1917 – A jornada de um guerreiro

Concorre com 10 indicações ao OSCAR:

Melhor filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro original, Melhor Fotografia, Melhor Trilha sonora original, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Direção de arte, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de som, Melhor Maquiagem e Penteado

O guerreiro é aquele que sabe quando precisa recuar e em momentos críticos consegue contornar a situação, sempre de olho em como atingir seu objetivo.

O longa acompanha dois jovens soldados britânicos, Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman), em uma missão com grande risco de morte. Eles são encarregados de entregar aos aliados uma ordem de abortar um ataque contra tropas alemãs, evitando que 1.600 combatentes caiam em uma armadilha. Então eles cruzam o território inimigo para que esse aviso chegue ao destino.

Texto contém spoilers!!

O filme, apesar de ser em um ambiente de guerra, não é sobre a guerra, inclusive a missão faz com que eles precisem evitar qualquer batalha. A imersão que o filme provoca, faz com que percamos o fôlego em diversos momentos. Mesmo quando existe uma calmaria, permanece uma tensão no ar que nos leva a pensar no que ocorrerá a seguir.

Mesmo após a morte de Blake, o seu companheiro Schofield continua sua missão de uma forma quase inabalável. Isso remete ao arquétipo do guerreiro, onde ele nos convida a avançar com sabedoria, assertividade e com passos firmes. E fica bem claro essas características durante o filme, ele reconhece sua energia masculina e feminina, obtendo um equilíbrio entre as duas, onde seu coração é corajoso ao mesmo tempo que expressa alguma amorosidade.

Moore e Gillette (1993) que são estudiosos posteriores a Jung, caracterizam o arquétipo do guerreiro pela clareza de pensamento, precisão, força e habilidade de ficar sempre em alerta. Mas o guerreiro é aquele que sabe quando precisa recuar e em momentos críticos consegue contornar a situação, sempre de olho em como atingir seu objetivo.

Fonte: encurtador.com.br/gpyFI

Possui uma capacidade de suportar a dor e viver na iminência da morte. Encara os desafios sem temer, com responsabilidade, autodisciplina, distanciamento emocional dos problemas e de questões da vida pessoal. Weber (2004) descreve esse tipo de reação como uma ação orientada pelo sentido, ou seja, é uma reação por reflexo, algo inconsciente que é característica desse arquétipo.

O guerreiro também possui uma tropa, que pode ser interpretado como a família, e no filme ele parece ter medo de retornar para sua família. Mas ele carrega consigo uma caixa que contém fotos da sua esposa e ao que parece, duas filhas pequenas. Assim sendo, ele tem sua tropa e é ela que de certa forma impulsiona o guerreiro a avançar em nível físico, mental, emocional e espiritual.

Dentro do arquétipo existem os desafios e no caso do guerreiro, ele deve usar corretamente essa energia focada para se fortalecer, sendo que durante o filme ele parece sempre atento, por exemplo, quando entra no porão de uma casa para se esconder, mas acaba encontrando uma mulher com um bebê e esta pede para que ele fique. Mas ele logo retoma sua missão mesmo em meio a uma cidade cheia de inimigos.

Outro desafio é que ele mantenha uma comunicação de acordo com a sua verdade, e por mais que surjam oportunidades para o mesmo desistir, ele sempre persiste. Quando ele chega ao seu destino final e precisa entregar a ordem ao General Erinmore, ele escolhe bem suas palavras para que esse o ouvisse. Assim, escolher a forma de se comunicar faz parte do guerreiro, para que este consiga cumprir sua missão.

Fonte: encurtador.com.br/kvwIO

Campbell (1997) fala sobre o papel do guerreiro, onde ele é levado a combater forças opressoras, e durante o filme o personagem não luta apenas contra soldados do exército inimigo que surge pelo caminho. Schofield luta contra si mesmo, contra suas próprias limitações e as diversas possibilidades de desistir.

FICHA TÉCNICA:

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1917

Diretor: Sam Mendes
Elenco: George MacKay, Dean-Charles Chapman, Richard Madden, Benedict Cumberbatch;
Gênero: Drama, Guerra
País: EUA
Ano: 2019

REFERÊNCIAS: 

CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. – São Paulo: Cultrix/ Pensamento, 1997.

MOORE, Robert; GILLETTE, Douglas. Rei, guerreiro, mago, amante: a redescoberta dos arquétipos do masculino. Rio de Janeiro: Campus, 1993.

WEBER, Max. Economia e Sociedade – Vol. 1. Brasília: UnB, 2004.