Em contato com o povo Xerente

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Durante a manhã do dia 11 de maio de 2019, a turma de Estágio básico 1 do CEULP/Ulbra juntamente com a equipe de estagiários do portal (En)Cena – Saúde Mental em movimento, foram em uma visita à aldeia Salto – Xerente, em Tocantínia-TO, sendo guiados pelas professoras Ana Letícia Odorizzi e Muriel Rodrigues com a participação especial do psicólogo Rogério Marquezan, que realizou pesquisas na mesma comunidade e é bem aceito por eles; que anteriormente nos proporcionou um momento de esclarecimento no qual ideias equivocadas sobre como é o modo de vida indígena foram extinguidas.

Ao chegar fomos muito bem recebidos, como devolutiva a sua calorosa recepção ofertamos o café-da-manhã e depois fomos conhecer a aldeia, repleta de casas de tijolos e barro, campo de futebol, muitas crianças que nos olhavam com curiosidade e simpatia. A professora de cultura indígena Maria Helena cantou uma música em homenagem ao dia das mães na língua nativa da tribo: Macro Jê, contou um pouco sobre dons e espíritos em que acreditam, foi uma ótima oportunidade para conhecer sua cultura entrando diretamente em contato.

Conhecer pessoalmente a forma que eles vivem foi uma quebra de estereótipos (por exemplo: “cultura ultrapassada, índio não trabalha”) que só incentiva a invisibilidade e desprezo a esses povos. E como é importante trabalhar o olhar através do relativismo cultural onde não há cultura melhor que a outra, respeitar a cosmologia dos povos indígenas que lutam desde a colonização até hoje por seu direito de existir, reconhecer e preservar sua cultura sendo tão complexa e bem construída, revelando a essência da natureza e do ser humano original, e que foi o ponto de partida do Brasil que hoje conhecemos.

Fonte: Arquivo Pessoal

A respeito da atuação da psicologia no contexto da saúde indígena, infelizmente o psicólogo não compõe a equipe multidisciplinar que os atende, então ainda tem um longo caminho a trilhar para a inclusão dessa profissão. Ademais, ao pensar em psicologia indígena tendemos a imaginar atendimento clínico devido ao modelo biomédico que nos persegue, entretanto, inicialmente a psicologia indígena propõe a superação de preconceitos, criação de políticas públicas que incluem a diversidade e igualdade, promoção de diálogos, e claro suporte emocional e mental tanto aos indígenas, dentro do seu contexto sociocultural, como aos membros que prestam serviços.

Sou grata por ter aprendido tanto em tão pouco tempo, admiro esse povo que apesar do genocídio, discriminação, falta de reconhecimento e suporte, continua resistindo, mas é tempo de mudar a história, seguir e alcançar seus direitos, suas terras, seu valor e legado perante todos.

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Um dia de vivência na Aldeia Salto – Xerente

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No sábado, 11 de maio de 2019, a Equipe (En)cena acompanhou a Turma de Estágio Básico I em uma visita a aldeia Salto do povo Xerente, localizada em Tocantínia-TO. A visita foi conduzida pelas professoras Muriel e Ana Letícia e pelo professor Rogério Marquezan (UFT). A visita teve como objetivo: oportunizar os acadêmicos a entrar em contato com a dimensão social do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra.  A Equipe (En)cena foi convidada a fazer a cobertura do evento, e desde então já fiquei bastante animada.

O que vem à sua cabeça quando você escuta as palavras “índio” e “aldeia”? Na minha sempre vinha o que eu vi representado na literatura e alguns filmes. Ou seja, já imaginava vários índios nus, todos bem pintados, uma aldeia cheia de ocas, um rio enorme como fonte de alimento, peixe assado, muitas penas, flechas, um cacique bem idoso e nada de tecnologia. E foi com este pensamento que fui a aldeia indígena Salto, do povo Xerente, e quando cheguei lá, foi um momento de reflexão e desconstrução.

Ao chegar na aldeia já dei de cara com várias crianças e adultos vestindo roupas comuns, um galpão enorme para realizar reuniões e festas, várias casas de tijolos, um enorme campo de futebol, banheiro, energia e água encanada. Fiquei por um tempo tentando avistar o cacique, e logo descubro que o cacique estava do meu lado. Nunca imaginei, pois o homem que estava ao meu lado era jovem. Me perguntei: mas caciques não são caciques justamente por que têm mais experiência? Então por que não um idoso? Diante disto tudo fiquei um pouco confusa, confesso.

Ao visitarmos a casa da Dona Maria Madalena, índia, historiadora, professora e autora de alguns livros indígenas meu coração saltitava de alegria. Ela cantou uma música indígena linda para nossa chegada e disse com alegria o quanto estava feliz com nossa presença. A historiadora contou que na cultura Xerente tudo tem dono, um espírito, desde a água até a folha da árvore. Ou seja, é costumeiro pedir permissão para fazer uso de qualquer coisa. Caso o espírito não permita o uso, as consequências podem ser doenças físicas ou psicológicas. E a cura ou o tratamento é feita pelo pajé, que é considerado o médico dos médicos.

Dona Maria nos contou também que o respeito às diferentes famílias é muito importante. Em momento de reunião política, cada família tem seu momento de fala sem interrupções. Os mais velhos são ouvidos atentamente, e isto é ensinado desde a infância. Assim como a língua indígena Macro Jê, é ensinada as crianças até os 5 anos, e só depois disso que elas aprendem o português.

No fim do passeio fomos conhecer o rio. Descemos uma ladeira cheia de obstáculos em meio a natureza, com vários indiozinhos nos guiando. Ao chegar no local, que maravilha, uma água maravilhosa, com uma brisa sem explicação. Eu só queria mergulhar. Eu e alguns colegas entramos com a roupa que estávamos no corpo. Que sensação incrível, que prazer entrar e me banhar na mesma água que este povo forte e guerreiro também faz o mesmo. Me senti tão viva e aproveitei cada momento.

Ao chegar em casa eu refleti bastante. Pensei em toda história do índio no Brasil, da forma que a terra foi tomada de suas mãos. Foram feitos de escravos. E mesmo séculos depois, com toda tecnologia, a aldeia Salto do povo Xerente continua praticando sua cultura, aprenderam a conviver com a cultura do homem branco sem perder a identidade indígena, encontraram equilíbrio nas duas coisas.

Diante de toda experiência vivida, carrego no peito um emaranhado de sentimentos um tanto quanto ambivalente. É um misto de alegria com tristeza, pois a tristeza me invade quando penso no sofrimento que a história do índio no Brasil é contada. Mas meu coração também se enche de alegria ao ver de perto que cada índio daquela aldeia vive a identidade indígena, independente de morar em uma oca ou em uma casa de tijolo.

A visita me fez refletir sobre minha própria história enquanto mulher negra, descendente de escravos. Me fez pensar nos meus antepassados e ao invés de olhar com pena, olhei com admiração. Que povo forte. Que mesmo com o passar do tempo, que jamais percamos nossas raízes. Que o respeito à diferença seja uma lei de todos, pois independentemente da cor, raça, cultura e status, ninguém é melhor do que ninguém. Hoje sigo fortalecida e com o coração cheio de gratidão por quem fui, por quem sou e por quem serei.

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Profissional do coach visita turma de Psicologia nas Organizações

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Nesta segunda-feira 30, a turma 0847 de Psicologia nas Organizações, sob docência de Carolina Santin Cotica, recebeu a visita do profissional do coach Sonielson Luciano Sousa. O convite foi feito por um grupo de acadêmicos da turma, como trabalho na disciplina, proposto pela sua docente. A visita ocorreu na sala 221 do Ceulp e contribuiu para o conteúdo trabalhado em aulas.

Turma 0847 de Psicologia nas organizações

Sonielson é mestrando em Comunicação e Sociedade; bacharel em Comunicação Social; sócio-fundador do jornal e site O GIRASSOL; professor universitário (Ceulp/Ulbra) nas disciplinas de Filosofia, Antropologia, Sociedade e Contemporaneidade; licenciado em Filosofia; graduando em Psicologia pelo Ceulp/Ulbra, personal Coach, editor e colaborador do portal (En)Cena, colaborador do Portal Educação, além de outros.

Ele inicia sua fala apresentando a origem do coach, que está atrelada à educação física, a qual buscava proporcionar um alto rendimento para os interessados. Segundo Sonielson, o profissional do coach auxilia uma pessoa não adoecida a criar estratégias para atingir seus objetivos, não se utilizando da denominação “paciente”, mas “cliente”. Essas estratégias são criadas depois de se identificar o perfil da pessoa e onde ela direciona mais seu investimento.

Apresentação de coach

Para o acadêmico e componente do grupo que fez o convite, Eduardo Busquets “foi um prazer convidá-lo, pois além de coach, é sociólogo, filósofo, antropólogo e tem excelente didática pedagógica. Estamos felizes por ele ter aceitado realizar a visita. Agora entendemos e compreendemos o assunto”.

Segundo a acadêmica e também componente do grupo que fez o convite, Lôrrane Araújo “ouvir um profissional do coach e futuro psicólogo, além de outras formações, foi esclarecedor, pois no meio profissional e acadêmico, o coach era ‘malvisto’, já que acreditava-se que ele queria fazer um trabalho que cabia apenas ao psicólogo. Esse pensamento é um grande equívoco, é uma questão ideológica. São trabalhos que podem andar juntos, independente da abordagem. As áreas se complementam”.

A visita de Sonielson fez parte de um ciclo de apresentações de trabalhos na disciplina em questão, os quais continuarão na próxima semana.

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