Os cinco medicamentos deverão atender já no primeiro ano 270 mil brasileiros que sofrem do transtorno
Os brasileiros que sofrem de Transtorno Bipolar são beneficiados com a linha completa de tratamento para a doença após a inclusão de cinco medicamentos. A decisão publicada no Diário Oficial da União deve representar investimento do Ministério da Saúde da ordem de R$ 755 milhões em cinco anos. A estimativa é que ainda neste ano cerca de 270 mil pessoas sejam atendidas com esse novo tratamento, e a previsão é que esse número chegue a 330 mil em 2019.
Outra novidade importante é a publicação do primeiro Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) que servirá como guia para a orientação do diagnóstico, tratamento e acompanhamento desses doentes. Segundo estimativas de associações de pacientes, o transtorno pode afetar até dois milhões de brasileiros.
Os medicamentos incorporados servem para o tratamento dos sintomas associados à doença, caracterizada por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos alternando-se com episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade. Estima-se que os pacientes diagnosticados com transtorno bipolar podem desenvolver mais de 10 episódios de mania e de depressão durante toda a vida. A duração das crises e dos intervalos entre elas em geral se estabiliza após a quarta ou quinta crises. Frequentemente, o intervalo entre os primeiro e segundo episódios pode durar cinco anos ou mais, embora 50% dos pacientes possam apresentar outra crise maníaca 2 anos após sua crise inicial.
De acordo com a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, a mortalidade entre os portadores da doença é elevada e o suicídio é a causa mais frequente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos portadores tentem o suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% efetivamente o cometem. Além disso, outras doenças clínicas como obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares são mais frequentes entre os portadores de Transtorno Bipolar do que na população geral.
Devido a peculiaridades na apresentação clínica da doença, o diagnóstico é difícil. Frequentemente crianças recebem outros diagnósticos, o que retarda o início do tratamento adequado. Isso causa consequências devastadoras, pois o comportamento suicida pode ocorrer em 25% dos adolescentes portadores de Transtorno Bipolar. Sendo assim, O tratamento adequado do Transtorno Bipolar reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores.
“O transtorno bipolar pode se apresentar em diferentes graus, do mais leve ao mais grave, por isso é importante promover o diagnóstico correto e o acesso ao melhor tratamento existente. Com essa incorporação a expectativa do Ministério da Saúde é que até o final deste primeiro semestre os medicamentos já estejam à disposição da população” estima o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
MEDICAMENTOS INCORPORADOS
CLOZAPINA: Medicamento indicado para tratamento de esquizofrenia resistente ao tratamento; risco de comportamento suicida recorrente em pacientes com esquizofrenia ou distúrbio esquizoafetivo; e psicose durante a doença de Parkinson.
LAMOTRIGINA: Indicado para prevenir episódios de alteração do humor, especialmente episódios depressivos.
OLANZAPINA: Indicado para o tratamento de episódios de mania aguda ou mistos do TAB (com ou sem sintomas psicóticos e com ou sem ciclagem rápida) e para prolongar o tempo entre os episódios e reduzir as taxas de recorrência dos episódios de mania, mistos ou depressivos no TAB.
QUETIAPINA: Indicado como adjuvante no tratamento dos episódios de mania, depressão, manutenção do transtorno afetivo bipolar I (episódio maníaco, misto ou depressivo) em combinação com os estabilizadores de humor lítio ou valproato, e como monoterapia no tratamento de manutenção do transtorno afetivo bipolar (episódios de mania, mistos e depressivos).
RISPERIDONA: Indicado para o tratamento de curto prazo para a mania aguda ou episódios mistos associados com transtorno bipolar I.