Coraline e a procura pela excelência

Coraline é uma garota que acaba de se mudar para uma casa nova com os pais, o local é enorme, mas sua família é dona apenas de uma parte. A casa é muito antiga, e sofreu algumas reformas ao longo dos anos e foi dividida em apartamentos. Os outros apartamentos também estão ocupados, e Coraline conhecerá cada um de seus vizinhos.

Há algo de especial na nova casa, além de seus vizinhos mais peculiares, a casa também é um pouco estranha, mas sem dúvida uma das portas da casa é a mais inusitada, pois estar apenas de frente para uma parede de tijolos.  Bem, a explicação mais óbvia é que quando originalmente havia apenas uma porta, a porta era uma passagem entre um cômodo e outro da casa, mas com a reforma, uma parede foi levantada para separar os cômodos. Agora, do outro lado da parede de tijolos estão os apartamentos adjacentes, o único ainda vago. Mas será que esta explicação é verdadeira?

Os pais de Coraline na maioria do tempo estão muito ocupados e têm pouco tempo de qualidade para vivenciar junto a sua filha. A menina não possui irmãos. Para passar o tempo, ela gosta de vivenciar atividades que esteja ligada a explorar, constituindo se como uma garota que é curiosa. Assim possui gosto por explorar novos ambientes, sendo algo que a deixa muito alegre. Ela passa horas explorando a natureza, no entanto uma tarde chuvosa estraga sua atividade preferida de ser realizada ao ar livre, e ela não tem escolha a não ser continuar suas aventuras dentro de casa.

Coraline se sente frustrada no seu relacionamento com seus pais, não correspondendo as suas fantasias não correspondem às suas fantasias inconscientes de pais idealizados do mundo interior. Coraline tem que lidar com a frustração, a falta de liberdade e a raiva causadas pela insensibilidade e ressentimento desses pais, bem como as partes de sua vida deixadas para trás pela mudança, como amigos, escola e palco. Em que estágio de desenvolvimento ela se encontra: Coraline está entrando na puberdade e passando pelos conflitos típicos dessa fase. Essa transição gerou muita dor em Caroline. Entre suas observações, Klein (1932) observou que na adolescência, a ansiedade e as manifestações afetivas são mais intensas do que no período latente, constituindo um ressurgimento das descargas de ansiedade.

O relacionamento de Coraline com os pais, principalmente com sua mãe, o objeto que a frustra, é bem separada. Assim o ego se torna frágil, pois também pode ser separado ao passo pela busca da gratificação, podendo ser também ser a elaboração dos seus desejos pulsionais.

A porta que estava na casa que não dava para lugar nenhum a intrigava, mas até então era apenas mais uma porta antiga.  E sentido se só, curiosa e com instintos aguçados, a garota resolveu olhar novamente para a porta, pegou a chave que sua mãe guardava e a abriu. Para sua surpresa, a parede de tijolos sumiu, como se nunca tivesse existido. Uma exploradora como Coraline não podia perder a chance de vasculhar o apartamento ao lado, então ela se escondeu no corredor escuro à sua frente. Aos poucos, a garota notou algo familiar no ar e, ao sair do corredor ela percebeu que estava na sua casa, no mesmo local que estava antes de abrir a porta.

Coraline se sentia bastante confusa, aquela não era sua casa.  No entanto, ela ouviu a voz de sua mãe na cozinha preparando alimento, porém era estranho, pois sua mãe não costumava cozinhar. Assim quando ela adentrou na cozinha, ela conseguiu compreender. Essa não é a sua casa. Essa não é sua mãe. Essa é sua outra casa, e a mulher na sua frente é sua outra mãe. Depois outro pai. Porém não existia outra Coraline.  Sua outra mãe e seu outro pai tinham grandes botões pretos costurados nos locais dos olhos, o que era horrível. Eles tentam mostrar que, desde que ela os aceites e permita que outra mãe costure botões pretos em seu rosto também, eles podem ser uma família feliz com tudo o que a jovem sempre quis. Coraline sai para explorar, tudo se parece com seu mundo real, e os outros vizinhos, e mesmo que não pareçam reais, ela entende que são outra versão deles.

Nesse outro mundo, Coraline tem tudo que sempre desejou. Ela possui os pais ideal, sendo tudo permitido por eles, sua outra mãe é quase perfeita, ela faz comida gostosa, ama Coraline, brinca com ela, e o mais importante tem tempo para ela. Seus outros pais a levam para dormir, sua outra vida parece ser perfeita, nesse novo mundo tudo é oposto, revelando seu desejo em modelar seu país de acordo com suas expectativas.

Todo o local é muito estranho, como se fosse uma réplica do mundo real, com algumas partes inacabadas. Apesar dos esforços de seus outros pais para agradá-la, Coraline queria voltar para sua casa. Tornou-se muito difícil porque seus outros pais estavam relutantes em perdê-la.

A sua outra mãe procura convencer a Coraline a ficar com eles, no entanto tinha uma condição de deixar costurar botões em seus olhos. Assim Coraline entende que nesse mundo perfeito, não era o que ela esperava, pois se ceder a vontade de sua outra mãe poderia perder a noção da realidade. Sua outra mãe agora transparece que é um mostro, aprisionado seu país verdadeiro. Coraline estava muito apavorada, e cada momento naquele lugar aterrorizante a deixava com muito medo, mas foi preciso muita coragem para enfrentar o perigo à frente.

Coraline era uma garota corajosa e conseguiu salvar seus pais, e percebeu que o seu objeto de desejo ideal não poderia ser correspondido, e que era normal as pessoas possuírem falhas, pois sua família assim como ela não poderiam ser perfeitos.

FICHA TÉCNICA

Título Original: Coraline

Autores: Neil Gaiman

Editora: Intrinseca

Páginas: 148

Ano: 2002

 

REFERÊNCIAS

KLEIN, M. “A Importância da Formação de Símbolos no Desenvolvimento do Ego”. In: Amor Culpa e reparação e Outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago. 1930.