Procura pelo personagem do Papai Noel estimula artista em Palmas

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“Trabalhar com o Natal é minha convicção cultural, a sinceridade das crianças é que mexe com meus sentimentos”

O que o artista Daniel Bezerra não esperava, era que o personagem Papai Noel fizesse tanto sucesso no Natal de 2015.  Entrevistas em canais de comunicação do Estado e a procura para contratação dos serviços do “bom velhinho”, ampliou a visão empreendedora do produtor cultural para a participação do personagem em festas particulares e eventos natalinos no Tocantins.

Daniel Bezerra começou a trabalhar com produções e projetos natalinos na década de 90, em Juazeiro do Norte-CE, parceria com o produtor e fotógrafo Jessé Costa (in memorian).

Sempre acreditando na cultura natalina como também uma forma de impacto econômico, desde o ano de 2010 no Tocantins, Daniel Bezerra promove o Papai Noel como ícone principal em parceria com shoppings da capital para fortalecer o espírito natalino.

“Trabalhar com o Natal é minha convicção cultural, a sinceridade das crianças é que mexe com meus sentimentos. Depois de anos percebi por meio dos projetos uma boa oportunidade para formar parcerias e ganhar uma renda extra”, frisou Daniel.

Em 2015 o artista cearense resolveu ampliar os projetos e protagonizou junto à Agência de Turismo da capital um ousado trabalho cultural, com cenários inusitados e com uma super produção rica em detalhes. Tudo isso virou encanto para os visitantes do projeto instalado no Parque Cesamar.

Também entrou em parceria na Campanha “Natal Presente” que pretende doar mais de 7 mil brinquedos para crianças carentes e que é promovido pela TV Anhanguera. “São parcerias que valorizam a interpretação do Papai Noel”, ressaltou Daniel Bezerra.

Trabalhar melhor o planejamento e associar o Papai Noel ao artista Daniel Bezerra é uma das metas para os próximos anos. “Eu tinha restrição na relação do personagem com meu nome, hoje, vejo que isso é importante para atrair novos projetos e parcerias”, revelou o artista.

Histórico
Daniel Bezerra é natural de Juazeiro do Norte no Ceará – produtor cultural, artista e fotógrafo, mudou-se para Palmas no ano de 2006. Com mais de 20 anos de experiência em fotografia, procura sempre atingir um balanço agradável entre luz e direção em suas imagens, enfatizando as formas humanas com informações.  Também é colaborador de vários meios de comunicação, como jornais, revistas, sites e empresas de propaganda e marketing no Tocantins.

Daniel Bezerra
Contato: (63)8403-7999/063 8108-7404
E-mail: dbzfotos@gmail.com
foto: T1  Notícias

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Publicitária investe em projeto social no Jardim Taquari

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Iniciativa idealizada por  Neyla Rodrigues ganhou nome de “Meninas de Deus” – Foto: Divulgação

Neyla Rodrigues não acredita em preconceito racial, e sim, em preconceito com pessoas menos favorecidas economicamente. Diante de injustiças e até do abandono deste grupo social, por parte dos governos e da própria sociedade, a publicitária decidiu dedicar grande parte do tempo para atender necessidades de crianças carentes que passam por abuso sexual e, em alguns casos, a indiferença da própria família.

 O En(Cena) entrevistou a publicitária Neyla Rodrigues, 35, empresária e idealizadora do Projeto Social “Meninas de Deus”, no setor Taquari, bairro da cidade de Palmas-TO. A iniciativa nasceu de um apelo social, mas também de uma visão prática de que é possível fazer mais, cobrando ação:  “Se puder ajudar uma criança hoje, não terá que restaurar um adulto amanhã”, alerta o slogan do projeto.

Há mais de 10 anos o trabalho voluntário entrou na agenda de Neyla Rodrigues. Mas um episódio, em 2013, fez uma reviravolta na vida dela. O caso de estupro ocorrido no setor Taquari, envolvendo uma adolescente, lhe deixou comovida e a fez tomar decisão de se dedicar ainda mais, para ajudar famílias e, principalmente, crianças e adolescentes em situação de risco social. Neyla estava na sala de espera de um consultório médico quando ficou sabendo da história de uma menina de 12 anos que foi estuprada, esfaqueada e deixada como morta no local do crime. “Quando fiquei sabendo dessa história, imediatamente procurei informações e descobri que, até mesmo a equipe médica do Hospital Geral de Palmas, chorou quando recebeu a adolescente para atendimento de urgência”. A publicitária relembra que, a menina chegou a ficar 90 dias em coma.  “Atualmente, mesmo com as marcas de agressões no rosto, ela já está estudando e fico orgulhosa, pois, ela busca referências minhas para o futuro”, diz.

Com visitas de rotina ao setor Taquari, a publicitária conheceu de perto a realidade de cerca de 400 famílias no bairro.  “Eu uso método individual para cada caso, não tenho uma formula mágica, minha fórmula não é dar cesta básica”.  Neyla acredita que cesta básica é apenas uma tentativa para distrair a pessoa da situação em que ela vive. “Confronto as meninas para tentarem mudar a situação de suas vidas, ensino a não dependerem de ninguém e a terem o controle de suas ações”, explica.

Neyla Rodrigues – Foto: Arquivo Pessoal

Para tornar de conhecimento público, sensibilizar e conscientizar sociedade, a publicitária criou uma página na rede social Facebook, para as postagens diárias. O conteúdo publicado conta com vídeos, imagens e textos contando um pouco da realidade e histórias que acontecem no Taquari. Neyla dá detalhes do projeto na entrevista para o En(Cena).

En(Cena) – O que a motivou começar o projeto “Meninas de Deus”, no Taquari?

Neyla Rodrigues – O caso de uma menina de 12 anos que foi estuprada e deixada como morta. Por já desenvolver um projeto social há dez anos, os piores casos sempre chegam até mim. Os moradores de Taquari já estavam há algum tempo pedindo que eu começasse o meu trabalho lá com as crianças e adolescentes, principalmente porque é grande o uso de crack em Taquari.

En(Cena) – Quais os principais problemas que você atende no Taquari?

Neyla Rodrigues – O meu foco são as crianças e adolescentes, não trabalho muito com adultos (risos…), eu gosto da espontaneidade e verdade das crianças. São casos de miséria, drogas, violência e prostituição, tento resolver qualquer coisa, não posso me prender a uma fórmula.As pessoas confundem muito, pedem pra visitar achando que é um abrigo, mas se fosse, eu estaria presa a resolver apenas um tipo de problema. Em certos casos, para ajudar uma criança eu procuro a fundo pesquisar todo o problema familiar, até que, tudo esteja resolvido e essa família tenha condições de ter uma vida digna sem precisar de ajuda. Eles confiam em mim e não gostam de receber visitas como se eles fossem atração de um circo, e eu respeito isso. Enfim, busco evitar que as crianças se envolvam com as drogas ou a criminalidade, temos encontros semanais em praças, quadras, casas emprestadas. Além disso, buscamos internações para usuários e empregos para os pais, todo mundo tem um talento para fazer algo bem feito, buscamos isso nas pessoas, capacitamos, fazemos “vaquinhas”, enfrentamos a burocracia. Não é tudo lindo como nas redes sociais, (página do facebook criada para buscar apoio voluntário), tem todo um desgaste burocrático e que toma muito tempo. Por exemplo, temos casos de meninas com tendências a prostituição, devido a mãe ser prostituta e influenciar a elas que também fossem. Diante disso tudo,não sou a favor de enviar alguém para abrigo, pois, penso eu, gera uma situação de abandono.


Crianças atendidas pelo Projeto Meninas de Deus. Foto: Divulgação

En(Cena) – Você teve que abandonar projetos da sua vida para se dedicar a outras pessoas?

Neyla Rodrigues – Sim. Os piores problemas chegam até mim 24h, tenho que acordar de madrugada todos os dias, ou trabalhar até tarde pra conseguir conciliar tudo. Mas, estou acostumada, sempre trabalhei sem horário de almoço, sem final de semana ou férias. Fico infeliz se não estou ajudando, é mais forte do que eu.

En(Cena)  –  Amigos e familiares, qual a opinião sobre sua dedicação com o Projeto?

Neyla Rodrigues – A minha filha entende bem, ela sabe que na verdade é a vontade de Deus e então ela me apoia. O resto da família tem medo porque envolve estupro, pedofilia, drogas, criminosos.

En(Cena)  – O contato com usuários de drogas, você teme pela sua segurança?

Neyla Rodrigues – Não temo pelo contato com os usuários em si, eles me veem como a última esperança deles, eles temem por mim mais do que eu mesma, eles se preocupam comigo. Mas, já recebi muitas ameaças. Trabalhar com projetos voluntários requer cuidados e critérios de segurança pessoal. Já estive em situações que me ofereceram riscos de morte. Eu enfrento problemas com pedofilia, pessoas usuárias de crack, tento tirar essas pessoas dessa vida e já aconteceu de eu ser ameaçada.

Crianças atendidas pelo Projeto Meninas de Deus. Foto: Divulgação

En(Cena) – No seu pensamento, qual seria a formula para melhorar a qualidade de vida dos menos favorecidos?

Neyla Rodrigues – Eu costumo dizer que se você puder ajudar uma criança hoje você não terá que restaurar um adulto amanhã. Tudo começa na infância, ensinar a criança a seguir princípios, ser correta, ensinar a sonhar, porque se você pode sonhar você pode realizar. A maioria cresce sem a companhia das mães, os pais têm que trabalhar e não têm tempo pra educar, esses pais, estão sempre preocupados com a fome, então, não sabem nem o que ensinar. Eles precisam conhecer Deus, saber que são amados e que podem ser quem eles quiserem ser. Trabalho! Trabalho bem remunerado melhora a vida das pessoas. Sempre que damos presentes pra crianças pobres acreditamos que pode ser qualquer coisa. Mas, quando o presente é para pessoas de classe rica, sempre procuramos o melhor, sendo que, os ricos já tem contato com o que é de melhor, devemos mudar essa forma de pensar na sociedade.

En(Cena) – Conta com parcerias e ajuda de classes sociais e do governo?

Neyla Rodrigues – Não tenho ajuda do governo, algumas pessoas tem nos ajudado com doações de roupas, alimentos e brinquedos. Pouquíssimas pessoas ajudam financeiramente. Temos muitas crianças com problemas graves de saúde, que precisam viajar para tratamento, uma delas morreu semana passada de leucemia, pois, necessitava de atendimento em Goiânia. As pessoas, em certos casos, querem doar amor, mas, entendemos que, amor sem obras, não chega a solucionar o problema. Enfim, casos como esses dependem de investimentos, até mesmo para as internações dos usuários de drogas. Enfim, recebo mais ajuda das pessoas que quase nada tem e que moram em Taquari, do que pessoas que possuem recursos para investimentos voluntários.

Neyla Rodrigues em atividade do Projeto Meninas de Deus. Foto: Divulgação

En(Cena) – O que pretende fazer para o Natal dessas famílias nesse final de ano?

Neyla Rodrigues – Vou fazer só para uma parte deles, cerca de 1.000 crianças. São mais de 4.000. Haverá entrega de brinquedos e lanches, pretendo conseguir chocotone, pois eles comentam muito e sonham com isso, mas acho que esse ano não vai dar.

En(Cena) – Como você resumiria sua historia de vida?

Neyla Rodrigues – É parecida com a deles! Claro, em contextos diferentes. Eu já me vi assim desamparada, sem ter com quem contar, e eu sou uma pessoa dedicada e perfeccionista, não tenho preguiça de trabalhar, mas qualquer pessoa pode passar por momentos assim onde tudo pode dar errado. Deus sempre realizou muitos milagres na minha vida, e por incrível que pareça Ele (Deus), sempre usou desconhecidos para me oferecer oportunidades, e eu aproveitei todas elas. Eu tento repetir isso com as pessoas que estão em contato comigo, e funciona, já são vários os casos “perdidos” que agora são casos de sucesso.

Crianças atendidas pelo Projeto Meninas de Deus. Foto: Divulgação

Tenho testemunho de muitas meninas fazendo faculdade, ou trabalhando e ajudando os pais. Eu não suporto ver ninguém sofrendo, porque eu já sofri demais, ver a alegria das pessoas me faz feliz. Saber que as crianças estão seguras, alimentadas, brincando, que não será um futuro marginal.. Ver usuários de drogas restabelecidos, trabalhando, me ajudando a ensinar contra o uso de drogas… isso me realiza!

Quem tiver interesse em ajudar, podem entrar em contato pela página do facebook –https://www.facebook.com/meninasdedeus12?ref=ts&fref=ts

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Alice no fundo do mar

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Uma aventura no fundo do mar. Uma garota guiada pelas nadadeiras de uma tartaruga marinha. Uma história contada de forma lúdica e que explora o problema da poluição dos oceanos e a ocupação desenfreada do litoral brasileiro. Esse é o contexto do livro: Alice no fundo do mar, de autoria da socióloga Vanessa Labarrere.

Indicada para crianças de seis a nove anos, a narrativa é leve e bem-humorada. A autora homenageia, nesta obra, o clássico da literatura infantil Alice no País das Maravilhas, do escritor inglês Lewis Carrol (1832-1898), e, na vivência da garota que fala com os animais, se aproxima de outro personagem clássico, o Dr. Dolittle, criado pelo escritor inglês Hugh Lofting (1886-1947). O prefácio é do contista e pesquisador brasileiro Marco Haurélio.

Filha de biólogo, a personagem Alice, inicia seu interesse pela natureza e vai descobrindo a influência da humanidade em cada lugar por onde passa e como as construções que desenvolve, nada sustentáveis, agridem toda forma de vida que os cerca.  Mas é ao lado da tartaruga marinha Madu, que a curiosa garota entra em contato com o mundo debaixo d’água e se interessa ainda mais pelos seres vivos do oceano.

Guiada através das nadadeiras de sua nova amiga, Alice conhece o efeito devastador da poluição, que causa sérios danos também à vida subaquática. Ela se envolve em várias “histórias de pescador”, na tentativa de fazer uma faxina nos corais, em que é auxiliada por prestativos e inteligentes golfinhos.

O En(Cena), entrevista a autora Vanessa Labarrere, socióloga e mestre em Linguística e especialista em Educação Ambiental. A autora, alerta para a maneira de educar as crianças para que compreendam a importância do meio ambiente e do equilibro ecológico.

Vanessa Labarrere – Foto: Arquivo Pessoal

En(Cena) – Como nasceu a iniciativa de escrever sobre o tema conscientização ambiental?

Vanessa Labarrere– Cursei uma especialização em educação ambiental e senti necessidade de desenvolver um trabalho voltado para as crianças. Acredito que a educação ambiental deva começar desde cedo. Se aprendermos hábitos ecologicamente corretos desde pequenos, nos tornaremos adultos conscientes e transformaremos a sociedade em que vivemos numa sociedade sustentável.

En(Cena) – Qual a relação entre sua obra: “Alice no fundo do mar” e o clássico da literatura infantil “Alice no País das Maravilhas”?

Vanessa Labarrere– As duas Alices são curiosas, independentes, espertas e dotadas de pensamento crítico.

En(Cena) – No desenrolar dos fatos que ocorrem no livro, o que a personagem “Alice”, consegue concluir diante da situação emergencial com os problemas causados pela humanidade na natureza?

Vanessa Labarrere– Alice conclui que as pessoas precisam agir com rapidez na mudança de hábitos, pois as ações humanas têm impactos negativos e destrutivos sobre a vida das demais espécies. Dentro daquilo que está ao seu alcance, Alice aprende que o lixo deve ser jogado somente em locais específicos e que deve ser separado e destinado à reciclagem.

En(Cena) – Explica um pouco a função da “tartaruga marinha Madu”, como personagem animada da obra?

Vanessa Labarrere– A tartaruga marinha será justamente quem mostrará a Alice os impactos que o lixo humano descartado incorretamente exerce sobre a fauna marinha. A ideia era mostrar esse problema ambiental às crianças de forma lúdica e divertida, por meio de uma história de aventura e fantasia que trata de problemas reais da atual sociedade.

En(Cena) – Você acredita que um trabalho fundamentado conscientizando desde as crianças pode tornar melhor o futuro do meio ambiente e consequentemente o da humanidade, ou isso é inevitável?

Vanessa Labarrere– Eu acredito que as pessoas terão de se adaptar e as sociedades terão de se transformar para que os ecossistemas não entrem em colapso e a vida no planeta não seja ameaçada. Os problemas ambientais os mais diversos, desde mudanças climáticas, impactos dos resíduos sólidos, desmatamento, seca, falta d’água, dentre outros, estão muitas vezes interligados e são em grande parte consequência da ação humana. A educação ambiental tem como propósito sensibilizar as pessoas sobre a questão ecológica e a necessidade de adotar novos hábitos e transformar a sociedade, o que inclui desenvolver tecnologias limpas. Tudo isso já está sendo feito, mas ainda de forma lenta e em pequenos setores da sociedade. É preciso que essa sensibilização atinja aos indivíduos, aos governos e aos setores produtivos da sociedade em sua totalidade.

En(Cena) – O que você imagina para o futuro da humanidade caso não seja aplicado ações de sustentabilidade em relação a produção e descarte de lixo e a ocupação desordenada dos litorais?

Vanessa Labarrere– O lixo é um sério problema. Em solo, se inadequadamente descartado e tratado, causa acúmulo de dejetos e a necessidade de destinar cada vez mais áreas para esse fim, além de contaminar lençóis freáticos  e produzir gases que aumentam o efeito estufa. Se descartado no mar, ameaça a fauna e a flora, desequilibrando o ecossistema marinho, levando espécies à extinção e reduzindo os estoques pesqueiros. A ocupação desenfreada dos litorais reduz as áreas de manguezais, que funcionam como berçários para as espécies marinhas, levando espécies à extinção e também reduzindo os estoques pesqueiros.

En(Cena) – Você acredita que, temas como a poluição do meio ambiente e o uso desenfreado de nossos rios, litorais e oceanos, tem ligação com uma possível deficiência do sistema de educação fundamental no Brasil?

Vanessa Labarrere– Como educadora ambiental considero que os problemas ambientais, para que sejam sanados, devem ser alvo de políticas educacionais. A sensibilização é parte da solução. A educação ambiental deve ocorrer desde o ensino fundamental, para que as crianças de hoje sejam os adultos conscientes de amanhã. Contudo, além da educação ambiental, outras medidas são necessárias, como a aplicação da legislação ambiental, ações de fiscalização, aplicação de penalidades aos infratores, estímulo ao fomento de tecnologias sustentáveis, etc.

En(Cena) – O investimento em educação social através da leitura prova que a cultura do brasileiro não atende a essas estratégias de conscientização, devido nossas crianças não ter como primordial o interesse pelos livros, o que pretende transmitir de diferencial para alcançar a atenção dos que serão o futuro da Nação?

Vanessa Labarrere– As crianças que não se interessam pelos livros não o fazem porque não foram estimuladas a tanto. Os livros impressos e em formato digital ou áudio despertam a atenção e a curiosidade das crianças quando apropriados a sua faixa etária e trabalhados de maneira contextualizada em sala de aula ou lidos pelos pais para seus filhos. A leitura de pais para filhos é um grande prazer em família e uma excelente forma de estimular a paixão das crianças pelos livros entre aquelas crianças que ainda não sabem ler. Isso as estimula a querer ler depois de alfabetizadas. Os pais devem incentivar esses momentos e participar com seus filhos da leitura de livros em casa.

 

FICHA TÉCNICA DO LIVRO

ALICE NO FUNDO DO MAR

Autora: Vanessa Labarrere
Editora: Nova Alexandria
Classificação indicativa: de 6 a 9 anos
Tamanho: 16X23cm
Páginas: 52
Preço: R$ 37,00

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A arte de perdoar

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O perdão como fonte de sabedoria, humildade e grandeza, é o resultado do tema trabalhado pelo autor Maurício Zágari: Perdão Total – Um livro para quem não se perdoa e para quem não consegue perdoar – Editora Mundo Cristão, 192 páginas.

O livro trata que, além do desgaste espiritual, a falta de perdão pode acarretar até mesmo prejuízos à saúde física. Segundo uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia, em San Diego, pessoas que deixam a raiva de lado são menos propensas a sofrer mudanças na pressão arterial. A pesquisa publicada no Journal of Biobehavioural Medicines sugeriu que o perdão poderia ter menor reatividade a eventos estressantes e menos impacto físico.

O tema perdão é tão debatido, mesmo assim, até hoje é alvo de negação por grande parte da humanidade. Ao longo do livro, o autor fala sobre a dificuldade do ser humano, não apenas de perdoar ao próximo, mas de perdoar a si mesmo. Zágari analisa ainda, casos de pessoas que se arrependeram do erro, mas ainda se sentem perseguidas pelas falhas do passado. E ainda anima quem acha que cometeu algum erro que não pode ser perdoado por alguém.

Maurício Zágari. Foto: Acervo Pessoal

O (En)Cena, entrevistou o autor Maurício Zágari, jornalista e teólogo. Ele recebeu os Prêmios Areté de “Autor Revelação do Ano” e de “Melhor Livro de Ficção/Romance” pelo livro O Enigma da Bíblia de Gutemberg. É autor também dos livros A Verdadeira Vitória do Cristão, 7 Enigmas e um Tesouro e O Mistério de Cruz das Almas, pela Editora Mundo Cristão. Escreve regularmente no blog Apenas (http://apenas1.wordpress.com). Membro da Igreja Cristã Nova Vida em Copacabana-Rio de Janeiro, RJ.

En(Cena) – Por que o senhor resolveu escrever sobre o perdão?

Maurício Zágari – O livro surgiu da percepção de que as pessoas têm vivido muito pouco o perdão. E isso ocorre justamente pela carência de conhecimento sobre o que a falta de perdão pode gerar de mal e do que o perdão pode gerar de bom. A falta de perdão é um câncer, que corrói a alma, as emoções e influencia até a saúde física. Porém, as pessoas não estão se dando conta disso. Diante desse quadro, “Perdão Total” nasceu com o objetivo de tentar conduzir o leitor a entender a dinâmica bíblica de erro-perdão-restauração, mostrando os males da falta de perdão e expondo que perdoar é um caminho para viver uma vida feliz, pacífica, alegre e graciosa.

En(Cena) – Os fundamentos do perdão encontram-se somente na Bíblia ou outros escritos de civilizações mais antigas pregam o perdão?

Maurício Zágari – O perdão como é concebido pelo cristianismo não encontra paralelo em nenhuma outra civilização, que é o conceito de “perdoar setenta vezes sete”, ou seja,  infinitamente, segundo a cultura da época. Mesmo entre o povo hebreu, de onde veio o fundador do cristianismo, Jesus, o conceito de perdão era diferente, com base na lei mosaica registrada na Torá. No judaísmo de 1.500 antes de Cristo exigia-se sacrifícios e atitudes propiciatórias. O cristianismo é a única visão filosófico-religiosa da história que considera um perdão concedido não por mérito próprio, mas como fruto da ação graciosa do ente divino, isto é, entregue como um presente imerecido, uma dádiva.

En(Cena) – A falta do perdão sendo até prejudicial a saúde, de que forma isso pode afetar, e que área da saúde o ser humano pode sofrer prejuízos?

Maurício Zágari – Não perdoar quem nos fez mal gera ressentimento. Não perdoar a si mesmo gera culpa. Ressentimento e culpa promovem um estado emocional sobrecarregado, propício para o desenvolvimento de doenças psicossomáticas. É fácil imaginar que uma pessoa sobrecarregada, por exemplo, pela culpa possa ter crises de ansiedade e até picos de pressão alta gerados por seu estado emocional.

En(Cena) – Precisa-se perdoar diversas vezes com a intenção de aprender a perdoar ou o perdão não é considerado treinamento?

Maurício Zágari – Embora o conceito de perdão possa ser ensinado a uma criança (como quando ensinamos nossos filhos a desculpar o coleguinha que o mordeu na creche), a prática certamente torna mais fácil. Ou seja: a decisão de perdoar nos ensina de modo pragmático o caminho das pedras para perdoar novamente em um evento futuro.

En(Cena) – Quando uma pessoa perdoa o próximo e não consegue se aproximar do perdoado como antes, isso é um perdão consumado?

Maurício Zágari – Sim. Há um duplo aspecto do perdão: o interior e o exterior. Se um assassino mata um parente meu, posso perdoá-lo em meu coração, isto é, cancelando uma dívida pessoal dele comigo, mas isso não eximirá o homicida de cumprir pena como consequência pragmática e externa de seus atos. Outro exemplo: se um vizinho molesta sexualmente uma criança da minha família, posso perdoá-lo, mas não quer dizer que vou voltar a deixá-lo trancado em um quarto novamente com a criança.

En(Cena) – O perdão deve ser dirigido pessoalmente ou pode ser somente em oração espiritual?

Maurício Zágari – Pode ser a partir de uma mera disposição interior, sem que seja necessário um contato pessoal. Há casos em que, por exemplo, é preciso perdoar uma pessoa que já morreu. O ofendido pode perdoar em seu coração a ofensa sofrida, mas não tem como fazê-lo pessoalmente, por motivos óbvios. É válido, pois perdoar faz muito bem a quem perdoa.

En(Cena) – O que é primordial para uma sociedade viver em harmonia, amar ou perdoar ao próximo?

Maurício Zágari – Amor verdadeiro pressupõe a capacidade de perdoar. Assim, esses dois conceitos são indissociáveis. A sociedade harmônica pressupõe um amor que se exprime, entre outras maneiras, no perdão.

Maurício Zágari. Foto: Acervo Pessoal

En(Cena) – A pessoa que não aceita perdoar, pode prejudicar o arrependido?

Maurício Zágari – Faz bem ouvir de alguém que ofendemos que ele nos perdoa. Mas, se pedimos perdão e não o recebemos, fizemos nossa parte. Nesse caso, não há prejuízo, se existe esse entendimento.

En(Cena) – Essa dificuldade de perdoar, é uma característica secular do ser humano, existe uma explicação espiritual?

Maurício Zágari – Se você considera o conceito da religião judaico-cristã, entende-se que a falta de disposição de perdoar vem da maldade que entrou na humanidade desde sua origem. Em termos teológicos, é culpa do pecado inerente a todos nós.

En(Cena) – Qual a história de perdão que o senhor mais se emocionou?

Maurício Zágari – Quando eu fui perdoado por uma pessoa muito querida por ter errado com ela. Ofendi essa pessoa e ela me perdoou. Então sei pessoalmente o que isso significa.

En(Cena) – Que mensagem o senhor passaria para o leitor que encontra-se em dificuldade para o perdão?

Maurício Zágari – Pense em quanto você é imperfeito e erra. Traga à memória quantas pessoas você mesmo já ofendeu. Se fizer esse exercício, perceberá que ninguém é melhor do que ninguém e que você não perdoar é assumir uma postura de soberba que não vai levá-lo a lugar algum. Já se perdoar estará sendo magnânimo e, portanto, um ser humano melhor.

 

FICHA TÉCNICA DO LIVRO

PERDÃO TOTAL

Editora Mundo Cristão
Autor:
 Maurício Zagari
ISBN: 978-85-433-0036-8
Páginas: 192

Preço: R$ 19,90?

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A beleza que gera conflitos

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Através da evolução tecnológica, o ser humano também buscou aperfeiçoar ou alterar completamente os traços físicos, com a intenção de alcançar a beleza e promover o aumento na auto estima. De tal forma que passou a investir em mudanças no rosto e no corpo, com aplicação de substâncias como botox e silicone, em partes do corpo, ou fazendo musculação, frequentando salões de beleza e até comprando nova cor para os olhos. O que antes era mito, passando pela crença de que a beleza era algo que poderia ser cuidado apenas pelo Ser Supremo, agora, o homem, tomou a liberdade, tornando comum, e desmistificando a beleza.

O complexo de inferioridade pode levar o ser humano a atos que prejudicam sua relação de convívio com a sociedade, gerando fundamentos para futuros conflitos. “Aquela garota é metida” – “esse cara se acha”, são frases comuns que em certos casos podem até ser discriminação ou inveja pela beleza. O preconceito possui diversas formas, em certos casos a vítima é alvo devido sua fisionomia menos favorecida em comparação a outras, um julgamento subjetivo de aparência estabelecido pela sociedade e seus mitos. Já em outros casos incomuns, esses preconceitos geram vítimas em pessoas que possuem características de beleza física e que chamam a atenção.

Esses casos de discriminação costumam inserir novos conceitos na sociedade popularizando palavras para nosso vocabulário, que é o caso do famoso recalque. No sentido técnico e psicanalítico, o recalque é uma defesa da personalidade, pessoas se recalcam porque se sentem ameaçadas.  O assunto virou hit popular, principalmente pelas redes sociais, por causa do sucesso da música da funkeira carioca, Valeska Popozuda. “Beijinho no ombro pro recalque passar longe” serviu até de paródia para outros temas como o futebol e a política. A funkeira já admite de início possuir inimigas e ironiza:“desejando a todas vida longa para que elas vejam por muito tempo sua vitória”, diz um trecho da letra.

Mesmo que o assunto da letra da música de Valeska Popozuda seja para fins lucrativos, não deixa de ser uma severa crítica para as relações entre a sociedade e seus integrantes. A preferência do mercado de trabalho por candidatos com tendência a beleza e que se produzem de acordo com a moda, já é o suficiente para um concorrente criar barreiras e se alimentar do sentimento de inferioridade. Em outros casos,pessoas pouco comunicativas e que possuem características de vaidade, podem ser taxadas de metidas e carregarem opiniões negativas de outras pessoas.Tudo isso, contribui para fatores psicológicos ligados diretamente a saúde mental.

O modelo fotográfico Moisés Bruno Bissoto trabalha em uma empresa na área da moda. O modelo admite sofrer discriminação não pelo fato de se achar bonito, mas pelo status de trabalhar como modelo de moda. “Principalmente em festas ‘alguns caras’ que me conhecem e sabem que sou modelo ficam com inveja e querem brigar comigo por chamar a atenção somente pelo status de modelo”.

Moisés diz não se apresentar como modelo para evitar problemas de relação até mesmo com as mulheres. “Em outros casos, não conheço as pessoas e fico depois sabendo que algumas pessoas não gostam de mim pelo fato de me achar metido, por isso eu prefiro não me identificar como modelo de moda”, afirma.

Patricia Klein, 23 anos e modelo desde os 14 anos, viajou para sete países e conta que sempre sofreu preconceitos até mesmo dos amigos. ”Quando eu voltava para minha cidade eles me apresentavam como modelo e eu percebia que as pessoas me olhavam de forma diferente, me viam como uma pessoa superior e eu percebia inveja nisso”.

Patrícia Klein denuncia ainda que, entre as modelos existe muita competição, e isso pode gerar violência. “Isso tudo me incomoda, me deixa insegura, pois gosto de ser tratada como normal”, desabafa.

De acordo com a psicóloga, Mariana Miranda Borges, os modelos fotográficos de moda, são foco de muita atenção tanto pelas experiências que a beleza lhe proporciona como a própria beleza.

“Existem pessoas que são tão bonitas que ficamos olhando bastante para elas, admirando, isto incomoda algumas pessoas, pelo fato de ser o centro das atenções”, além da inveja, a psicóloga explica a questão do sistema límbico. “Coisas feias e que nos dão nojo não são tão bem aceitas pelo nosso sistema nervoso, temos repulsa, o que já não acontece com o que é belo, como um processo orgânico”, afirma.

As rede sociais, se transformaram em mídia particular para anônimos que hoje encontram-se em processo avançado de inclusão social da internet. Pelo facebook, twitter e instagran é normal identificar frases que usam da ironia e do humor para servir de recado aos possíveis inimigos. “Quem não me conheçe já ouviu falar porque sempre tem uma recalcada pra me divulgar”. Até mesmo comunidades virtuais são criadas para divulgar conteúdos que servem de contra ataque a inveja ou a discriminação. A comunidade no facebook: https://www.facebook.com/LigueParaMinhaBelezaEVeSeElaAtendeSuaInveja> é um exemplo de frases que emitem intolerância com a inveja.Seu recalque bate no meu perfume importado e volta como revista da Avon, pra você esfregar no pulso”, frase citada na comunidade.

Outro caso comum de discriminação pela beleza é o aumento de mulheres se profissionalizando como auxiliares de árbitros nas partidas de futebol. Além do fato de serem mulheres, essas bandeirinhas se destacam pela beleza física e chamam atenção pelo vestuário adotado no futebol: short curto e roupas coladas.

A bandeirinha Maira Americano Labes, foi chamada de “gostosa” pelo técnico do Juventus, Celso Teixeira, em partida contra a chapecoense válida pelo Campeonato Catarinense. O técnico reclamou com a bandeirinha e acabou sendo expulso da partida. De acordo com a súmula do árbitro, antes de sair do campo, o técnico Celso Teixeira falou para a bandeira: “vou sair, sua gostosa”.

A discriminação pela beleza pode ser comparada com os antigos casos conhecidos nas escolas, em que, os considerados inteligentes, são até hoje, discriminados por serem dotados de dedicação e capacidade rápida de raciocínio, por esse motivo, gerando agressões ingênuas. Mesmo que não seja um fato alarmante, podemos estar vivenciando futuras histórias de agressões pela beleza, casos singulares e que enfraquecem a motivação espiritual do ser humano.

Cobrança de imposto pela beleza

O escritor argentino Gonzalo Otálora, causou polêmica ao defender a cobrança de impostos das pessoas consideradas mais belas para compensar o “sofrimento” daqueles que supostamente foram menos favorecidos pela natureza. De acordo com o portal G1 o escritor disse que sua iniciativa tem o objetivo de provocar um debate sobre o culto à beleza. O escritor não ficou apenas na teoria, no ano de 2008, ele com um megafone foi à frente da Casa Rosada, palácio do governo argentino reclamar os “direitos” dos feios. Esperava contar com o apoio do então presidente Kirchner,da república argentina, a quem classificava como “pouco atraente”.

A reportagem do G1 conta ainda que Gonzalo Otálora sofria deboches na infância e que isso poderia ter prejudicado sua auto-estima e atrapalharam na conquista de melhores empregos. O manifestante defendia a representação de “todos os tipos de constituição física” nos desfiles de moda. Otálora tinha em seu discurso teórico que, a inveja é alçada ao patamar de justiça, e a mediocridade é enaltecida enquanto o superior é condenado por suas virtudes, e não vícios.

Fonte g1.com

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Núcleo de atendimento oferece serviços de Psicologia para a comunidade

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O Núcleo de Atendimento a Comunidade do CEULP/ULBRA, vem oferecendo serviços voluntários desde sua inauguração oficial no ano de 2008 em Palmas-TO. Os serviços oferecidos pelo Núcleo tem o intuito de colaborar através de um trabalho de transformação a nível social, humanizado e de articulação com os serviços médicos e escolas, integrando educação e saúde.

Dentre os serviços ofertados, o de psicologia tem em suas diretrizes projetos de apoio as comunidades e que também possam garantir uma boa prática para os acadêmicos.  O atendimento clínico do núcleo é gratuito e pretende através de projetos terapêuticos, perceber outras questões do sujeito e não somente as questões psicológicas, entendendo os pacientes como um ser psicossocial.

Quem explica é a entrevistada, psicóloga, Mariana Miranda Borges, 24 anos, CRP-09/8365 Goiás, Coordenadora do Serviço de Psicologia no Núcleo de Atendimento a Comunidade.  Ela diz que os principais casos de procura pelos serviços de psicologia, são para alunos com maiores dificuldade de aprendizagem e mulheres com sintomas de depressão. “Em certos casos as pessoas procuram o atendimento apenas como um lugar para desabafar”.

 Foto: Walquerley Ribeiro

En(Cena) Como funciona os serviços de Psicologia no Núcleo de Atendimento a Comunidade?

Mariana Miranda Borges – O Serviço de Psicologia funciona dentro do Núcleo de Atendimento a Comunidade, onde o Ceulp/Ulbra presta serviços à comunidade. Neste Núcleo há trabalhos desenvolvidos pela Biomedicina, Serviço Social, Direito, Fisioterapia, Enfermagem e Psicologia. Apesar de todas estas ciências estarem juntas no mesmo prédio, não há interação entre elas, o que torna uma limitação desta prática. Mas focando na Psicologia, os atendimentos são realizados na sua maioria pelos estagiários do curso de Psicologia supervisionados por professores com experiência clínica de no mínimo 02 anos. A pessoa que deseja receber atendimento psicológico deve ligar no Serviço de Psicologia, marcar o acolhimento, comparecer no dia do acolhimento. Depois, na semana seguinte será feita a devolutiva, onde será explicado o que poderemos fazer pelo caso, o que deve ser atendido em outro local. O caso irá para fila de espera e quando tiver compatibilidade de horários entre os alunos e os usuários, inicia-se o atendimento.

En(Cena) – Quem pode ser beneficiado com os serviços?

Mariana Miranda Borges – O atendimento é disponibilizado para todas as pessoas da comunidade de qualquer idade, cor ou etnia. No entanto, não prestamos atendimento para alunos do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra devido o curso ser grade aberta, sendo possível o aluno estudar com o seu terapeuta. Entende-se que isto poderá interferir na relação terapeutica. Além dos alunos, não realizamos avaliações periciais, já que são os estagiários que prestam os serviços, não são peritos.

En(Cena)  –  O que prevê as diretrizes do curso de psicologia?

 Mariana Miranda Borges – No momento, seguimos as diretrizes de 2011. Mas se fizermos uma restrospecção histórica das diretrizes, em todas elas mencionavam que o curso de Psicologia deveria ter no projeto pedagógico a construção de um Serviço de Psicologia que fizesse uma articulação com as necessidades da comunidade. O SEPSI (Serviço de Psicologia CEULP/ULBRA),faz este trabalho, promovendo serviços que tem sido pouco atendido pelo SUS (psicoteratepia individual e em grupos, avaliação psicológica e neuropsicológica). Além disto, a partir deste trabalho foi percebido uma necessidade de articular a rede de atendimento. Desta forma, surgiu o estágio de Articulação Institucional.

En(Cena)  – Já foram feitas pesquisas de interesses internos, quais os resultados?

 Mariana Miranda Borges – Já foram realizados 03 Trabalhos de Conclusão de Curso sobre a clientela  do SEPSI (Serviço de Psicologia CEULP/ULBRA), uma em 2010 que foi dos atendimentos em geral; outra um ano depois fizeram uma pesquisa a partir da maior demanda da clinica infantil; e a última foi do perfil de atendimento dos clientes em 2013. Apesar de terem realizadas três pesquisas os resultados foram semelhantes, apontavam que a maior demanda da clínica eram crianças com dificuldade de aprendizagem, em 2010 a maior parte dos clientes era da região norte e 2013 havia modificado para região de Taquaralto. Considerando a demanda adulta, a maior parte são mulheres com sintomas de depressão.

En(Cena)  –  Qual a demanda de atendimento diário?

Mariana Miranda Borges  – A quantidade de atendimento por dia varia um pouco devido o horário de disponibilidade dos alunos e do cliente. Esta realidade faz com que existam dias como na segunda e na quinta que há poucos atendimentos, com uma média de 29 pessoas e dias como quarta, sexta e sábado uma média de 44 pessoas.

En(Cena)  –  Como é desenvolvido um projeto terapêutico?

Mariana Miranda Borges– O Projeto Terapêutico Singular – PTS é feito a partir do Acolhimento. O Acolhimento é o primeiro momento que o cliente chega no serviço, o qual ele será acolhido e o estagiário irá procurar conhecer aquela pessoa por inteiro, não apenas, o que traz aqui, mas também as potencialidades, os ambientes que convive. Estas informações são importantes, porque nos ajuda a entender de forma holistica aquele sujeito e compor um projeto que possa modificar o contexto dele. O PTS é integrado com os atendimentos oferecidos na Clínica e outros os quais forem necessários para o bom desenvolvimento do caso.

Mariana em atividade no SEPSI – Foto:Walquerley Ribeiro

En(Cena)  – O atendimento realizado por um acadêmico tem o mesmo efeito que um profissional formado?

Mariana Miranda Borges – Acredito que sim, uma vez que os estagiários tem uma boa formação acadêmico. Além disto, o resultado do atendimento psicológico depende muito da relação que é construída entre o terapeuta e o cliente. Então, se o aluno conseguir construir vínculo com o cliente tem uma grande probabilidade de fazer um bom trabalho.

En(Cena)  –  No âmbito acadêmico, qual a importância para os alunos do curso de psicologia?

Mariana Miranda Borges – Através do SEPSI (Serviço de Psicologia CEULP/ULBRA),os acadêmicos passam a vivenciar a prática do que foi estudado no curso. Além disto, começam a construir a prática deles, como profissionais. Neste primeiro momento com orientação a fim de que reflita sobre este processo.

En(Cena) Quais as dinâmicas mais usadas para desenvolvimento das atividades psicológicas?

Mariana Miranda Borges– Entrevista psicológica, testes psicológicos, ludoterapia.

En(Cena)Qual a sensação de ser acadêmica, estagiária e hoje coordenadora de um Núcleo de psicologia?

Mariana Miranda Borges – Crescimento e reconhecimento. Entendo também que o fato de ter sido estagiária no SEPSI, acadêmica deste curso e hoje, coordenadora, me possibilitou estar nos diversos lugares deste local e olhar por todos estes ângulos, me faz ter uma compreensão do todo ao propor algo. Desta maneira, estas experiências facilitaram a minha prática profissional.

 

Contatos

Endereço: AV. JK, Quadra 108 Norte, Alameda 12, Al 10
Plano Diretor Norte, Palmas Tocantins
Cep: 77.016-524
Telefone: (63) 3223-2015

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I Fórum Municipal do Cancêr sediará a abertura da Campanha “Outubro Rosa 2014”

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O outubro é o mês em que simboliza a luta mundial contra o câncer de mama e o “Outubro Rosa”


Quem passa por algum órgão público ou instalações privadas com características de iluminações provisórias e que refletem o rosa como cor predominante, certamente já identificou que aquela instituição aderiu à luta conta o câncer de mama. A campanha é conhecida como “Outubro Rosa” e terá abertura nesta quarta, 08, com o I Fórum Municipal na Luta Contra o Câncer de Mama.

De acordo com a diretoria de Vigilância e Saúde, o outubro é o mês em que simboliza a luta mundial contra o câncer de mama e o “Outubro Rosa” é um movimento mundial que busca alertar a população quanto ao câncer de mama e estimular a detecção precoce deste tipo de câncer, que é considerado o mais agressivo entre as mulheres, sendo a segunda causa de óbito.

Segundo a chefe da Divisão de Doenças não Transmissíveis do município de Palmas-TO, Silvely Tiemi kojo, durante a Campanha, várias instituições e monumentos são iluminados com nuance rosa, com objetivo de chamar atenção para esta causa. “Além de iluminar os olhos, tem a intenção de causar emoção e incentivar a abraçar esta causa em favor da vida”, diz.

O Fórum acontece no auditório do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins – TCE, no período das 08h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00, tendo como público alvo, os profissionais de saúde em geral e os acadêmicos, onde serão abordados temas como: Epidemiologia do Câncer – cenário atual, Câncer de mama, câncer de colo do útero, câncer de pele, e no final será produzido uma carta de propostas para o enfrentamento deste agravo.

Para participar do fórum, as inscrições poderão ser realizadas por meio do endereço eletrônico:http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=17620

Com informações da Diretoria de Vigilância em Saúde e Diretoria de Atenção em Saúde da Secretaria de Saúde da cidade de Palmas-TO.

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O Alzheimer, uma avó e um neto

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Uma história de amor e gratidão que envolve os mais fortes sentimentos, um livro diferente e que protagoniza a história entre um neto e sua avó, tudo isso não seria novidade, exceto, quando envolve como causa principal o Alzheimer, uma doença em que, as causas e curas, são de pouco conhecimento pela classe médica científica. Toda essa história de amor incondicional, acabou sendo contada em um livro: Quem, eu? Uma avó. Um neto. Uma lição de vida, Editora Belas Letras, 240 páginas.

O (En)Cena entrevistou o autor, um dos protagonistas, o neto Fernando Aguzolli Peres, 22 anos, nascido e criado em Porto Alegre. Há seis anos, sua avó, que lhe dedicou boa parte da vida, foi diagnosticada com uma doença muito peculiar, o Alzheimer. Foi então que ele decidiu abandonar todos os projetos e dedicar tempo possibilitando a uma melhor qualidade de vida para a avó, Nilva Aguzzoli, apelidada carinhosamente de, “Nonna Nilva”.

A história, começa com o autor revelando a vida difícil enfrentada por sua avó, filha de imigrantes Italianos e que nasceu em fevereiro de 1934 em Caxias do Sul-RS. Diante de dificuldades financeiras, e com a separação dos pais, dona Nilva, teve que abandonar a escola e começar a trabalhar logo aos 13 anos de idade.

Quem pensa que o conteúdo é somente tristeza, vai se surpreender com histórias humorísticas vividas e contadas por “Nonna Nilva”. Como o principal sintoma do Alzheimer é o esquecimento, vovó Nilva se envolvia em situações divertidas que certamente podem arrancar risos dos leitores, uma estratégia do autor que, durante a fase doentia da avó, acreditou e usou de risos e gargalhadas como filosofia e terapia de estratégia para retardar o avanço do Alzheimer. “Tem duas formas, rir dos outros ou rir com os outros, eu escolhi rir com minha avó”, lembra o neto.

O livro tem a intenção de alertar e informar sobre o diagnóstico e os cuidados para com esses idosos que sofrem de Alzheimer. “Estamos vivendo mais, mas ao passo que envelhecemos voltamos a ser como crianças e precisamos de cuidados”, alerta o autor, lembrando ainda que depois do diagnóstico, os estudos e as orientações apontavam para o abandono do idoso doente. “Não abandonei a minha vida, apenas inseri minha avó nela”, diz.

Dona Nilva, faleceu no ano de 2013, e deixou como legado toda essa história emocionante de dedicação e solidariedade e que pode ser conferida ainda, com a entrevista exclusiva concedida pelo autor para o En(Cena).

En(Cena) – Você é jovem e demonstra preocupação com uma doença que atinge cada vez mais a população brasileira. Diferente da maioria dos jovens, acabou se dedicando ao bem estar de sua avó, por que? 

Fernando Aguzolli – Por gratidão! Não sei quanto aos outros jovens, e acho que cada um tem a sua história, mas eu tive uma avó maravilhosa, coruja e muito dedicada. Ela também deixou um momento importante de sua vida para se tornar vó, eu viria a retribuir esse gesto alguns anos depois, cuidando dela em um momento delicado, quando vivíamos o Alzheimer. Na nossa família a geração do meio – meus pais – sempre incentivaram essa aproximação entre neto e avó, proporcionando momentos maravilhosos, lembranças positivas e uma amizade incrível. Isso certamente contribuiu para a decisão que tomei na sua velhice, me tornar pai!

En(Cena) – De onde partiu a ideia de transferir toda essa história para um livro?

Fernando Aguzolli – Primeiro criei a fanpage facebook.com/vovonilva, onde compartilhava nosso dia a dia através de fotos, vídeos e postagens cômicas com nossos diálogos. Era uma forma que encontrei pra trazer um pouco de informação pra quem não conhecia o Alzheimer, e também mostrar uma perspectiva mais leve de convívio com a doença. Foram os próprios curtidores da página que sugeriram um livro, e dessa forma passei a escreve-lo ao lado da vovó, mas sem a pretensão de lançá-lo. Como ela veio a falecer durante esse processo, achei que seria uma linda homenagem finalizar o livro e publicá-lo. E foi o que fiz!

En(Cena) –  Você descreve histórias de humor vividas por sua avó. O que pretende transmitir para o leitor com tais relatos?

Fernando Aguzolli – Pretendo mostrar que a formalidade entre gerações as vezes atrapalha, e que quando desconstruímos essa formalidade podemos criar uma relação mais próxima, uma amizade onde com muito bom humor e amor, diversas situações complicadas podem ser atravessadas! Não é por utilizar o bom humor como fuga da doença que eu passo a encarar o Alzheimer com menos importância, muito pelo contrário, a família também encontra-se doente, e o bom humor é uma ótima alternativa pra que posssamos lutar contra a depressão e seguir oferecendo uma ótima qualidade de vida ao idoso doente.

En(Cena) – Sua avó abandonou tudo quando criança para estudar e trabalhar, depois de adulta teve que se dedicar para cuidar de você em sua infância. Que relação você faria desse ciclo completo com a sua decisão de abandonar e dedicar seu tempo a ela, um gesto de gratidão?

Fernando Aguzolli –  Não, o livro não diz nada disso. O livro diz que ela teve que sair do colégio aos 13 anos para trabalhar, ela sempre amou estudar mas não teve condições, e então entrou para uma fábrica onde ficaria por muito tempo. E não, ela não TEVE que dedicar a cuidar de mim, justamente o contrário, meus pais eram muito presentes, minha avó TOMOU essa decisão para de fato participar da minha criação, se tornar avó de corpo e alma. Foi uma decisão, que – aí sim – como disseste, vim a retribuir por gratidão quando deixei minhas obrigações atemporais de lado para lidar com um período que não voltaria mais tarde!

En(Cena) – Quando decidiu deixar a vida profissional para cuidar da sua avó, foi muito criticado por amigos ou parentes?

Fernando Aguzolli – Não, alguns me sugeriram reduzir cadeiras ou outras medidas que não cabiam ao momento, mas com o convívio comigo e minha avó foram percebendo que era inviável fazer de outra forma, e então meus amigos me deram apoio total, 100%, inclusive fazendo visitas a vovó, indo lá pra casa nos dias em que eu não podia sair e nos levando pra passear. Eles são fantásticos!

En(Cena) – A criação de uma página no facebook, hoje com quase 100 mil curtidas, você esperava tanta repercussão?

Fernando Aguzolli – Hoje a página está com quase 100 mil elos de uma ‘corrente do bem’, onde todos compartilham suas vidas e buscam ali a esperança de aprender a lidar com uma doença galopante, cada vez mais presente na vida do brasileiro. Nunca esperei a repercussão que a nossa história ganhou, conquistou, mas fico feliz em saber que o brasileiro está dando valor a uma boa história, assim talvez mudemos nossas prioridades e passamos a enxergar o idoso, a velhice e suas doenças com outros olhos.

En(Cena) – Quando sua avó não te reconhecia como neto, o que isso te causava?

Fernando Aguzolli – Ela sempre dizia: “eu não sei quem tu és, mas sei que te amo muito”, isso já me deixava feliz, o que importa é saber que ela me ama e tem noção desse sentimento, saber que esse sentimento pulsa mesmo que a lembrança lhe falhe. Então me sentia alegre em saber que ela estava lutando contra a doença automaticamente, enquanto o sentimento se mostrava ali! Mas claro, muitas vezes me entristeci, normal, mas é por não entendermos que na verdade não é culpa deles, nada é pessoal, eles estão passando por um processo do envelhecimento que traz obstáculos como esse, temos que aceitar uma hora, ou vamos enlouquecer!

En(Cena) –   Qual a historia ou momento de esquecimento causado por sua avó que você lembra e considera mais engraçado ou marcante?

Fernando Aguzolli – Ela vez que outra acordava procurando um cachorro que não tínhamos em lugares onde ele não caberia. Era muito engraçado pois ela levantava na madrugada meio cambaleante em busca do tal cachorro. Eu ficava louco pois sabia que aquilo devia ter vindo de um sonho bem provavelmente, mas não adiantava procurar, a solução era sair com ela em busca do totó até ela esquecer o que estava procurando e voltar pra cama! haha…

En(Cena) – Após a morte da sua avó, como foi a sua adaptação de voltar a um novo estilo de vida?

Fernando Aguzolli – Minha vida segue sendo nossa história, quer dizer, eu continuo vivendo nossa história. O livro esta aí fazendo um baita sucesso, mostrando que as pessoas tem carência por boas histórias e estão abertas a compartilhar boas experiências, estou dedicando meu tempo a isso e tem sido uma rotina muito gratificante.  Penso em voltar pra faculdade, mas agora pra psicologia, não mais filosofia, e também penso em arriscar outro livro, sobre outra temática! haha

En(Cena) – O que você pode reforçar para pessoas que estão ou que possam enfrentar a situação que você viveu?

Fernando Aguzolli – Mantenham a paciência, respeitem seus limites e sorriam muito, nunca sozinhos, sempre com aqueles que amamos. Compartilhar a dor, seja compartilhando nossas histórias ou nos aproximando do sofrimento alheio, não implica em sofrermos todos juntos, mas assim podemos livrar aquele que por uma dificuldade passa e sofre! Compartilhe sorrisos com avós, pai, mãe, netos, amigos, irmãos…essas lembranças serão muito importantes!

FICHA TÉCNICA

QUEM, EU? UMA AVÓ. UM NETO. UMA LIÇÃO DE VIDA

Editora Belas Letras

Autor: Fernando Aguzzoli
ISBN: 9788581741826
Formato: 15x22cm
Páginas: 240
Preço de Capa: R$ 34,90

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Libras – brasileiros nascidos no Brasil com língua diferente

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O Portal En(Cena), entrevista e conta a história de um mineiro, simples torneiro mecânico, que decidiu investir no aprendizado da língua de sinais para ajudar na comunicação de seu filho que, nasceu surdo.

Foto: Gabriela Fachine Brito

Jacob Augusto Ferreira, 47, Tradutor/Interprete de Libras/LP do CEULP/ULBRA, Pós graduado em tradução/interpretação e docência em libras pela Unintese. Tudo começou quando seu filho, Rangel Barbosa Ferreira, nasceu no ano de 1990, logo dois anos depois, Jacob Augusto, descobriu que seu filho Rangel, tinha limitação sensorial.

Nessa época, as escolas públicas e privadas não aceitavam alunos com essas limitações do tipo surdez, sendo encaminhados para a Associação de Pais eAmigos dos Excepcionais – APAE, frequentando lá por vários anos. Aos 08 anos de idade, o torneiro mecânico percebeu que seu filho não desenvolvia e nem mesmo sabia ler e escrever. “Meu filho fazia tudo como as outras crianças, só não se comunicava como elas”, foi aí que, Jacob Augusto, conheceu a língua de sinais no ano de 1997, através de informações de uma caríssima amiga. Sua amiga, vendo seu desespero resolveu lhe ajudar. “Quando conheci língua de libras, em uma semana tive um resultado positivo com meu filho que não tive em 07 anos”, afirma.

Naquela época, 1997, Jacob Augusto diz ter tentando falar com os professores sobre línguas de sinais, e descobriu que eles já tinham conhecimento de libras, mas que, esse tipo de didática era proibido. “Diziam eles que o mundo é dos ouvidos e que, uma criança que não aprender a falar, ela não vai ter lugar no mundo”, Jacob lamenta que naquela época, acreditavam os docentes que, o uso dos sinais atrofiava o cérebro das crianças. “A religião representada pela igreja católica, considerava a língua indecente apelativa ao corpo e sensual, não podia ser usado”, relata.

Depois de tantos anos de luta e tentativas de conscientização, Jacob Augusto, atualmente não percebe uma evolução da sociedade em respeito aos surdos, considerados por ele, “brasileiros nascidos no Brasil com língua diferente”.   Foi membro da associação de pais de surdos no estado do Rio de Janeiro, e participou do movimento para reconhecimento da língua de sinais no ano de 2002, lei nº 10.436 de 24 abril de 2002, que foi reconhecida como a segunda língua oficial do Brasil, língua materna dos surdos brasileiros.

Toda sua história, Jacob Augusto, pretende um dia escrever em um livro. Atualmente, seu filho, Rangel Barbosa Ferreira, 24 anos, atua como professor de Libras no estado do Rio de Janeiro, e cursando o 6° período do curso de pedagogia bilíngue.

En(Cena) O que é o intérprete de Libras?

Jacob Augusto – Na verdade é Tradutor/Intérprete, é um profissional habilitado a fazer a tradução de textos escritos por surdos e a interpretação simultânea em diversas situações, inclusive educacional. Uma de suas funções é promover a interação entre aluno surdo, professor e surdo e colegas ouvintes. Atua em áreas diversas, como: saúde, auto-escolas, concursos públicos, vestibulares etc…

Jacob Augusto em atividade prática no curo de Libras. Foto: Arquivo Pessoal

En(Cena) O que a lei estabelece para as instituições em relação a libras?

Jacob Augusto – A lei 10.436 de 22 de abril de 2002 e o decreto 5.626 de 24 de dezembro de 2005, diz que Libras é a segunda língua oficial do Brasil e que é a língua materna dos surdos brasileiros. É obrigação do poder público promover a difusão desta língua. Todo órgão público, empresa concessionária de serviço público, é obrigatório ter pessoas habilitadas nesta língua para oferecer um melhor atendimento aos surdos.

En(Cena) O que o motivou a trabalhar com Libras?

Jacob Augusto – Meu filho, que hoje tem 24 anos, Rangel, que nasceu surdo devido à sua mãe ter contraído Rubéola em sua gravidez.

En(Cena) Qual a história que mais o comoveu durante sua experiência de trabalho com Libras?

Jacob Augusto – Todas as histórias vividas por mim juntamente com surdos me comoveram e me comovem até hoje. Porém, vou me referir a uma mais recente: uma garota surda de 20 anos que veio prestar o vestibular do CEULP/ULBRA ano passado, fui chamado para ser seu intérprete, chegando à sala percebi que além de não saber a língua de sinais, também não dominava o português escrito, aliás, esta garota por mais absurdo que seja, não sabia que era surda, a família não lhe permitia isso. Resumindo, após 20 minutos na minha frente ela (garota), em prantos balbuciou que não sabia ler, o que pude fazer foi chorar com ela, literalmente. Muitos me condenam por eu dizer quem são os culpados de tais fatos ainda acontecerem, mas, o governo não conhece esta garota pessoalmente, o MEC só a conhece pelos relatórios enviados pela escola. Então digo, os culpados são os professores e a própria escola!

Jacob Augusto em atividade prática no curo de Libras. Foto: Arquivo Pessoal

En(Cena) Que tipo de dinâmica o intérprete usa além dos sinais?

Jacob Augusto – Em sala de aula, o intérprete trabalha de acordo com o professor, se ele planta bananeira, o intérprete também o faz, porém, existem professores que não sabem nem comer a banana, quanto mais plantar um pé de bananeira.

En(Cena) Qual avaliação o senhor faz das políticas de Libras aplicadas pelas instituições, e o que poderiam melhorar?

Jacob Augusto – As políticas infelizmente são aplicadas pelo MEC, mas, as instituições desde que cumpram o mínimo que o MEC impõe, ficaria tudo bem, poderiam fazer mais, ou seja, fazer menos do que se é ordenado, não pode, porém fazer mais, nunca é demais, mas, as instituições não querem muito isso. Uma coisa como exemplo que poderia melhorar: a lei diz que cursos da área de saúde, incluindo fonoaudiologia e cursos de licenciatura, são obrigatórios ter Libras como disciplina, pergunto? Em algumas aulas em um semestre alguém aprende qualquer que seja a língua? Pela experiência que tenho ensinando Libras, uma pessoa que tenha muita facilidade de aprender só consegue aprender o básico com no mínimo de 80 a 120 horas de estudo.

Jacob Augusto (a direita)  conta com a participação do seu filho Rangel Barbosa Ferreira (a esquerda) em atividade no primeiro dia do curso de Libras no CEULP/ULBRA. Foto: Arquivo Pessoal

En(Cena) O acadêmico com necessidade de auxilio de um intérprete de libras consegue captar o mesmo conhecimento que os outros alunos?

Jacob Augusto – Todos fazem esta pergunta, respondo dizendo que a surdez não afeta o cognitivo de ninguém, Libras é uma língua, e como toda língua é diferente uma da outra, porém a didática de alguns professores, ou melhor, a falta dela, neste caso o intérprete precisa ter muito conhecimento e experiência para fazer com que o surdo não saia prejudicado, mas, o surdo aprende o conteúdo como qualquer outra pessoa.

En(Cena) A discriminação por parte da sociedade é uma falta de conhecimento sobre os surdos?

Jacob Augusto – Na realidade o que assusta as pessoas é muito simples, nós temos um desejo enorme de nos comunicar, a falta de comunicação afasta as pessoas. Com relação aos surdos, além das pessoas não saberem Libras, tratam os surdos como doentes mentais, a discriminação é exatamente por causa da falta de conhecimento do que é uma pessoa surda, do que é a cultura surda, a identidade surda etc.

En(Cena) Na sua visão, os nascidos surdos, qual explicação espiritual para essa diferença e limitação dos sentidos?

Jacob Augusto – Digo apenas que, nem todos serão professores, juízes, promotores, delegados, advogados, administradores, empresários… é indispensável também que hajam, as domésticas, os motoristas, os garis, os taxistas etc… Infelizmente os surdos sempre estão relacionados a alguma religião. Portanto, os egípcios os tinham como deuses, Aristóteles dizia que não possuíam almas, os católicos diziam que não poderiam ir para os céus pois, não ouviam a palavra de Deus, os evangélicos querem expulsar os demônios surdos que existem dentro deles. Só posso dizer que, hoje, graças a Deus, rsrs… não sigo nenhuma denominação religiosa, o que posso dizer é que, tudo que acontece neste mundo existe um propósito, e para as especulações que os ditos cristãos fazem sobre os surdos cito: Êxodo 4:10 e 11: e disse Deus a Moisés: “não foi eu quem fez o surdo? o cego?”… quem quiser saber mais confira.

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