É preciso discutir a gordofobia em uma sociedade que faz apologia a magreza

A gordofobia não respeitou a morte da cantora Marília Mendonça, que morreu em um acidente de avião, o qual tinha como destino o município de Caratinga, no Estado de Minas Gerais, para a realização de mais um show. Sua morte teve uma imensa repercussão nacional e internacional, veículos de todo o mundo relembraram o trajeto da cantora, que tinha apenas 26, anos de idade. Nesse contexto, a publicação do historiador Gustavo Alonso denominada” Marília Mendonça, rainha da sofrência, não soube o que é fracasso”, na Folha de São Paulo sobre sua trajetória, gerou revolta entre os fãs e admiradores da cantora.

No artigo, o historiador diz “Nunca foi uma excelente cantora. Seu visual também não era dos mais atraentes para o mercado da música sertaneja, então habituado com pouquíssimas mulheres de sucesso – Paula Fernandes, Cecília (da dupla com Rodolfo), Roberta Miranda, Irmãs Galvão, Inhana (da dupla com Cascatinha”. Posteriormente ainda destacou, “Marília Mendonça era gordinha e brigava com a balança. Mais recentemente, durante a quarentena, vinha fazendo um regime radical que tinha surpreendido a todos. Ela se tornava também bela para o mercado. Mas definitivamente não foi isso que o Brasil viu nela”.

A ironia textual traz consigo a gordofobia, que é o preconceito com pessoas gordas, nem em sua morte Marília foi respeitada, colocando sua carreira em segundo plano, após focar em seu corpo. Atualmente, há muitos alertas sobre esse preconceito, o qual faz muitas pessoas em nome de um corpo perfeito, fazem dietas radicais, ingerem remédios, cirurgias, em nome de um corpo magro e aceito pela sociedade. Na contramão desse discurso, a escritora e jornalista, Alexandra Gurgel, em sua página do Instagram, aborda várias temáticas, entre elas auto aceitação do corpo, diversidade corporal e pressão estética.  Fundadora do Movimento Corpo Livre, ela incentiva mulheres a exporem seus corpos realmente como são, para incentivar o auto amor e pôr fim a ditadura da beleza.

Fonte: Caio Cal/ Divulgação

Criadora do Canal Alexandrismo no YouTube, Alexandra lançou o livro intitulado “Pare de se odiar- Porque amar o corpo é um ato revolucionário” (2018), com o intuito de ajudar pessoas a encontrar o caminho da auto aceitação, e ter uma imagem positiva do corpo, sem ceder a todo tipo de pressão social.  De acordo coma escritora e youtuber, sua obra foi feita para descontruir padrões e fazer com que as pessoas deixem de ter vergonha do próprio corpo, bem como sejam felizes. 

Arcoverde e Rodrigues (2014) explicam que “a gordofobia ocorre por meio de processos de discriminação social das pessoas que não se adequam ao padrão corporal de beleza considerada ideal, tendo como auxílio o discurso da medicina e do apelo estético, reforçando a dominação desses corpos frente aos padrões vigentes”. Para pôr fim a este padrão imposto, muitos nomes têm se levantado com a intenção de discutir sobre o empoderamento do corpo livre. Com o mesmo posicionamento da youtuber a atriz Mariana Xavier traz também a pauta sobre os perigos da gordofobia, e a necessidade de sentir bela com suas próprias curvas. 

Foto: Marcos Carvalho

 

É preciso combater toda forma de preconceito e isso inclui a gordofobia. Ninguém tem o direito de determinar o padrão corporal de outra pessoa. A sociedade não é uma modelo em série, cada indivíduo tem sua peculiaridade, a qual precisa ser aceita e respeitada.  Caso esteja passando por gordofobia, procure um psicólogo para ajudar em seu processo de autoaceitação e amor próximo. Outra dica, siga pessoas nas redes sociais que irão ajudar em seu processo. Seja feliz e livre com seu corpo. 

Referências

ALONSO, Gustavo. Marília Mendonça, rainha da sofrência, não soube o que é fracasso. Folha de São Paulo (2021). Disponível em < https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/11/marilia-mendonca-rainha-da-sofrencia-nao-conheceu-o-fracasso.shtml> Acesso: 10, de nov, de 2021.

Arcoverde, V., & Rodrigues, R. (2014). Cinderela não é gorda: análise de conteúdo da personagem Perséfone na novela Amor à Vida. Projeto Final em Jornalismo, Universidade de Brasília, Brasília.

GURGEL, Alexandra. “Pare de se odiar- Porque amar o corpo é um ato revolucionário” (2018).

XAVIER, Mariana (2021). Disponível em < https://www.instagram.com/marianaxavieroficial/> Acesso: 10, de nov de 2021.