Lissandra Maciel fala sobre sua experiência como residente em Saúde da Família e Comunidade

O 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica contou com diversas oficinas, dentro do contexto em avaliação psicológica, dentre elas tivemos a oficina de avaliação psicológica e SUS, mediada pela empresária e psicóloga egressa do CEULP/ULBRA Lissandra Maciel, residente em saúde da família e comunidade, pós graduanda em neuropsicologia.

Em entrevista ao portal En(Cena), Lissandra contou um pouquinho sobre seu processo de atuação, seus desafios, suas dificuldades e o que lhe dá motivação.

“A atuação no SUS requer dinamismo e criatividade. Precisamos estudar muito e conhecer todas as nossas possibilidades de atuação” – Lissandra Maciel

(En)Cena – Como é o dia a dia de uma residente em saúde da família e comunidade?

Lissandra – Bom, a residência possui uma carga horária extensa, temos que cumprir cerca de 60h semanais de atividades de campo (áreas de atuação) e de atividades teóricas. É um processo intenso e com um dia a dia cheio de compromissos, sejam eles do território em que atuamos ou das unidades educacionais. Ser residente em saúde da família e comunidade é um desafio maravilhoso. Precisamos de uma excelente organização e uma boa administração de tempo.

(En)Cena – Para você quais são os desafios a serem enfrentados dentro das políticas de saúde pública?

Lissandra – São vários, mas os principais são a falta de estrutura física para atender às diversas demandas, poucos recursos de materiais e as frequentes mudanças de organização

(En)Cena – Quando se fala de avaliação psicológica e SUS quais são as possibilidades? E quais  os desafios a serem enfrentados ?

Lissandra – Estamos em constante avaliação do nosso usuário da rede SUS, apesar das limitações estruturais e de recursos podemos trabalhar com diferentes fontes de informação para colhermos dados para a construção de uma avaliação psicológica, a anamnese, os estudos de caso com as equipes de saúde, histórico do paciente no sistema, relatórios escolas ou de outras instituições, jogos, grupos são alguns fontes e possibilidades. Não temos recursos para testagem psicológica, mas sabemos que a testagem é apenas um dos possíveis recursos para uma avaliação, sendo assim, possuímos diversas outras possibilidades. Os desafios são os mesmos que citei nas políticas de saúde públicas, uma grande demanda, poucos profissionais e estrutura precária

(En)Cena – O que você mais gosta na sua atuação?

Lissandra – As diversas possibilidades de demandas, que consiste também como um grande desafio como profissional, o trabalho em equipe e o contato íntimo e direto com a comunidade.

(En)Cena – Sabemos que o Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas pensadas para um indivíduo, uma família ou um grupo que resulta da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar. Diante disso gostaria de saber como é o processo de avaliação psicológica em um PTS (Plano terapêutico singular), como ele é inserido?

Lissandra – A avaliação psicológica no PTS constitui uma rica ferramenta de coleta de informações para a investigação dos fenômenos psicológicos dos pacientes, com o objetivo de guiar as condutas e as possibilidades de cuidado, a avaliação é inserida no PST como uma atribuição do profissional psicólogo.

(En)Cena – De acordo com o CFP 1º do Artigo 13 da Lei 4119/62. No diz que  Art. 1º-  Os testes psicológicos são instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas, constituindo-se um método ou técnica de uso privativo da Psicologia. Sabemos que de acordo com Manual de Elaboração de Documentos Escritos (Resolução CFP n.º 007/2003) menciona que a Avaliação Psicológica (AP) é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudo e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos. Isso significa dizer que a AP possui caráter processual e não se restringe apenas ao uso de testes.  Porém em relação ao que diz respeito à testagem psicológica, gostaria de saber, existe uma prática de testes em um âmbito público? Como vocês lidam com essa questão?

Lissandra – Infelizmente não somos munidos de testes, o sistema não nos proporciona esses recursos, a delicadeza do manuseio dos testes também é um grande desafio, pois não temos uma sala adequada e reservada, assim como falta estrutura para armazenar esse material com segurança. Assim, fica de minha inteira responsabilidade caso eu queira usar alguns instrumentos de para testagem.