A Netflix lançou em 2016,uma série chamada “Black Mirror” com episódios futuristas, uma mistura de tecnologia avançada, terror, suspense e humanidade. No episódio “Odiados pela nação” a série narrou uma trama policial onde a mídia social é o foco principal. Mostra como uma tecnologia aparentemente “boa”, pode em certo grau dissipar pessoas. O ódio espalhado nas redes social não é nada futurista, ao contrário, é bem atual.
A trama inicia-se com uma pessoa sendo hostilizada por onde passa. O indivíduo em questão postou nas redes sociais o que pensara e terminou sendo morto com uma tecnologia robótica criada para substituir as abelhas, que em vez de servir para salvar a natureza foi direcionada a espionar pessoas. A questão mais pontual de todo o enredo é o exacerbado ódio espalhado na mídia contra alguém desconhecido que falou o que pensa sobre algo. No decorrer do filme é percebido que os compartilhadores das “Hashtags” não tinham noção do que estavam compartilhando, o que é outra questão bem atualizada.
O ódio gratuito e os compatilhamentos inadequados, na maioria dos casos sem a leitura do compartilhando, se tornou algo tão “normal” na contemporaneidade que o absurdo na trama são apenas as mortes. Para se notar isso basta dar uma olhada nos sites e outras mídias que será possível detectar as ameças, ou apenas a sensação de fazer alguém ser constrangido publicamente.
“Odiados pela nação” expõe temas de justiça e tecnologia que precisam ser trabalhados na sociedade, pois são questões que a maioria dos indivíduos não estão sabendo lidar corretamente. A justiça não tem que ser feita com as próprias mãos, pois há competências para isso, e a tecnologia foi criada para trabalhar a nosso favor, não contra nós, é para ser uma facilitadora, porém estão manuseando-a de forma inconsequente e assustadora.
A empatia parece se dissipar e dar lugar a hostilidade coletiva, não se vê mais pessoas querendo ajudar ou pelo menos ficar com “dó”, que também não é algo muito louvável porém se torna bem melhor do que querer publicar tudo, compartilhar conteúdos depreciativos, fofocas, acidentes, enfim, tudo de ruim, menos coisas “boas”.
Os conteúdos mais adequados são vistos como antiquados e ultrapassados, até mesmo isso se torna alvo de maldade, falácias e julgamentos. Os valores são invertidos, e o “bom” é ser provocador e falar as suas “verdades” “doa a quem doer”, não importa. Em sua maioria não estão percebendo que somos seres distintos e especialmente únicos, as digitais estão aí para provar, esses indivíduos em questão acham que há apenas uma verdade, e são as suas, porém a mesma é subjetiva, pois cada um tem seu modo de pensar, e apenas tem que haver respeito mútuo.