O Regresso: a longa jornada em busca de vingança

Lançado em 2015, The Revenant (no original) é um filme de drama / thriller parcialmente baseado no livro de Michael Punke que conta a história real de Hugh Glass, sendo escrito e dirigido por Alejandro González Iñárritu (indicado ao Oscar por Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância) e com a colaboração de Mark L. Smith (Temos Vagas). O longa recebeu vários prêmios e indicações como o Oscar de melhor ator para Leonardo DiCaprio, Oscar de Melhor Fotografia, Oscar de Melhor Diretor, Prêmio Globo de Ouro: Melhor Filme Dramático, entre outros prêmios.

O filme se passa durante o século XIX no período conhecido como “Marcha para o Oeste’’. Durante esse tempo, os americanos eram incentivados através da Lei de Terras ou Lei do Homestead de 1862, a migrarem em direção ao “far West” até então desconhecido que gerava várias fantasias (como o cowboy, o sheriff, os conflitos com os indígenas, bandidos e sequestradores, as linhas férreas e entre outros) e questionamentos por parte dos cidadãos da época.

Ao longo do filme, os espectadores são apresentados à Hugh Glass (Leonardo DiCaprio, de  O Lobo de Wall Street) um homem simples que aparenta  ter um bom relacionamento com os índios Pawnee sendo casado com uma índia com quem tem um filho chamado Hawk ( Forrest Goodluck, em seu primeiro longa). Após a morte da esposa, Glass e o filho trabalham como guias ao longo do território dos Arikaras no Rio Missouri  para a “ Companhia de Peles Montanhas Rochosas ’’ . No entanto , após uma caçada bem sucedida a equipe dirigida pelo capitão Andrew Henry (Domhnall Gleeson, de Ex-Machina: Instinto Artificial) sofre um ataque dos índios Arikaras em uma das cenas que apresenta maior ação durante o filme , além de ser o primeiro contato do público com os outros personagens.

Fonte: https://bit.ly/2WEFBSY

Após o incidente, o grupo foge pelo rio e contra a vontade de John  Fitzgerald (Tom Hardy , de Mad Max : Estrada da Fúria) abandonam o barco deixando escondido em algumas pedras as peles que conseguiram levar . Depois de algum tempo , Hugh se ausenta do acampamento para caçar, até que é surpreendido pelo ataque de uma ursa que estava com os dois filhotes ,protagonizando uma das cenas mais realistas e fortes da obra ( neste momento a câmera se posiciona próxima ao rosto de DiCaprio para dar a sensação ao espectador de estar “ dentro do filme”).

Logo após o ocorrido Glass é socorrido por Jim Bridger (Will Poulter , de Maze Runner : Correr ou Morrer ) e os outros ficando gravemente ferido . Dessa forma ,o capitão Henry oferece uma recompensa de US$ 100,00  para aqueles que cuidassem de Hugh e o levassem para o forte ou dar a ele um enterro digno. Bridger, Hawk e Fitzgerald ( que só aceita o tratado após a desistência da recompensa pelos outros ) decidem  ficar  para cuidar do ferido , no entanto John demonstra ser  cruel  ao assassinar Hawk na frente de Glass , que estava impossibilitado de se movimentar e falar , deixando-o a própria sorte após enganar Jim afirmando que os Arikaras se aproximavam.

É nesta parte que o público pode compreender as motivações que fazem Hugh Glass se levantar e iniciar uma longa jornada em busca de vingança pela morte do filho e do próprio abandono no estado em que se encontrava. Ele acaba enfrentando dificuldades relacionadas aos ferimentos e à Natureza, que ganha um grande destaque com belas imagens feitas sem recursos artificiais para a iluminação através das lentes do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki (Gravidade e Birdman) combinado com a bela e suave trilha sonora de Ryuichi Sakamoto (vencedor do Oscar com o longa O último imperador ) que se faz presente nos momentos certos , além da edição feita por Stephen Mirrione (Traffic) que consegue unir as personagens e a natureza sem se tornar algo muito artificial.

Enquanto Glass tenta se recuperar , Fitzgerald e Bridger percorrem o caminho até o forte (com o segundo apresentando vários remorsos ao longo do trajeto , incluindo conflitos com John) durante esse percurso o público consegue perceber que John Fitzgerald não é um “ vilão’’ comum , ele é apresentado como um homem com problemas, medos e receios tornando-se em algumas partes um indivíduo mais complexo do que o protagonista , já que seus objetivos não possuem tanta “clareza” como os de Glass ou outros personagens como o capitão Andrew Henry.

Fonte: https://bit.ly/2COjRMW

Outros personagens que apresentam um lado complexo no filme, são os indígenas que mostram os desafios e os conflitos que eles passam ao longo do enredo. Relações com a natureza e com os exploradores são frequentemente abordadas  como a busca de um chefe por sua filha, os vários vilarejos destruídos por guardas do governo ( inclusive é dessa maneira que a esposa de Glass é assassinada, ela e seu povo sofrem ataques dos guardas, sobrevivendo apenas Hugh e o filho ), há também uma cena onde uma mulher indígena é violentada por um explorador, porém o protagonista consegue ajuda-la enquanto foge com os cavalos deixando cair o cantil que mais tarde será de grande importância para o enredo .

Após a chegada de um explorador francês no forte, que pedia por socorro e comida, o grupo do capitão Henry faz uma descoberta decisiva encontrando o cantil de Glass junto ao francês indicando que ele estaria vivo, já que ele havia sido enterrado com o objeto em uma localidade distante do forte. É durante esse momento que, Fitzgerald foge assaltando o cofre de Andrew enquanto o grupo inicia uma expedição para encontrar o protagonista. Logo depois do relato sobre sua jornada, Hugh e henry se preparam para perseguir John e realizar suas vinganças, entretanto o capitão encontra o antagonista primeiro restando apenas um embate final entre Hugh Glass e John Fitzgerald.

O longa recebeu várias críticas positivas ressaltando a beleza dos cenários, que tiveram como locações para  as filmagens  o Canadá e a Argentina, a trilha sonora que mesmo nos momentos de maior tensão apresenta uma melodia calma e tranquila , o processo de maquiagem que recebeu vários elogios da crítica especializada e do público, além das performances dos atores recebendo destaque para Leonardo DiCaprio , pois na maior parte do tempo Glass devido o acidente não consegue falar ou se movimentar , sendo de grande importância os gestos e feições para a compreensão do estado de Hugh. Outro que merece destaque, é Tom Hardy que não apresenta “apenas um vilão” , mas um homem complexo cercado de medos , receios e desconfianças . A direção também apresenta  seus créditos,  se em Birdman  Iñárritu mostra uma jornada de sucesso que termina no esquecimento de um artista , em O Regresso ele conta uma história de superação, luta pela sobrevivência e desejo de vingança marcado por muito realismo.

Fonte: https://bit.ly/2htHfnQ

Entretanto, nem tudo é perfeito e o longa apresenta alguns detalhes que incomodaram tanto o público quanto a crítica, como o enredo ser considerado “simples de mais ’’, falta de desenvolvimento  de alguns personagens (como a relação de Glass e seu filho Hawk que muitos acreditaram ser “muito superficial’’), além de ser considerado cansativo (2h 36m) e perder o ritmo durante algumas partes do filme. O Regresso é sem dúvidas um belo filme a partir da visão estética possuindo belíssimas locações, grandes interpretações, excelente mistura entre direção e produção e embora possua seus pequenos defeitos é um bom filme para se assistir e apreciar os lindos cenários e a fotografia.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Fonte: https://bit.ly/2htHfnQ

O REGRESSO

Título Original: The Revenant
Direção: Alejandro González Iñárritu
Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poulter, Forrest Goodluck;
Ano: 2015
País: EUA
Drama

REFERÊNCIAS:

https://www.planocritico.com/critica-o-regresso/

https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/criticas/2016/02/critica-o-regresso

www.adorocinema.com/filmes/filme-182266/criticas-adorocinema/

https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historia-america/marcha-para-oeste-nos-eua.htm