Colin entre preto e branco: a consciência racial

A minissérie “Colin em Preto e Branco” ofertada pela Netflix no ano de 2021 conta com seis episódios de duração aproximada a 40 minutos. A obra retrata a fase difícil no qual um adolescente afroamericano perpassa pela escolha profissional. Mas acima disso, apresenta a realidade desafiadora deste jovem que convive com pais adotivos brancos e tradicionais na comunidade americana. 

O jovem protagonista só começa a perceber a diferença gritante de tratamento entre ele e seus amigos brancos na adolescência e quando começa a expandir seu repertório social. O seu sonho é de se tornar jogador profissional de futebol americano, e quando se aloja em vários hotéis para competir campeonatos e pleitear uma vaga na universidade por meio do esporte, passa por situações constrangedoras de racismo. 

Fonte: Divulgação/ Netflix

 

A série representa muito bem o conceito de microagressões, criado por um psiquiatra afroamericano. Este termo representa as sutilezas de uma ação violenta que camufla o preconceito e acaba por reforçar estereótipos, marginalizando classes que socialmente já se encontram excluídas, como negros, mulheres, e a comunidade LGBT. Em várias ocasiões o protagonista experiência a diferença de tratamento, o que o deixa confuso, pois a princípio ele não sabe o porquê de o tratarem diferente. 

Seus pais, norte americanos brancos e também muito racistas, concordam que ele deve se comportar como um negro dócil e não se revoltar com a diferença de tratamento. O jovem, em vários momentos, implode sua energia no esporte que ele mais almeja, o futebol. Fica muito evidente que Colin não possui referências negras ao seu redor, e quando tenta ter alguma, é convencido a consumir cultura branca, e a negra referenciada como algo negativo. Isso evidentemente dificulta a formação da sua identidade e ao mesmo tempo da sua consciência racial. 

 

Fonte: Divulgação/ Netflix

 

A obra explora os vários estereótipos que a população negra vivencia, como o preterimento da mulher negra, na qual é reforçado pelos seus pais e amigos da escola, a violência, coerção e covardia da polícia sobre a população negra e os homens negros principalmente e o preconceito do preto sendo referência de ruim, ladrão e feio. Vários temas são abordados em volta do racismo, e percebe-se que o sentimento de revolta é desenvolvido no telespectador, e caso ele seja branco, de culpa também. 

 

Fonte: Divulgação/ Netflix

 

A minissérie tem um desfecho agradável, mas sabe-se que na trajetória do personagem, inspirado em um jogador real chamado Colin, ainda não é o fim, mesmo conquistando aquilo que queria. A grande diferença é que o protagonista não é mais ingênuo ou inocente sobre a gritante distinção de tratamento entre pessoas brancas além da coerção violenta quando tenta manifestar suas raízes afro-americanas, como o uso de tranças no cabelo. Agora muito mais maduro sobre sua consciência racial, cultural e de classe, manifestou sua postura ativista, discriminando o racismo institucionalizado não só no esporte, mas em todas as áreas da vida de uma pessoa negra. 

Fonte: Divulgação/ Netflix