Matilda: Como as relações no ambiente escolar podem afetar o desempenho das crianças

O meio educacional pode ter grande influência no desempenho e desenvolvimento da criança nas escolas.

 Daniela Iunes Peixoto-  danielaiunesp@rede.ulbra.br

Matilda é um filme de comédia e fantasia baseado no livro homônimo de Roald Dahl. Lançado em 1996 e dirigido por Danny DeVito, o filme conta a história de Matilda Wormwood, uma criança prodigiosa e inteligente, cuja família a trata com negligência e desdém. Enquanto seus pais estão envolvidos em esquemas de golpes, Matilda descobre que possui habilidades telecinéticas, que ela começa a desenvolver e controlar.

Matilda enfrenta dificuldades na escola, onde a diretora tirânica, a Senhorita Trunchbull, faz da vida dos alunos um verdadeiro inferno. Com seu intelecto e poderes especiais, Matilda começa a lutar contra a injustiça na escola, ajudando seus amigos e buscando justiça contra a Senhorita Trunchbull.

Através da amizade com sua professora, a Senhorita Honey, Matilda encontra apoio e compreensão. Juntas, elas buscam enfrentar os desafios e traumas do passado de Matilda e da Senhorita Honey, criando um laço forte entre elas.

O filme aborda temas de empoderamento infantil, família disfuncional, amizade e superação. Com um toque de magia e humor, “Matilda” captura a jornada de uma criança excepcional que usa sua inteligência e habilidades especiais para conquistar seu lugar no mundo e fazer a diferença na vida daqueles ao seu redor.

A relação entre Matilda e a diretora Trunchbull é central para a trama do filme “Matilda”. A Senhorita Trunchbull é retratada como uma figura autoritária, tirânica e cruel na escola em que Matilda estuda. Ela é conhecida por impor regras rigorosas e aplicar punições severas aos alunos, muitas vezes de forma injusta e abusiva.

Matilda, por outro lado, é uma criança extremamente inteligente e sensível, que enfrenta desafios tanto em casa, com pais negligentes e desinteressados, quanto na escola, devido à opressão da Senhorita Trunchbull. A relação entre Matilda e a Senhorita Trunchbull é marcada por conflito, já que Matilda é uma das poucas crianças que ousa desafiar a autoridade e injustiça da diretora.

A habilidade telecinética de Matilda adiciona um elemento único à relação, permitindo que ela enfrente a Senhorita Trunchbull de maneiras criativas e, muitas vezes, humorísticas. Matilda usa suas habilidades para realizar pequenos atos de vingança, como mover objetos ou pregar peças na diretora, o que serve para aliviar a tensão e proporcionar momentos engraçados no filme.

A relação entre Matilda e a Senhorita Trunchbull culmina em um confronto emocionante e climático, onde Matilda usa suas habilidades para expor a verdade sobre os abusos e injustiças cometidos pela diretora. Esse confronto não apenas empodera Matilda, mas também ajuda a libertar a escola da opressão da Senhorita Trunchbull.

No geral, a relação entre Matilda e a diretora Trunchbull representa o conflito entre a inocência e a maldade, a inteligência e a ignorância, e o desejo de justiça contra a opressão. Através desse relacionamento, o filme explora temas de coragem, resistência e o poder de usar habilidades únicas para enfrentar adversidades.

                                                                                                                        Fonte: https://l1nk.dev/Is0uc

Por outro lado, a relação entre Matilda e a professora, a Senhorita Honey, é uma das partes mais tocantes e positivas do filme “Matilda”. A Senhorita Honey é a única figura de autoridade na vida de Matilda que demonstra compreensão, bondade e apoio genuíno. Essa relação desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional e no crescimento de Matilda ao longo da história.

Desde o início, a Senhorita Honey reconhece a inteligência excepcional de Matilda e fica impressionada com suas habilidades. Ela percebe que Matilda está subutilizada na escola e a ajuda a avançar academicamente, fornecendo-lhe livros e desafios mais avançados. Além disso, ela demonstra interesse pelo bem-estar emocional de Matilda, percebendo os desafios que ela enfrenta em casa e na escola.

A relação entre Matilda e a Senhorita Honey se baseia em confiança mútua e respeito. A Senhorita Honey não apenas apoia o crescimento intelectual de Matilda, mas também a encoraja a explorar suas habilidades especiais e a enfrentar a injustiça. Ela serve como um modelo de adulto amoroso e responsável, contrastando com as figuras negligentes e abusivas que cercam Matilda.

Conforme a história avança, Matilda e a Senhorita Honey desenvolvem um vínculo forte e emocional. Matilda é atraída pela gentileza e empatia da Senhorita Honey, enquanto a professora vê em Matilda uma oportunidade de ajudar uma criança talentosa a prosperar.

                                                                                                                   Fonte: https://sk.pinterest.com/

Relações ruins com os educadores e membros da administração escolar podem afetar o desempenho de uma criança na vida escolar de diversas maneiras. De acordo com Baker (2006), a natureza da relação entre professor e aluno é um indicador poderoso da adaptação escolar, especialmente quando se trata de crianças que demonstram problemas comportamentais na sala de aula.

Baker (2006) ressalta adicionalmente que a interação entre professor e aluno é fundamental para estimular o envolvimento das crianças no processo de aprendizagem. Além disso, ela serve como alicerce para a formação de crenças adaptativas em relação a si mesmas e ao mundo social, bem como para a aquisição de habilidades autorreguladoras e socioemocionais, que são elementos cruciais no contexto escolar.

Assim, uma criança que enfrenta falta de apoio, tratamento injusto ou desrespeito por parte dos professores, diretores ou coordenadores, isso pode ter consequências negativas em seu bem-estar emocional e mental. Isso pode levar a baixa autoestima, ansiedade, depressão e falta de motivação para participar ativamente nas atividades escolares.

Birch e Ladd (1997) complementam que crianças que desfrutam de uma relação mais estreita com o professor tendem a enxergar o ambiente escolar como uma fonte de apoio, o que contribui para a formação de atitudes positivas em relação à escola. Essas crianças sentem-se à vontade para compartilhar seus sentimentos e inquietações, permitindo-lhes buscar ajuda e orientação de maneira apropriada enquanto se esforçam para se adaptar ao ambiente escolar.

Dessa forma, relações positivas com os educadores e membros da administração têm um impacto significativo no desempenho escolar de uma criança. O apoio e o incentivo vindos dos professores, diretores e coordenadores podem criar um ambiente onde a criança se sente valorizada e encorajada. Isso pode levar a uma maior autoconfiança, motivação para aprender, participação ativa em sala de aula e busca de oportunidades extracurriculares.

Cultivar um relacionamento positivo com os estudantes pode desempenhar um papel preventivo em relação a questões disciplinares dentro da escola. Além disso, essa dinâmica pode contribuir para reduzir o estresse e a exaustão do professor, enquanto promove o crescimento profissional do educador (Fraser; Walberg, 2005; Wubbels, 2005).

As interações com os educadores e membros da administração também podem influenciar a percepção que a criança tem de si mesma. Relações positivas com esses adultos responsáveis pela educação podem ajudar a desenvolver uma imagem positiva de si mesma e de sua identidade, promovendo um ambiente de respeito mútuo e aceitação.

Em resumo, relações ruins com os educadores e membros da administração podem prejudicar o desenvolvimento acadêmico e emocional de uma criança, enquanto relações positivas têm o potencial de fortalecer sua confiança, motivação e envolvimento na vida escolar.

Um psicólogo pode intervir em situações em que uma criança enfrenta relações negativas com educadores e membros da administração escolar. Eles podem oferecer aconselhamento individual para que a criança expresse seus sentimentos, desenvolver habilidades sociais e emocionais para lidar com desafios.

Ademais, os psicólogos escolares desempenham um papel crucial na prevenção e intervenção em questões comportamentais. Eles utilizam abordagens teóricas, como a teoria cognitivo-comportamental, para ajudar os alunos a desenvolver habilidades de autorregulação emocional e social. Como Bandura (1986) destacou, “A autoeficácia é fundamental para a regulação do comportamento. As pessoas que acreditam que podem executar ações específicas tendem a se esforçar mais e a persistir mais diante de desafios”. Os psicólogos escolares trabalham para fortalecer a autoeficácia dos alunos, ajudando-os a lidar com situações de conflito, bullying e outros desafios sociais.

Outra área de atuação importante dos psicólogos escolares é a orientação vocacional. Através de abordagens baseadas na teoria do desenvolvimento de Erikson, eles auxiliam os alunos na exploração de suas identidades vocacionais e no planejamento de suas trajetórias acadêmicas e profissionais. Como Erikson (1959) afirmou, “A identidade profissional é uma parte crucial do desenvolvimento do ego na adolescência”. Os psicólogos escolares orientam os estudantes na tomada de decisões importantes relacionadas à educação e carreira.

Além disso, atuar como mediador na comunicação entre a criança e os educadores, fornecer orientação aos pais para melhor apoiar a criança, defender medidas apropriadas junto à escola em casos mais graves, ensinar estratégias de resiliência para enfrentar desafios, acompanhar o progresso ao longo do tempo e garantir o apoio contínuo da criança. No geral, um psicólogo ajuda a criança a lidar emocionalmente com as relações ruins e a desenvolver as habilidades necessárias para enfrentar positivamente a vida escolar.

 

 

REFERÊNCIAS

  1. Baker, J. A. (2006). Contribuições das relações professor-criança para a adaptação escolar positiva durante o ensino fundamental. Revista de Psicologia Escolar e Educacional, 44, 211-229.
  2. Birch, S. H., & Ladd, G. W. (1997). A relação professor-criança e a adaptação escolar inicial das crianças. Revista de Psicologia Escolar e Educacional, 35 (1), 61-79.
  3. Fraser, B. J., & Walberg, H. J. (2005). Pesquisa sobre relações professor-aluno e ambientes de aprendizagem: contexto, retrospectiva e perspectiva. Revista Internacional de Pesquisa Educacional, 43, 103-109.
  4. Wubbels, T. (2005). Editorial: Percepções dos estudantes sobre as relações professor-aluno na sala de aula. Revista Internacional de Pesquisa Educacional, 43, 1-5.