A saúde mental masculina ainda é um tabu para muitos homens, por não aceitarem que é preciso cuidar da mente. Para eles, falar sobre saúde nas emocional é sinônimo de fraqueza, o que é malvisto ainda para muitos. Esse comportamento pode ser explicado pela masculinidade tóxica, a qual afeta o bem-estar do homem contemporâneo, além do machismo, um dos fatores responsáveis pela violência contra a mulher, no Brasil. “A masculinidade tóxica gera inúmeros impactos negativos” (PAULA E ROCHA, 2019).
Silva (2006) aponta que para o homem atribuiu-se características, como a liderança, racionalidade, força física, destreza, coragem, competitividade, pouca afetividade, virilidade. Enquanto a mulher deveria ser cuidadora, recatada, frágil, flexível, delicada e emocional (Silva, 2006). Nesse sentindo, configura-se a mulher como o aposto do homem, em que para o último é destinado o espaço público, enquanto ao primeiro, ambientes privados. Nesse dualismo, que os homens se tornaram os provedores dos lares, incapazes de demonstrarem suas emoções, pelo fato de ser a figura que abastece toda família.
Esta análise contribui para o fortalecimento da masculinidade tóxica, explicada por Paula e Rocha (2019) “O homem sempre recebeu estímulos para conter as suas emoções e, por vezes, expressar emoções negativas, e poucos foram os momentos em que as emoções positivas fizeram parte de sua educação sobre como ser homem”. Paula e Rocha (2019). Atualmente a masculinidade com traços de toxidade tem sido pauta de diversos debates entre diversos grupos de mulheres, até porque o machismo está entre as causas do aumento da violência doméstica contra a mulher.
Conforme Ministério da Saúde, a taxa de suicídio entre os homens é mais alta em relação as mulheres. Isso acontece, justamente pela negligência com a saúde mental. A resistência em buscar ajuda é também explicada pelo machismo, em que o homem não pode chorar e falar sobre seus sentimentos, porque criou-se uma cultura em que homem não chora. De acordo com o órgão, por não cuidarem de suas emoções, muitos homens desenvolvem ansiedade e depressão, e buscam na bebida e no consumo de drogas uma válvula de escape para suas dores.
Segundo o Instituto Britânico de Saúde Mental Mind (2020), uma pesquisa detectou que 6% dos homens disseram sofrer com problemas mentais no ambiente de trabalho, e por isso sofreram discriminação, sendo 2% demitidos. Ou seja, discutir abertamente sobre transtornos mentais, ainda é um desafio para a sociedade que precisa amadurecer sobre esse assunto, o qual é visto com bastante preconceito e desconfiança. Por isso, muitas pessoas oferecem barreira para abordar a saúde mental, em especial, o masculino, como já foi mencionado.
De acordo com o psiquiatra Coelho (2020) “a maioria dos homens tem vergonha de falar sobre seu sofrimento mental, seja por tristeza, ansiedade, insônia, irritabilidade, falta de prazer, desânimo etc. Consequentemente, deixam de ter uma vida feliz, saudável e com melhor qualidade” (Coelho, 2020). Por isso, o médico alerta que ao observar alguns dos sintomas, é preciso procurar um profissional especializado da saúde. Ou seja, é preciso por fim a essa cultura do homem durão e insensível, é preciso desconstruir conceitos enraizados na sociedade, em que o homem precisa dar conta de tudo. O ser humano é frágil, e inclui a figura masculina também.
Referência
Coelho, José (2020). A saúde mental dos homens. Disponível em < https://www.injq.com.br/single-post/saude-mental-dos-homens> Acesso.26, de out de 2021.
Instituto Mind (2020). Disponível em < https://www.mind.org.uk/information-support/legal-rights/discrimination-at-work/overview/#.XARYZ-JRfx8> Acesso 26, de out de 2021.
Paula, R e Rocha, F. Os impactos da masculinidade tóxica no bem-estar do homem contemporâneo: uma reflexão a partir da Psicologia Positiva (2019). Disponível em < http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/RM/article/view/1835/1336>. Acesso 26, de out de 2021.
SILVA, S G da. A crise da masculinidade: uma crítica à identidade de gênero e à literatura masculinista. Brasil, Ministério da Saúde.