Tenho guardado um profundo segredo

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Tenho guardado um profundo segredo.

É algo simplório; se aproxime, não tenha medo!

Falarei sussurrando para que não haja escândalo:

Existe hoje, no mais escondido de meu ser, uma caixinha bem pequena, que tem muito a oferecer.

Para contar-te o que nela há, chamaria minha criança, ao auge de seus seis anos, para aqui falar.

Porém, sei que ela poderia se atrasar, pois despende todo o seu tempo em balé e jazz, para coreografias a todos apresentar.

Convidaria, então, minha bela garotinha em sua pré-adolescência; se ela não estivesse totalmente engajada em aprender mais de três idiomas para dialogar com fluência.

Apesar disso, me pediu para conversar com minha linda garota à flor da juventude.

Fui procurá-la e não a encontrei, pois estava viajando pelo universo que escrevera em um momento de inquietude.

Ao final de minha busca por uma antiga versão de mim para a caixinha desvendar, decidi que seria melhor meu atual “eu” sobre ela confessar.

A caixa não esconde nada além do que todas as versões já tocaram e hoje eu posso tocar também.

Ela guarda minhas conquistas, meu caminho e meu amor. E eu a levarei comigo, com minhas memórias, para onde quer que eu for.

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Laboratório em Devir: redes sociais e produção de subjetividades

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No dia 3 de maio de 2025, participei de um evento que me marcou profundamente, tanto como futura psicóloga quanto como sujeito atravessado pelas vivências do nosso tempo. Trata-se de mais uma edição do Laboratório em Devir, promovido pelos psicólogos do Espaço Terapêutico Devir, com o tema “Redes Sociais e Produção de Subjetividades”. O encontro aconteceu na Livraria Leitura, no Capim Dourado Shopping, em Palmas (TO), e teve início às 16h, encerrando por volta das 19h.

A proposta do evento foi conduzida em formato de roda de conversa, o que possibilitou uma escuta sensível, crítica e acolhedora. Psicólogos mais experientes iniciaram a discussão, mas abriram espaço para que todos os presentes pudessem compartilhar suas percepções, experiências e inquietações. Estávamos em cerca de 30 pessoas, formando um círculo de escuta viva e ativa.

Durante a conversa, um dos principais pontos abordados foi a forma como as redes sociais têm operado como dispositivos de produção de subjetividades. Foi discutido como os sujeitos contemporâneos, principalmente os mais jovens, vêm sendo atravessados por narrativas idealizadas de sucesso, beleza, produtividade e felicidade. A constante exposição a esses padrões muitas vezes gera um sentimento de inadequação, ansiedade e comparação permanente, resultando em impactos diretos na saúde mental. Também refletimos sobre como as redes criam bolhas de opinião e reforçam modos de ser e pensar, limitando a diversidade de experiências subjetivas e afetando nossa autonomia crítica.

Outro ponto que ganhou destaque foi o papel do psicólogo frente a esse cenário. Discutimos como o setting clínico precisa se abrir para essas novas demandas, acolhendo os sofrimentos que emergem nesse contexto virtualizado. A escuta clínica, portanto, precisa considerar o impacto que a lógica algorítmica, a cultura do cancelamento, o culto à performance e a exposição constante têm produzido nos modos de existir. Não se trata apenas de patologizar esses efeitos, mas de compreender como eles se inscrevem nas vivências cotidianas, resgatando a potência da singularidade de cada sujeito. A roda nos convidou a repensar o papel ético e político da Psicologia diante dessas transformações e da crescente virtualização da vida.

Mais do que um evento acadêmico, o Laboratório em Devir me proporcionou uma experiência afetiva e reflexiva, que ampliou minha visão sobre o papel da Psicologia frente às transformações do nosso tempo. Senti-me ouvida, provocada e, sobretudo, inspirada a continuar trilhando esse caminho com responsabilidade e sensibilidade.

Saí de lá com o coração cheio e a mente borbulhando de ideias. A troca foi genuína, acredito que esse é um ponto ao qual devemos ampliar nosso olhar: na escuta, na presença e na coragem de pensar (e repensar) o humano em suas múltiplas formas de existir.

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Cansaço de ser forte: a saúde mental na geração que não aguenta mais

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“Você é tão forte…” — dizem como elogio, mas não veem o quanto isso pesa.

Vivemos tempos em que a juventude carrega o mundo nas costas — e ninguém parece notar o quanto isso cansa. Por trás das selfies, dos reels e das conquistas acadêmicas, há uma geração exausta. Jovens ansiosos, deprimidos, emocionalmente sobrecarregados, tentando equilibrar estudos, trabalho, autocuidado, vida social, propósito, militância, saúde física e, ainda, parecer bem.

E não é exagero: dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontavam que os transtornos mentais são a principal causa de incapacitação entre adolescentes e jovens adultos. Um relatório do Unicef (2021) revelou que mais de 60% dos jovens brasileiros relataram sentimentos frequentes de ansiedade e nervosismo durante a pandemia. Mesmo agora, com o fim oficial da crise sanitária, esse esgotamento não desapareceu — apenas se disfarçou. Tornou-se algo mais silencioso: o cansaço de ser forte o tempo todo.

Fonte: www.freepik.com

Fadiga emocional como pano de fundo

A maioria de nós cresceu ouvindo que era preciso se destacar, ser resiliente, “dar conta de tudo”. O resultado? Uma juventude que internaliza o ideal da força como sinônimo de valor. Só que essa força, muitas vezes, não passa de resistência silenciosa. É continuar indo à aula mesmo sem dormir. É entregar o TCC com crise de ansiedade. É sorrir no estágio enquanto o corpo grita por pausa.

E é aí que nasce um tipo de sofrimento que nem sempre vira diagnóstico, mas vai corroendo devagar: o burnout emocional. Originalmente associado ao mundo corporativo, o burnout hoje transborda para universidades, escolas e até redes sociais. O culto à produtividade, embalado pela lógica capitalista e performática, transformou o cotidiano em uma maratona sem linha de chegada. Dormir virou luxo. Descansar, motivo de culpa. Ter tempo livre? Suspeito.

Na escuta clínica, não é raro encontrar jovens que dizem se sentir esgotados sem saber exatamente por quê. Não há, necessariamente, grandes traumas. Só a pressão constante de ter que ser tudo — produtivo, saudável, engajado, criativo, alegre, bonito. E se não for? Vem a culpa. Vem a comparação. Vem a sensação de estar ficando para trás.

A geração da saúde mental… e do silêncio

É curioso — e cruel — que esta seja, ao mesmo tempo, a geração que mais fala sobre saúde mental e também a que mais sofre com ela. As redes sociais popularizaram termos como ansiedade, autoconhecimento e autocuidado, o que ajudou a abrir conversas importantes. Mas falar não é o mesmo que ser ouvido. Falta espaço real — principalmente nas instituições — para lidar com o sofrimento psíquico.

Escolas e universidades, muitas vezes, priorizam desempenho em vez de cuidado. Não basta um “Setembro Amarelo” com balões amarelos e posts no Instagram. É preciso política de acolhimento, escuta contínua, suporte real. O cuidado não pode ser episódico, ele precisa estar no centro da experiência formativa.

Outro ponto importante é o modo como o discurso do autocuidado vem sendo apropriado pelo mercado. Passa-se a ideia de que um banho quente, uma vela aromática ou um skin care resolvem tudo. Quando isso não funciona — e, muitas vezes, não funciona — o jovem se sente culpado. O problema parece estar nele. Ignora-se o contexto, a estrutura, as violências cotidianas que atravessam e adoecem.

Fonte: www.freepik.com

Quando ser forte vira armadura

Quantos jovens você conhece que dizem “tá tudo bem” com um sorriso automático? Para muitos, ser forte virou estratégia de sobrevivência. Mas também virou prisão. A ideia de que “precisamos aguentar” impede o pedido de ajuda. A vulnerabilidade ainda é vista como fraqueza — até mesmo em espaços ditos acolhedores.

A romantização da resiliência faz com que muitos sigam sofrendo em silêncio, até que o corpo adoece, a mente colapsa ou o vazio se instala. E, mesmo assim, há quem se sinta culpado por “fracassar”. Como se descansar fosse desistir. Como se pedir ajuda fosse sinal de incapacidade.

Há urgência em resgatar o direito ao cansaço. O direito de pausar. O direito de não dar conta. O cuidado com a saúde mental não pode ser só reativo, emergencial. Precisa ser contínuo, afetivo, coletivo. Precisa ser real.

E agora? O que a Psicologia pode — e deve — fazer?

Como profissionais (ou futuros profissionais) da Psicologia, temos muito a pensar. É preciso escutar, sim — mas também questionar. Ampliar o olhar para além do sintoma e considerar o contexto. A juventude não está adoecida por escolha. Está sobrecarregada por uma sociedade que cobra demais, entrega pouco e recompensa o desempenho mais do que o vínculo.

Falar em saúde mental como direito social é essencial. Isso implica políticas públicas, ações intersetoriais, formação ética e escuta comprometida. Mas implica, também, no cotidiano: uma escuta que não seja apressada, uma presença que não seja mecânica, um cuidado que não seja raso.

A Psicologia não pode se limitar a diagnosticar e prescrever. É preciso construir espaços onde os jovens possam ser frágeis, contraditórios, humanos. Onde possam parar sem se culpar. Onde o cuidado seja um compromisso e não uma emergência.

Talvez a maior força dessa geração esteja justamente em reconhecer seus limites, em nomear suas dores, em pedir ajuda. Talvez, o que mais precisemos ouvir — e dizer — seja: “Você não precisa ser forte o tempo todo. Posso te ajudar a carregar isso.”

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A situação da saúde mental de crianças e adolescentes no Brasil: um panorama. Brasília: UNICEF, 2021. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/relatorios/saude-mental-criancas-adolescentes. Acesso em: 13 maio 2025.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Mental health of adolescents. Geneva: WHO, 2021. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-mental-health. Acesso em: 13 maio 2025.

ROSA, Andréa. Cultura da produtividade e adoecimento psíquico entre jovens universitários. Revista Psicologia & Sociedade, v. 32, e024507, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/psoc/a/8Zrj3FpdgN9vYmGf8LZ6VmG/. Acesso em: 13 maio 2025.

SANTOS, Débora P.; SILVA, Mário L. da. Juventudes e saúde mental: desafios e possibilidades de cuidado. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, v. 14, n. 38, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/83293. Acesso em: 13 maio 2025.

FERNANDES, Lucas. Burnout entre jovens: quando o cansaço deixa de ser normal. Nexo Jornal, 12 set. 2022. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2022/09/12/Burnout-entre-jovens-quando-o-cansa%C3%A7o-deixa-de-ser-normal. Acesso em: 13 maio 2025.

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Sabores digitais: como a tecnologia comportamental transforma a seletividade alimentar

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“Transformando paladares: A interseção entre tecnologia e seletividade alimentar.”

A relação que temos com a comida é complexa e, muitas vezes, cheia de nuances. Para alguns, escolher o que comer é um ato simples, mas para muitos, especialmente crianças e adultos que enfrentam a seletividade alimentar, essa escolha pode ser um verdadeiro desafio. Neste contexto, a tecnologia comportamental surge como uma aliada poderosa, oferecendo soluções inovadoras para ajudar a expandir os horizontes alimentares. Neste texto, vamos explorar como essas ferramentas digitais estão moldando comportamentos alimentares e trazendo novas possibilidades para aqueles que lutam com a seletividade.

O que é seletividade alimentar?

A seletividade alimentar refere-se à tendência de algumas pessoas, especialmente crianças, a preferirem certos alimentos e rejeitarem outros. Essa condição pode se manifestar de diferentes maneiras: algumas pessoas podem se recusar a experimentar novos sabores, enquanto outras podem limitar sua dieta a um número restrito de alimentos. Segundo o especialista em alimentação infantil, Dr. Carlos Gonzalez (2021), essa seletividade pode resultar em deficiências nutricionais e desafios sociais, como dificuldades em compartilhar refeições em grupo.

A tecnologia como aliada

Nos últimos anos, a tecnologia tem se mostrado uma aliada poderosa em diversas áreas, e a alimentação não é exceção. Aplicativos e plataformas digitais estão sendo desenvolvidos para ajudar a criar experiências positivas em torno da comida. Um exemplo é o uso de jogos e gamificação, que incentivam a experimentação de novos alimentos de forma lúdica e envolvente. A pesquisa de Hamari e Koivisto (2022) mostra que a gamificação pode aumentar a motivação e o engajamento, transformando a maneira como as pessoas se relacionam com a comida.

Gamificação e comportamento alimentar

A gamificação envolve o uso de elementos de jogos em contextos não-jogos, como na alimentação. Aplicativos que utilizam essa abordagem podem criar desafios e recompensas por experimentar novos alimentos. Por exemplo, um aplicativo pode oferecer pontos por cada novo vegetal experimentado ou criar desafios em que amigos podem se motivar mutuamente a expandir suas dietas. Essas estratégias não apenas tornam o processo divertido, mas também ajudam a criar novas associações positivas em torno da comida. Um estudo recente de Landers e Armstrong (2022) sugere que o uso de gamificação pode aumentar a aceitação de novos alimentos, especialmente entre crianças. Ao transformar a experimentação alimentar em um jogo, as crianças se sentem mais dispostas a provar novos sabores, reduzindo a pressão que muitas vezes acompanha a introdução de alimentos desconhecidos.

Aplicativos e tecnologias interativas

Além da gamificação, diversos aplicativos interativos têm sido desenvolvidos para apoiar a seletividade alimentar. Ferramentas que permitem o rastreamento de alimentos, a visualização de receitas e o compartilhamento de experiências culinárias podem ser especialmente úteis. Um exemplo é o aplicativo “Yummly”, que personaliza receitas com base nas preferências e aversões alimentares do usuário. Assim, a tecnologia oferece uma abordagem mais personalizada, ajudando as pessoas a se sentirem mais confortáveis e confiantes em suas escolhas alimentares. O especialista em nutrição, Dr. Rafael Moreira (2023), destaca que a personalização é um fator crucial para o sucesso dessas intervenções. Quando as escolhas alimentares são adaptadas às preferências individuais, as chances de aceitação e engajamento aumentam significativamente.

                                                                                     Fonte: www.freepik.com

Educação alimentar digital

A educação alimentar é outra área em que a tecnologia pode fazer uma diferença significativa. Plataformas digitais oferecem recursos educativos que ensinam sobre a importância da diversidade alimentar e como preparar refeições saudáveis de forma prática. A pesquisa de Costa e Almeida (2021) aponta que a educação alimentar digital pode ajudar a desenvolver habilidades culinárias e aumentar a conscientização sobre a nutrição, tornando os indivíduos mais autônomos em suas escolhas alimentares. Além disso, vídeos interativos e tutoriais de culinária podem desmistificar a preparação de novos alimentos, tornando-a uma atividade divertida e acessível. Ao integrar a educação alimentar com a tecnologia, é possível incentivar um relacionamento mais positivo com a comida.

O papel dos pais e educadores

A participação de pais e educadores é fundamental nesse processo. Eles podem utilizar as tecnologias disponíveis para apoiar crianças em sua jornada para superar a seletividade alimentar. Aplicativos que promovem o engajamento familiar, como “FamilyDinner”, permitem que os membros da família compartilhem suas experiências, receitas e desafios. Essa abordagem colaborativa não apenas promove a aceitação de novos alimentos, mas também fortalece os laços familiares. A psicóloga nutricional, Dra. Fernanda Sousa (2022), enfatiza a importância do suporte emocional nesse processo. Quando os pais e educadores se envolvem ativamente, criando um ambiente seguro e positivo, as crianças se sentem mais à vontade para explorar novos sabores e texturas.

Desafios e considerações éticas

Embora a tecnologia comportamental ofereça promessas empolgantes, também é importante reconhecer os desafios e as considerações éticas que vêm com sua implementação. A dependência excessiva de aplicativos e jogos pode levar à desconexão com a comida real, e é fundamental encontrar um equilíbrio saudável. A pesquisa de Rigby e Ryan (2021) alerta para os riscos de transformar a alimentação em um jogo, o que pode trivializar a experiência de comer. Além disso, é crucial que as intervenções tecnológicas sejam inclusivas e acessíveis a todos. A desigualdade no acesso à tecnologia pode limitar as oportunidades para algumas populações, tornando-se um fator que perpetua disparidades alimentares.

A relevância da personalização na alimentação

A personalização das experiências alimentares por meio da tecnologia é um fator-chave na superação da seletividade. Através de algoritmos que analisam preferências e aversões, aplicativos podem sugerir receitas adaptadas, levando em consideração não apenas o que o usuário gosta, mas também suas necessidades nutricionais. Isso permite que os indivíduos se sintam mais empoderados em suas escolhas, explorando novos sabores de maneira gradual e prazerosa. Essa abordagem não apenas melhora a aceitação de novos alimentos, mas também promove uma alimentação mais equilibrada e diversificada (FISCHER, 2019).

O impacto das redes sociais na alimentação

As redes sociais também desempenham um papel significativo na formação das preferências alimentares. Plataformas como Instagram e TikTok têm se tornado vitais para a promoção de novos alimentos e tendências culinárias. Influenciadores digitais compartilham receitas e experiências, criando uma cultura de experimentação e inovação. Isso pode encorajar a adoção de novos sabores e a diversidade alimentar, especialmente entre os mais jovens, que se sentem motivados a experimentar o que veem em suas timelines (DE VEGA, 2021).

Crianças e o Futuro da Alimentação

O papel da tecnologia é ainda mais crucial quando se trata de crianças. A infância é um período determinante para a formação de hábitos alimentares, e a introdução de ferramentas digitais pode ajudar a moldar uma relação positiva com a comida desde cedo. Estudos mostram que crianças que interagem com aplicativos educativos tendem a mostrar maior curiosidade e disposição para experimentar novos alimentos. Essa abertura pode não apenas melhorar sua alimentação atual, mas também estabelecer padrões saudáveis que perdurarão na vida adulta (LEWIS, 2020).

A Importância do feedback e da comunidade

A interação social e o feedback são elementos essenciais na jornada de superação da seletividade alimentar. Aplicativos que permitem o compartilhamento de experiências, como fóruns e grupos de suporte, podem criar um senso de comunidade entre os usuários. Esse apoio mútuo não só encoraja a experimentação, mas também ajuda a normalizar as dificuldades enfrentadas por aqueles que lidam com a seletividade alimentar. A troca de receitas, dicas e histórias de sucesso pode ser um poderoso motivador para muitos (WILLIAMS, 2018).

Ética e sustentabilidade na tecnologia alimentar

À medida que a tecnologia avança, a ética e a sustentabilidade também precisam ser consideradas. As intervenções digitais devem ser projetadas com a inclusão em mente, garantindo que todas as populações tenham acesso às ferramentas necessárias para melhorar sua relação com a comida. Além disso, a promoção de uma alimentação sustentável, que respeite o meio ambiente e valorize a agricultura local, deve ser integrada nas soluções digitais. Isso ajudará a criar uma consciência mais ampla sobre a alimentação, além de abordar questões de saúde e bem-estar (PATEL, 2021).

Perspectivas futuras na alimentação digital

O futuro da alimentação digital é promissor, com inovações constantes que buscam integrar tecnologia e comportamento de forma ainda mais eficaz. Com o desenvolvimento de inteligência artificial, por exemplo, poderemos ver soluções ainda mais personalizadas e adaptativas, capazes de se ajustar em tempo real às preferências e aversões dos usuários. Essa evolução poderá ajudar não apenas na aceitação de novos alimentos, mas também na promoção de hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para o bem-estar geral da população (KIM, 2022).

Conclusão

A tecnologia comportamental tem o potencial de transformar a maneira como abordamos a seletividade alimentar. Através da gamificação, aplicativos interativos e educação digital, é possível criar experiências positivas em torno da comida, ajudando indivíduos a expandir seus paladares e melhorar sua relação com a alimentação. No entanto, é essencial abordar essas intervenções de maneira ética e equilibrada, garantindo que todos possam se beneficiar das inovações disponíveis. Ao unir tecnologia e comportamento, podemos abrir novas portas para uma alimentação mais saudável e diversificada.

Referências

COSTA, A.; ALMEIDA, L. (2021). Educação Alimentar Digital: Novas Fronteiras para a Nutrição. Revista Brasileira de Nutrição, 25(2), 67-79.

DE VEGA, R. (2021). Influência das redes sociais na alimentação: Uma análise crítica. Journal of Food Marketing, v. 25, n. 2, p. 145-160.

FISCHER, J. (2019). Personalization in digital food applications: An emerging trend. Food Technology, v. 73, n. 4, p. 50-55.

GONZALEZ, C. (2021). A Relevância da Aceitação Alimentar na Infância. Jornal de Alimentação e Nutrição, 15(1), 45-52.

HAMARI, J.; KOIVISTO, J. (2022). Does Gamification Work? A Literature Review of Empirical Studies on Gamification. Psychology of Games, v. 34, n. 1, p. 89-113.

KIM, S. (2022). Artificial intelligence in food personalization: Future directions. Journal of Nutrition Technology, v. 18, n. 3, p. 112-125.

LANDERS, R.; ARMSTRONG, M. (2022). The Role of Gamification in Modern Education: An Analysis of Digital Game-based Learning. Educational Psychology Review, v. 30, n. 4, p. 59-73.

LEWIS, A. (2020). Childhood nutrition and technology: A growing relationship. Journal of Pediatric Health Care, v. 34, n. 5, p. 401-409.

PATEL, M. (2021). Sustainability and ethics in digital food marketing. Journal of Sustainable Food Systems, v. 12, n. 1, p. 77-90.

RIGBY, S.; RYAN, R. (2021). Glued to Games: How Gamification Shapes Our Lives. American Journal of Psychology, v. 141, n. 6, p. 567-582.

SOUSA, F. (2022). O Papel dos Pais na Aceitação Alimentar das Crianças. Revista de Psicologia da Nutrição, 18(3), 89-97.

WILLIAMS, T. (2018). Community support and food choices: The role of social media. Journal of Community Nutrition, v. 29, n. 4, p. 249-258.

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A ascensão dos podcasts: vantagens e desafios na era da informação sob demanda

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A ascensão dos podcasts: como o formato transforma nosso consumo de conteúdo e traz novos desafios na era digital.

Os podcasts ganharam espaço na vida das pessoas e se consolidaram como uma mídia de grande impacto e acessibilidade, especialmente no contexto digital contemporâneo. Graças ao formato em áudio e à possibilidade de serem escutados em praticamente qualquer lugar, os podcasts atendem a uma demanda crescente por conteúdos que conciliam praticidade e diversidade (Souza & Lima, 2022). A oferta variada de temas atrai ouvintes de diferentes interesses e idades, e a praticidade do formato possibilita que o consumo de informação ocorra em meio às atividades diárias. Contudo, o crescimento acelerado desse meio traz não apenas benefícios, mas também desafios complexos que vão desde o excesso de informações até o risco de desinformação e impactos cognitivos.

As vantagens do podcast: flexibilidade e diversidade temática

A principal vantagem do formato de podcast é a flexibilidade. Segundo Pereira e Costa (2022), o público pode ouvir conteúdos enquanto realiza outras atividades, como exercícios físicos ou tarefas domésticas. Essa conveniência faz com que o consumo de podcasts se adeque bem ao cotidiano multitarefa e digitalizado, onde o tempo é escasso e a preferência é por conteúdos acessíveis e rápidos. Além disso, o formato oferece uma vasta diversidade temática, abrangendo tópicos que vão desde saúde e bem-estar até ciência e cultura, atraindo públicos específicos e permitindo uma experiência de aprendizado acessível a todos (Johnson, 2023). Esse caráter diversificado e personalizado torna o podcast uma importante ferramenta para democratizar o acesso ao conhecimento, promovendo a educação continuada e informando sobre temas atuais e relevantes.

Outro aspecto positivo do formato é a experiência de escuta mais próxima e pessoal. Para o ouvinte, a voz do apresentador cria uma conexão que facilita o engajamento. Albuquerque et al. (2022) destacam que essa sensação de intimidade, muitas vezes, leva os ouvintes a criarem laços com o apresentador ou com o programa, o que promove um senso de pertencimento e de comunidade entre os ouvintes. Esse efeito é particularmente significativo na construção de audiências fiéis, que muitas vezes participam ativamente nas redes sociais e interagem diretamente com os criadores de conteúdo. Essa proximidade também beneficia os criadores, que conseguem obter um retorno direto do público e adaptar o conteúdo com base no feedback recebido.

                                                                                                                                       Fonte: www.freepik.com

Os desafios da ascensão dos podcasts

Apesar das inúmeras vantagens, a popularidade dos podcasts também apresenta desafios que devem ser cuidadosamente avaliados. O fácil acesso às ferramentas de produção e os baixos custos de entrada permitiram um crescimento exponencial na quantidade de conteúdos disponíveis. Isso, porém, gera uma grande dificuldade para o ouvinte comum, que muitas vezes não sabe como identificar quais fontes são confiáveis (Gomes & Almeida, 2023). A saturação de conteúdos e o risco de desinformação tornam-se, então, problemas complexos. Segundo Morris (2023), a ausência de regulamentação específica sobre o conteúdo de podcasts facilita a disseminação de informações não verificadas, prejudicando a credibilidade do formato e expondo os ouvintes a conteúdos enganosos.

A sobrecarga de informações é outro desafio. A multiplicidade de opções pode provocar um sentimento de ansiedade, um fenômeno conhecido como information overload, em que o excesso de conteúdo torna a escolha mais difícil e causa angústia (Silva & Oliveira, 2022). Isso é especialmente relevante em uma época em que o tempo livre é reduzido e a atenção fragmentada é uma realidade. Em um estudo recente, Gomes e Almeida (2023) apontam que a superexposição a informações, mesmo que por meio de podcasts, pode impactar negativamente a saúde mental e aumentar a dificuldade de concentração em outras atividades, como a leitura ou o trabalho.

Ainda no campo dos impactos cognitivos, Silva e Oliveira (2022) destacam que o consumo excessivo e contínuo de conteúdo em áudio pode prejudicar o tempo que as pessoas dedicam a outras formas de entretenimento ou aprendizado, como a leitura de livros ou a prática de atividades que requerem atenção plena. Essa exposição frequente pode levar a uma redução da capacidade de concentração e afetar o desenvolvimento de habilidades mais profundas de reflexão. Assim, embora os podcasts ofereçam uma experiência de aprendizado acessível, é importante estar atento para evitar que o consumo excessivo prejudique outras áreas da vida cognitiva.

A responsabilidade dos criadores e a consciência do público

Para que o formato de podcast continue sendo uma ferramenta confiável e educativa, é essencial que criadores e ouvintes adotem uma postura consciente. Por parte dos criadores, a verificação rigorosa de informações e o compromisso ético com a qualidade do conteúdo são fundamentais. Conforme Medeiros (2023) afirma, ao produzir conteúdo para um público amplo e heterogêneo, os criadores devem priorizar a ética, evitar sensacionalismos e valorizar a exatidão da informação. Essa responsabilidade é essencial para que o formato mantenha sua credibilidade e para que o público confie nos conteúdos que consome.

Já os ouvintes, por sua vez, precisam desenvolver uma postura crítica diante do que escutam. Escolher fontes confiáveis, buscar referências adicionais e verificar a origem das informações são práticas que podem ajudar a combater a desinformação. Além disso, a moderação no consumo de podcasts e a diversificação das fontes de aprendizado e entretenimento são essenciais para manter o equilíbrio (Pereira & Costa, 2022). Assim como em outras plataformas digitais, o consumo consciente de conteúdo em áudio é fundamental para que o ouvinte tire proveito das vantagens oferecidas pelo formato sem prejudicar seu bem-estar.

O futuro dos podcasts e o desafio da sustentabilidade

A ascensão dos podcasts reflete um desejo crescente por conteúdos flexíveis e acessíveis, mas a sustentabilidade desse formato depende de um equilíbrio entre a liberdade criativa e a responsabilidade informativa. O podcast tem o potencial de continuar sendo uma ferramenta poderosa na disseminação de conhecimento e cultura, mas esse potencial só poderá ser plenamente realizado se os produtores e o público contribuírem para criar um ecossistema de mídia mais ético e confiável (Souza & Lima, 2022).

Nesse contexto, Albuquerque et al. (2022) ressaltam que o futuro dos podcasts passa por uma valorização da qualidade sobre a quantidade, estimulando a criação de conteúdos mais aprofundados e informativos. A implementação de práticas de verificação de dados, a criação de parcerias com fontes confiáveis e o investimento em pesquisas para entender melhor o comportamento do público podem ajudar a garantir que os podcasts mantenham sua relevância sem comprometer a integridade das informações transmitidas.

Considerações finais

Embora a popularidade dos podcasts apresenta riscos, como a desinformação e a sobrecarga de conteúdos, com práticas adequadas de consumo e produção, é possível maximizar os benefícios desse formato. A responsabilidade ética dos criadores e a postura crítica dos ouvintes são essenciais para que os podcasts permaneçam como uma fonte confiável e rica de conhecimento e entretenimento. Aproveitar as vantagens do formato com moderação e comprometimento permite que o podcast continue sendo uma ferramenta relevante e positiva na sociedade digital.

 

Referências:

ALBUQUERQUE, M.; CARVALHO, A.; MOURA, L. A experiência do podcast no Brasil: conexões e potencialidades. Revista Brasileira de Estudos da Comunicação, v. 45, n. 2, p. 58-72, 2022.

GOMES, P.; ALMEIDA, R. A multiplicidade dos podcasts e a sobrecarga de informações: um estudo sobre hábitos de consumo. Estudos de Mídia e Tecnologia, v. 14, p. 110-124, 2023.

JOHNSON, L. The rise of podcast culture: exploring intimacy and engagement in digital audio. Journal of Digital Media Studies, v. 10, n. 1, p. 33-48, 2023.

MEDEIROS, F. A responsabilidade ética na criação de conteúdo para podcasts. Comunicação e Sociedade, v. 36, n. 1, p. 93-105, 2023.

MORRIS, D. Podcast misinformation and the risks of unchecked digital platforms. Digital Ethics Quarterly, v. 8, n. 3, p. 22-36, 2023.

PEREIRA, L.; COSTA, S. A versatilidade do podcast e o impacto no aprendizado contemporâneo. Revista Educação e Tecnologia, v. 12, n. 4, p. 145-159, 2022.

SILVA, M.; OLIVEIRA, J. Podcasts e atenção fragmentada: desafios na era da informação. Jornal Brasileiro de Psicologia e Tecnologia, v. 17, n. 3, p. 185-199, 2022.

SOUZA, T.; LIMA, R. Democratização do conhecimento: o papel dos podcasts na era digital. Cultura e Sociedade, v. 30, p. 203-217, 2022.

 

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