O ser humano e a busca incansável pela felicidade

 

Heloysa Dantas Martins – lolo@rede.ulbra.br

Algo que sabemos ser comum a todos, ou pelo menos a maioria das pessoas, é a busca pela felicidade, desde o início da vida aquilo que fazemos é buscando esse caminho: ser feliz, e muitas vezes as coisas impostas a nós pelos nossos pais e/ou por pessoas que nos amam também tem como objetivo, em sua maioria a nossa felicidade, dentro disso é impossível negar o fato de que o ser humano está sempre na busca incansável pela felicidade, busca essa que tem durado toda uma vida e se transformando à medida que o mundo muda também.

Ferraz, Tavares e Zilberman (2007) vão nos trazer um pouco da história dessa busca, destacando cinco momentos fundamentais na construção desses ideais, o primeiro momento define a felicidade como algo dado pelos deuses, ou seja, não estava ao alcance e dependência humana, após a filosofia socrática isso mudou, e a felicidade passou a ser definida como uma responsabilidade do indivíduo, no Iluminismo a crença estabelecida era de que todos mereciam ser felizes e com a chegada da Revolução Francesa foi estabelecido como objetivo social a felicidade dos cidadãos.

Independente do período histórico sabemos que a felicidade sempre foi almejada. Atualmente entende-se a felicidade como a predominância dos estados emocionais positivos, relacionados a sentimentos de bem estar e prazer, sendo que “os julgamentos de bem-estar são baseados principalmente na frequência (na quantidade) de afeto prazeroso e menos na intensidade do mesmo.” (GIACOMONI, 2014), pois as emoções intensas vivenciadas são raras e geralmente necessita-se de um alto custo, por isso o bem estar quando vivenciado a longo prazo mesmo que com pouca intensidade se torna mais significativo que picos emocionais sem continuidade.

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Sabemos que as emoções positivas são de maneira geral um padrão a ser seguido, mas também precisamos levar em conta no processo de busca da felicidade a subjetividade humana, para isso podemos tomar como exemplo a pirâmide de Maslow. Na pirâmide de Maslow temos cinco compartimentos sendo eles em uma ordem de baixo para cima, fisiologia, segurança, amor/relacionamento, estima e realização pessoal.

Podemos identificar as duas primeiras bases da pirâmide como os pontos comuns a todos, sendo eles a fisiologia e a segurança, pois não é possível alcançarmos qualquer nível de felicidade sem que essas áreas estejam alinhadas, como por exemplo, ter possibilidade de se alimentar, ter uma boa saúde, ter segurança do corpo, segurança de recursos financeiros para a sobrevivência diária, sem essas duas bases a busca pela felicidade não pode ser continuada, pois é impossível pensar em questões de realizações pessoais, relacionais, profissionais sem que haja o mínimo para sobrevivência.

Tendo essas bases estruturadas partiremos então para as áreas que tendem a ser mais subjetivas a cada indivíduo, a primeira delas é a o amor/relacionamentos, dentro dessa área encontramos a família, amizades, intimidade sexual, e coisas relacionadas, e é a partir daqui que devemos analisar aquilo que faz sentido para cada pessoa, por exemplo, para alguém que busca a felicidade buscar uma aproximação com a família pode fazer muito sentido, mas para outra pessoa o afastamento familiar pode ser melhor, da mesma maneira a construção de relacionamentos amorosos, amizades deve ser construído dentro da subjetividade de cada um.

Quando falamos de estima também devemos pensar na subjetividade, pois uma conquista que para uma pessoa pode ser algo grande pra outra pessoa pode não ser tão significativo assim, vemos hoje como exemplo no mundo profissional em que existem pessoas que sonham com o diploma e outras que buscam uma carreira no mundo do empreendedorismo e temos no topo da pirâmide a realização pessoal que é o ponto mais subjetivo que temos na teoria de Maslow.

Vemos através da pirâmide de Maslow como a busca pela felicidade é fragmentada, gradual e ao mesmo tempo interligada, além disso, não podemos esquecer que a felicidade é apesar dos pontos em comuns a todos, é muito subjetiva, pois aquilo que pode representar felicidade para mim pode não ser para outra pessoa, a verdade é que podem existir vários artigos, estudos e ciências falando sobre felicidade e as diversas questões emocionais que nos compõem como seres humanos, mas jamais esgotaremos os assuntos pois estamos sempre em mudança e adaptação de novas realidades, e viver é isso, estar sempre mudando.

Dito isso, finalizo dizendo que se você é uma pessoa que está nessa busca incansável pela felicidade, tente refletir nas palavras que Sócrates nos deixou: “O segredo da felicidade não se encontra na busca por mais – mas sim no desenvolvimento da capacidade para desfrutar de menos.” e busque contentamento nas coisas presentes e constantes, aquelas coisas da rotina que na maioria das vezes passam despercebidas aos nossos próprios olhos, em vez de nas coisas futuras e intensas porque o futuro pode não acontecer da maneira que tanto se planeja e as coisas intensas tendem a não durar tanto assim.

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Referências


FERRAZ1, Renata Barboza; TAVARES, Hermano; ZILBERMAN, Monica L. “Felicidade: Uma revisão”, 2007.

GIACOMONI, Claudia Hofheinz. “A felicidade é campo de estudo da psicologia?”. ComCiência, Campinas, no.161, Setembro, 2014. Disponível em: <http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542014000700009&lng=pt&nrm=iso>.