Django Livre: escravidão, violência e debate social

Com cinco indicações ao Oscar:

melhor  filme, ator coadjuvante (Cristoph Waltz), melhor roteiro, fotografia e edição de som.

 

Quentin Tarantino havia em seu último trabalho – Bastardos Inglórios – transformado a história da Segunda Guerra Mundial em uma sangrenta vingança, com direito a um cinema explodindo e levando embora todo o alto comando nazista. O sensacional Christoph Waltz encarnava o Coronel Hans Landa, sádico soldado alemão que alimentava um prazer mórbido ao realizar seu trabalho de caça aos judeus.

Bem, Tarantino trouxe de volta Waltz, que novamente interpreta um alemão em Django Livre – a despeito da nacionalidade austríaca do ator – só que nesse filme, em uma ironia típica do diretor Tarantino, o Dr. King Schultz, papel de Waltz, é o único que parece ter alguma lucidez sobre um tema que manchou a história de todo o continente americano: a escravidão negra.

 

 

Com mais de duas horas e meia de filme, a história conta a trajetória de Django (Jamie Foxx), um escravo liberto por Schultz, um caçador de recompensa. Após realizar trabalhos em parceria com o alemão, Django conta que sua meta é libertar sua amada, Broomhilda (Kerry Washington), também escrava em uma propriedade chamada Candyland.

Comovido pela história do amigo, Schultz decide ajuda-lo, mais curioso que animado, já que a amada de Django, além de ter um nome inspirado em uma lenda germânica, foi criada por uma família alemã.

 

 

Com a plasticidade violenta que Tarantino traz em todos os seus filmes, Django Livre tem ainda uma pitada de debate social. Expondo os perfis sociais encontrados no auge da escravidão nos estados sulistas dos EUA, a película consegue demonstrar, em cenas realmente agoniantes, como era a vida dos homens e mulheres escravizados e torturados por uma minoria branca.

 

 

Destaque para o personagem de Samuel L. Jackson, que interpreta o escravo Stephen. Um velho que cresceu em Candyland e que não só apoia seus escravizadores como faz de tudo para que nenhum negro jamais pense que a situação da escravidão poderá ser revertida. “Meu personagem é um desgraçado de um colaborador”, disse Jackson em uma entrevista.

O filme convida a uma breve reflexão: “Como uma maioria negra, que superava numericamente seus senhores brancos em cada uma das plantations, era mantida quieta sem se revoltar?”

 

 


FICHA TÉCNICA DO FILME

DJANGO LIVRE

Título Original:  Django Unchained
Gênero: Faroeste
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Leonardo DiCaprio (Calvin Candie), Samuel L. Jackson (Stephen), Christoph Waltz (Dr. King Schultz), Jamie Foxx (Django), Kerry Washington (Broomhilda), Walton Goggins (Billy Crash).
Países de Origem: Estados Unidos da América
Classificação: 16 anos
Duração: 165 min

Alguns prêmios:
Golden Globes: Melhor roteiro e Ator Coadjuvante (Christopher Waltz).