Não te irrites, por mais que te fizerem
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio.
– Mario Quintana
O que você espera de um amor? Tenho certeza que sua primeira resposta não foi dividir um pão duro numa segunda feira. Talvez seu pensamento foi recheado de pétalas vermelhas pelo chão, olho à olho, declarações e um fondue de queijo sexta à noite. Querido leitor você não está errado (não disse também que estava certo, vamos com calma)! Afinal que sentimento é esse que faz poesias mais bem trabalhadas, o som do violino que faz serenata à Torre Eiffel, ou todas as cores de Van Gogh ganharem sentido?
O que você espera de um amor? Pessoalmente acho mais fácil dizer que está apaixonado do que dizer que não está. As pessoas te olham tipo: “Mas e agora? Vai andar sem destino? Há quem irá contar seus segredos ou dedicar músicas do Jorge & Mateus?” Infelizmente passei pelo processo popular de ficar desiludida com o amor e as pessoas. Mas queridos leitores não sigam meu exemplo!
Tenho certeza de que, assim como eu, você também já passou por isso, a questão é o que você faz após ter seu coração partido (junta os pedaços, é obvio). Atenção: Esse clichê tem a intenção de deixar de ser discurso e virar prática!
Certa vez vi o rapaz que eu gostava em um banco perto de umas arvores, ele não estava fazendo nada especial mas parecia uma daquelas pinturas que depois de muito tempo guardada é encontrada e exposta em galerias e todos os artistas iniciantes querem fazer uma igual. Poderia facilmente dizer que ali ele estava em seu habitat natural. Ah querido leitor, coitada de mim! Mal sabia eu que aquele rapaz cercado de natureza e vida era tão frio como um cubo de gelo dentro de um iglu no Alaska.
Mas que culpa eu tive? Porque ele deveria suprir as expectativas que eu mesma coloquei e ainda ficar chateada por isso não acontecer? E de que adiantaria condenar as outras pessoas que entrariam em minha vida, ou pior, à mim mesma ao desamor? Aí de nós se isso acontecesse, não existiria os poemas de Mario Quintana, nem Clarice Lispector, nem Nando Reis com seu all star preto de cano alto. Os sentimentos ruins são pistas para o autoconhecimento porque nos dão perguntas, de que outra forma eu chegaria à elas?
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
– Vinicius de Morais
Eu te conto porque alguém deveria ter me contado, que nada adiantaria subir degraus cada vez mais altos rumo a racionalidade, com um leve vislumbre do que seria se não tivesse negligenciado os desejos do meu coração. E que apesar de tanto esforço não chegaria a lugar algum porque somos seres incompletos, dependentes de relacionamentos. E que sorte a nossa!
Passamos toda a vida tentando desvendar o enigma do amor. Essa é a vida como ela realmente é, um eterno equilíbrio em cordas bambas: amor e revolução, fantasia e realidade, paz e caos, inícios e fins. Apesar dos apesares aguente firme, se amarre em um mundo cor de arco íris, contos de fadas, fadas madrinhas e sapatinhos de cristal.
O tempo passa tão rápido que quando vê, nem se viu. Temos inúmeras possibilidades. Você pode se apaixonar amanhã (ou não). Você pode se desapaixonar depois de amanhã (ou não). E está tudo bem assim. O amor é frágil e nós não somos os seres mais delicados da terra, só resta esperar que essa coisa frágil sobreviva.