbox chama a atenção por sua carga dramática, além de fugir de narrativas usuais ao nos apresentar uma história em que o perigo é desconhecido tanto aos personagens como ao próprio espectador

Lançado no final do mês de dezembro, o filme “Bird box”, baseado no romance homônimo de Josh Malerman, sob a direção de Susanne Brier e estrelado por Sandra Bullock, nos apresenta uma história permeada por muito suspense e drama. Seguindo boa parte da narrativa do romance, Bird box constrói, logo no começo do filme, uma atmosfera de tensão que é sustentada até o momento do clímax.

As vivências da personagem principal ao longo das duas horas de filme são intensas e caóticas, e acompanhamos sua evolução ao longo de toda a história, perpassando sua vida antes dos eventos retratados no filme, suas vivências durante e após esses eventos e, como um dos focos principais da história, sua jornada durante a travessia a barco no rio.

Muito mais do que apenas uma história de suspense, Bird box chama a atenção por sua carga dramática, além de fugir de narrativas usuais ao nos apresentar uma história em que o perigo é desconhecido tanto aos personagens como ao próprio espectador, que possui a liberdade de formular teorias a respeito dos eventos do filme. Conservando a fidelidade à história de Josh Malerman, mas adicionando novos elementos que agregam ainda mais suspense à narrativa, o filme acerta em diversos pontos e nos permite também tecer algumas reflexões, que serão discutidas ao longo do texto.

Fonte: https://bit.ly/2F4mqgA

Resumo do Filme

*Os parágrafos a seguir contém spoiler, se você ainda não assistiu ao filme pode seguir para o próximo tópico.

A história gira em torno de uma catástrofe que, progressivamente, acomete o mundo inteiro: uma força ou entidade desconhecida que, quando entra em contato com os seres humanos através da visão, os leva à loucura e consequentemente ao suicídio. A personagem principal, Malorie, ainda no início do filme, se vê no meio de uma situação caótica e extremamente perigosa após sair de uma consulta com sua irmã, para tratar de sua gravidez.

As ruas estão tomadas pela loucura e o desespero, carros capotam, colidem uns nos outros, e pessoas cometem suicídio de maneira desenfreada. Em um dado momento, sua irmã, que estava dirigindo, enxerga alguma coisa antes de lançar o carro com força no asfalto e capotar. As duas sobrevivem ao acidente, mas a irmã de Malorie se atira em frente a um caminhão em movimento. Desnorteada, Malorie vaga pelas ruas e segue uma multidão de sobreviventes até chegar a uma casa cheia de pessoas refugiadas. Os próximos dias de sua vida passam a ser totalmente condicionados a sobreviver, utilizando vendas para proteger a visão, fechando todas as portas e janelas, e nunca saindo de casa, a não ser para buscar suprimentos.

Fonte: https://bit.ly/2H2gx5w

Com o passar dos dias, mais pessoas chegam até a casa, entre elas, Olympia, outra mulher grávida, e, mais tarde, Gary, um homem que diz ter sido vítima de pessoas que andam pelas ruas sem vendas e não são afetadas. Malorie estabelece uma relação de afeto principalmente com Tom, que assume a postura de liderança do grupo, e com Olympia, dividindo com ela os momentos de gravidez. Um dos momentos mais importantes do filme se dá quando, numa visita ao mercado para buscar suprimentos, Malorie e os outros sobreviventes encontram uma caixa de pássaros que fazem barulho quando sentem o perigo por perto. Malorie leva a caixa para o seu novo abrigo.

Um após outro, ao longo do filme, seus amigos são acometidos pelo mal das ruas, uns tentando descobrir a origem da situação, outros durante a busca de suprimentos, e, a maioria deles por causa de Gary, que revela ser uma das pessoas que não se afetam com a loucura, provavelmente por já serem loucos. Enquanto Olympia e Malorie entram em trabalho de parto, Gary força os moradores a encararem o mundo de fora, abrindo as janelas e desprotegendo seus olhos. Todos acabam morrendo, com exceção de Tom, que consegue deter Gary, matando-o. A filha de Olympia passa a ficar sob os cuidados de Malorie, que a assume também como filha.

Anos depois, Tom e Malorie desenvolvem uma relação romântica e passam a traçar um plano para chegar até um abrigo onde supostamente haveria mais suprimentos e melhores condições de vida, conforme informado através de uma transmissão radiofônica. Malorie treina as crianças para identificar sons e andar vendados. Após algumas pessoas invadirem o lugar onde Tom e Malorie haviam buscado suprimentos, ele pede que ela fuja com as crianças e enfrenta os invasores, conseguindo deter todos antes de ser acometido pela loucura e cometer suicídio.

As cenas do rio, que ganham foco ao longo do filme, mostram Malorie e as crianças fugindo de barco para chegar até ao abrigo, levando também a caixa de pássaros. Os três enfrentam muitos perigos, incluindo o ataque de uma das pessoas que andam sem vendas. Após dias de uma viagem exaustiva, os três chegam à terra firme. Em um dado momento, Malorie se separa de seus filhos. Vários sussurros ao redor da floresta orientam as crianças a tirarem suas vendas, muitas vezes imitando a voz de Malorie. Numa cena emocionante, Malorie consegue se reunir com as crianças antes que estas fossem enganadas pelos sussurros. Os três são perseguidos pela força desconhecida, até que conseguem chegar ao abrigo.

Fonte: https://bit.ly/2AtEEUR

O final do filme nos presenteia com cenas carregadas emocionalmente. Descobrimos que o abrigo é, na verdade, uma escola para cegos. Ryan, o homem responsável pelo lugar, assim como outros sobreviventes, é cego. A cena final, a cereja do bolo do filme, mostra Malorie libertando os pássaros da caixa e nomeando seus filhos pela primeira vez, como uma homenagem a seus falecidos companheiros: Olympia e Tom.

Os sentidos além da visão

Um dos temas mais interessantes tratados em “Birdbox” é, sem dúvidas, a utilização dos sentidos além da visão, que é, na maior parte do tempo, nossa fonte principal de informações do ambiente. Malorie e os sobreviventes precisam confiar em seus outros sentidos, principalmente o tato e a audição, para se deslocarem com segurança fora do abrigo. A constante ameaça de um perigo desconhecido para todos é um dos maiores fardos que os personagens carregam na história, com o acréscimo de não poderem enxergar o mundo e suas formas como haviam feito durante toda a vida, a não ser dentro da segurança de seus lares e abrigos.

Trazendo para a realidade, é compreensível a dificuldade em se adaptar com a ausência da visão. Para quem conhece o mundo com os olhos, a ideia de não poder enxergar pode ser horripilante. Expostos a essas condições, os filhos de Malorie, anos após os eventos, se submetem a um exaustivo treinamento imposto pela mãe com o objetivo de se adaptarem ao ambiente utilizando os outros sentidos. Com um faro apurado, uma audição funcional e detalhista e uma capacidade de reconhecer objetos e coisas com o toque, as crianças de Malorie passam a conhecer o mundo como se, de fato, a visão não fosse uma opção.

Privados de sair de casa, suas vidas por quatro anos eram limitadas ao ambiente do abrigo, e o que havia fora desse espaço, todas as formas, cores e aspectos do mundo, eram elementos desconhecidos a seus repertórios. O contato com o ambiente externo, durante a jornada pelo rio, foi o desafio final da família, onde suas habilidades com os outros sentidos foram colocadas à prova uma última vez.

Fonte: https://bit.ly/2VoJ8VA

O maior perigo de todos, silencioso e permeado por mistério, não seria uma ameaça desde que a visão dos sobreviventes estivesse protegida. Entretanto, atravessar um rio em que algumas partes há correnteza, no meio de uma floresta, expostos não só a predadores como também às pessoas que andam desvendadas, é uma jornada extremamente perigosa por si só.

Confiando em seus sentidos, Malorie e as crianças conseguem enfrentar cada um dos desafios que surgem à medida que avançam em direção ao destino final. Uma das cenas que mais demonstram o laço afetivo que une os três, muito além da relação entre mãe e filhos, mas contemplando um vínculo de sobrevivência e interdependência, retrata Malorie chamando por seus filhos, perdidos na floresta e prestes a serem enganados por vozes que enganam seus sentidos. Usando nada além de sua voz para guiar os filhos, Malorie consegue trazê-los para seu lado novamente, demonstrando a minuciosidade da audição das crianças, que conseguem distinguir a verdadeira voz da mãe das vozes da floresta.

A sobrevivência de Malorie e dos outros personagens do filme depende da utilização dos outros sentidos para suprir a falta da visão, e essa condição que os mantém vendados é um dos pontos altos da trama. O modo com que as crianças aprendem a viver sob condições adversas para garantir a própria sobrevivência é, sem dúvidas, tocante. Traçando paralelos com a realidade, é possível estabelecer comparações com pessoas cegas, tanto as que nascem sem a visão como as que perdem esse sentido durante a vida. Em ambos os casos, faz-se necessária a aprendizagem de novos repertórios comportamentais de modo a melhorar a adaptação ao ambiente, assim como representado na trama.

Fonte: https://bit.ly/2BX61Xq

As Crianças do Apocalipse

Outro tópico presente no filme que nos leva a refletir, é o modo como as crianças da história conhecem o mundo e se desenvolvem nele. Privadas de uma infância normal e saudável, apenas condicionados a sobreviver, os filhos de Malorie nunca tiveram a oportunidade de ver e explorar o mundo, brincar com outras crianças e conhecer o que havia além do ambiente do abrigo. Os poucos momentos de descontração que viveram, ainda sob um clima de tensão, foram os partilhados com Tom, que, mesmo em condições caóticas, tentava trazer às crianças um resquício de esperança e um resgate de uma possível infância saudável, contando histórias sobre o mundo antes da situação apocalíptica em que eles se encontravam.

O modo como Malorie tratava os filhos, no entanto, quebrava os momentos de doçura proporcionados por Tom, trazendo o gosto amargo da luta pela sobrevivência, algo que se tornou essencial, indispensável e prioritário na vida de qualquer um após os eventos que devastaram a humanidade na história do filme, incluindo as crianças.

A maneira como Malorie decidiu criar os filhos, apesar de não reservar muito espaço para a afetividade, demonstra sua preocupação maior com o futuro destas. Sua postura ríspida, autoritária e exigente retira delas o que há de mais instintivo no ser humano: a autopreservação e o desejo de sobreviver. Podem ser tecidas críticas acerca desse modo de lidar com os filhos, que, apesar de sobreviventes de um apocalipse, continuam sendo crianças acima de tudo, mas é inegável que Malorie, do seu próprio modo, priorizou a sobrevivência dos filhos, demonstrando assim sua preocupação e amor com eles, o que se torna ainda mais claro durante a cena em que os três se reencontram na floresta, abraçando-se com afetividade.

O fim da luta pela sobrevivência se dá quando Malorie e os dois chegam ao destino final, a escola para cegos. É o primeiro momento em que as crianças podem tirar suas vendas sem a preocupação de sofrerem com os horrores do mundo tomado pelas criaturas. Assim como os pássaros são soltos da caixa, as crianças também tornam-se livres, nesse momento, para serem crianças. É o ponto da trama onde percebemos que Malorie, muito além do que poderia desejar ou fazer para criar seus filhos com afeto, precisou ser rígida e menos amável com os dois para que pudesse viver uma vida construída com relações afetuosas posteriormente, quando não houvesse uma questão maior em jogo. Medidas drásticas e urgentes, mas necessárias dentro do contexto em que as crianças estiveram expostas durante todos os anos.

Fonte: https://bit.ly/2LTcyXG

Crítica

O filme, apesar de apresentar novos elementos à trama, consegue se manter fiel à história do livro. Inicialmente a duração de duas horas pode assustar, mas o enredo flui de maneira coesa, de modo que elas não parecem tão longas quando o filme chega ao fim. Um dos pontos altos é, sem dúvidas, a cena apocalíptica do começo do filme, onde Malorie perde a sua irmã.

Nesse momento, somos presenteados com uma grande dose de suspense e ação, o que atiça nossa curiosidade e eleva o interesse pela história. Os próximos minutos, nas cenas do abrigo, podem parecer mais lentos, pois a ação dá lugar a uma atmosfera de mistério que deverá ser explorada ao longo da história, mas são momentos essenciais para a trama, pois Malorie conhece o lar onde deverá morar pelos próximos quatro anos e também as pessoas que dividirão a casa com ela.

Para quem nunca leu o livro, as cenas da travessia do rio podem parecer, a princípio, deslocadas e confusas, pois o fato delas serem intercaladas com as cenas do passado podem deixar o espectador confuso quanto ao momento em que elas se passam, mas não é um grande problema para o desenrolar da trama, visto que fica nítido ao longo do filme que as cenas do rio se passam após os eventos do abrigo. Uma grande sacada do filme e também um elemento que não estava presente no livro, é o momento em que Malorie e os filhos descem do barco e adentram a floresta. São cenas de tensão onde o destino dos personagens está por um fio. A resolução do problema, que se dá quando os três chegam ao destino final, encerra a história com maestria e emoção, exatamente como no livro.

Um dos tópicos que poderiam ser melhor explorados no filme, que estavam mais presentes na história do livro, é a culpa que Malorie sentia ao tratar os filhos da maneira que tratava. Entretanto, esse sentimento fica nítido em alguns momentos, como no final do filme, quando a personagem dá nome aos filhos pela primeira vez.

O sucesso de Bird Box se deve, entre outros fatores, ao clima de suspense e mistério que permeia a história, que prende tanto quem nunca leu o livro e/ou não conhece a história como os que já leram. Apesar de dividir opiniões, o filme gera curiosidade, o que, sem dúvidas, levou as massas a consumi-lo. A liberdade de criar teorias e explicações sobre os eventos do filme também divide as opiniões de quem assiste, além de acentuar o interesse geral pela história. É inegável dizer que Birdbox encerra 2018 deixando um legado, positivo para uns e negativo para outros, mas, sem dúvidas, um marco de uma história carregada de suspense e mistério, além de trazer uma proposta pouco vista até então, que deverá influenciar futuramente outras histórias.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

BIRD BOX

Título original: Bird Box
Direção:
Susanne Bier
 Elenco:  Sandra Bullock, Vivien Lyra Blair, Julian Edwards, Trevante Rhodes;
País: Estados Unidos
Ano: 2018
Gênero: 
Drama, Suspense

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Dorinha: a inclusão dos deficientes visuais através dos gibis

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Dorinha, uma das mais novas personagens da Turma da Mônica, ensina que respeitar as diferenças é uma das melhores formas de construir um mundo melhor.

Criada em 2004 por Mauricio de Sousa, a personagem Dorinha estreou na edição nº 221 do gibi Turma da Mônica. Há 14 anos, os personagens com deficiência passaram a ter espaço no universo criado pelo desenhista. Dorinha é uma menina cega e foi inspirada em Dorina Nowill, atuante na defesa dos direitos das pessoas cegas, que perdeu a visão ainda na infância e ficou conhecida pelo trabalho realizado na Fundação Dorina Nowill para Cegos. Dorinha é inteligente, meiga e participa de várias aventuras da turminha. A personagem está sempre deslumbrante, com roupas fashion e óculos escuros, segurando, numa mão, a sua bengala e na outra, a coleira do Radar, um cão-guia labrador. Ela surpreende os amigos, que reconhece pela voz e cheiro, com suas habilidades e sentidos aguçados como o tato, a audição e o olfato.

Fonte: https://bit.ly/2SJ7SXi

A deficiência visual é o comprometimento parcial (de 40 a 60%) ou total da visão. As pessoas que possuem miopia, astigmatismo ou hipermetropia não são consideradas deficientes visuais, uma vez que essas doenças oculares podem ser corrigidas com o uso de lentes ou cirurgias. A inclusão de deficientes visuais ainda é um desafio na nossa sociedade e é necessário refletirmos se a deficiência faz de alguém um cidadão diferente ou com menos direitos. Mauricio busca sensibilizar os pequenos leitores de seus quadrinhos da importância da compreensão acerca de temas relacionados à deficiência como dignidade e bem-estar das pessoas deficientes através de personagens como a Dorinha, que vêm encarando aventuras com a Turma da Mônica há 14 anos.

Fonte: https://bit.ly/2SGIHEC

Apresentar uma personagem cega leva à conscientização e conhecimento sobre a deficiência visual desde a infância. Dessa maneira, se torna possível a construção de uma verdadeira sociedade inclusiva através de historinhas que buscam educar e ensinar as crianças de que há outras formas de se ver a vida assim como Dorina, que era uma líder e que, mesmo após perder a visão muito jovem, não se abateu. Dorina Nowill enfrentou o problema e foi e é um exemplo de força de vontade e simpatia que Mauricio busca espelhar em Dorinha e assim mostrar aos seus leitores que os deficientes visuais, apesar de possuírem certas limitações, são pessoas normais e merecem ser respeitadas. O cartunista retrata isso através da personagem, que é bastante extrovertida e brinca normalmente como qualquer criança. Dorinha aparece nas histórias sempre ativa: faz natação, pratica judô, é esportista e joga futebol.

Fonte: https://bit.ly/2F3XuGN

Mauricio de Sousa, que se preocupa muito em abordar a inclusão de pessoas com deficiência com figuras como Dorinha, Luca (deficiente físico) e Tati (personagem que possui Síndrome de Down), publicou as revistas especiais “Acessibilidade” e “Saiba Mais Inclusão Social”. Os filmes da série Cine Gibi trazem versão em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e os filmes “Cine Gibi 7 – Bagunça Animal!” e “Cine Gibi 8 – Tá Brincando?” trazem audiodescrição realizada pela Fundação Dorina Nowill, como acontece desde o Cine Gibi 5.

REFERÊNCIAS:

http://turmadamonica.uol.com.br/mauricio-de-sousa-participa-da-8a-semana-de-valorizacao-da-pessoa-com-deficiencia/

http://turmadamonica.uol.com.br/personagem/dorinha/

http://turmadamonica.uol.com.br/inclusaosocial/

https://www.fundacaodorina.org.br/a-fundacao/deficiencia-visual/o-que-e-deficiencia/

http://www.acessibilidadebrasil.org.br/joomla/noticias/382-inclusao-dos-deficientes-visuais-ainda-e-desafio

https://novaescola.org.br/conteudo/270/deficiencia-visual-inclusao

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