Projeto de Remição da Pena, a leitura como inclusão social

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O sistema carcerário é um dos principais problemas que vive o Brasil. O reeducando, que em certos casos, já vive com as deficiências da saúde pública e um crítico sistema educacional, ao entrar no cumprimento da pena, enfrenta problemas de questões humanitárias que prejudicam sua evolução durante o tempo da detenção, um tempo que deveria ser separado para reflexão, estudos e controle comportamental.

A Lei nº 7.210/84 de 1984, de execução penal determina uma humanização durante o cumprimento. Trinta anos depois, atualmente, ainda não houve uma efetivação de se trabalhar essa pena na questão humanitária. Problemas como o do sistema carcerário, é uma função dos governos, diante de tanta lentidão e falta de sensibilidade na execução dos projetos, em certos casos, o sistema privado, as instituições de ensino e também a sociedade em geral podem assumir a iniciativa contribuindo para um melhor desenvolvimento de um país.

A leitura como exercício da mente, essa é a estratégia utilizada pelo Conselho Comunitário e a Universidade Luterana do Brasil, Ceulp/Ulbra, na cidade de Palmas-TO. As duas instituições, assinaram convênio através de uma portaria expedida pelo juiz da vara criminal, para execução do Projeto de Remição da Pena pela Leitura – RPL. A intenção é envolver inicialmente os acadêmicos dos cursos de direito, psicologia e Serviço Social, no desenvolvimento intelectual dos reeducando através da leitura de obras literárias.

De acordo com o Presidente do Conselho Comunitário de Palmas, Geraldo Cabral, na pratica o direito possui acima de tudo uma função social, não é simplesmente uma lei seca. Segundo o Presidente, os acadêmicos poderão ver de perto a realidade carcerária, a superlotação e estrutura física, das unidades prisionais de Palmas. “É um trabalho pequeno, de formiguinha, construindo no dia a dia aos poucos, mas com isso vai certamente colaborar com a diminuição na questão da superlotação dos presídios”, acredita Geraldo Cabral, exaltando ainda a parceira com o Ceulp/Ulbra. “Esse projeto demonstra o interesse de função social de uma universidade comprometida com os problemas sociais, e com isso os alunos podem relacionar essa questão social com o curso de direito”, diz.

Cerca de 60 alunos já estão envolvidos com o projeto. Os acadêmicos adotam no máximo três reeducando, e o acompanham durante um mês através da leitura de um livro. Depois da leitura do livro, o reeducando, faz um trabalho de resumo escrito, o acadêmico responsável corrige o trabalho e repassa para o conselho comunitário que, atribui uma nota. No final desse processo, o reeducando recebe como beneficio uma remição da pena de quatro dias, por leitura concluída.

A estudante do 9° período de direito, Thais Clara Gomes Silva, 21 anos, adotou três reeducando, e trabalha com os as dinâmicas do projeto através dos livros: Inquietação, Superando a Ansiedade e Vida Conjugal. “Eu nunca tinha ido a um presidio, lá a gente ver de certa forma como excluídos são os detentos, é gratificante ver que estamos podendo ajudar de alguma forma e ver a ressocialização para eles também”, relata.

Segundo a coordenadora do projeto RPL e professora do curso de direito do Ceulp/Ulbra, Denise Cousin Souza Knewitz, a previsão é que Cerca de 400 detentos podem ser envolvidos inicialmente no projeto. “O sistema prisional não contribui o suficiente para a recuperação do detento, acredito que a leitura pode contribuir, eles podem melhorar através da leitura”, a coordenadora lembra ainda a importância da doação de livros pela sociedade. “Nesse projeto a instituição educacional representa a sociedade na contribuição para amenizar esse que é um dos grandes problemas do Brasil”, finaliza.

Uma das beneficiadas com o Projeto RPL, Janaina Lustosa Vieira, 38 anos, 2ºgrau completo, divorciada e mãe de dois filhos, entrou como reeducando há um ano e meio no Presídio Feminino de Palmas-TO. Ela conta que, não acredita no projeto que o governo prega de reeducação. “A situação aqui é tão ruim que as pessoas saem pior ainda, aqui é a escola do crime”, Janaina acredita que a leitura é o verdadeiro caminho para os reeducando. “As detentas , elas conversavam sobre drogas e crime, depois desse projeto da leitura, estão conversando sobre as historias dos livros”, diz.

Fabricações de tapetes e crochês são alguns dos projetos desenvolvidos nos presídios no Brasil. “A sociedade acha que o preso é ignorante e só sabe fazer tapete, eu vejo que os presídios precisam ter mais informação e cultura, devido a maioria semianalfabeta”, desabafa a reeducando Janaina Lustosa, revelando ainda a ultima obra literária que acaba de ler – livro 11 minutos, do autor Paulo Coelho. “Uma pena que é apenas um livro por mês, deveria ser mais. Aqui no presidio não tem atividade física, isso gera muito ociosidade, finaliza.

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IV Congresso Brasileiro de Saúde Mental pretende a integralização das diversidades culturais

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O evento discutirá vivências culturais e histórias de iniciativas e produções para o fomento e a integralização do campo da Saúde Mental


Nos dias 4 a 7 de setembro de 2014, a sociedade através de seus pesquisadores, estudantes e profissionais das áreas da saúde, poderão participar do 4º Congresso Brasileiro de Saúde Mental: Navegando pelos rios da Saúde Mental na Amazônia: Diversidades culturais, saberes e fazeres do Brasil. O Evento é organizado pela Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME) e será sediado na cidade de Manaus-AM.

De acordo com ABRASME, a realização do Congresso de Saúde Mental é uma iniciativa dos profissionais de saúde mental do Amazonas, que assumiram o desafio de realizá-lo na região norte do Brasil com a participação de atores da saúde mental tais como comunidade científica, trabalhadores, usuários, gestores, e movimentos sociais. O Congresso pretende agregar e contar histórias de iniciativas e produções para o fomento e a integralização do campo da Saúde Mental.

A programação, contará também com palestrantes de níveis internacionais, que colocarão em pauta assuntos de vivências interculturais, promovendo debates, para futuras ações concretas, com a intenção de potencializar os estudos e estratégias em saúde mental e a valorização das formas tradicionais de atenção à saúde presentes na diversidade cultural

O (En)Cena, antecipando os debates do congresso, entrevistou ainda no primeiro semestre de 2014, o psicólogo, Marcelo Pimentel Abdala Costa, 37, que trabalha com o Programa de Atenção em Saúde Mental no Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Negro (AM). Na ocasião, o psicólogo destacou a oportunidade de participar da organização e comissão do congresso e enfatizou a problemática da Saúde Mental em Contexto Indígena. “Como profissional do campo da saúde mental e da saúde indígena, espero que este Congresso possa oferecer amplo debate sobre temas como atenção à pessoa indígena e, sobretudo, problematizar categorias médico psiquiátricas, considerando os modelos de origem da humanidade, visão de mundo, processo saúde/doença e formas tradicionais de atenção à saúde presentes em diferentes culturas”, diz.

A Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME), tem por finalidades atuar como mecanismo de apoio ao trabalho e aos profissionais da área de saúde mental e no desenvolvimento da formação, do ensino e da pesquisa em saúde mental, bem como à articulação entre os centros de treinamento, ensino e pesquisa e os serviços de saúde mental, para o fortalecimento das entidades e membros, e intensificando a ampliação do diálogo com as comunidades técnica e científicas e a partir destas, com os serviços de saúde, organizações governamentais e não governamentais e com a sociedade civil.

Histórico

O Congresso Brasileiro de Saúde Mental aconteceu nos anos de 2008 em Florianópolis-SC, 2010 no Rio de Janeiro-RJ e 2012 em Fortaleza-CE

Serviço

Inscrições

Através do portal: http://www.congresso2014.abrasme.org.br

Sócios da Abrasme   R$ 200,00

Estudantes Sócios da Abrasme R$ 100,00

Não-Sócios R$ 250,00

Estudantes Não-Sócios R$ 125,00

Leia a entrevista com o psicólogo Marcelo Abdala: http://ulbra-to.br/encena/2014/04/02/Saude-Mental-em-contexto-indigena-Convivendo-com-as-diferencas-culturais

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Programa PET-Saúde: desafios e caminhos para a integração das políticas públicas

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O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PETs, foi desenvolvido pelo Governo Federal, com o objetivo de melhoria dos serviços oferecidos pelas instituições de saúde, através da capacitação e estimulando a produção do conhecimento nos acadêmicos. O programa é direcionado aos cursos da área da saúde: Medicina, Enfermagem, Nutrição, Farmácia, Serviço Social, Fisioterapia, Biomedicina e Psicologia.

O PET-Saúde, busca aproximar os futuros profissionais com a realidade das comunidades atendidas pelas políticas públicas de saúde, através de pesquisas, articulações das práticas e dos serviços, no sentido de integração das atividades. Os acadêmicos bolsistas, auxiliados pelos tutores das universidades e os preceptores, profissionais que atuam nas instituições de saúde, acompanham os atendimentos nas redes públicas e fazem um mapeamento dos serviços e das famílias atendidas, identificando suas necessidades, para as ações de intervenção e solução nos projetos.

O programa oferece como incentivo, uma bolsa no valor de R$ 400,00 para os selecionados. Ismarina Ferreira Fernandes, 23 anos, é estudante do 4°período no curso de psicologia do CEULP/ULBRA. Ela conta que, participou do processo seletivo do PETS-Saúde, com interesse no benefício da bolsa. “Hoje, é a única renda que eu tenho, essa bolsa do PETs, ajuda a custear, transporte, xerox, livros…”, diz.

Ismarina Ferreira Fernandes, acadêmica bolsista do projeto em Saúde Mental – Foto: Walquerley Ribeiro

Depois de ser aprovada na seleção e participar da etapa de conhecimento, a acadêmica Ismarina, viu como funcionam na realidade as instituições de saúde. “É como um conto de fadas – fiquei chocada, leio as leis, vejo as teorias, mas, quando vou acompanhar, a realidade é totalmente diferente”, explica à acadêmica, revelando ainda que, não desanimou diante das situações inversas. “Esse programa veio, além do benefício, aproximar os estudantes da realidade, a faculdade não é abrangente, apenas duas ou três matérias trabalham com as políticas da Rede SUS”, enfatiza.

Pollyana Mota Prates, Precptora do projeto em Saúde Mental –  Foto: Walquerley Ribeiro

Segundo a preceptora do Pets-Saúde, Pollyana Mota Prates, psicóloga do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), de Palmas-TO, o público alvo da instituição, são as pessoas com os direitos violados. A psicóloga acredita que, grande parte dos casos de violação dos direitos humanos, pode oportunizar algum tipo de abertura e desencadear algum tipo de fragilidade em relação a problemas com a saúde mental. “Casos de abuso sexual e consumo de drogas, podem ser relacionados como negligência dos pais. Um público muito parecido entre as duas políticas, o SUS e o SUAs, e o PETS-Saúde, através de seus projetos, vem para integrar essa realidade”, ressalta.

Reunião do grupo do Projeto de Saúde Mental – Foto: Walquerley Ribeiro

Projeto: Saúde Mental – Rede

Um dos projetos selecionados pelo Ministério da Saúde tem o objetivo de, articular o Sistema Único de Saúde-SUS e o Sistema Único de Assistência Social-SUAS, integrando os equipamentos desses serviços oferecidos por essas duas instituições em contexto com as redes de atenção em saúde mental. O projeto foi desenvolvido pelas parcerias entre a Universidade Luterana do Brasil – CEULP/ULBRA, Universidade Federal do Tocantins – UFT e Secretaria de Saúde da cidade de Palmas-TO.

De acordo um dos tutores do projeto, o professor de psicologia do CEULP/ULBRA, Jonatha Rospide, a ideia é fazer um mapeamento de todas as potencialidades e fraquezas desses atendimentos e que melhorariam com a integração dos serviços entre o SUS e o SUAs. “Percebemos que existem varias famílias atendidas pelos equipamentos da saúde mental do SUS e ao mesmo tempo por equipamentos do SUAs. Diante disso, podemos trabalhar juntos com esses instrumentos para chegarmos na integralidade, que é um dos princípios do SUS”, diz

Jonatha Rospide, tutor do projeto em Saúde Mental – Foto: Walquerley Ribeiro

O psicólogo, Jonatha Rospide, destaca ainda, a importância do projeto no âmbito acadêmico. “São diversos os benefícios recebidos por esses estudantes bolsistas, a produção de conhecimento, uma melhor formação alinhada com as condições, práticas e realidade dos serviços. Certamente vão poder contribuir melhor com as políticas públicas de acordo com as necessidades da população”, finaliza.

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Projeto “Prontos Para Voar” – O despertar na adolescência

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Despertar na juventude o protagonismo, respeitando suas individualidades, escolhas e vivências, além de sua educação em contexto familiar, é a missão do Projeto: “Prontos para Voar”. O projeto foi idealizado pela odontóloga Yette Soares, que trabalha com a comunidade da Unidade de Saúde da Família na quadra 307 Norte, em Palmas-TO. A iniciativa social tem em sua filosofia uma metáfora que compara o voo da águia e da galinha como condição humana de vida.

Herica Ramos, Anny Karolainy, Yette Soares (idealizadora do projeto), Fernanda e Wilson
Foto – Walquerley Ribeiro

 

O “Prontos para Voar”, trabalha a fase prematura da adolescência, com a tentativa de desenvolver o protagonismo juvenil através de palestras, cultura e esportes. Segundo a odontóloga Yette Soares, o projeto foi criado em 2009, em parceria com a equipe de saúde da família e hoje conta com cerca de 50 participantes entre 10 a 19 anos. “Esses jovens participam ativamente de temas sobre saúde, meio ambiente e até mesmo a parte espiritual que, trabalhamos com eles sobre o amor de Deus”, explica a odontóloga relatando ainda sobre os conselhos, dicas de vida e trocas de ideias que acontecem em interação com o grupo. “Procuramos trabalhar nos jovens e adolescentes, suas ansiedades, necessidades, expectativas, dúvidas e incertezas”, diz.

O projeto tem encontros aos sábados e durante todo o ano é dividido em três eventos: “Prontos para amar”, um jantar entre os pais e filhos; Gincana “Meio Ambiente e você”; e o Festival de Artes – Decolartes, que trabalha as temáticas que foram ditadas o ano inteiro em forma de teatro e música. “Percebo que esses adolescentes se transformam em protagonistas de fato, criam um desejo de trabalhar pelo social, pelo próximo, começam entender seu papel como cidadão diante das dinâmicas que eles aprendem no projeto. Já recebi meninos e meninas que me procuram para pedir conselhos sobre namoro, crise com os pais…” relata Yette Soares.

A estudante Anny Karolainy Alves Holanda, 17 anos, foi uma das primeiras participantes do projeto. Ela conta que tem percebido uma mudança de pensamento em sua vida. “Esse projeto entrou na minha vida e me mostrou o caminho para fazer as escolhas certas”, confessa Anny Karolainy, testemunhando ainda o auxilio que os pais recebem na educação para com os filhos.  “As vezes os pais não tem aquele pulso firme de conversar com os filhos e prepará-los para o mundo, o projeto auxilia os pais a mudar a visão dos filhos, ou seja, escolher os caminhos certos e mostrar os prejuízos futuros com os problemas complexos como: sexo com responsabilidade para não pegar doenças , gravidez na adolescência, uso de drogas, álcool e cigarro”, finaliza.

Anny Karolainy, adolescente do projeto Prontos para Voar
Foto – Walquerley Ribeiro

Com a finalidade de arrecadar recursos financeiros, foi feito um bazar solidário, ocorrido no ultimo dia 31 de maio, na USF 307 Norte. O bazar foi uma estratégia em parceria com a comunidade e que tem como finalidade a realização de um baile debutantes para as meninas do grupo. De acordo com Yette Soares, a intenção é alegrar e elevar a alta estima das adolescentes. “O baile é um evento promocional, através dessa dinâmica, estamos buscando tratar nossos adolescentes com um pensamento resolutivo e preventivo, diz.

Prontos para Voar, Bazar Solidário na USF da quadra 307 em Palmas – TO
Foto – Walquerley Ribeiro

Filosofia

A filosofia do projeto, “Prontos para Voar”, é associada ao voo da águia e da galinha. A águia sempre voa alto, já o voo da galinha, é limitado e conformado. Eles se chamam voadores, quero que eles voem alto para o sucesso, vão voar como águias e como águias vão bem longe”, explica Yette Soares.

A águia e a galinha é uma metáfora da condição humana citada no livro de Leonardo Boff, “O despertar da águia”. De acordo com o escritor, se uma galinha for criada como uma águia, ela levantará voo e alcançará lugares distantes, mas se uma águia for criada como uma galinha, ela viverá como galinha, sem longos voos e com uma vida limitada.

Yette Soares promovendo Bazar Solidário na USF da quadra 307 em Palmas – TO
Foto – Walquerley Ribeiro

Boff trata a dimensão galinha, como o sistema social imperante, a nossa vida cotidiana, os hábitos estabelecidos e o horizonte de nossas preocupações. São também as limitações e formações histórico-sociais que, transformam descaminhos, falta de perspectivas e desesperança para as pessoas e para a coletividade.

Por outro lado, a dimensão águia são os sonhos, os projetos, os ideais que, mesmo frustrados, nunca morrem e sempre ressuscitam. Essa ideia representa a águia no ser humano, que ergue continuamente para o alto, para descobrir novos caminhos e novas direções.

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Na Semana Nacional de Humanização do SUS, roda de conversa atraiu acadêmicos do CEULP/ULBRA e profissionais da área da saúde

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Profissionais da saúde e militâncias estimulam a mobilização critica da sociedade para o fortalecimento da Saúde Pública no Brasil


Durante a programação da Semana Nacional de Humanização do SUS, 07 a 11 de abril, a Universidade Luterana do Brasil, Campus da cidade de Palmas-TO (CEULP/ULBRA), através do Coletivo (En)Cena, promoveu na manhã desta segunda, 07, diálogo com profissionais da área de humanização da saúde e acadêmicos dos cursos de psicologia e outros ligados a área da saúde. A roda de conversa debateu o tema – Comunicação e Humanização em Saúde: O papel das mídias digitais como dispositivos de humanização do SUS.

Os acadêmicos participaram ativamente da roda de conversa indagando e provocando os relatos de militâncias indígenas, gestores públicos e trabalhadores do SUS no Tocantins. Os palestrantes criticaram os modos como o SUS é retratado pelos grandes veículos de comunicação, que não promovem o conhecimento e a autonomia da população, e compartilharam suas experiências práticas no dia a dia do trabalho.  Na visão de alguns profissionais, a luta por uma saúde humanizada depende de boas parcerias e principalmente da conscientização – de que a saúde é direito de todos – por parte da sociedade.

Foto: Michel Rodrigues

Mesmo com as dificuldades de acesso de internet na Região Norte do Brasil, os palestrantes insistiram com a participação da sociedade através até mesmo das mídias sociais. As novas mídias de comunicação, podem compor, com as demais estratégias de participação e aproximação dos gestores, trabalhadores e usuários das políticas de saúde pública, atraindo parcerias cidadãs para a melhoria dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a palestrante, Marússia Medrado, psicóloga da Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins, as novas tecnologias de comunicação, modificaram o pensamento das pessoas, e no decorrer desse sistema outras mídias serão pensadas. “É preciso buscar parcerias, principalmente da sociedade com sua participação social, com o direito a voz, sendo eles os responsáveis pelo avanço e de fazerem acontecer na prática com as políticas públicas de saúde”, explicando ainda que, a sociedade faz uso das novas mídias sociais apenas como críticos.

Foto: Michel Rodrigues

“Temos muitos críticos e poucos autores protagonistas, faltam pessoas para formarem os conselhos locais de saúde, poucos querem se envolver, a população não ocupa seu espaço de direito na rede de saúde, a cultura de ativismo político no Brasil ainda é muito discriminada, essa consciência precisa ser desenvolvida na sociedade”.

O assunto saúde em contexto indígena, foi um dos principais focos durante a roda de conversa. A palestrante, representando uma comunidade indígena Karajá,  Narubia Werreria, criticou as produções jornalísticas da grande mídia, por não relatar a realidade que vive os povos indígenas na atualidade e de negar o direito de “fala” da população indígena.

Foto: Michel Rodrigues

“Nós, jovens indígenas, usamos de mídias sociais – facebook e twitter, para alertar a sociedade e dizer que, no passado nos matavam com armas, hoje morremos pela invisibilidade. Também existimos, e precisamos dos mesmos serviços de saúde que os não indígenas precisam”, desabafa e compara a situação de revolta dos povos indígenas com as grandes manifestações ocorridas no Brasil em junho do ano de 2013. “Essas manifestações, vieram da vontade dessas pessoas de usarem as mídias sociais e transformarem a humanização. A grande mídia, distorceu a verdadeira realidade daquelas manifestações, assim acontece com os povos indígenas, ainda discriminados pelos grandes grupos da imprensa no Brasil.” Desabafa.

O Tocantins conta com sete (07) comunidades indígenas  em seu território. De acordo com a palestrante, Jaqueline Calafate, psicóloga da Secretária Especial de Saúde Indígena, Distrito Sanitário Especial Indígena Tocantins, o conceito de saúde mental em contexto indígena, ainda passa por fase embrionária de definição e de estratégias de atendimento. “Cada uma dessas aldeias requer um cuidado especial, não podemos generalizar, são demandas especificas”, explica citando como exemplo a questão do surto de suicídios na ilha do bananal. “O modo operante de usar o suicídio para resolver esses conflitos, não são muito diferente dos não indígenas, talvez eles não tenham outras perspectivas que nós temos. Vamos ao psicólogo, aos shoppings, casamos e (des)casamos, frequentamos bons restaurantes e boa alimentação, viajamos, mudamos de emprego, de cidade… Tudo isso, é limitado para os indígenas”. Explica.

Foto: Michel Rodrigues

Segundo Jaqueline Calafate, casos básicos de saúde pública ainda afetam a população indígena. “Vacinação e prevenção, mortalidade por uma simples diarréia, esses casos são realidade e com altos índices de mortalidade infantil, podendo até ser comparados a países africanos”, a psicóloga lamenta ainda a falta de conhecimento de alguns profissionais de instituições ligadas a saúde e que negam do dever de cuidar do indígena. “Em um certo posto de saúde, aconteceu casos em que fomos notificados para não mais encaminhamento de indígenas devido a lotação da unidade, como se o índio não fosse munícipe, sendo apenas na hora de votar”. Relata.

Foto: Michel Rodrigues

O coordenador do curso de psicologia do CEULP/ULBRA, César Gustavo, usou de simples exemplos cotidianos, com a tentativa de abrangência e importância do SUS. “Usar shampoo, pasta de dente, ir ao restaurante, tudo isso faz parte da grande rede do SUS. Esse sistema encontra-se no nosso cotidiano de vida, somos um dos únicos países que temos uma saúde pública, os governos não podem ser os principais atores do SUS, são apenas um elemento desse sistema.” Finaliza.

O Evento contou ainda com a participação do professor e coordenador do Curso de Odontologia do CEULP/ULBRA, Ralf Simch; e das representantes da Política nacional de Humanização da Secretaria de Estado da Saúde, Selma Ramos, Suely Gonçalves e Laís Reis.

Foto: Michel Rodrigues

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Homem vive amarrado há mais de 10 anos em Assunção no Piauí

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Problemas com a saúde mental e seus transtornos não escolhem idade, sexo, meio social ou cultural, lugar ou tempo para se manifestar. Esses transtornos atingem principalmente as famílias, porque sofrem com a falta de informação e de tratamento adequado.

Foto: Acervo jornal O Dia

O jornal O Dia, do Piauí, contou a história de Valdecir Batista, hoje com 36 anos.  O homem vive há mais de 18 anos com problema mental no município de Assunção do Piauí, a 300 km de Teresina.  Devido à agressividade, ele permanece amarrado em um quarto construído nos fundos do lote. Os pais não conseguirem mais segurá-lo.

Segundo o portal de notícias piauiense, os pais de Valdecir, dona Otacilia e seu Batista, ambos com mais de 65 anos não tinham mais condições físicas e forças para lutar contra o filho, que sempre quando apresenta transtornos ameaça agredí-los.

Foto: Acervo jornal  O Dia

O Portal (En)Cena, convidou a psicóloga clínica e professora da Universidade Federal do Tocantins(UFT), Kathia Nemetz, para comentar o caso de cárcere privado no interior do Piauí. Segundo Nemetz, a família apresentada pela reportagem, enfrenta a problemática do transtorno mental do filho Valdecir, e ao seu modo buscou uma saída para a situação.  “Com uma solução paliativa, construíram um cômodo com celas de contenção e isolamento como forma de ‘proteção’, ver essa situação nos provoca horror, mas não podemos ficar imunes, a indignação é total com o descaso do poder público diante das necessidades básicas e condições de vida de milhares de brasileiros”, disse.

De acordo com Kathia Nemetz, casos como o da família de Valdecir, também acontecem no Tocantins. A psicóloga afirma já ter acompanhado um quadro psicológico de uma família na capital, e alerta para a internação manicomial que, nem sempre é uma forma menos opressora. “Pelo fim dos apelos ingênuos para internações como se fosse um cuidado, pois, o maior cárcere é o manicômio mental que insiste em evitar a loucura e as necessidades de tratamento e cuidado familiar, enfrentar a problemática do transtorno mental é um desafio para as famílias que, passam a sofrer junto com o paciente”, orienta.

 A psicóloga aponta dentre tantos problemas, a fragilidade dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), e a forma como essa instituição vêm tratando os familiares e usuários dos serviços. “Falta de investimentos e de equipamentos diversificados, de pessoal capacitado e bem remunerado, muitos usuários nem chegam a esses dispositivos institucionais, especialmente os moradores de áreas isoladas”, citando ainda as deficiências nos cuidados na atenção à saúde, assistência social ou educação, que são as obrigações do Estado, mas que são marcadas pela desigualdade e violação dos direitos humanos. “É preconizado pelas estratégias de saúde da família, em seus NASF, nos CAPS, nas enfermarias psiquiátricas dos hospitais gerais, variadas formas de intervir e de cuidar sem internações compulsórias em instituições manicomiais, mas, nem sempre as coisas são como preconiza”, desabafa.

Vítimas do descaso de autoridades locais e regionais, casos como o da reportagem piauiense, mostram a negligência e a violação na atenção aos direitos humanos, de manter e capacitar com informações, sensibilidade e humanismo, as equipes de cuidados e atenção à saúde da população.

De acordo com o Centro de Direitos Humanos de Palmas, nenhum caso chegou a ser registrado na capital. Segundo Silvia Patricia Costa, articuladora no CDHP, a sociedade aplica a solução mais fácil para casos de eminente perigo, manter a pessoa “perigosa”, encarcerada. “O certo seria tratar o problema com alternativas que humanize o ser humano, as instituições de cárcere no país são um exemplo bem claro de deficiência governamental, pois estão abarrotadas em todo o Brasil”, explica.

A articuladora do CDHP critica também o  fato da família ainda não ter recebido nenhum auxilio das instituições competentes, inclusive da previdência social. “As necessidades dessa família, precisam ser atendidas com urgência, bem como da própria vitima do cárcere privado, que sofre com distúrbios depressivos e que é agravado com o cerceamento da liberdade, pois, o tratamento só ficou em promessas”, defende.

Fatos como esses apontam os direitos violados, reconhecendo as condições socioeconômicas da família para tratar um problema psicológico de tamanha gravidade, tendo como saída o cárcere. O judiciário deve ser acionado para que o poder público cumpra com os direitos e garantias fundamentais, elencados na Constituição Federal no seu artigo cinco, que concede o direito não só a vida, mas a liberdade e viver com dignidade.

Segundo o portal de notícias, o pai de Valdecir, Batista Leira, tinha a esperança de internação e tratamento em um local apropriado, chegou até a procurar o INSS para aposentar o filho, mas, lamenta ter ficado somente nas promessas por parte das autoridades que nada fizeram.

Foto: Acervo jornal O Dia

Seu Batista, finaliza a reportagem do Portal O Dia, com um apelo aos governantes. “Eu vivo cansado e doente, não tenho mais condições de lutar com meu filho. Nos últimos dias ele está com uma forte depressão e só fala que vai morrer”.

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Vigorexia – Uma nova obsessão, um novo transtorno!

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Foto: Wlaquerley Ribeiro

Praticar exercícios físicos em todas as suas modalidades pode ser o caminho certo para uma melhor qualidade de vida. Mas, quando o excesso desses exercícios se tornam uma obsessão?  Nesses casos, entra a questão: esporte é saúde? Certamente temos uma opinião formada e uma reposta automática e positiva quanto a prática dos exercícios físicos.

Quando esse novo estilo de vida, disfarçado de antissedentarismo, ultrapassa os limites permitidos pelo corpo humano, pode gerar transtornos psicológicos chegando até mesmo à depressão. Nesse caso, o paciente já a ponto do complexo de inferioridade, pode ser diagnosticado com o Transtorno da Vigorexia

Também conhecida como Síndrome de Adônis, a vigorexia, ainda pouco conhecida pela ciência psicológica, é caracterizada por uma necessidade de estar sempre treinando, se fortalecendo, buscando mais ainda massa muscular. Mesmo já apresentando uma musculatura compatível com o corpo, o vigorexo que pode ser considerado um fanático por beleza atlética, chega a entrar em um estado psicológico anormal, criando necessidades vaidosas sem limites.

O estudante M.L.B, 23, conta que, logo depois que decidiu frequentar uma academia, teve um grande aumento de massa muscular. Mesmo assim, o estudante não conseguia visualizar e imaginava que nada tinha acontecido de mutação em seu corpo. “O pessoal falava que eu estava bacana, mas eu me via muito magro ainda, só percebia em algumas fotos que tinha mudado um pouco, na minha cabeça eu me sentia com o peso normal”, afirma, comentando ainda que a partir daí os familiares e amigos mesmo sem ter conhecimento da vigorexia o aconselharam a procurar um tratamento psicológico. “Eu procurei auxilio só pra provar que todos estavam errados e que eu não sofria de nenhum transtorno, quando comecei o tratamento percebi que realmente eu estava com uma certa obsessão por massa muscular”, conta.

A psicóloga Samira Brito Nogueira, relaciona a vigorexia similar com a anorexia – mulheres que são magras e sentem o desejo de emagrecer ainda mais –  também com a  bulimia e os transtornos alimentares, que são dismorfismos corporais e psicológicos. “Além do gasto exagerado de tempo na malhação, com outros sintomas é possível identificar um vigorexo através da preocupação desnecessária com alimentação, muito tempo se olhando no espelho, avaliando músculos e se sentindo pequeno, fraco e frágil, com um certo complexo de inferioridade”, diz.

De acordo com a psicóloga, o tratamento é multidisciplinar, podendo envolver um psicoterapeuta, nutricionista ou até mesmo um educador físico. “Com a psicoterapia ele pode estar procurando a área cognitiva comportamental que trabalha especificamente com pensamentos e comportamentos que o paciente apresenta para melhorar a obsessão”, explica a psicóloga lembrando ainda que, em alguns casos da vigorexia, indica-se também um profissional médico. “O médico estará indicando para esse paciente um medicamento do tipo um inibidor de seretonina, pois o paciente precisa trabalhar essa espécie de ansiedade, sendo que em alguns casos chega até mesmo a depressão”.

Thays Alves, professora de Educação Física de uma academia na cidade de Palmas-TO, afirma ser muito comum encontrar nas academias, homens com corpos grandes e definidos e mesmo assim sempre em busca do aumento obsessivo por massa muscular. “Muitas vezes para atingir esse objetivo eles esquecem da qualidade nos treinos e priorizam a quantidade, tanto de exercícios, quanto de peso”. A professora  explica ainda que, “os exercícios com cargas excessivas podem causar lesões, devido as sobrecargas nas articulações e coluna”.

Outro fator comum nas academias é o uso dos esteróides anabolizantes. De acordo com estudos dos profissionais da educação física, essas substâncias são proteínas que servem para aumentar o desempenho das atividades. “São vasos dilatadores que, usados de formas inadequadas, podem acarretar sérios riscos cardíacos, como arritmia e até infarto”, explica a profissional de Educação Física, Thays Alves.

“Sendo assim, a vigorexia é uma forma de provar que esporte nem sempre é saúde”, conclui a psicóloga Samira Brito Nogueira, acrescentando ainda que, em função desses esteróides anabolizantes, a pessoa pode ter disfunção sexual. “Podendo apresentar até dificuldade na ejaculação e indisposição para qualquer coisa que não seja a musculação”.

M.l.B, revela que, depois do tratamento que durou cerca de seis meses, consegue identificar possível obsessão da vigorexia em colegas de academia. “Eu não posso afirmar ou dar um diagnóstico que é vigorexia, mas hoje, depois do tratamento, percebo que alguns colegas sofrem desse transtorno e não aceitam o diagnóstico”, finaliza.

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Adolescentes em conflitos com a lei: a convivência prematura com as drogas

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“Sinto falta de andar de bicicleta, conversar com meus primos e estou decidido quando sair daqui, estudar e mudar de vida”. São palavras de M.R.A, 14, há quase um ano detido no Centro de Atendimento Socioeducativo de Palmas (Case). O menor em conflito com a lei, lamenta ter passado seu aniversário de 14 anos em um lugar fora da família e isolado do mundo.

Foto: Walquerley Ribeiro

Os pais de M.R.A,  se separaram assim que o menino nasceu, sendo criado pela mãe solteira. Quando completou 11 anos, o garoto seguiu destino e realizou o desejo de ir morar com o pai. Segundo a tia, J.B.A, o ambiente em que o pai de M.R.A vivia, tinha em certas ocasiões convívio com drogas e muitas bebidas. Aos 13 anos, M.R.A começou a sair à noite e ficar fora de casa até por três dias.

A tia conta que o menino passou a se envolver com drogas, apresentando um comportamento totalmente diferente de um adolescente normal. Em certa ocasião, M.R.A  foi flagrado pelo pai usando drogas. Isso fez com que ele decidisse arrumar as malas do adolescente de apenas 12 anos despejando o menino e enviando  a ir “morar na rua”. “A partir dai, meu sobrinho começou na companhia de amizades duvidosas, morando em praças e sem residência fixa”, diz a tia, lembrando ainda que, um parente materno ofereceu apoio e o acolheu na própria residência.  “Mas era tarde demais! O menino já estava bastante influenciado pelo uso de drogas e infrações da lei”. A tia conta ainda que, o garoto aos 13 anos, saiu por conta própria da casa do familiar e foi morar com amigos, identificados pela família como traficantes. Seis meses depois M.R.A, foi detido por tráfico de drogas.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Defesa Social do Tocantins (Seds), existe hoje em torno de 150 adolescentes cumprindo medidas socioeducativas em todo o Estado. A história do adolescente M.R.A, é apenas um exemplo de milhares de casos de adolescentes que passam a cometer infrações, causando um dos mais preocupantes e alarmantes problemas sociais de politicas publicas que a sociedade brasileira enfrenta na atualidade. Diante da opinião pública, a sociedade culpa o Estado pela ineficiência no combate e prevenção, já por parte do governo a culpa é creditada a uma péssima base familiar recebida por esses adolescentes.

A responsabilidade social, fica dividida entre as três esferas, a de prevenção que é do município, a segunda etapa é o tratamento em parceria compartilhada com o Estado, e a repreensão que é uma obrigação do Estado junto com o Governo federal.

No caso de medidas de repreensão fechada de internação, quando o adolescente comete um ato infracional grave, ele aguarda a sentença judicial na medida provisória podendo ficar até 45 dias. Ele pode ser liberado ou sentenciado a cumprir medida de Internação, podendo ficar até três anos ou cumprir a semiliberdade para ser acompanhado e avaliado, de acordo com a lei do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

De acordo com o Coordenador das Políticas Anti-Drogas da Prefeitura de Palmas (TO), Ricardo Ribeirinha, o município tem atuado com a sua missão de prevenção ao combate de drogas para menores infratores, com palestras nas escolas da rede municipal. Através do esporte, o depoimento do atleta palmense Hudson Lee, campeão mundial de Jiu Jitsu, tem ministrado palestras motivacionais com o título, “A arte de Sonhar”. O atleta faz um retrospecto da sua trajetória de vida, relatando sobre as dificuldades enfrentadas, a superação, e as oportunidades que a espiritualidade e a prática do esporte lhe proporcionaram. “O Hudson Lee, é um campeão da nossa região, e com toda sua bagagem de um jovem vencedor que venha influenciar e mostrar a esses menores que a verdadeira luta não é com as mãos e sim com a inteligência”, explica Ribeirinha, recordando da sua própria experiência de vida, como ex-recuperando da Fazenda da Esperança nos tempos em que já “sentiu na pele” e conheceu o mundo de um menor infrator, “mudar a nossa vida é muito fácil, mas mudar a vida das outras pessoas é muito difícil, pois depende da boa vontade e disposição do recuperando”, diz.

Ainda de acordo com Ribeirinha, a Prefeitura de Palmas, investiu na reestruturação dos conselhos tutelares, que é o órgão que dá garantia aos adolescentes, com a chegada de novos carros, liberando autonomia para deslocamentos dentro da cidade de Palmas, além de uma integração com as redes das políticas públicas, onde serão desenvolvidos projetos do tipo: A Casa Abrigo, CREAS POP e o consultório de Rua em parceria com o Governo do Estado e federal.  “A preocupação da nova política do governo de Palmas não é com o adolescente preso, e sim, que o jovem não seja preso, o nosso trabalho é silencioso, tímido, pois os jovens que adotam e se interessam a mudar de vida pela prevenção, não podem ser identificados, pois, não saem por ai cometendo infração ou com uso de drogas”, finaliza.

J.B.A, tia do adolescente M.R.A, critica as ações de políticas públicas dos governos em todas suas esferas e lembra que na época que identificou o sobrinho como usuário de drogas, procurou ajuda clínica e não teve facilidades e apoio para uma possível prevenção. “Para internação, o garoto tinha que assinar com o próprio punho aceitando o tratamento clínico, uma criança de 13 anos, às vezes, não compreende e não tem a atitude de fazer uma carta a punho solicitando tratamento e aceitando que tem problema de saúde, ele sempre imagina que a vida tá indo bem e que no futuro isso não trará consequências alarmantes”, a tia lembra ainda que o menino não aceitava ajuda, pois não considerava que maconha fosse droga e não acreditava que a maconha poderia levá-lo a uma detenção. “Foi a maconha que levou ele pra rua e fez ele cometer infrações”, desabafa J.B.A.

Projeto: “Um Novo Caminhar: prevenção e tratamento ao uso de drogas”

O Projeto: “Um Novo Caminhar: prevenção e tratamento ao uso de drogas”, desenvolvido pelo governo do Tocantins, pretende promover ações de prevenção, tratamento e reinserção social desses adolescentes dentro do Centro de Atendimento Socioeducativo de Palmas (Case) e no Centro de Internação Provisória (Ceip).

Através da Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds), o projeto será realizado nas Unidades Socioeducativas do Tocantins e conta com o apoio da Universidade Luterana do Brasil (Ceulp/Ulbra), Fazenda da Esperança e diversos parceiros que promoverão ações integradas com a finalidade de gerar o retorno social dos adolescentes a suas famílias.

Segundo a diretora do Departamento de Ações sobre Drogas, Magda Valadares, o projeto tende a promover ações integradas com o objetivo de trabalhar a prevenção e o tratamento de dependências químicas, como também ações profissionalizantes e de lazer. “Não gosto da palavra combate ao uso de drogas, porque nos faz pensar que estamos em guerra contra as drogas e não é isto, precisamos trabalhar e nos unir para proporcionar um novo estilo de vida para as pessoas, seja os adolescentes, jovens ou adultos que estão sofrendo as conseqüências da dependência química e também trabalhar a prevenção”, finaliza.

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A História da Medicina no Tocantins

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“Salve Doutor! A Medicina do(no) Tocantins em livro reportagem”, é o resultado da pesquisa feita pela jornalista Jocyelma Santana de novembro do ano passado a outubro deste ano. O livro será lançado nesta quinta-feira, 7 de novembro, no auditório da OAB/TO.  O Portal (En)Cena, entrevistou a jornalista que conseguiu resgatar a história de disposição e solidariedade dos profissionais da classe médica, pioneiros que vieram para o antigo norte goiano, hoje Estado do Tocantins, implantar os serviços básicos de saúde em uma região considerada abandonada, assim como conta a história regional.

O livro será lançado durante o XVIII Congresso Brasileiro de História da Medicina, juntamente com o I Congresso Tocantinense, que acontece de 6 a 9 de novembro, no auditório da OAB, na cidade de Palmas-TO, e contará com palestra da jornalista, contando um pouco dos bastidores durante a busca pelas informações para produção da obra.

Foto: Arquivo Pessoal

A jornalista é também graduada em Direito pela Universidade Católica de Goiás e Mestre em Educação Brasileira. É professora do curso de Jornalismo no CEULP/ULBRA. Atuou como repórter da TV Anhanguera/Rede Globo e atualmente é editora e apresentadora do Jornal Anhanguera 2ª Edição.

(En)Cena – Como nasceu a ideia de contar em um livro a história da medicina no Tocantins?

Jocyelma Santana – Em novembro do ano passado fui procurada pelo proprietário do Instituto Presidente Antonio Carlos – ITPAC, que tem duas unidades no Tocantins – uma em Araguaína e outra em Porto Nacional: o médico Nicolau Esteves. Ele planejava trazer para Palmas o Congresso Brasileiro de História da Medicina e queria contar a história da medicina no Tocantins. O médico Nicolau Esteves solicitou, então, que eu escrevesse o livro.

(En)Cena – Qual a importância dessa obra literária para o estado?

Jocyelma Santana – Bom, trata-se de um livro-reportagem. Lá, eu mostro quem foram e quem são os personagens médicos que munidos de disposição e ousadia vieram para os rincões tocantinos, implantar serviços de saúde no abandonado norte de Goiás. O livro traz depoimentos pessoais de médicos e/ou familiares destes profissionais, mas também mescla com outros dados históricos, um deles o relatório dos médicos-pesquisadores Arthur Neiva e Belisário Penna, do início do século XX.

(En)Cena – Quais as dificuldades em buscar as informações catalogadas no livro?

Jocyelma Santana – Pesquisar sempre exige dedicação. Com a vida corrida que tenho, tinha que encontrar espaço para ouvir as fontes vivas, encontrar documentos históricos, fotos, registros da presença de médicos nesta região, desde o século XVIII até os dias atuais.

(En)Cena – O livro é iniciado em que período da história tocantinense, e que fatos importantes aconteciam na época?

Jocyelma Santana – Faço um apanhado geral de três séculos. Atendo-me mais à história contemporânea. Ou seja, as últimas décadas do século XX até 2013.

(En)Cena – Pode nos adiantar, contando um pouco e citando alguns personagens de grande relevância para produção do livro?

Jocyelma Santana – São vários. Pecaria se mencionasse só alguns. Entre os pioneiros estão: Francisco Ayres da Silva (fim do século XIX e décadas do século XX), Euvaldo Tomaz, Odir Rocha, Pedro Zanina, Frederico Henrique de Melo, para citar só alguns. Mas tem vários que vieram de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Goiás..

(En)Cena – Depois de finalizar o livro, certamente você tem uma opinião sobre a situação da saúde pública no estado. Na atualidade, levando em conta a falta de médicos, acredita que no início da formação da classe médica no Tocantins, os profissionais tinham um espírito de mais solidariedade com a saúde pública?

Jocyelma Santana – Acho que é um contexto complexo para explicar a situação. Mais do que recursos, é preciso gestão, cuidado, transparência.

(En)Cena – Essa não é sua primeira obra, também foi autora do livro “Viver de Cara Limpa”, que conta a história do ex-recuperando da Fazenda da Esperança, Ricardo Ribeirinha. Qual a relação e diferenças entre os dois assuntos, já que os dois temas abordam questões relacionadas a saúde?

Jocyelma Santana – Além do estilo da escrita… livro-reportagem, os dois livros falam de doenças também. No primeiro, o tema foi a superação da dependência química, considerada uma das doenças que atingem milhões de pessoas e levam tantas outras aos hospitais da rede pública e privada do país. A história de Ricardo Ribeirinha, um jovem que foi adotado ainda bebê e na adolescência acabou se envolvendo com as drogas. Só conseguiu abandonar o vício porque encontrou pessoas dispostas a investir nele. A ajudar. Já no segundo livro, falo de pessoas que ajudaram outras a superarem suas doenças. Médicos e enfermeiras que, sem olhar para a estrutura deficiente, foram e ainda são imprescindíveis para a qualidade de vida do cidadão tocantinense.

(En)Cena – Depois de contar essa historia, a senhora se sentiu motivada a escrever sobre outros assuntos de grande relevância para o povo tocantinense?

Jocyelma Santana – É o que faço diariamente, na produção jornalística para televisão. Amo o que faço.

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