Entendendo a Psicofarmacologia do TDAH

A atenção define-se pelo direcionamento da consciência e estado de concentração mental sobre determinado objeto. Caracteriza-se por selecionar, organizar e filtrar as informações, é um construto importante para alcançar a compreensão dos processos perceptivos bem como as funções cognitivas de modo geral. William James, em 1890 já falava sobre o caráter seletivo dos processos psíquicos onde nossos sentidos absorvem somente os estímulos que são do nosso interesse.

Para a psicologia, a atenção é uma qualidade da percepção que funciona como uma espécie de filtro dos estímulos ambientais, avaliando quais são os mais relevantes e dotando-os de prioridade para um processamento mais profundo. Por outro lado, a atenção também é entendida como o mecanismo que controla e regula os processos cognitivos. A partir das considerações feitas por William James outros modelos teóricos envolvendo a temática da atenção foram surgindo, e tinham o objetivo de determinar o momento onde os estímulos eram selecionados.

Foi então onde surgiu as teorias de seleção inicial e seleção tardia. A primeira defende que para os que os estímulos sejam selecionados não se faz necessário uma análise completa. Já a segunda teoria acredita que se faz necessária uma análise prévia dos estímulos para que sejam selecionados e processados de forma mais aprofundada pelas áreas corticais.

Fonte: encurtador.com.br/bmuNZ

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Alterações no funcionamento de neurotransmissores, tais como a dopamina, noradrenalina e serotonina como outra explicação da possível etiologia. Além disso, está envolvido nesses casos os sistemas dopaminérgicos e noradrenergicos. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, hiperatividade, impulsividade.

A partir das considerações feitas por William James outros modelos teóricos envolvendo a temática da atenção foram surgindo, com o objetivo de estudar, entender e diagnosticar o TDAH:

  • Cherry desenvolveu a teoria da “Atenção Auditiva Focalizada” que defende que um indivíduo seleciona e atende aos estímulos que tem interesse, ignorando os demais estímulos que não chegam a ser processados.
  • Broadbent desenvolveu a teoria do filtro que afirmava sobre uma capacidade limitada de atenção, onde somente os estímulos relevantes eram atendidos e processados. Ela recebeu esse nome por comparar o sistema atencional a um filtro, que se abre para as informações a serem atendidas e fecha-se para as que serão ignoradas.
  • Von Wright veio para refutar a ideia defendida pelas teorias anteriores de que as informações não atendidas eram excluídas absolutamente, pois acreditava na existência de um processamento inconsciente dessas informações não atendidas.
  • Treisman declarou forte contribuição a ideia de Von Wright, ao afirmar que os estímulos não atendidos ao invés de serem totalmente excluídos passavam por um processo de redução ou atenuação, ou seja, o processo de atenuação diz respeito a redução da interferência dos estímulos irrelevantes, sendo uma espécie de mecanismo de defesa do sistema atencional para não prejudicar os estímulos atendidos.

Após todos estes estudos é que foi possível estabelecer critérios para o diagnóstico do TDAH sendo pautados em critérios clínico-comportamentais, isto é, o diagnóstico é dependente da história clínica do paciente sendo DSM V mais utilizado neste processo. O tratamento do paciente com TDAH é complexo, multidisciplinar e condicionado por uma grande quantidade de fatores. Dentre eles, destaca-se a idade, o sexo, sintomas clínicos predominantes, ambientes familiar e escolar e nível socioeconômico.

Fonte: encurtador.com.br/koNS2

Andrade e Junior indicaram que os estimulantes, certos antidepressivos e a clonidina podem ser de grande utilidade para portadores de TDAH incluindo a farmacologia no TDAH e ressaltam a eficácia do tratamento combinado nesses transtornos. Os estimulantes são as drogas mais utilizadas, sendo considerados medicações de primeira escolha para o transtorno (Barbaresi et al., 2006). Os três estimulantes mais comumente recomendados para o TDAH são as drogas d-anfetamina (Dexedrina®), metilfenidato (Ritalina ®) e pemolina (Cylert®) (Biederman et al., 2004).

No Brasil, o único estimulante encontrado no mercado é o metilfanidato. “Segundo os autores, estas drogas não melhoram somente comportamentos relacionados aos transtornos, mas também melhoram a autoestima e o raciocínio. Clinicamente, os antidepressivos tricíclicos (ADT) são indicados nos casos em que não há resposta aos estimulantes e na presença de comorbidade com transtornos de tique ou enurese.” Atualmente a atomoxetina é uma nova opção farmacológica para o tratamento do TDAH recentemente aprovada pelo Food and Drug Administration ( FDA) nos Estados Unidos.

Fonte: encurtador.com.br/abHRZ

Trata-se da primeira droga não pertencente à classe dos estimulantes, oficialmente aprovada para tratamento do TDA/H em crianças, adolescentes e adultos. Seu modo de ação se dá pela inibição seletiva da recaptura de noradrenalina e dopamina (Byamaster et al., 2002).

Referências

JAMES, William. Princípios de Psicologia. [s. L.]: Henry Holt And Company, 1890. 1393 p.

Barbaresi, W. J., Katusic, S. K., & Voigt, R. G. (2006). Autism: A review of the state of the science for pediatric primary health care clinicians. Archive of Pediatric and Adolescent Medicine, 160, 1167-1175.

Biederman, J.; Faraone, S.V.; Monuteaux, M.C.; Grossbard, J.R. – How informative are parent reports of attention-deficit/hyperactivity disorder symptoms for assessing outcome in clinical trials of long-acting treatments? A pooled analysis of parents’ and teachers’ reports. Pediatrics 113(6): 1667-1671, 2004.

BYMASTER FP, ZHANG W, CARTER PA, SHAW J, CHERNET E, PHEBUS L, WONG DT AND PERRY KW. 2002. Fluoxetine, but not other selective serotonin reuptake inhibitors, increases noradrenaline and dopamine extracellular levels in the prefrontal cortex. Psychopharmacology (Berl) 160: 353-361.