‘Buscando…’ e a importância do vínculo paternal

De agora em diante, apenas me diga o que você precisa. (David Kim)

‘Buscando…’ é um filme dos gêneros suspense e drama, que apesar do nome e do tema não trazerem a conexão necessária para a obra se consagrar, certamente é um dos melhores filmes de 2018. Ele nos surpreende do começo ao fim, pois a sacada do trabalho é como ele foi produzido. A história toda é contada pelo panorama das tecnologias, de modo literal, as cenas não são filmadas de modo convencional. De início isso impacta ou confunde o telespectador, pois não estamos habituados a assistir filmes pelo ângulo de câmeras de celular, web cam’s, imagens de buscas do próprio Google, Facebook, Gmail, Messenger, Skype e Facetime. Vemos vídeos caseiros da família Kim, históricos de busca, Internet Banking, toda a vida dos personagens contadas pela ótica tecnológica. Mesclando elementos da vida real e metafórica de como deixamos toda nossa vida registrada e a mercê dos males da internet. ‘Buscando’… se aproxima de temas tratados em episódios de Black Mirror, série da Netflix que trata sobre as diferentes relações da sociedade com as telas de LED, que representam tecnologia

O enredo do filme começa quando David Kim (John Cho), um homem viúvo e solitário, percebe que sua única filha, Margot Kim (Debra Messing) uma adolescente que estudava longe de casa, não volta para o lar, depois de avisar que estaria estudando na casa de uma colega de escola. Não acreditando que sua filha tenha de fato desaparecido, David embarca em uma jornada cheio de infelicidades e desencontros, consequências da complicada comunicação contemporânea. Precisando lidar com seus sentimentos de impotência por ter deixado sua filha se afastar após a morte de sua esposa, o protagonista encarar os maiores medos de um pai, deixar de acreditar até o fim em sua filha, aceitar que não sabia nada sobre ela e concordar em sua morte.

Fonte: encurtador.com.br/kJX23

Criando um parâmetro entre a narrativa o vínculo paternal de David Kim com sua filha, podemos perceber que os laços parentais não são definidos apenas pela hereditariedade, eles são em sua maioria construídos ao longo dos anos, pelo cotidiano, através dos cuidados, carinho, proteção e afeto. É indispensável que um pai zele pela segurança e afeto de um filho, pois isso é um fator primordial para que a criança seja de alguma forma bem-sucedida na vida. David era um pai presente, amoroso e protetor, porém depois da morte de sua esposa, ele tenta dar mais espaço a menina, permitir mais autonomia na vida dela.

É reconhecido como importante o papel do pai no desenvolvimento da criança e a interação entre pai e filho é um dos fatores decisivos para o desenvolvimento cognitivo e social, facilitando a capacidade de aprendizagem e a integração da criança na comunidade (BENCZIK,2011). Assim, David esperava que depois de um tempo o luto de Margot ia ser amenizado, ele se sentia culpado por não oferecer mais espaço a sua filha, mas deixava que o tempo resolvesse os problemas.

Por sua vez, Margot se afasta do pai, dos amigos, da música de tudo que dizia respeito a mãe. Até que um dia a garota desaparece e ele tem que correr contra o tempo para se provar mais que um pai e salvar a vida dela.

Esse vínculo de pai e filha é algo importante na vida de todos, embora isso não ocorra constantemente, é significativo na vida de uma pessoa ter alguém que se importe e faça chuva, faça sol, ele estará sempre lá para lhe apoiar. Isso é o acontece em toda trama do começo ao fim. Um pai desesperado pelo sumiço da filha, vasculha toda a vida dela, procura amigos, conhecidos, nas redes sociais. Utiliza-se de forma primordial os recursos tecnológicos, ajuda a polícia e até se arrisca na mídia, sendo considerado um pai negligente, tudo para encontrar sua menina.

Ficha Técnica

BUSCANDO…

Título Original: Searching
Direção: Aneesh Chaganty
Elenco:  ‎John Cho‎, ‎Debra Messing
Ano: 2018
País: Estados Unidos da América
Gênero: Drama Mistério Thriller

 

Referência

BENZICK, E. B. P. A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil. Rev. psicopedag. vol.28 no.85 São Paulo  2011.