Meu amigo eleitor
Escrevo esse cordel
Num ano em que o povo
Cumpre um honroso papel
Ansiando insistente
O momento em que a gente
Se alegra ou bebe fel.
O momento em que uns moços
De uniforme dourado
Representam nosso sonho
No presente e no passado
De ser campeão do mundo
O desejo mais profundo
Que já vimos alcançado.
Afinal, já somos penta
O país do futebol,
Nenhuma nação no mundo
Detém tão brilhante rol
De conquistas alcançadas
Vitórias tão celebradas
Faça chuva ou faça sol!
Tais vitórias são a mostra
Da tal criatividade
Que o povo brasileiro
Seja no campo ou na cidade
Demonstra quando precisa
E ninguém lhe dá a pisa
Garante tranquilidade.
Mas houve um tempo mau
Em que o país varonil
A grande pátria querida
Que chamamos de Brasil
Viveu dias mui sombrios
De cidadania frios
De pólvora em barril.
A alegria do povo
Só se dava no gramado
Onde nossa euforia
Contrastava um bocado
Com as torturas sangrentas
Sobremodo violentas
De jovem inconformado.
Os militares vieram
E saíram dos quartéis
Os tenentes, os majores,
Capitães e coronéis,
Mataram a mocidade
Que queria a verdade
Do canto dos menestréis.
O canto de todo artista
Foi por eles censurado
Falar o que pensava
Era risco endiabrado
De um dedo-duro falar
Totalmente te ferrar
E tu ir engaiolado!
Mas, hoje, estamos livres
E o canso insistente
Da torcida brasileira
Antecede o batente
Da campanha eleitoral,
Depois, para bem ou mal,
Votamos pra presidente.
As Câmaras do Congresso
Tem sua renovação
De acordo com o voto
Dado pelo cidadão
Câmaras estaduais
Com muitos “vivas” ou “ais”
Sentem a transmutação.
(Deixa uma explicação
Eu aqui pronunciar
Câmara estadual
Assembleia vais chamar
Pois a métrica do verso
Me jogou em um reverso
Que eu tive que driblar!)
O voto é importante
Porque para funcionar
A nossa sociedade
Alguém precisa mandar
Que pelo povo eleito
Deve fazer o direito
De nossa nação cuidar.
Assim deveria ser
Desses nossos governantes
Desses nossos deputados
Que são os representantes
Por nosso povo eleitos
Para serem verdadeiros
Exatos, certos, brilhantes.
Só que a realidade
É infame e diferente
Candidato troca voto
Por tratamento de dente
Numa botina lustrada
A farra é consumada
De maneira inclemente.
E assim o nosso povo
É de novo derrotado
Pela tal corrupção
Pelo jeito tão errado do tempo eleitoral
Que se mostra o sinal
Do mal que tem se achegado.
E lá vai a cesta básica,
E o voto vem chegando,
Olha uma dentadura
Pelo voto se trocando,
Olha o povo azarado,
Com o direito negado,
Desespero assustando…
Saiba que quem vence a luta
Pelo espaço do poder
Nunca é o povo pobre
Enquanto não aprender
Que essa corrupção
Destrói a nossa nação
Não deixa nada crescer.
A vitória do país
Desta enorme nação
Vem da nossa consciência
Comandando a ação
O voto não mais vender
A consciência crescer
Produzindo a benção.
Chamo agora o povo pobre
Que venha se levantar
E nas suas mãos cansadas
De sofrido batalhar
Tome a rédea da história
E acabe com a esbórnia
Dos bandidos a reinar!
Dê voto com consciência
Não se deixa enganar
Pois quem compra o seu voto
Não irá se importar
Se a escola tá caindo
Pela reforma bramindo
Ele vai ignorar.
Ou então, quando a obra
Esse tal mandar fazer
Aproveita para a verba
Dentro do bolso meter
Porque ele é ladrão
Não tem consideração,
Por você, nunca vai ter!
Craque na cidadania
Tu precisas te tornar
Hábil como um Pelé
De precisão para driblar
Toda promessa vazia
Que de noite e de dia
Vem para te atentar.
Seja tu um Ronaldinho
Ou Robinho para votar
Em político honesto
Não queira desperdiçar
Em candidato fuleiro
Esse brado verdadeiro
Que na urna tu vais dar.
Brasil, país da alegria
O país do futebol
País que é maltratado
Pelo grande besteirol
Que é promessa vazia
Que tal vômito em pia
É falta de “cimancol”!
Meu país que tanto sofre,
O povo pode mudar
Essa história tão triste
Que nos faz todos
Penar que causa a comoção
E grande perturbação
Nos faz sofrer e chorar.
Meu país, se o povão
Vive para se esforçar
Decide que não quer mais
Sob engano se arrastar,
Saiba que a solução
Terá chegado, então,
Poderemos festejar.
Cidadão e cidadã,
Que estas setilhas leu,
Agradeço a atenção,
Mas peço um favor teu:
Dê o voto consciente
E coloque em sua mente
O que de mim entendeu.
Ilustração: Hudson Eygo
Transcrição: João Victor Morita