Atualmente, vivemos em um ritmo aceleradíssimo, com muito estresse, ansiedade e sem tempo para nada. E, infelizmente, as coisas que nos fazem bem ficam em segundo plano (saúde, família, amigos, hobbies, diversão, tempo livre!). Há uma relação complexa entre produtividade e adoecimento mental que pode levar a consequências negativas significativas. Muitas pessoas sentem que precisam trabalhar constantemente e produzir mais do que nunca para se manterem competitivas em um mundo cada vez mais acelerado e competitivo. No entanto, esse tipo de pressão pode ter um impacto negativo na saúde mental.
Camargo, Izabella (2020) menciona que, as pessoas quando são excessivamente produtivas muitas vezes se sentem sobrecarregadas, ansiosas e estressadas. Elas podem trabalhar longas horas, negligenciar sua vida pessoal e se sentir incapazes de desacelerar e relaxar. Além disso, as expectativas de produtividade podem levar a sentimento de culpa, vergonha e inadequação quando as metas não são atingidas. Esse tipo de pressão constante pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e síndrome de burnout. No DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a síndrome de burnout é um estado de exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional que pode levar a problemas graves de saúde mental.
Os problemas que mais acometem os docentes são transtornos psicoemocionais, tais como depressão e ansiedade, e afecções osteomusculares (Luz, 2008; Emiliano, 2008; Borsoi & Pereira, 2011). O burnout é apontado como uma síndrome singular que afeta professores em razão da natureza específica de seu trabalho. Para Carlotto (2002), trata-se de um “tipo de estresse profissional que acomete profissionais que trabalham com qualquer tipo de cuidado, havendo uma relação de atenção direta, contínua e altamente emocional com outras pessoas” (p. 190). Lacaz (2010) sintetiza essa síndrome da seguinte forma:
Está associada a sintomas relacionados à exaustão mental, emocional, fadiga e depressão. São sintomas comportamentais e mentais, e não apenas físicos, e relacionam-se ao trabalho. Tais sintomas acometem pessoas “normais” e associam-se à queda do desempenho no trabalho, causada por posturas e comportamentos negativos. As dimensões da Síndrome envolvem exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. (Lacaz, 2010, p. 56)
Além disso, a cultura de produtividade pode levar a um ambiente de trabalho tóxico, onde as pessoas são constantemente comparadas umas às outras e incentivadas a competir. É importante lembrar que a produtividade não é o único indicador de sucesso e que a saúde mental deve ser uma prioridade. Equilibrar o trabalho e a vida pessoal, estabelecer limites saudáveis e praticar a autocuidado são fundamentais para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Camargo, Izabella (2020) enfatiza que muitas pessoas são muito extremistas e vivem de maneira insustentável. Muito se ouve: “estuda enquanto eles dormem”, e isso acaba levando muitas pessoas a se sentirem improdutivas e frustradas por não conseguirem acompanhar ou fazer o que os outros fazem. Muito se fala de produtividade, mas poucos se explica que a produtividade precisa ser boa para os dois lados: para quem produz e para e para quem recebe o que é produtivo. Não adianta só aprender a fazer, fazer, fazer e não se cuidar. Pois tanto o excesso, como a falta de produtividade pode gerar sentimentos de tristeza, incapacidade, improdutividade, incompetência e isso se resultar em psicopatologias.
Camargo, Izabella (2020) cita em seu livro que geralmente temos muita pressa para tudo, mas esse ritmo já provou que não é saudável. A autora nos conduz a refletir que não funcionamos como uma máquina. Somos um ser humano e justamente por não respeitar esses parâmetros saudáveis que podemos desenvolver doenças emocionais. Inclusive a mesma autora relata em seu livro as consequência de ter vivido uma vida sem limite e fornece ainda em seu livro, algumas dicas de produtividade inteligente que poderá ajudá-lo a maximizar o seu desempenho sem comprometer a sua saúde mental:
- Estabeleça metas realistas: defina metas realistas para si mesmo e divida-as em tarefas menores e gerenciáveis para evitar a sobrecarga e a sensação de ser dominado pelas tarefas.
- Priorize tarefas: planeje suas tarefas com antecedência e priorize as mais importantes ou urgentes. Isso pode ajudá-lo a se concentrar no que é mais importante, e evitar se sentir sobrecarregado.
- Faça pausas regulares: tire pequenas pausas regularmente, mesmo que seja por alguns minutos, para desacelerar, relaxar e recarregar suas energias. Isso pode ajudá-lo a manter o foco e evitar a fadiga mental.
- Pratique a gestão do tempo: pratique a gestão do tempo, definindo horários específicos para concluir tarefas e evitando multitarefas. Isso pode ajudá-lo a manter o foco e aumentar a eficiência.
- Tenha uma rotina saudável: certifique-se de ter uma rotina de sono adequada, alimentação saudável, exercícios e tempo para relaxar. Isso pode ajudar a reduzir o estresse e melhorar o seu desempenho geral.
- Use ferramentas de produtividade: use ferramentas de produtividade, como aplicativos de gerenciamento de tempo, listas de tarefas e ferramentas de colaboração para ajudar a gerenciar tarefas e projetos de forma mais eficiente.
- Comunique-se com colegas: comunicação aberta e efetiva com colegas de trabalho e líderes de equipe é fundamental para garantir que todos estejam alinhados em relação às prioridades e prazos.
Lembre-se de que a produtividade não deve ser um estressor, mas algo que ajude a gerenciar tarefas e atingir metas de saúde e bem-estar. Ser produtivo é um processo em constante mudança. Você precisa entender a si mesmo, porque assim entenderá como as dificuldades o afetam. Assim, superará as barreiras impostas à capacidade produtiva.
Referências:
American Psychiatric Association. DSMIV: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Lisboa: Climepsi Editores; 1996.
CAMARGO, Izabella. Dá um tempo! Como encontrar limite em mundo sem limites. 1° ed. – Rio de Janeiro: Principium, 2020.
Carlotto, M. S. (2002). Síndrome de burnout e a satisfação no trabalho: um estudo com professores universitários. In A. M. T. Benevides-Pereira (Ed.), Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador (pp. 187-212). São Paulo: Casa do Psicólogo. Disponível em <: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S165792672013000400018 >. Acessado em 28 fev. 2023.
Lacaz, F. A. C. (2010). Capitalismo organizacional e trabalho: a saúde do docente. Universidade e Sociedade, 19(45), 51-59. Disponível em <: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S165792672013000400018 >. Acessado em 28 fev. 2023.
Luz, M. T. (2008). Notas sobre a política de produtividade em pesquisa no Brasil: consequências para a vida académica, a ética no trabalho e a saúde dos trabalhadores. Política & Sociedade, 7(13), 205-228. Disponível em <: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1657-92672013000400018 >. Acessado em 28 fev. 2023.