O espelho virtual: a epidemia da comparação social nas redes sociais

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As redes sociais muitas vezes promovem a idealização  de existências padronizadas incompatíveis com a realidade, gerando um constante senso de inadequação.

Glaub Santos – glaubsantos@rede.ulbra.br 

A comparação social é um fenômeno psicológico no qual indivíduos se comparam a outras pessoas em diversas áreas da vida, como aparência física, conquistas pessoais, status social e habilidades. Essa comparação geralmente ocorre com base em informações observáveis ou percebidas por meio de interações pessoais diretas ou por meio de plataformas online, como redes sociais.

Segundo Festinger (1954), a teoria da comparação social afirma que as pessoas têm uma tendência natural de avaliar suas próprias opiniões e habilidades por meio da comparação com os outros. Essa comparação social pode ocorrer de duas formas: comparação para cima, quando nos comparamos a pessoas que consideramos melhores em determinado aspecto, e comparação para baixo, quando nos comparamos a pessoas que consideramos piores. Essas formas de comparação desempenham papéis importantes na maneira como nos avaliamos em relação aos outros e podem ter consequências diferentes para nosso bem-estar emocional.

A comparação para cima envolve a tendência de nos compararmos com pessoas que consideramos superiores a nós em determinados aspectos. Por exemplo, podemos nos comparar com alguém que possui uma aparência física invejável, uma carreira de sucesso ou uma vida social ativa. Ao fazermos isso, podemos sentir uma sensação de inadequação ou inferioridade, pois percebemos uma discrepância entre nossas próprias realizações e as dos outros (FESTINGER, 1954)

A comparação para cima pode levar a sentimentos de inveja, ressentimento ou frustração, especialmente quando acreditamos que não podemos alcançar os mesmos padrões de sucesso ou conquista. Essa forma de comparação pode minar nossa autoestima e levar a um aumento da pressão interna para atender a esses padrões inatingíveis. No contexto das redes sociais, onde as pessoas tendem a compartilhar seus melhores momentos e conquistas, a comparação para cima pode ser ainda mais acentuada.

Fonte: Imagem de syarifahbrit no Freepik

Por outro lado, a comparação para baixo envolve nos compararmos com pessoas que consideramos inferiores a nós em determinados aspectos. Essa forma de comparação pode levar a uma sensação temporária de superioridade e autoafirmação. Por exemplo, podemos nos comparar com alguém que tenha um desempenho acadêmico inferior ao nosso ou que esteja passando por dificuldades pessoais. Isso pode proporcionar uma sensação de alívio momentâneo ou uma falsa sensação de satisfação.

No entanto, a comparação para baixo também pode ser prejudicial, pois pode nos levar a uma visão distorcida da realidade e a uma falta de empatia em relação aos outros. Além disso, essa forma de comparação pode ser baseada em critérios subjetivos e não refletir uma avaliação precisa das habilidades ou conquistas das pessoas com as quais nos comparamos.

Ambas as formas de comparação social podem ter impactos negativos em nossa saúde mental e bem-estar emocional. A comparação excessiva, seja para cima ou para baixo, pode levar a sentimentos de inadequação, baixa autoestima, ansiedade e depressão. Portanto, é importante desenvolver uma perspectiva saudável e realista em relação às comparações sociais, reconhecendo que cada pessoa tem suas próprias jornadas, realizações e desafios.

Fonte: Freepik

A comparação social nas redes sociais tem se tornado cada vez mais proeminente na era digital. De acordo com a pesquisa de Kim et al. (2009), a exposição constante a fotos e postagens de outras pessoas nas redes sociais pode levar a comparações sociais negativas e diminuição da autoestima. Isso ocorre porque as pessoas geralmente tendem a compartilhar os melhores momentos e as realizações em suas vidas nas redes sociais, criando uma imagem idealizada e inatingível.

Comparar-se nas redes sociais pode ter efeitos negativos na saúde mental e no bem-estar emocional. Estudos como o de Fardouly et al. (2015) têm demonstrado que a comparação social nas redes sociais está associada a sintomas de depressão, ansiedade, baixa autoestima e insatisfação corporal.

A comparação social nas redes sociais pode desencadear uma série de problemas físicos e psicológicos. Segundo Perloff et al. (2014), um dos principais efeitos negativos é a insatisfação corporal e a distorção da imagem corporal, o que pode levar ao desenvolvimento de transtornos alimentares, como a anorexia e a bulimia.

Além disso, Dos Santos (2021) destaca que a comparação social pode levar algumas pessoas a se engajarem em excesso de exercícios físicos ou práticas extremas para alcançar um padrão de aparência idealizado, o que pode ser prejudicial à saúde física e mental.

A preocupação constante com a aparência e a comparação com os outros também pode ter impactos negativos na saúde. A pressão associada à comparação social pode resultar em aumento do estresse e da pressão arterial, afetando negativamente o bem-estar físico.

No âmbito psicológico, a comparação social pode levar a uma série de problemas, sendo eles, a baixa autoestima e os sentimentos de inadequação são comuns devido à percepção de desigualdade em relação aos outros. A constante comparação negativa e a sensação de não atender a certos padrões podem contribuir para o desenvolvimento de ansiedade e depressão, como aponta Fardouly et al. (2015).

Por fim, Abreu (2019) ressalta que a busca incessante por validação e aprovação nas redes sociais pode levar à diminuição da satisfação com a vida. A constante necessidade de validação externa pode levar a um sentimento de insatisfação crônica, prejudicando o bem-estar geral.

Para lidar com os impactos negativos da comparação social nas redes sociais, é importante cultivar uma perspectiva realista e consciente sobre as postagens e imagens compartilhadas. Além disso, é recomendado dedicar tempo para construir uma autoimagem positiva com base nas próprias conquistas e valores pessoais, em vez de se comparar constantemente com os outros. Se faz necessário aprender a apreciar nossas próprias conquistas e reconhecer que cada pessoa tem uma história única pode nos ajudar a cultivar uma maior autocompaixão e aceitação.

Referências

ABREU, Sofia. Uso do Facebook e a sua relação com a satisfação com a vida em adultos portugueses. 2019. Tese de Doutorado.

DOS SANTOS, Cely Araújo et al. Vigorexia, um distúrbio alimentar na modernidade. Research, Society and Development, v. 10, n. 5, p. e16710514817-e16710514817, 2021.

FARDOULY, Jasmine et al. Comparações sociais nas mídias sociais: o impacto do Facebook nas preocupações com a imagem corporal e no humor de mulheres jovens. Imagem corporal , v. 13, p. 38-45, 2015.

FESTINGER, Leon. Uma teoria dos processos de comparação social. Relações humanas , v. 7, n. 2, pág. 117-140, 1954.

KIM, Junghyun; LAROSE, Robert; PENG, Wei. Solidão como causa e efeito do uso problemático da Internet: a relação entre o uso da Internet e o bem-estar psicológico. Ciberpsicologia & comportamento , v. 12, n. 4, pág. 451-455, 2009.

PERLOFF, Richard M. Efeitos da mídia social nas preocupações com a imagem corporal de mulheres jovens: perspectivas teóricas e uma agenda para pesquisa. Papéis sexuais , v. 71, n. 11-12, p. 363-377, 2014.

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Os transtornos alimentares são influenciados pelas redes sociais?

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Os fatores envolvidos nessa relação se associam com fenômenos comparação social,  idealização do corpo e difusão de informações falsas nas redes sociais 

Glaub Santos – glaubsantos@rede.ulbra.br 

Transtornos alimentares são condições psicológicas e físicas que afetam a relação de uma pessoa com a alimentação, resultando em comportamentos alimentares prejudiciais e disfuncionais. Esses transtornos são caracterizados por uma preocupação excessiva com o peso corporal, a imagem corporal e a alimentação. Eles podem ter graves consequências para a saúde física e emocional dos indivíduos afetados.

De acordo com a American Psychiatric Association (APA), os principais tipos de transtornos alimentares incluem a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). A anorexia nervosa é caracterizada pela restrição alimentar extrema e uma percepção desassociada da realidade do peso corporal. A bulimia nervosa envolve episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos auto induzidos ou uso abusivo de laxantes. O TCAP é marcado por episódios regulares de compulsão alimentar, sem os comportamentos compensatórios decorrentes da bulimia nervosa (APA, 2014). 

A relação entre transtornos alimentares e gênero é significativa, (mas não causal, devemos assinalar), como destacado por estudos. A prevalência é maior entre as mulheres, como mencionado por De Andrade (2006), que aponta que os transtornos alimentares são mais comuns em mulheres do que em homens. Além disso, no caso específico dos adolescentes, como ressalta Le Grange (2018), “os transtornos alimentares têm uma taxa de incidência alarmante, atingindo até 10% da população jovem”.

Conforme informações fornecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 4,7% da população do Brasil enfrenta transtornos alimentares. Há uma maior prevalência desse problema entre as mulheres, com uma proporção de sete a oito mulheres para cada homem diagnosticado com algum tipo de distúrbio alimentar. Entre os adolescentes, o índice é ainda maior, chegando a 10%. (GUIMARÃES, 2022)

Pessoas conectadas por aparelhos eletrônicos
Fonte: Imagem de Pikisuperstar no Freepik

As redes sociais são plataformas online que permitem que indivíduos interajam e compartilhem informações, ideias, interesses e conteúdo digital de várias formas. Elas têm se tornado uma parte integral da vida cotidiana e têm um impacto significativo nas comunicações, relações sociais, negócios e até mesmo na política.

Segundo Boyd e Ellison (2007), as redes sociais são definidas como serviços baseados na Internet que permitem que os indivíduos construam um perfil público ou semipúblico dentro de um sistema limitado, articulem uma lista de outros usuários com os quais compartilham uma conexão e visualizem e percorrem sua lista de conexões e aquelas feitas por outros no sistema. 

Assim as redes sociais têm recursos que permitem aos usuários criarem um perfil pessoal, adicionar amigos ou seguidores, compartilhar postagens, fotos, vídeos e participar de comunidades virtuais. As redes sociais mais populares são Facebook, Twitter, Instagram, Linkedin, etc. Essas plataformas têm transformado a maneira como as pessoas se conectam, se comunicam e interagem umas com as outras. Elas permitem que indivíduos se conectem com amigos, familiares e colegas, mas também oferecem oportunidades para conhecer novas pessoas e estabelecer relacionamentos virtuais.

Além disso, as redes sociais têm se tornado ferramentas importantes para empresas e profissionais de marketing, blogueiros, permitindo que eles alcancem públicos-alvo específicos, promovam produtos e serviços e interajam diretamente com os consumidores.

Embora as redes sociais ofereçam diversos benefícios, também apresentam desafios relacionados à privacidade, segurança online, vício e impacto na saúde mental.
Fonte: Imagem de Upklyak Freepik

As redes sociais têm sido objeto de discussões e pesquisas relacionadas aos transtornos alimentares devido ao seu impacto na percepção de imagem corporal, comparação social e influência de padrões de beleza irrealistas.

Em estudos realizados fora explorado a relação entre o uso de redes sociais e transtornos alimentares, destacando algumas preocupações potenciais. Por exemplo, um estudo realizado por Fardouly et al. (2015) descobriu que o uso frequente de redes sociais estava associado a maior insatisfação com a imagem corporal e maior probabilidade de adotar comportamentos de controle alimentar inadequados.

Além disso, um estudo de Perloff et al. (2014) observou que o uso de redes sociais pode levar à comparação social, resultando em sentimentos negativos em relação à aparência e ao corpo. Essas comparações podem levar a uma maior pressão para se adequar a padrões de beleza inatingíveis, o que, por sua vez, pode contribuir para a ocorrência de transtornos alimentares.

Muitas vezes o corpo idealizado como sendo o “corpo perfeito”, que grande parte da população deseja ter  é, na verdade, uma meta inalcançável, e ao mesmo tempo, as pessoas que são tidas como modelos, podem não dispor de saúde para manter aquele corpo, uma vez que podem estar expostas à estilos de alimentação que vulnerabilizam a saúde física e mental. Por fim, é importante destacar que os fragmentos de realidade amplamente compartilhados e com alto alcance nas redes sociais, podem ser absolutamente dissonantes da realidade de quem está do outro lado da tela consumindo o conteúdo. 

REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION – APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

BOYD, Danah M.; ELLISON, Nicole B. Sites de redes sociais: definição, história e bolsa de estudos. Journal of Computer-mediated Communication , v. 13, n. 1, pág. 210-230, 2007. 

DE ANDRADE, Laura Helena SG; VIANA, Maria Carmen; SILVEIRA, Camila Magalhães. Epidemiologia dos transtornos psiquiátricos na mulher. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 33, p. 43-54, 2006.

FARDOULY, Jasmine et al. Comparações sociais nas mídias sociais: o impacto do Facebook nas preocupações com a imagem corporal e no humor de mulheres jovens. Imagem corporal , v. 13, p. 38-45, 2015.

GUIMARÃES, Tays. Da anorexia à compulsão, por que a incidência de transtornos alimentares nas adolescentes nunca foi tão alta. OGlobo, 25 de março de 2022. Disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/da-anorexia-compulsao-por-que-incidencia-de-transtornos-alimentares-nas-adolescentes-nunca-foi-tao-alta-25488072. Acesso em: 16 de maio de 2023.

LE GRANGE, D. (2018). Eating disorders in adolescence: Keys to diagnosis and treatment. The Medical Clinics, 102(5), 855-871.

PERLOFF, Richard M. Efeitos da mídia social nas preocupações com a imagem corporal de mulheres jovens: perspectivas teóricas e uma agenda para pesquisa. Papéis sexuais , v. 71, n. 11-12, p. 363-377, 2014.

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Barack Obama e sua inovação nas redes sociais

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Glaub Santos – glaubsantos@rede.ulbra.br

 

Barack Obama, nascido em 4 de agosto de 1961 em Honolulu, Havaí, é um político e advogado americano que se tornou o 44º presidente dos Estados Unidos. Sua eleição, em 2008, marcou um momento histórico na política americana, uma vez que ele se tornou o primeiro presidente afro-americano do país.

Obama nasceu em uma família multicultural. Sua mãe, Stanley Ann Dunham, era uma antropóloga americana de ascendência principalmente inglesa e alemã, enquanto seu pai, Barack Obama Sr., era um economista queniano. Seus pais se conheceram durante os estudos na Universidade do Havaí, onde se casaram e tiveram Barack. No entanto, seus pais se separaram quando ele tinha apenas dois anos de idade, e ele foi criado principalmente pela mãe.

Durante sua juventude, Obama passou algum tempo vivendo no Havaí e na Indonésia, onde sua mãe se casou novamente. Ele voltou aos Estados Unidos para estudar na Universidade de Columbia, em Nova York, e depois se formou em Direito na Universidade Harvard. Após concluir seus estudos, Obama se mudou para Chicago, onde trabalhou como advogado e professor de direito constitucional.

A carreira política de Obama começou em 1996, quando foi eleito para o Senado de Illinois. Ele serviu no Senado estadual de Illinois por oito anos antes de concorrer ao Senado dos Estados Unidos em 2004. Sua campanha bem-sucedida para o Senado chamou a atenção nacional e o colocou no cenário político nacional.

Em 2008, Obama anunciou sua candidatura à presidência dos Estados Unidos como membro do Partido Democrata. Sua campanha foi marcada pela mensagem de esperança e mudança, que ressoou com muitos eleitores. Ele ganhou a nomeação democrata e, posteriormente, venceu a eleição geral contra o candidato republicano, John McCain.

Obama assumiu a presidência em 20 de janeiro de 2009, em meio a uma das piores crises econômicas da história recente. Durante seus oito anos no cargo, ele enfrentou desafios significativos, como a recuperação econômica, a reforma do sistema de saúde, a luta contra as mudanças climáticas e a busca pela paz e estabilidade internacional.

Sob a presidência de Obama, o país alcançou alguns marcos importantes, como a aprovação do Affordable Care Act (conhecido como “Obamacare”), a implementação de políticas para a redução das emissões de gases de efeito estufa e o estabelecimento de relações diplomáticas com Cuba.

Após deixar a presidência em janeiro de 2017, Obama tem se dedicado a diversas iniciativas filantrópicas e à promoção do diálogo político e social. Ele é autor de vários livros, incluindo suas memórias, “A Promised Land” (2020), que se tornou um best-seller.

A trajetória de Barack Obama é um exemplo de perseverança e superação de barreiras. Sua liderança inspirou muitas pessoas ao redor do mundo e seu legado como o primeiro presidente afro-americano dos Estados Unidos com toda certeza será lembrado na história.

Fonte: Imagem no Freepik

 

A campanha inovadora de Barack Obama

Mas uma coisa chama atenção na campanha eleitoral de Barack Obama em 2008, pois esta ficou marcada como um marco no uso das redes sociais na política. Naquela época, as redes sociais ainda estavam em ascensão e não possuíam a mesma relevância e influência que têm hoje. No entanto, a equipe de Obama soube aproveitar o potencial dessas plataformas para alcançar um público amplo e engajar os eleitores de forma inovadora.

A estratégia digital adotada pela campanha de Obama foi revolucionária para a época. A equipe reconheceu que as redes sociais eram uma maneira eficaz de se comunicar diretamente com os eleitores, especialmente com os mais jovens, que eram ativos nessas plataformas. A campanha investiu em uma presença forte em redes como Facebook, Twitter e YouTube, aproveitando esses canais para compartilhar mensagens, mobilizar voluntários e arrecadar fundos (DE GOUVEA FRANCO, 2009).

A equipe de Obama usou as redes sociais para criar uma conexão pessoal com os eleitores. Eles compartilhavam histórias pessoais, vídeos, fotos e atualizações frequentes sobre a campanha. Isso ajudou a humanizar Obama e a estabelecer uma relação de confiança com o eleitorado.

Além disso, a campanha utilizou as redes sociais como uma ferramenta de mobilização. Os seguidores eram incentivados a compartilhar conteúdos, promover eventos locais e convidar amigos para se envolverem. A campanha também criou uma plataforma online chamada “My.BarackObama.com”, onde os apoiadores podiam se registrar como voluntários, organizar eventos e discutir questões relevantes.

O uso efetivo das redes sociais permitiu que a mensagem de Obama se espalhasse rapidamente e alcançasse um público muito maior do que seria possível apenas com os métodos tradicionais de campanha. As redes sociais permitiram que a mensagem fosse compartilhada de forma viral, alcançando pessoas além dos círculos imediatos da campanha.

Outro aspecto importante da estratégia digital de Obama foi a arrecadação de fundos. A campanha foi pioneira no uso das redes sociais para a captação de recursos. Eles usaram plataformas de doação online e incentivaram os seguidores a contribuírem financeiramente. Esse modelo de arrecadação permitiu que a campanha recebesse doações de uma ampla base de apoiadores e reduziu a dependência de grandes doadores. O balanço final da campanha de Obama foi de U$ 659 milhões, sendo U$ 500 milhões arrecadados somente pela internet. (Folha de São Paulo, 21 de novembro de 2008).

A campanha de Barack Obama em 2008 demonstrou o poder das redes sociais na política. Ela mostrou que o uso estratégico dessas plataformas pode criar um engajamento significativo com os eleitores, amplificar a mensagem do candidato e mobilizar uma base de apoiadores. Desde então, as redes sociais se tornaram uma parte essencial das campanhas políticas, e a abordagem adotada por Obama abriu caminho para o uso intensivo dessas ferramentas nas eleições subsequentes (ARAÚJO, 2010)

Fonte: Imagem por Welcome to All ! ツdo Pixabay

Barack Obama e Joe Biden

A influência de Barack Obama nas redes sociais continua a ser significativa mesmo depois de deixar a presidência. Sua presença nas plataformas digitais é notável e ele continua a utilizar esses canais para se engajar com seus seguidores e promover suas causas. Com mais de 126 milhões de seguidores combinados em suas contas oficiais no Twitter, Facebook e Instagram, Obama tem um alcance imenso nas redes sociais. Ele usa essas plataformas para compartilhar mensagens inspiradoras, abordar questões políticas e sociais e promover o trabalho de sua fundação, a Obama Foundation.

Obama é conhecido por sua habilidade de comunicação, e isso se reflete em suas postagens nas redes sociais. Ele escreve textos bem elaborados e utiliza fotos e vídeos para complementar suas mensagens. Suas postagens geralmente são bem recebidas pelos seguidores, que compartilham, comentam e interagem ativamente com o conteúdo.

Uma das estratégias que Obama adota nas redes sociais é a de contar histórias pessoais. Ele compartilha momentos de sua vida, experiências inspiradoras e destaca o trabalho de pessoas comuns que estão fazendo a diferença em suas comunidades. Essas histórias humanizam Obama e ajudam a estabelecer uma conexão emocional com seus seguidores.

Além de compartilhar suas opiniões e promover causas importantes, Obama também utiliza as redes sociais para mobilizar seus seguidores. Ele frequentemente incentiva a participação cívica, como o registro para votar, o engajamento em campanhas de doação e o apoio a candidatos progressistas.

A influência de Obama nas redes sociais também se estende a questões como a promoção da educação, da justiça social, da igualdade de gênero e do combate às mudanças climáticas. Ele usa seu alcance para amplificar vozes que lutam por essas causas e para conscientizar sobre os desafios enfrentados pela sociedade.

É importante ressaltar que, assim como qualquer figura pública nas redes sociais, Obama também enfrenta críticas e polarização em suas postagens. No entanto, ele tem sido capaz de manter um equilíbrio entre expressar suas opiniões de maneira respeitosa e se envolver em debates construtivos com seus seguidores.

Em resumo, Barack Obama continua a exercer uma influência significativa nas redes sociais. Sua presença online permite que ele se conecte diretamente com milhões de pessoas ao redor do mundo, compartilhe sua visão de um futuro melhor e inspire outros a se envolverem em causas importantes. Sua habilidade de comunicação e sua capacidade de contar histórias continuam a cativar e engajar seus seguidores, tornando-o uma figura influente no ambiente digital atual.

 

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Gislene Freitas; RIOS, Riverson. Estratégias do Marketing Político Digital aplicadas à campanha presidencial de Barack Obama. In: XXXIII Congresso Nacional da Intercom. 2010.

DE GOUVEA FRANCO, Maria Claudia Setti. Tecnologia, Cultura e Marketing Político: Pilares da Campanha de Barack Obama. 2009.

Obama arrecadou US$ 500 milhões apenas pela internet, diz equipe. Folha de São Paulo, 21 de novembro de 2008. Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/mundo/2008/11/470242-obama-arrecadou-us-500-milhoes-apenas-pela-internet-diz-equipe.shtml. Acesso em: 10 de junho de 2023.

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Mente conectada, atenção fragmentada: o impacto das redes sociais na concentração

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A atenção é um processo cognitivo fundamental para a nossa percepção e interação com o mundo ao nosso redor. Segundo Tsal, Shalev, & Mevorach (2005, p. 123), a atenção pode ser definida como “o processo pelo qual direcionamos e concentramos nossa capacidade mental em estímulos específicos, filtrando e selecionando informações relevantes para processamento”.

Fonte: Freepik

A atenção é comumente separada em três tipos, que são: atenção seletiva ou concentrada, atenção dividida e atenção alternada.

A atenção concentrada é um aspecto fundamental para o desempenho cognitivo em diversas áreas, trata-se da habilidade de direcionar a mente para uma tarefa específica, ignorando distrações e mantendo o foco de forma contínua.

A atenção dividida, também conhecida como multitarefa, refere-se à capacidade de direcionar a atenção para múltiplas tarefas ou estímulos simultaneamente. É a habilidade de dividir a atenção entre diferentes atividades, concentrando-se em mais de uma coisa ao mesmo tempo.

A atenção alternada é a capacidade de alternar entre diferentes tarefas ou estímulos de forma rápida e eficiente. Envolve direcionar a atenção para uma atividade por um período de tempo, e depois deslocar a atenção para outra tarefa ou estímulo, e assim por diante. A atenção alternada permite que uma pessoa mude o foco de sua atenção de maneira flexível, adaptando-se às demandas do ambiente e às diferentes demandas cognitivas. É uma habilidade importante para lidar com situações que requerem a realização de várias tarefas ou a resposta a estímulos variados de forma sequencial e contínua.

No entanto, a atenção que mais utilizamos em nossas atividades laborativas e de desenvolvimento pessoal, em nossas relações, e que dá maior qualidade para todas estas, é a atenção concentrada, que é quando estamos inteiramente focados, colocando toda nossa atenção e energia na tarefa que estamos realizando no momento presente.

A importância da atenção concentrada hoje em dia é mais relevante do que nunca. Vivemos em um mundo repleto de distrações constantes, com tantas coisas disputando nossa atenção a todo momento. É muito fácil se perder em notificações, mensagens, redes sociais e várias tarefas ao mesmo tempo. No entanto, manter a atenção concentrada é crucial para alcançar um bom desempenho e ser produtivo em diferentes áreas da vida.

Concentrar-se significa direcionar conscientemente nossa mente para uma tarefa específica, deixando de lado as distrações e mantendo o foco no que realmente importa. É a capacidade de se envolver profundamente em uma atividade e permanecer completamente presente, totalmente imerso no momento atual.

Um dos aspectos em que a atenção concentrada desempenha um papel fundamental é no trabalho. Não importa em qual área você esteja, a habilidade de se concentrar em uma tarefa única e dedicar tempo e energia a ela é essencial para obter resultados de alta qualidade. A atenção concentrada permite que você se aprofunde em um problema, analise informações relevantes e encontre soluções criativas. Ela impulsiona a eficiência e a eficácia, possibilitando realizar mais em menos tempo.

O estudo de Engle e Kane (2004) examinou a relação entre a atenção concentrada e a produtividade no ambiente de trabalho. Os resultados demonstraram que indivíduos com maior habilidade de manter a atenção concentrada foram  mais produtivos e eficientes em suas tarefas profissionais. Esses trabalhadores demonstraram maior capacidade de evitar distrações e focar nas atividades relevantes, o que resultou em um desempenho superior.

Além disso, a atenção concentrada também é essencial para aprender e se desenvolver pessoalmente. Quando estamos verdadeiramente concentrados, somos capazes de absorver informações de forma mais profunda e integrá-las ao nosso conhecimento prévio. Isso nos permite expandir nossa compreensão, adquirir novas habilidades e melhorar nossa capacidade de resolução de problemas. A atenção concentrada é especialmente importante em situações de estudo ou treinamento, pois nos ajuda a reter informações e aplicá-las de maneira significativa.

A atenção concentrada também desempenha um papel vital na qualidade dos relacionamentos e da comunicação. Quando estamos presentes e atentos durante uma conversa, somos capazes de compreender melhor as necessidades e emoções das outras pessoas. Isso fortalece os laços interpessoais, constrói confiança e melhora a colaboração. Por outro lado, a falta de atenção concentrada pode levar a mal-entendidos, desconexão e frustração nas relações pessoais e profissionais.

Além dos benefícios óbvios, a atenção concentrada também é fundamental para nossa saúde mental e bem-estar geral. Quando estamos constantemente distraídos e sobrecarregados por estímulos externos, podemos sentir estresse, ansiedade e exaustão mental. A atenção concentrada nos permite acalmar a mente e reduzir o estresse. Ela nos ajuda a cultivar a consciência plena, a apreciar o presente e a viver de maneira mais satisfatória.

Porém, pela quantidade de estímulos diários e principalmente relacionados ao celular que está sempre conosco, quase como uma extensão pessoal de cada indivíduo, estamos sempre predispostos, como que treinados, para que no momento em que o nosso celular emita o menor sinal de notificação, corramos para verificar o que está acontecendo, pois há uma necessidade intrínseca de estar a par de tudo que acontece no mundo e perto de nós, e a cada notificação que chega, deixamos de focar no que estávamos produzindo e nos voltarmos inteiramente para o celular, por vezes até nos esquecendo do que fazíamos antes e do quão importante era aquela tarefa.

 Fonte: Freepik

A queda de atenção causada pelas redes sociais tem se tornado uma preocupação cada vez mais presente na sociedade. Com a crescente dependência e utilização dessas plataformas, muitas pessoas têm experimentado uma diminuição significativa na capacidade de concentração e foco em suas atividades diárias.

As redes sociais, com seu design envolvente e infinitas possibilidades de interação, foram projetadas para capturar e manter a atenção do usuário pelo maior tempo possível. Algoritmos inteligentes alimentados por dados pessoais coletados, como preferências, histórico de navegação e comportamentos online, são utilizados para criar feeds personalizados e sugestões de conteúdo altamente cativantes.

Essa constante estimulação e gratificação instantânea afetam negativamente nossa capacidade de manter o foco em tarefas importantes. A cada nova notificação, mensagem ou atualização de status, somos tentados a interromper nossas atividades e verificar nossos perfis nas redes sociais. Essa interrupção constante fragmenta nossa atenção e torna difícil retomar o fluxo de trabalho, estudo ou qualquer outra atividade que exija concentração.

Além disso, a natureza superficial e fragmentada das informações nas redes sociais também contribui para a queda de atenção. A quantidade infinita de conteúdo disponível nos feeds nos leva a pular de uma postagem para outra, sem mergulhar profundamente em qualquer assunto. Isso resulta em uma atenção dispersa, prejudicando nossa capacidade de absorver informações complexas e processá-las de forma significativa.

Segundo um estudo publicado por Mrazek et al. (2020), a atenção concentrada está intimamente ligada ao desempenho cognitivo. Os pesquisadores descobriram que indivíduos com maior capacidade de manter a atenção concentrada em uma tarefa apresentaram um desempenho mais eficiente em testes de memória, resolução de problemas e tomada de decisões. Esses resultados demonstram a importância de cultivar a atenção concentrada para alcançar um melhor desempenho intelectual.

Estudos como o de Lin et al (2016), têm mostrado que a queda de atenção causada pelas redes sociais pode ter consequências negativas em vários aspectos de nossas vidas. No ambiente acadêmico, por exemplo, alunos relatam dificuldades em estudar por longos períodos de tempo sem se distrair com as notificações do celular. No trabalho, profissionais podem ter dificuldades em se concentrar em projetos importantes, resultando em produtividade reduzida e menor qualidade de trabalho.

A queda de atenção causada pelas redes sociais também pode afetar nossa saúde mental. A constante exposição a conteúdos idealizados e perfeitos nas redes sociais pode levar à comparação social, baixa autoestima e sentimentos de inadequação. O vício em redes sociais também pode levar à ansiedade e depressão, bem como à perda de conexões pessoais significativas no mundo real.

Para lidar com essa queda de atenção, é importante adotar algumas estratégias. Uma delas é criar momentos livres de redes sociais, estabelecendo períodos específicos do dia para se desconectar completamente dessas plataformas. Também é recomendado desativar notificações desnecessárias e limitar o tempo gasto nas redes sociais, estabelecendo metas diárias ou semanais.

Resumindo, a atenção é uma habilidade valiosa que se torna cada vez mais essencial em um mundo cheio de distrações. Ela nos permite alcançar um bom desempenho, aprender de forma mais eficaz, construir relacionamentos mais profundos e melhorar nosso bem-estar geral. Cultivar a atenção concentrada requer prática, mas os benefícios são incontáveis.

Além disso, é fundamental investir em atividades que promovam a concentração e o foco, como meditação, exercícios físicos e leitura. Priorizar o contato pessoal e as interações reais com amigos e familiares também é uma maneira eficaz de reduzir o tempo gasto nas redes sociais e fortalecer relacionamentos significativos.

Referências

ENGLE, Randall W.; KANE, Michael J. Atenção executiva, capacidade de memória de trabalho e uma teoria de dois fatores de controle cognitivo. 2004.

LIN, Liu Yi e cols. Associação entre uso de mídia social e depressão entre jovens adultos nos EUA. Depressão e ansiedade , v. 33, n. 4, pág. 323-331, 2016.

MRAZEK, Michael D. et al. O treinamento de atenção plena melhora a capacidade de memória de trabalho e o desempenho GRE, reduzindo a divagação da mente. Ciência psicológica , v. 24, n. 5, pág. 776-781, 2013.

TSAL, Yehoshua; SHALEV, Lilach; MEVORACH, Carmel. A diversidade de déficits de atenção no TDAH: a prevalência de quatro fatores cognitivos no TDAH versus controles. Jornal de dificuldades de aprendizagem , v. 38, n. 2, pág. 142-157, 2005.

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Cansaço mental e Instagram

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A falsa teoria do descanso nas redes sociais

Vivemos em um tempo de extrema sobrecarga de informações, não importa a idade, o status social, renda, ou qualquer outro parâmetro, estamos sendo bombardeados a todo tempo por uma quantidade enorme de informações, sobre uma infinidade de temas, dos mais relevantes aos mais banais, passando a todo instante diante dos nossos olhos, seja por meio da televisão, dos aplicativos de celular, das redes sociais ou até mesmo por propagandas.

Atualmente, o desenvolvimento tecnológico tem um papel importante em nossa forma de trabalho e relacionamento, que se tornaram cada vez mais exigentes não apenas para o corpo, mas também para a mente. A necessidade de resolução de problemas complexos, aliada à facilidade de comunicação proporcionada pela tecnologia, faz com que o trabalho deixe de estar restrito ao ambiente físico e passe a integrar todo o tempo dos indivíduos. Além disso, a quantidade de informações disponíveis também contribui para essa sobrecarga, aumentando a demanda por capacidade cognitiva e adaptabilidade para lidar com as mudanças constantes.

Fonte: Foto de Mikael Blomkvist no Freepik

Nos submetemos a maiores jornadas de trabalho, a duplas; triplas jornadas, para atender às nossas necessidades financeiras e realizações almejadas, porém, isto tem um custo: nossa mente trabalha em seu limite, e por vezes se cansa muito mais que o nosso corpo. Por estarmos sempre a resolver uma quantidade enorme de problemas das empresas, junto com nossos problemas pessoais e familiares, experimentamos a vida em um constante estado de alerta, e a todo instante se faz necessário decidir entre algo que se nos é apresentado.

Herbert Simon, ganhador do prêmio Nobel, buscava uma palavra que representasse o que seria para a sociedade como sendo algo bom o suficiente, que daria pro gasto, não a melhor escolha dentre todas as inúmeras opções que se tem. Assim Herbert emprega o termo satisficing, uma opção que nos seja satisfatória, que para aquele momento supra as nossas necessidades, pois não temos tempo, nem energia para testar e comprovar qual realmente representa a melhor opção, o que nos traria um desgaste cognitivo ainda maior. (LEVITIN, 2015)

Se a cada momento experimentamos a necessidade de escolher, dentre coisas mais simples a realidades mais complexas e elaboradas, tudo isso nos gera desgaste e em certa medida também nos gera desconforto. Nenhuma outra época na história da humanidade fomos expostos a tantas demandas no período de um só dia, o homem não precisa mais lidar com o medo das grandes feras que o fazia viver em estado de alerta, preparado para a caça e para sobrevivência, no entanto, na atualidade, vivemos imersos no estresse das demandas incalculáveis e mesmo que não tenhamos mais um grande predador a nos caçar, vivemos taquicardia, angústia, preocupação excessiva e medo da morte em situações que claramente não se há risco real de morte, sintomas estes tão comuns em transtornos de ansiedade. (LEVITIN, 2015)

Conforme dados do último grande mapeamento feito pela OMS, o Brasil se encontra no primeiro lugar dentre os países com maior prevalência de transtornos de ansiedade, com alarmantes 9,3% da população vivendo em sofrimento psíquico (G1, 2023), sem contar os demais transtornos que têm consequências profundas não somente na vida dos indivíduos como na sociedade como um todo.

Grande parte da população trabalha com computadores, celulares ou em funções que demandam grandes exigências físicas, cumprindo cerca de 40 horas por semana, se expondo a incontáveis estímulos, além de suas demandas padronizadas. Quando finalmente chega o momento de desacelerar, estes trabalhadores consomem seu tempo de descanso aplicando-o nas redes sociais, como facebook e Instagram, buscando um “descanso” para mente e corpo, no entanto, pelo excesso de informações, os cérebros são hiperestimulados.

Esses fatores podem provocar mudanças  no  padrão  de  sono que podem desencadear um quadro de privação de sono, e consequentemente, a curto prazo, levar a um aumento da sonolência diurna, mau humor, cansaço, dor de cabeça, baixo desempenho acadêmico e no trabalho, e ,a longo prazo, pode provocar doenças cardiovasculares e o câncer. (BELÍSIO, 2015, p. 89)

Fonte: Foto de SHVETS production no Freepik

A privação de sono é caracterizada pela falta de tempo adequado de sono, podendo ser devida a diversos fatores, tais como trabalho noturno, estresse, ansiedade, entre outros. A falta de sono pode levar a diversos efeitos negativos na saúde, como fadiga, dificuldade de concentração, diminuição do desempenho cognitivo, alterações de humor, além de aumentar o risco de acidentes e doenças crônicas, como a obesidade e diabetes. Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), um adulto saudável necessita em média de 7 a 9 horas de sono por noite (ABS, 2021). Portanto, é importante manter um sono adequado e evitar a privação de sono, buscando hábitos saudáveis e aconselhamento médico quando necessário.

Tais problemas já citados causados por privação de sono, por vezes podem ser regulados por coisas simples que podem ser feitas no tempo de descanso que temos, como atividade física regular, musculação, funcional, corrida, natação, ciclismo, caminhada, inúmeras possibilidades, tendo também outras atividades como meditação, dança, teatro.

Atualmente, as redes sociais são supervalorizadas, tanto como meio de trabalho como vender produtos de patrocinadores e ser influenciador digital – quanto como meio de busca ou descanso entre as atividades diárias. Nos últimos anos, houve uma grande mudança na forma como os anúncios são veiculados, sendo cada vez mais direcionados para perfis específicos com o objetivo de aumentar o consumo.

A cada dia tem sido criada uma nova forma de ser e de estar no ambiente digital, e as crianças cada vez mais cedo vão entrando neste universo, e por vezes a negligência dos pais gera comportamentos de uso exacerbado de telas, que a curto prazo fazem com que a criança perca o interesse em outras atividades que não emitam tanta dopamina (hormônio do prazer) quanto estar exposto a uma gama de possibilidades praticamente infinitas. A longo prazo cria viciados em celular, ou pessoas com grande dificuldade de se relacionar de forma presencial, pessoas inseguras, e com grande tendência ao imediatismo, e busca exacerbada do prazer pelo prazer. (LIVINGSTONE; HELSPER, 2008)

Para a baixa maturidade de uma criança não haverá a capacidade cognitiva necessária para pensar que aquilo que agora está muito bom, pode gerar grandes problemas no futuro, cabe então aos cuidadores dar exemplo para as crianças de como viver e experimentar o descanso e o lazer de formas prazerosas sem riscos à integridade.

Fonte: Freepik

Podemos sim fazer uso das redes sociais como forma de interação com a sociedade, como encurtador de distância entre os que sentimos afeto, no entanto, há um grande risco em usá-la como descanso, pois nosso cérebro não é capaz de recebê-la da forma como pensamos, recebe as redes sociais como mais um momento de selecionar informações às quais vai dar atenção, e para quais não dará, buscando memórias de coisas que já vimos e se parecem com o que tivemos contato agora, o que ao contrário descansar pode causar desgastes.

 

Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO SONO. Distúrbios do Sono. Disponível em: <https://www.absono.com.br/disturbios-do-sono/>. Acesso em: 04 mai. 2023.

BELÍSIO, Aline Silva. Dormir bem: uma questão de saúde. Revista Humano Ser, v. 1, n. 1, p. 88-98, 2015.

CARVALHO, Rone. Por que o Brasil tem a população mais ansiosa do mundo. G1, 27, de fevereiro de 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/02/27/por-que-o-brasil-tem-a-populacao-mais-ansiosa-do-mundo.ghtml

LEVITIN, Daniel J. A mente organizada: como pensar com clareza na era da sobrecarga de informação. Objetiva, 2015.

LIVINGSTONE, Sônia; HELSPER, Ellen J. Mediação parental do uso da internet pelos filhos. Journal of broadcasting & electronic media , v. 52, n. 4, pág. 581-599, 2008.

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“O Jogador Número 1” e a realidade virtual presente

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“Sei que parece uma decisão estranha, mas as pessoas precisam passar mais tempo no mundo real”. Publicado em 2011 e posteriormente transformado em filme em 2018, o Jogador Número 1 poderia estar descrevendo a realidade do momento presente, em 2023. 

O filme apresenta a cidade de Columbus em 2044, onde as divergências sociais são ainda maiores e a tecnologia alcançou um novo patamar. OASIS é um jogo de realidade virtual criado por James Halliday, onde a população está, na maior parte do tempo, confundindo realidade e virtual. O criador do famoso jogo morre e esconde dentro do jogo um quebra-cabeça, que daria ao vencedor a administração total do OASIS e uma grande fortuna, levando assim as pessoas a se dedicarem em busca de resolver o enigma deixado pelo excêntrico criador do jogo (BERNARDI, s/d)

Wade, personagem principal do filme, do qual é apresentado o ponto de vista no universo, possui uma realidade difícil financeira, social e emocional. Visto que seus familiares morreram, passando este a viver com sua tia no que seria uma espécie de comunidade carente, presenciou diversas  situações de violência e comportamentos agressivos dentro de casa. Wade expressou: “felizmente, eu tive acesso ao OASIS, que era como ter uma válvula de escape para uma realidade melhor. O OASIS manteve minha sanidade. Foi meu parquinho e meu jardim de infância, um lugar mágico onde tudo era possível.”

No jogo não há critério definido e estabelecido para fazer parte, sendo aberto ao público adulto, infantil e idoso, haja vista que na realidade virtual poderiam ser o que quisessem até mesmo outras espécies, ter a aparência desejada e viver como pretendiam.

Wade andando em seu bairro que é como uma espécie de comunidade carente, no entanto todas as pessoas têm acesso ao OASIS.

Fonte: Imagem retirada do filme na HBO

O universo recriado dentro do jogo possuía grande dimensão, roubando as pessoas do mundo real, inclusive de forma financeira, visto que as moedas utilizadas dentro do game poderiam comprar itens fora do mundo cibernético, cuja entrega se dava via drone. Neste tempo vive-se algo muito semelhante, vejamos:

Assim como o OÁSIS, a nossa internet é uma das formas mais empregadas atualmente de geração de lucro. Ainda não entendemos por completo quais são as fronteiras e os limites da rede mundial de computadores, ou até onde se estendem suas capacidades e possibilidades; em seu respectivo universo, o mesmo pode ser dito da criação de Halliday. No entanto, já existem diversas formas de se criar riqueza através dela – da simplicidade de vendas online até a complexidade das criptomoedas. Grandes corporações e cidadãos comuns disputam espaço e promovem inovações constantes, enquanto governos nacionais ainda tateiam as melhores formas de impor controle e regulamentação ao domínio virtual  (CINEMA COM RAPADURA, 2018).

Ainda, percebe-se que assim como em Columbus, a cada dia a tecnologia vai ganhando espaço no mundo, contexto em que as pessoas passam grande parte de seus dias interagindo no mundo virtual. O tempo que a população passa em média na internet aumentou consideravelmente nos últimos tempos, dessa forma o NordVPN, instituto especialista em cibersegurança, realizou uma pesquisa constatando o que segue:

Os brasileiros, maiores de 18 anos, tendem a se conectar às 8h33 da manhã e sair às 22h13 da internet. Em uma semana típica, a NordVPN calcula que os entrevistados passam mais de 91 horas usando a internet, o que equivale a quase quatro dias. “Isso equivale a 197 dias por ano, ou seja, mais de 41 anos, considerando que a expectativa média de vida da população no país é de 75,9 anos, isso representa mais da metade de suas vidas”. (ITFORUM, 2022)

À medida que se conecta a necessidade de passar mais tempo em rede, muitas vezes o tempo online não é percebido pelo usuário. Neste sentido, embora permaneçam on-line por muitas horas seguidas, pode não perceber que está imerso no mundo virtual mais tempo do que o programado. 

A internet possui alta rotatividade de informações, pensamentos e opiniões, um grande volume de conteúdos e uma constante interação social, demonstrando a cada tempo a sua velocidade, no entanto, corre-se um grande risco de levar os internautas a viverem esse aceleramento na vida real (SOUZA; CUNHA, 2019)  Considera-se a celeridade da internet um dos seus maiores avanços, contudo essa urgência na vida real pode facilitar alguns transtornos aos internautas como ansiedade, depressão e outros problemas relacionados à saúde mental. No entanto, seria um ledo engano acreditar que os males são causados apenas pela velocidade, observa-se:

O bullying virtual, as agressões verbais e as mensagens mal interpretadas podem influenciar em mudanças de hábito, discórdias e até desestruturação de famílias que são alguns dos fatores que aumentaram as taxas de quadros de depressão (RADOVIV et al. 2017).

A internet atualmente não é constituída apenas de fontes seguras, não é mais utilizada apenas para trabalho ou estudo, pelo contrário sua maior utilização se dá através das mídias sociais. A rede social possui uma grande semelhança com o OASIS, é um lugar onde você pode ser quem quiser e apresentar ao outro apenas a parte que deseja de si mesmo, sendo muitas vezes utilizadas por pessoas que não sabem se conectar no mundo real.

Como um ambiente considerado livre, nas mídias sociais as pessoas expressam tudo o que pensam, não se importando muitas vezes com as consequências dos atos. Como acontece com a sociedade do Jogador Número 1, frases como

As pessoas podem ser outras na realidade rimam intensamente com o que vivemos nas redes sociais, onde é sempre mais fácil ser a melhor das pessoas ao mesmo tempo em que se está livre para ser a pior. Essa relação entre realidade e ficção, tão atual, é ainda mais aprofundada quando Halliday (Mark Rylance), criador do OASIS, diz a Parzival (avatar de Wade) que eu gostava quando era um jogo (FÉLIX, 2018).

Quando o OASIS deixou de ser um jogo e passou a ser a própria vida das pessoas,  perdeu o sentido para seu desenvolvedor, deixando de cumprir o objetivo para o qual foi criado, o entretenimento. O game passou a ser lugar de disputa, comércio, vida noturna, relacionamentos, sendo elemento central da sociedade. Ao longo do filme observa-se que algumas pessoas foram capazes de atentar contra a própria vida por perderem no jogo, outros se casaram sem nunca terem se encontrado pessoalmente se relacionando através do avatar, ainda crianças com avatar possuindo aparência de adulto frequentando corridas, lutas.

Ao perder no jogo, a pessoa da ficção se via arruinada, uma vez que possuía uma autoidentificação inadequada, ou seja, pensava que era apenas o seu avatar, esquecendo-se de si fora do game. Longe das telas a situação não é diferente, há um grande exibicionismo de perfeição nas redes sociais, gerando comparação e frustração aos seres humanos “normais”, 

Enquanto se transforma a vida no digital, no online, esquece-se que o mundo lá fora é o real, o que há de mais válido. Camufla-se em avatares, em pseudônimos e em formas anônimas e, aos poucos, esquece-se o que se é ou, inclusive, entrega-se a uma insatisfação por não ser o que gostaria de ser (FÉLIX, 2018)

O mundo digital precisa ser uma extensão da realidade, um ambiente utilizado de forma saudável, sem fazer dele a razão da existência. Ao final do filme, é apresentada a decisão de fechar o OASIS duas vezes na semana, o que gerou grande insatisfação nos usuários, mas entende como uma sabedoria para que o mundo real fosse vivido. Observa-se que a única forma de desconectar o homem é se a internet for “desligada”, pois este não possui controle sobre seu acesso.


Referências:

BERNARDI, Julio. Jogador Nº 1 e a internet na era virtual. Disponível em: https://cinemacomrapadura.com.br/colunas/482454/jogador-n-1-e-a-internet-na-era-virtual/
Acesso em: 14 de março de 2023

FELIX, Sihan. Crítica | Jogador Nº 1 é aquele que salta à frente. Disponível em: https://canaltech.com.br/cinema/critica-jogador-n1-110982/
Acesso em: 14 de março de 2023.

ITFORUM. Brasileiros passam em média 91 horas semanais na internet. Disponível em: https://itforum.com.br/noticias/brasileiros-passam-em-media-91-horas-semanais-na-internet
Acesso em: 13 de março de 2023

SOUZA, Karlla; DA CUNHA, Mônica Ximenes Carneiro. Impactos do uso das redes sociais virtuais na saúde mental dos adolescentes: uma revisão sistemática da literatura. Revista Educação, Psicologia e Interfaces, v. 3, n. 3, p. 204-2017, 2019.

 

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Papa Francisco e as redes sociais

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De portas abertas a todos: O legado do Papa Francisco no lema da rede social twitter?

Com o intuito de comparar mensagens de textos com o canto dos pássaros, foi criado o twitter, uma rede social que inicialmente foi utilizada pela empresa Odeo para compartilhar mensagens de textos com um grupo de pessoas específicas. Atualmente, o canto do pássaro foi levado pelo vento e alcança diariamente milhões de pessoas, aberta a todos aqueles que desejam dizer o que estão pensando.

Em todos os lugares do mundo, o twitter alcança diferentes públicos e culturas,  levando  informações, fofocas dos famosos e notícias em tempo real. Observa-se que o twitter tornou-se uma das principais ferramentas utilizadas pelas pessoas para se informarem a respeito do que está acontecendo no mundo. É possível, ainda, saber quais são os assuntos mais comentados no mundo, além de conectar pessoas e ideias desconhecidas no mundo físico. 

As redes sociais, em especial o twitter, neste século cresceram significativamente, aumentando a cada dia a sua importância vez que alcançam pessoas de todas as idades e classes sociais, localizadas em qualquer parte do mundo. Deixando de ser uma ferramenta de intuito apenas comunicativo e distrativo, passou a possuir influência político-ideológica, conforme se observa: 

Ainda sobre a importância do Twitter como ferramenta social, cita-se a enquete feita pelo site Mobilização Digital, em 2013, que constatou que a maioria das pessoas que acompanham as Manifestações Sociais informam-se via mídias sociais, tais como o Facebook e Twitter. Pode-se inferir, portanto, que o ciberespaço tornou-se fundamental nas “Novas revoluções” políticas contemporâneas, tornando-se uma nova ferramenta em um contexto hodierno para os câmbios sociais em um contexto global, oportunizando um livre acesso a informação de forma simples, o que justifica a preferência popular pela utilização da internet e suas mídias para a  tomada de ciência das notícias atuais.(EMPÓRIO DO DIREITO, 2019)

A sociedade mundial não imagina mais uma vida desconectada, onde é necessário esperar para obter informações, ou ainda utilizar de ferramentas já ultrapassadas como o fax e o jornal impresso. Uma grande parte dessa população já nasceu inserida na tecnologia, não possuindo paciência para aguardar informações ou até mesmo para se comunicar, a cada dia  a necessidade de fazer parte do ambiente virtual aumenta. Vejamos: 

As tecnologias da informação tornaram-se parte da vida diária de grande parte das pessoas. Aos principais MCM – imprensa, rádio e televisão – vieram se agregar as máquinas que agilizaram a comunicação (fax, multimídia, celulares e outras “geringonças” mais). “Neste mundo de mudanças”, novas interfaces fazem parte da dinâmica da sociedade de informação. A inclusão digital, cada vez mais se dissemina e “a troca de informações é um componente cada vez mais importante na maioria das atividades de trabalho” (STRAUBHAAR & LA ROSE, 2004. p. 1). 

Devido ao novo contexto digital, os líderes mundiais passaram a observar o comportamento social, identificar os assuntos mais relevantes e estudar as relações internacionais, através do Twitter. Nesse contexto, trazemos: 

Hodiernamente, o Twitter é uma rede social de extrema importância no mundo virtual. Em 2018, o site Itmídia divulgou que o número de usuários ativos era de 336 milhões, demonstrando a relevância dessa ferramenta. Dentre esses usuários ativos, encontram-se alguns representantes de Estados, tais como: Emmanuel Macron; Donald Trump e Nicolás Maduro.(EMPÓRIO DO DIREITO, 2019)

Os 3 líderes mundiais mais seguidos na rede social são Donald Trump, Papa Francisco e Narendra Modri, contabilizando milhões de seguidores em todo o mundo. Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, superou a marca de 52 milhões de seguidores, o Papa Francisco, o líder e chefe de Estado da Igreja Católica Apostólica Romana, com 47 milhões e Narendra primeiro-ministro indiano na marca de 42 milhões.

Mas quem é Francisco? O primeiro Papa Sul Americano é o argentino Jorge Mario Bergoglio. O Papa Francisco foi arcebispo em Buenos Aires e vivia de forma muito simples, sendo conhecido e reconhecido em sua diocese, pelo amor e cuidado aos outros, em especial aos mais necessitados. Este sempre recomendou aos sacerdotes que fossem misericordiosos, possuíssem coragem apostólica e estivessem sempre de portas abertas a todos.

Sendo um dos cinco filhos de uma dona de casa e um contabilista no caminho de ferro, neto de italianos, Bergoglio nasceu em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936. Após tornar-se técnico químico escolheu o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto. Após a finalização deste ciclo, foi ordenado sacerdote em 1969 e em 1992 recebeu a ordenação episcopal.

Com o passar dos anos, vivendo a missão confiada pela Igreja a ele, sua popularidade foi crescendo, devido a sua coerência de vida e radicalidade. Em 2013 com a renúncia do Papa Bento XVI, a Igreja se reuniu e Bergoglio foi eleito novo papa.

Fonte: Imagem de Günther Simmermacher por Pixabay

 

Papa Francisco em meio a multidão na Praça de São Pedro.

Escolheu, para seu pontificado, o nome Francisco, em referência a São Francisco de Assis. A Igreja católica possui como tradição a escolha de um novo nome para o Sumo Pontífice embasamento na passagem Bíblica onde Jesus Cristo fala a Simão “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.

Com o desejo de se aproximar ainda mais dos homens, Francisco “instituiu a Secretaria para a Comunicação (ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO, 2015) estabelecendo novos organismos, incluindo o serviço de administração digital. Atento à importância da Igreja se aproximar das pessoas a partir das mídias sociais, o papa assinalou:

 “A revolução da mídia digital das últimas décadas mostrou ser um potente meio para promover a comunhão e o diálogo dentro de nossa família humana. De fato, durante os meses de confinamento devido à pandemia, vimos claramente como as mídias digitais podem nos unir, não apenas divulgando informações essenciais, mas também preenchendo a solidão do isolamento e, em muitos casos, unindo famílias inteiras e comunidades eclesiais na oração e no culto. (VATICAN NEWS, 2022)

O Twitter do Papa representa de forma clara a difusão que as comunicações possuem, uma vez que sua conta é traduzida em 9 idiomas, sendo: inglês (conta oficial), latim, espanhol, italiano, alemão, polonês, árabe francês e português, comprovando a integração entre mídia e religião. O Papa Francisco se manifesta nas redes de forma relevante, utilizando desses recursos para difundir suas mensagens, informações e relacionar-se com o povo, abordando assuntos importantes e até polêmicos

Fonte: https://twitter.com/Pontifex

Imagem das contas oficiais do Papa Francisco no Twitter nas 9 línguas.

Observa-se ainda que as mídias de Francisco possuem como finalidade gerar a cultura do encontro, utilizando uma linguagem simples e de fácil entendimento, sendo acessível e próximo ao homem de hoje. Como um homem dos tempos modernos e conectado. O Papa faz uso da linguagem digital vez que usa hashtag como “rezemos juntos” e “evangelho de hoje”, para facilitar que as pessoas acompanhem os tópicos pelos quais mais se interessam e alcançar ainda mais.

Fonte: https://twitter.com/Pontifex

Postagem do Papa Francisco na conta de língua portuguesa usando hashtag.

Refletindo mais do que a si mesmo, o twitter do Papa Francisco representa o Estado do Vaticano, a Igreja Católica e todos aqueles que vivenciam a fé católica, indo um pouco além nota-se que apresenta o Evangelho e o pensamento do próprio Deus para aqueles que acreditam. Observa-se ainda que é visto por representantes das maiores mídias mundiais, diversas religiões e governos, possuindo grande influência social, partidária e ideológica.

Mas qual a mensagem que o Papa deseja passar nas suas redes sociais? Seu maior objetivo é anunciar o evangelho, pelo qual este deu a vida, e apresentar ao mundo a Igreja Católica Apostólica Romana. Ademais, utiliza-as ainda com intuito de comunicar esperança, conforto e positividade, além de motivar orações, se unir aos que sofrem e refletir sobre a doutrina cristã.

Fonte: https://twitter.com/Pontifex_pt

Postagem do Papa Francisco no dia 19 de fevereiro de 2023.

É possível perceber o amor empregado pelo Papa em suas mensagens, o desejo de se aproximar do povo, abertura e empenho. A postura deste em meio ao mundo digital inaugura um tempo novo na Igreja, quebrando a imagem de um evangelho desatualizado, antigo e inacessível, uma vez que “o que acontece no mundo, acontece primeiro no twitter.”

Dessa forma, ao observar que para o twitter “cada voz tem seu impacto” o Papa Francisco busca dar voz a Igreja e gritar ao mundo:

A [Igreja] Não pretende disputar poderes terrenos, mas oferecer-se como «uma família entre as famílias – a Igreja é isto –, disponível (…) para testemunhar ao mundo de hoje a fé, a esperança e o amor ao Senhor mas também àqueles que Ele ama com predileção. Uma casa com as portas abertas… A Igreja é uma casa com as portas abertas, porque é mãe». E como Maria, a Mãe de Jesus, «queremos ser uma Igreja que serve, que sai de casa, que sai dos seus templos, que sai das suas sacristias, para acompanhar a vida, sustentar a esperança, ser sinal de unidade (…) para lançar pontes, abater muros, semear reconciliação. (VATICAN NEWS, 2021)

Referências

A INFLUÊNCIA DO TWITTER NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS CONTEMPORÂNEAS Disponível em: “https://emporiododireito.com.br/leitura/a-influencia-do-twitter-nas-relacoes-internacionais-contemporaneas” Acesso em: 01, de março de 2023.

LEMOS, Lúcia. O poder do discurso na cultura digital: o caso Twitter. Jornada internacional de estudos do discurso, v. 1, 2008.

Disponível em: “https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-07/papa-francisco-mensagem-signis-midia-digital-meio-potente-paz.html” Acesso em: 27, de fevereiro de 2023.

Disponível em “https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-12/igreja-como-uma-casa-de-portas-abertas-padre-gerson-schmidt.html” Acesso em: 01, de março de 2023.

 

 

 

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A migração forçada no filme “Avatar: o caminho da água”

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No filme Avatar: O Caminho da Água (2022), o clã Omatikaya é novamente atacado pelos seres humanos, o Povo do Céu, que já havia invadido Pandora em Avatar (2009). Agora, outra vez em perigo, Jake Sully e Neytiri decidem ir embora com sua família buscando proteção em outro clã, o Metkayina.

A situação vivenciada pela família é de destruição do seu lar, perseguição pelo Povo do Céu e constante tensão, inclusive com ameaça direta à vida dos filhos (Neteyam, Lo’ak, Tuktirey e Kiri). Diante disso, Jake propõe que a família parta, gerando conflito com a esposa Neytiri, contudo, temendo a violência, pais e filhos reúnem o que é possível carregar e deixam a floresta rumo ao clã da água.

A motivação da partida lembra o conceito de migração forçada, sendo “o movimento migratório em que existe um elemento de coação, nomeadamente ameaças à vida ou à sobrevivência, quer tenham origem em causas naturais, quer em causas provocadas pelo homem […]” (OIM, 2009).

O filme memora a realidade de mais de 89 milhões de pessoas deslocadas à força por diversos motivos, como perseguição, conflito e violação dos direitos humanos no país de origem (UNHCR, 2021). O temor diante disso leva muitas pessoas a saírem de seus países por não contarem com sua proteção, transformando assim sua condição reconhecida como refugiada, conforme caracteriza o Estatuto dos Refugiados (1951).

Em Avatar (2022), os dois clãs são constituídos por Na’vi, povo habitante de Pandora, cada um com características próprias, como local de moradia (Omatikaya, na floresta; Metkayina, na água), constituição corporal (as caudas e os traços da pele são diferentes), hierarquia (o líder em Metkayina é Tonowari; enquanto Sully era em Omatikaya), espiritualidade, linguagem, cultura, flora e fauna.

Fonte: https://youtu.be/o5F8MOz_IDw

Quando os Sullys, denominação que a família atribui a si mesma, chegam em Metkayina são observados pelo povo local com aparente curiosidade e desconfiança. Um círculo se forma em volta deles até que o líder do clã, Tonowari, decida sobre a permanência ou não da família. Enquanto a decisão é tomada, outros Na’vi se aproximam, riem de sua constituição corporal e tecem comentários sobre eles, como a aparência dos recém-chegados, característica de discriminação. Nesse mesmo instante, outro fato da história familiar é evidenciado, os Sullys são considerados mestiços, pois são fruto da união do avatar Jake com Neytiri, Na’vi.

Após autorização de Tonowari, é atribuído a seus filhos (Tsireya, Ao’nung e Rotxo) que apresentem o modo de vida dos Metkayina aos filhos de Sully e Neytiri, igualmente os adultos fazem o mesmo. Com um local para ficar, a família e o povo do lugar possuem o desafio comum de se adaptarem a nova configuração social.

O processo de mudança cultural no qual os indivíduos são ressocializados é chamado de aculturação psicológica, termo de autoria do pesquisador Graves e mencionado por Sylvia Dantas (2017). O contato com o novo e o que deriva dele causam o estresse de aculturação, conforme relata Sylvia com base nos estudos de psicologia intercultural, e entre seus efeitos estão o sentimento de marginalização e a confusão identitária.

No filme, é possível notar dois exemplos dos efeitos citados acima. Apesar de ambos já apresentarem sinais antes da migração, são acentuados por ela: o filho mais novo Lo’ak, ao se identificar com a história de exclusão de Payakan pelos tulkun; e a filha adotiva Kiri, quando pergunta o porquê de ser daquela forma depois de não compreender o que está acontecendo com si mesma e também por outros adolescentes a acharem esquisita.

Fonte: https://www.20thcenturystudios.com/movies/avatar-the-way-of-water

Além da adaptação aos novos costumes, os adultos passam pelo desafio da mobilidade de hierarquia (antes líder do seu povo, agora Sully é refugiado) e educação dos filhos (repreendidos também pelo chefe do clã, e não somente pelos pais).

Os adolescentes sofrem bullying, são chamados de esquisitos, são motivos de riso e, pela necessidade de se sentirem aceitos, topam desafios inseguros. Os adultos precisam intervir em alguns momentos, mas conforme as relações vão se desenvolvendo, os conflitos diminuem e começa uma aproximação quando eles mesmos percebem similaridades, por exemplo: ambos precisam lidar com a responsabilidade e as expectativas de serem filhos de lideranças; e a maioria deles, exceto Tuk, está na adolescência, construindo sua própria identidade e em conflito com algumas funções atribuídas aos papéis desempenhados na família.

Diante disso, Dantas (2017) diz que existem condições mediadoras entre a aculturação e o estresse. No filme, mesmo enfrentando momentos causadores de estresse, a família tem acesso à moradia, são apresentados aos costumes, tem acesso à saúde (Kiri passa por uma convulsão e é assistida por Ronal) e meios de locomoção (os ilus) são disponibilizados para todos. Nesse sentido, é o que também estabelece a Declaração Universal dos Direitos Humanos no artigo 25º: “Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários […]”.

Fonte: https://www.20thcenturystudios.com/movies/avatar-the-way-of-water

Durante todo o filme, acompanhamos a adaptação dos Sully a nova cultura, devido a migração forçada e a condição de refugiados, somada ao desafio de enfrentarem as complexidades do desenvolvimento de cada membro da família, além dela mesma enquanto um grupo com história.

Fonte: https://www.20thcenturystudios.com/movies/avatar-the-way-of-water

Ficha técnica:

Avatar: O Caminho da Água

Título original: Avatar: The Way of Water

Diretor: James Cameron

Produtores: James Cameron, Jon Landau

Elenco: Sam Worthington (Jake Sully), Zoe Saldaña (Neytiri), Stephen Lang (Coronel Miles Quaritch), Sigourney Weaver (Kiri), Kate Winslet (Ronal), Cliff Curtis (Tonowari), Jamie Flatters (Neteyam), Britain Dalton (Lo’ak), Trinity Jo-Li Bliss (Tuk), Bailey Bass (Tsireya), Filip Geljo (Aonung), Duane Evans Jr. (Rotxo), CCH Pounder (Mo’at), Jack Champion (Spider).

País: Estados Unidos

Ano: 2022

Gênero: Aventura

Referências:

AVATAR: The Way of Water. Direção: James Cameron. Produção de 20th Century Studios. Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures. 2022.

DANTAS, S. Saúde mental, interculturalidade e imigração. Revista USP, [S. l.], n. 114, p. 55-70, 2017. DOI: 10.11606/issn.2316-9036.v0i114p55-70. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/142368. Acesso em: 6 fev. 2023.

Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: https://www.ohchr.org/sites/default/files/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf Acesso em: 11 fev. 2023.

Estatuto dos Refugiados. Disponível em: https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf Acesso em: 9 fev. 2023.

OIM. Organização Internacional para as Migrações. Glossário sobre migração, 2009. Disponível em: https://publications.iom.int/system/files/pdf/iml22.pdf. Acesso em: 6 fev. 2023.

UNHCR. Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Dados sobre refúgio, 2021. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/dados-sobre-refugio/

Acesso em: 9 fev. 2023.

 

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Flaviana Laino: nutrição com leveza

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O Encena entrevista Flavina Batista Barbosa Laino uma mulher, casada, mãe da Eleonora,  nutricionista, pós-graduada em nutrição esportiva e nutrição clínica, com curso em nutrição comportamental, apaixonada por esportes e atividades físicas, lutadora de jiu-jitsu, católica, amante da qualidade de vida e preocupada com o bem estar.

Com objetivo de alcançar novos clientes Flaviana em seu perfil nas redes sociais compartilha conhecimento, tira dúvidas e dá dicas para uma melhor qualidade de vida. Adepta aos reels chegando a alcançar mais de 18 mil pessoas de uma forma leve, divertida e dinâmica divide um pouco da sua vida com seus seguidores.

Fonte: Foto do feed do Instagram da entrevistada

 

 

 

 

 

 

 

Imagem do seu feed na sua rede social, com seus reels, passando conhecimento de forma divertida

(En)Cena: Flaviana, nos conte um pouco de sua trajetória de estudos e trabalho. Fale um pouco para nós quem é a Flaviana.

Iniciei o curso de nutrição em 2008 na Universidade em João Pessoa- Paraíba, em 2010 me mudei para Brasília e formei na Universidade Católica de Brasília em 2012. Trabalhei na secretaria de Educação e Cultura do Tocantins com alimentação escolar de janeiro de 2013 a dezembro de 2014.  Fiz pós-graduação. Trabalhei em consultório de nutrição de 2016 à 2022.

(En)Cena: Por quê decidiu começar a mostrar uma pouco mais do seu trabalho nas redes sociais? o que foi este “start” para você?

A necessidade de buscar novos clientes/pacientes e os próprios clientes perguntavam sobre a divulgação nas redes sociais, para o autônomo a rede social é um novo “currículo virtual”.

(En)Cena: Qual público você deseja alcançar através das redes sociais?

Mulheres de 25 a 40 anos com objetivo de melhorar a saúde através do cuidado com a alimentação.

Fonte: Foto do feed do Instagram da entrevistada

(En)Cena: Teve alguma inspiração para o seu trabalho nas redes sociais?

Geralmente me inspiro mais em pessoas próximas, como colegas de faculdade ou conhecidos.

(En)Cena: 4) Você acredita que as redes sociais influenciam no relacionamento das pessoas com a comida? Quais são as maiores consequências positivas e negativas que você foi percebendo das redes sociais frente à alimentação?

Influenciam com certeza. Os maiores pontos negativos são a criação de muitas modinhas com relação à alimentação criadas e disseminadas por profissionais que não são da área da saúde e principalmente prejudiciais a quem deseja se alimentar melhor. A comparação desnecessária de corpos e o vício de ficar assistindo a vídeos enquanto se alimenta, sem perceber o que está comendo. Os maiores pontos positivos são o incentivo e demonstração de que é possível atingir objetivos e se tornar mais saudável.

(En)Cena: No seu consultório você encontra pessoas que já tiveram experiências com as dietas milagrosas que encontramos facilmente em diversos tipos de perfis e páginas?

Sim, sempre.

(En)Cena: Para você qual seria a maior dificuldade de apresentar o seu trabalho nas redes sociais, e também os pontos positivos que têm encontrado neste tempo?

A maior dificuldade é que é necessário mostrar a vida pessoal também, associada ao trabalho, DIARIAMENTE. Positivo é alcançar pessoas longe, que só seria possível mesmo através da internet.

(En)Cena: Nas suas redes sociais qual tipo de conteúdo você percebeu que possuía maior alcance e engajamento?

Vida pessoal e orientações nutricionais de maneira leve com humor.

(En)Cena: Desde o seu início nas redes sociais, o que você foi percebendo como conteúdo que a população mais deseja consumir com relação a nutrição?

As pessoas gostam de consumir conteúdos que ofereçam facilidades para o dia a dia, e infelizmente orientações milagrosas.

Fonte: Foto do feed do Instagram da entrevistada

En)Cena: Para você qual a importância de termos profissionais divulgando seus trabalhos nas redes sociais, frente ao acúmulo de informações sem embasamento?

É importante, visto que os profissionais podem auxiliar de maneira direta as pessoas leigas que buscam informações somente em redes sociais.

(En)Cena: Conte para nós uma situação inusitada que você viveu nas redes sociais?

Fazer amigos através das redes sociais, pessoas que começaram a acompanhar o meu trabalho e que hoje às admiro, e tenho como amigos, sendo que nunca os vi pessoalmente. (Para muitos pode parecer comum, mas para mim não é, para eu chamar alguém de amigo leva um tempo e conhecimento).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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