Jung: os arquétipos regem o psiquismo humano

Carl Gustav Jung nasceu em uma pequena vila na Suíça, em 26 de julho de 1875. Estudou psiquiatria, mas, após conhecer Sigmund Freud em 1907, tornou-se psicanalista e natural herdeiro de Freud. Contudo, devido a divergências teóricas eles se afastaram e nunca mais se viram. Jung fundou a Psicologia Analítica e desenvolveu os conceitos de personalidade extrovertida e introvertida, arquétipo e inconsciente coletivo.

De acordo com Jung, os arquétipos são camadas de memória herdada e compõem a totalidade da experiência humana. Para ele, os arquétipos são memórias das experiências dos primeiros ancestrais atuando como moldes no interior da psique. Utilizamos os arquétipos de forma inconsciente para organizar e compreender nossas próprias experiências, embora podemos também preencher as lacunas com detalhes de nossas vidas. É essa a subestrutura preexistente no inconsciente que permite que nós possamos compreender o que vivenciamos.

Esses arquétipos podem se misturar e imitar uns aos outros em diferentes culturas, porém cada ser possui dentro de si o modelo de cada um dos diversos arquétipos adequando-os para a sua realidade. A existência de mitos e símbolos, por exemplo, era a prova de que parte da psique humana contém ideias preservadas em uma estrutura atemporal que age como uma espécie de memória coletiva. De acordo com essa ideia, cada um de nós nasce com uma tendência inata para usar esses arquétipos para entender o mundo.

Fluxograma do pensamento de Carl Jung (MASSARO, 2012, p.104)

Jung considera a Persona como um dos arquétipos mais importantes, pois desde cedo percebeu em si a tendência de mostrar apenas uma parte de sua personalidade ao mundo exterior. Identificou também o mesmo traço em outras pessoas e notou que os seres humanos dividem suas personalidades em componentes e mostram apenas alguns deles de acordo com o meio e a situação.

O Self que apresentamos ao mundo (nossa imagem pública) é um arquétipo que Jung chamou de “Persona”. Ele acredita que o Self tem partes masculinas e femininas e é moldado para ser masculino ou feminino em sua totalidade tanto pela sociedade quanto pela biologia. Quando nos tornamos inteiramente homem ou mulher, deixamos de considerar metade de nosso potencial, embora ele ainda possa ser acessado através de arquétipos.

O Animus é o componente masculino da personalidade feminina e a Anima, os atributos femininos da psique masculina. Refere-se então a uma metade do ser que foi suprimida em nossa construção de homens e mulheres. Esses arquétipos nos ajudam a compreender a natureza do sexo oposto e por conterem um depósito de todas as impressões já produzidas por um homem ou mulher, refletem necessariamente as ideias tradicionais de masculino e feminino. O Animus representa em nossa cultura o “homem real”, que consiste em um ser musculoso, comandante e sangue frio. Já Anima aparece como uma ninfa da floresta, uma virgem e sedutora mulher.

Como existem em nosso inconsciente, os arquétipos podem afetar nosso estado de humor e nossas relações, manifestando-se como declarações sentimentais e proféticas (Anima) ou uma rígida racionalidade (Animus). Há também um arquétipo que representa a parte que não desejamos mostrar ao mundo chamada Sombra, que é o oposto da Persona. A Sombra simboliza todos os nossos pensamentos secretos ou reprimidos e os aspectos negativos de nossa personalidade. Em outras palavras, Sombra é o nosso lado negligenciado que projetamos sobre os outros, porém não necessariamente ruim. Pode simplesmente representar aspectos que optamos por suprimir por serem inaceitáveis em determinada situação.

De todos os arquétipos, o mais importante é o Verdadeiro Self. É um arquétipo central e organizador, que tenta trazer o equilíbrio dos aspectos com fim de formar um Self unificado. Para Jung, o verdadeiro objetivo da existência humana é atingir o ápice psicológico, que ele denomina de “autorrealização” através do Verdadeiro Self. Quando inteiramente compreendido, esse arquétipo é fonte de sabedoria e verdade, capaz de conectar o Self ao espiritual.

Fonte: http://twixar.me/73bK

Os arquétipos tem uma fundamental importância na interpretação dos sonhos. Jung acreditava que os sonhos constituem um diálogo entre o self consciente e o eterno (o ego e o inconsciente coletivo) e que os arquétipos atuam como símbolos dentro do sonho, facilitando o diálogo. Esses arquétipos tem significados específicos no contexto dos sonhos. Por exemplo, o arquétipo do(a) Velho(a) Sábio(a) pode ser representado no sonho pela figura de um pai, professor ou um líder espiritual, indicando aqueles que oferecem conselho, orientação e sabedoria. O arquétipo A Grande Mãe, pode aparecer na figura da mãe ou avó, representando a criadora que oferece confiança, cuidado e reconhecimento. A Criança Divina, arquétipo representante do Verdadeiro Self em sua forma mais pura, simbolizando pureza e inocência, aparecendo como um bebê ou uma criança.

REFERÊNCIA
MASSARO, Evelyn Kay. O Livro Da Psicologia. [s. L.]: Globo, 2012.