Primeiro: vai dar tudo errado. Não porque você não é capaz, não por causa do sistema, não porque as pessoas desistem do atendimento antes mesmo de iniciar. Vai dar tudo errado porque é exatamente aí que você precisa olhar para ver onde vai acertar.
Segundo: vai ser de um extremo ao outro. Se no começo foi complicado, o meio será confuso. Você terá a opção de desistir e a opção de continuar, mesmo depois de receber alguns “nãos”, mesmo passando a maior parte do tempo debruçado sobre uma mesa ou tentando, de todas as formas, montar algum grupo terapêutico ou continuar com o atendimento do sujeito que já esperou tempo demais e agora sentencia: “Não, já tô bem”.
Terceiro: você vai se sentir finalmente na sua profissão. Poderá chegar à quase certeza de que é realmente naquela área que quer, ou não, trabalhar. “Quase” porque ainda tem muitas coisas para aprender e conhecer sobre o leque de oportunidades que a Psicologia oferece. Poderá entender alguns empecilhos do tal Sistema e quem sabe irá chegar à conclusão de que essa é a melhor profissão que você poderia ter escolhido.
Por último: vai ver que, mesmo arrastando alguns meses de frustração, mesmo achando que as coisas não estão indo para frente e tendo a sensação de que você só está ali dentro enrolando e passando o tempo – ainda que as 8 horas semanais pareçam sem sentido – no final, vai entender que o que você fez foi muito, mesmo parecendo pouco. E esse pouco valeu todo seu primeiro estágio em “Ênfase”. Sua primeira experiência na prática.
Então a gente começa a entender a fala de Rubem Alves, quando diz: “O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio”.
Primeiro aprendemos a arte de escutar, para depois então a maestria de falar.