Uma filosofia necessária em Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível

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Melhor Efeitos Visuais

Por simples ignorância e equívoco, muita gente, mesmo neste país relativamente livre, se deixa absorver de tal modo por preocupações artificiais e tarefas superfluamente ásperas, que não pode colher os frutos mais saborosos da vida.
H. D. Thoreau, Walden, ou a Vida nos Bosques

Carregado de toneladas de nostalgia para os fãs das aventuras do Ursinho Pooh, o filme “Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível” lançado em agosto de 2018, pode causar estranheza aos espectadores que esperavam uma adaptação “iluminada” e repleta de canções felizes, típica da Disney. As críticas à aparência realista e sombria dos amáveis habitantes do Bosque dos 100 Acres que surgiram após os primeiros trailers do longa perdem sentido após a experiência de assisti-lo: não é um filme para crianças.

Trata-se de uma história sobre como crescer torna os adultos diferentes da pura aura da infância, retratada com doçura pelos muitos filmes animados do Ursinho Pooh aos quais estamos habituados. A trama narra a vida de Christopher Robin, dono dos brinquedos de pelúcia que ganham vida no Bosque dos 100 Acres. Agora adulto, Christopher deve abandonar sua acelerada rotina de trabalho para ajudar Pooh a encontrar seus amigos perdidos: Tigrão, Bisonho, Coruja, Leitão, Coelho e os outros. Mas para alguém que se tornou tão sisudo e atarefado como Christopher, encontrar a leveza e alegria do passado não será tarefa fácil.

Fonte: https://bit.ly/2ATbS0d

Vida nos bosques

Assim como a tarefa que Christopher deve executar, o filósofo Henry David Thoreau também abandonou a civilização para entrar em contato com a natureza, história essa descrita no livro “Walden, ou a Vida nos Bosques”. O filósofo, além de contar sua experiência de isolamento e contemplação da natureza, faz inúmeras reflexões sobre o sentido da existência em sociedade, que se aplicam sem dúvidas às condutas de Christopher e à filosofia de vida que ele abandonou ao crescer.

Na realidade, o trabalhador não dispõe de lazer para uma genuína integridade dia a dia, nem se pode permitir a manutenção de relações mais humanas com outros homens, pois seu trabalho seria depreciado no mercado. Não há condições para que seja outra coisa senão uma máquina (THOREAU, 2007, p. 2).

Durante todo o primeiro ato do filme, percebe-se o quanto Christopher se deixou afetar pelos acontecimentos em sua história de vida, abandonando bruscamente sua infância e o juramento que fez a Pooh, de jamais esquecê-lo. Tornou-se um trabalhador incansável, deixando de lado as relações com sua esposa e sua filha Madeline. Essa visão inédita do personagem e sua vida atual causam um sentimento de frustração e raiva em um primeiro momento, pela maneira como ele trata o ingênuo Pooh, que assume a dura missão de resgatar a essência perdida de Christopher.

Fonte: https://bit.ly/2T7DJkp

Um dos fatores centrais da trama é a importância demasiada que Chistopher Robin dá ao trabalho, algo que constantemente impede a trama de se desenrolar como o esperado e dá ao filme um tom demasiadamente “acinzentado”, atrapalhando a conexão entre os personagens.

Como pode ele ter em mente a sua ignorância — atitude indispensável ao crescimento interior — quando tem de usar seus conhecimentos com tanta freqüência?[…] As qualidades mais requintadas de nossa natureza, feito a pelúcia de certos frutos, só podem ser preservadas pelo manuseio delicado. E contudo, não nos tratamos assim ternamente, nem a nós mesmos, nem aos outros (THOREAU, 2007, p. 2).

Fonte: https://bit.ly/2syoaWW

Certamente os pontos altos de toda a película são Pooh e sua turma. Com falas carregadas de uma doce filosofia sobre como “fazer nada geralmente nos leva aos melhores algos”, a aventura leva a uma reflexão sobre a constante dinâmica de aceleração e super agendamento do tempo que compactuamos nos dias atuais, bem como sobre a importância do ócio.

“Eu sempre chego onde estou indo andando pra longe de onde estive.”
Ursinho Pooh

A mensagem que fica ao fim de “Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível” é representada pelo personagem de Pooh durante todo o filme. Os pensamentos incontidos do ursinho boboca são na verdade uma filosofia de vida que jamais deveria ser perdida de vista, assim como viveu Thoreau: na beleza da simplicidade, na importância do afeto nas relações e no contato com a pureza da natureza que se mescla às virtudes da infância. Tanto no Bosque dos 100 Acres quanto no bosque em que viveu Thoreau.

Fonte: https://bit.ly/2Czqbqu

FICHA TÉCNICA:

CHRISTOPHER ROBIN – UM REENCONTRO INESQUECÍVEL

Título original: Christopher Robin
Diretor:  Marc Forster
 Elenco: Ewan McGregor, Hayley Atwell, Bronte Carmichael, Jim Cummings;
País: Estados Unidos
Ano: 2018
Gênero: 
Aventura, fantasia

REFERÊNCIAS:

THOREAU, H. David. Walden, ou a Vida nos Bosques. Editora Ground. 7 ed. São Paulo, 2007. p. 1-39.

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A fuga da vida capitalista e o respeito à natureza

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Em Walden, de Henry D. Thoreau, o leitor poderá ver a construção da crítica ao capitalismo de um ponto de vista que favorece a autossuficiência

A crítica ao capitalismo é cada vez mais constante na literatura, e muito necessária para que as pessoas repensem a maneira que vivem. Para os interessados em modelos alternativos de vida e ecologia, alheios à loucura do cotidiano, Walden, de Henry D. Thoreau é uma das primeiras obras que abordam o assunto.

A Edipro relança o clássico para os interessados em filosofia, sociologia e nos estudos dos malefícios do capitalismo. O relato é uma autobiografia do estadunidense – naturalista, ativista, historiador, filósofo e transcendentalista – sobre o período de retiro em uma cabana nos bosques, às margens do lago Walden. Nesta aventura, ele desvenda a vida simples e autossuficiente.

Na pequena cabana na floresta, constrói suas habitações e móveis, planta a própria comida e se descobre espiritualmente. Cercando-se de uma vida autossustentável, cria sua utopia. Ainda que seja uma crítica à vida urbana do século XIX, Thoreau ainda é capaz de suscitar importantes reflexões sobre o modo de vida comum.

O livro é a manifestação dos ideais de um dos maiores críticos da civilização industrial na história. Publicado em 1854, permeia temas não superados até hoje pelo homem contemporâneo, como o direito à liberdade e o respeito à natureza. E tudo começa com um instigante experimento social.

Em mais de um século de existência, Walden, de Henry D. Thoreau, tornou-se uma referência para movimentos libertários, ecologistas e para todos aqueles que buscam uma vida mais harmônica.

Henry David Thoreau. Fonte: https://goo.gl/mbR3AC

Sobre o autor: Reconhecido, hoje, principalmente como autor e ativista político, Henry David Thoreau transitou ainda pela Poesia, pelo Naturalismo, pela História e pela Filosofia. Nascido em 1817, aos 20 anos de idade formou-se em Literatura Clássica e Línguas. No ano seguinte (1838), fundou uma escola com o irmão. Em 1845, aos 27 anos, foi viver na floresta em busca de liberdade. Construiu uma casa às margens de um lago nas terras do poeta Ralph Waldo Emerson, amigo de longa data. Dessa experiência nasceu o livro Walden, uma referência para o pensamento ecológico até os dias atuais. Thoreau faleceu em 1862, vítima de tuberculose.

 

Ficha técnica:

Editora: Edipro

Gênero: Ciências sociais

Preço: R$ 45,00

ISBN: 9788552100133

Edição: 1ª edição, 2018

Tamanho: 14×21

Número de páginas: 288

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