Entrevistamos Adria Bruna Silveira Mota, registrada no Conselho Regional de Educação Física (CREF), para conhecermos mais sobre a sua experiência como personal trainer. A entrevista foi feita por Maria Fernanda Mota Sousa e Myrella Silva, ambas estudantes de Educação Física no Ceulp – ULBRA do segundo e primeiro período respectivamente.
Adria relatou detalhes de sua trajetória profissional, desde as motivações para a escolha da carreira de personal trainer, até as dificuldades e aprendizados nesse percurso. Ela destacou a importância do preparo físico e mental que a profissão exige, afirmando que trabalhar diretamente com o público é um trabalho árduo e diário que exige dedicação e empatia. Adria disse que um dos principais desafios, além de se manter sempre atualizada, é entender a individualidade de cada aluno e adaptar o treino para que todos alcancem seus objetivos de forma segura e eficiente.
Perguntamos também como ela lida com a evolução dos alunos e com a motivação deles. Adria explicou que tenta construir uma relação de confiança, para que os alunos se sintam confortáveis e motivados a continuar. Ela conta que, para ela, cada vitória dos alunos é uma conquista coletiva, que a motiva a dar o seu melhor a cada dia.
Ao final da conversa, Adria deixou uma mensagem sobre a importância de se buscar um profissional qualificado para o acompanhamento físico. Para ela, o trabalho do personal trainer vai além de prescrever os treinos, e sim orientar para uma vida mais saudável e equilibrada. Ela ressalta que cada aluno é único, e é a ajuda de um acompanhamento especializado que faz a diferença para atingir o que se deseja.
Foi uma entrevista inspiradora, onde pudemos perceber melhor a paixão de Adria pela profissão e o comprometimento dela com a saúde e o bem-estar dos alunos.
O que te fez escolher o curso de Educação Física e atuar na área, e quais as qualidades mais importantes que um professor deve ter para atuar na área?
A Educação Física sempre fez parte da minha vida, desde a infância. Sempre convivi com atividades físicas, praticava esportes, dança, e isso acabou me trazendo para essa área, apesar de inicialmente eu ter pensado em seguir Direito. Felizmente, tive tempo para mudar de ideia e seguir o que realmente me traz satisfação. O que me fez escolher essa profissão foi o desejo de ajudar o próximo, de cuidar da saúde das pessoas e de ser uma promotora de bem-estar. Essa oportunidade de ser uma provedora de saúde para alguém foi o que realmente me motivou. Além disso, para atuar na Educação Física, acredito que as qualidades essenciais de um bom profissional incluem estar sempre atualizado, ter empatia e atenção ao lidar com a saúde e o bem-estar das pessoas, o que exige muita responsabilidade.
Como você adapta os treinos para cada pessoa, levando em conta as diferentes necessidades e limitações?
Hoje em dia, trabalhamos muito com a periodização, que é uma técnica onde dividimos o treino em fases para atender melhor o desenvolvimento e o objetivo de cada aluno. Quando recebo um novo aluno, eu faço uma avaliação inicial e converso com ele para entender exatamente o que ele deseja alcançar. A partir do que ele me relata, eu crio uma periodização personalizada do treino. Se o aluno nunca fez atividade física, começamos de forma bem adaptativa e vamos progredindo aos poucos, respeitando o ritmo e as limitações do corpo dele. Essa progressão gradual é essencial para evitar lesões e ajudar o aluno a se adaptar à nova rotina.
Quais são os maiores desafios que você enfrenta ao trabalhar com alunos de idades e níveis de condicionamento diferentes?
Nós, profissionais de Educação Física, precisamos estar preparados para lidar com pessoas de diferentes perfis e com variadas experiências com exercícios. Algumas pessoas chegam com uma boa bagagem, já praticam há anos e têm um nível avançado de condicionamento físico. Outras estão pisando em uma academia pela primeira vez e precisam de orientação desde o básico. Então, é fundamental saber lidar com cada pessoa e adaptar as técnicas e exercícios para cada caso. Precisamos dominar os movimentos e a execução correta de cada exercício, não só para ensinar, mas também para demonstrar. Muitos alunos até brincam dizendo “ah, você está me passando esse exercício, mas você sabe fazer ele?”. E sim, precisamos saber e estar aptos para mostrar o exercício da maneira correta! É uma prática que precisa ser constante. Mesmo que não seja um exercício que fazemos todos os dias, temos que estar prontos para corrigir, orientar e demonstrar com segurança.
O que você costuma fazer para ajudar seus alunos a se manterem motivados e a continuarem treinando regularmente?
Eu considero que sou uma pessoa muito motivada nesse quesito. Mantenho contato com meus alunos, mando mensagens, cobro presença, e se algum aluno falta, eu pergunto o que aconteceu. Esse acompanhamento faz muita diferença, pois as pessoas se sentem cuidadas, não é apenas uma cobrança. Muitas vezes, o que falta para que o aluno se sinta motivado é justamente saber que tem alguém ali que está prestando atenção e que se preocupa com ele. Isso traz um grande impacto na continuidade do treino.
Alunas: Na sua opinião, qual é a relação entre atividade física e saúde mental? Você vê um impacto significativo?
Com certeza. Hoje em dia, vemos muitos alunos que chegam com transtornos diversos, e a prática de atividade física é amplamente reconhecida como um fator positivo para a saúde mental. O exercício físico libera hormônios que são importantes no tratamento de questões mentais e emocionais. Conheço muitas pessoas que encontraram no exercício físico um dos principais pilares para recuperar e manter a saúde mental. É uma relação muito importante e que ajuda a fortalecer tanto o corpo quanto a mente.
Quando você planeja uma aula ou treino, o que considera essencial para que seja eficaz e interessante?
Um dos aspectos essenciais é considerar a opinião do aluno. Muitos alunos chegam com atividades ou preferências que eles já gostam de fazer e que trazem prazer, como esportes ou tipos de movimento que praticam fora da academia. Tento incorporar esses elementos nos treinos para criar uma conexão entre o que eles já gostam e as atividades que faremos na academia. Isso torna o treino mais interessante e motivador para eles. Além disso, levo em consideração o conforto do aluno, porque é fundamental que ele se sinta bem ao fazer o exercício.
Como você aborda o treinamento de alguém que tem uma lesão ou alguma condição especial, como problemas nas articulações ou nas costas?
Como profissionais, precisamos ter conhecimento das diferentes patologias para saber o que o aluno pode ou não pode fazer. Por exemplo, pessoas com condromalácia no joelho precisam de uma abordagem cuidadosa. Evitamos certos exercícios que podem prejudicar ainda mais a condição e focamos em movimentos que sejam seguros e adaptados para o nível de cada aluno. A execução correta é muito importante para evitar que o problema se agrave.
Você acredita que a alimentação tem um papel muito importante no desempenho físico? Como orienta seus alunos sobre isso?
Sim, com certeza. Eu sempre digo aos alunos que 80% dos resultados vêm da alimentação e 20% do treino. Para quem busca emagrecimento, por exemplo, uma alimentação equilibrada e um déficit calórico são fundamentais para atingir o objetivo. Se o aluno não seguir uma dieta saudável, será muito difícil alcançar os resultados desejados, então sempre oriento a importância de cuidar da alimentação.
Tem algum exercício ou hábito simples que você recomendaria para melhorar a postura e evitar dores no corpo durante o dia?
Eu acredito que a postura deveria ser trabalhada desde cedo, na escola. A forma como uma criança se senta influencia o desenvolvimento postural dela ao longo da vida. Quando a postura incorreta se torna um hábito, fica mais difícil corrigir depois. Um dos grandes problemas hoje é o uso excessivo de celular, pois as pessoas acabam assumindo uma postura cifótica sem se darem conta, o que causa desvios posturais.
Como você vê a educação física evoluindo nos próximos anos, especialmente com as mudanças nas tecnologias e nas tendências de treino?
Hoje em dia, vemos um aumento nos treinos personalizados online, e acredito que essa tendência só tende a crescer. Durante a pandemia, muitos começaram a buscar formas alternativas de praticar atividades físicas, e os treinos online foram uma ótima solução. Embora a presença de um profissional na academia continue importante, o atendimento online permite alcançar mais pessoas e otimizar o tempo, o que é um benefício para os alunos e para nós, profissionais.
O que você acha dos treinos funcionais? Eles realmente fazem diferença ou são mais uma tendência?
Os treinos funcionais fazem todo sentido. Nosso corpo é funcional, então praticar exercícios que trabalham nossas funções naturais é muito importante. Diferente das máquinas de academia, que limitam o movimento, o treino funcional desenvolve o corpo da maneira como ele é, o que pode ajudar a corrigir desvios posturais e melhorar o desempenho geral.
Qual a sua opinião sobre práticas como yoga ou pilates em conjunto com os treinos tradicionais? Você vê benefícios nessa combinação?
Acredito que a combinação é excelente. A periodização do treino permite que essas práticas sejam integradas de forma eficaz, e isso traz benefícios enormes para os alunos. Yoga e pilates ajudam a melhorar a flexibilidade e o equilíbrio, o que complementa muito bem o treino tradicional de força e resistência.
Como você ajuda seus alunos a traçarem metas realistas de treino, sem que eles se frustrem ao longo do processo?
O mais importante é respeitar o corpo e entender que o progresso é gradual. Muitas vezes, os alunos chegam com muita vontade de fazer tudo de uma vez, o que aumenta as chances de se machucarem. É preciso ter paciência e saber que o corpo precisa de tempo para se adaptar às novas atividades e cargas. Respeitar o próprio corpo é a chave para evitar frustrações.
É realmente necessário o aquecimento antes do treino? Se sim, qual a importância dele, e quais benefícios ele pode trazer?
Sim, o aquecimento é fundamental. Eu sempre aqueço meus alunos com exercícios específicos que eles vão desenvolver durante o treino. O aquecimento funcional, que prepara o corpo para o que está por vir, é muito mais eficaz do que simplesmente andar na esteira. Tanto o aquecimento quanto a mobilidade são essenciais para preparar o corpo e evitar lesões.
Por que a prática regular de exercício físico melhora a prevenção de doenças?
A prática regular de exercícios físicos ajuda muito na prevenção de doenças. Por exemplo, para hipertensão, a prática diária de exercícios melhora a respiração e a saúde cardiológica, o que contribui para a redução da pressão arterial. Além disso, ela auxilia na diminuição dos níveis de glicose no sangue, sendo um recurso eficaz para quem busca prevenção ou controle do diabetes. A hipertensão e o diabetes são doenças comuns, e os exercícios físicos são uma forma acessível e natural de melhorar essas condições e, assim, promover mais saúde.
Quais são os diferentes tipos de exercício físico (aeróbico, funcional, anaeróbico) e seus benefícios para a saúde e o condicionamento físico?
Os exercícios aeróbicos são focados principalmente no sistema cardiovascular e melhoram a resistência e o condicionamento físico, ajudando a reduzir a sensação de cansaço no dia a dia. Já os exercícios anaeróbicos, como a musculação, fortalecem as funções musculares e são essenciais para o emagrecimento, pois o aumento de massa muscular acelera o metabolismo. Ambos os tipos de exercício são importantes para a saúde; o trabalho aeróbico melhora o desempenho cardiovascular, enquanto o anaeróbico potencializa a queima de gordura e fortalece os músculos. É uma combinação de ambos que traz melhores resultados para quem deseja emagrecer e alcançar um bom condicionamento físico.