“Wall-E” e o sentimento de responsabilidade ecológica

Vencedor do Oscar de Melhor Filme de Animação em 2008

Através da magia do cinema infantil, Wall-E agrada também aos adultos, evocando em nós uma reflexão acerca o tema da Sustentabilidade Ambiental . Por meio de uma comunicação acessível, o longa também explora o despertar dos sentimentos: amor e carinho, entre duas máquinas de inteligência artificial.

Em 2110, época em se passa o filme, o planeta Terra tornou-se inabitável, tamanha a poluição causada pela sociedade. O ar tornara-se irrespirável, o sol desaparecera, haviam pilhas e mais pilhas de lixo, obrigando-os a abandoná-la e partir em uma nave para o espaço por cinco anos, deixando robôs Wall-E para trás para “limpar a bagunça”. Entretanto, passam-se setecentos anos desde a partida da nave e, neste espaço de tempo, resta apenas um único exemplar de Wall-E vagando pelo planeta, realizando a atividade que fora incumbido. Neste interím, Wall-E desenvolve sentimentos a partir de suas experiências, passa a colecionar artefatos humanos e cria laços de amizade com o único ser vivo restante, uma barata.

 

 

Ao ser lançada em um cruzeiro, a nave seria incumbida de voltar à Terra assim que se tornasse habitável novamente e, portanto, eram enviados robôs periodicamente para realizar uma revista e encontrar exemplares de seres vivos que comprovassem a possibilidade de prosperar novamente no planeta. Desta forma, é enviada EVA, um modelo de robô moderno enviado à Terra para cumprir a missão de procurar formas vegetais de vida. Ao vê-la, Wall-E que passou anos na solidão, demonstra toda sua afetividade e propõe-se a mostrar-lhe de tudo, sua coleção de objetos humanos, sua “casa”. No entanto, ao encontrar um espécime de planta, EVA entra em estado de hibernação até que a nave a recolha de volta ao espaço. Wall-E, no entanto, não desiste de ficar com EVA e, quando a nave vem buscá-la, ele agarra-se a turbina e vai para o espaço com ela e os seres humanos que lá residem.

 

 

Ao chegar à nave, o cenário é completamente diferente. Um ambiente completamente limpo, digital e, aparentemente, “agradável”. Todos os seres humanos que ali habitam ficam sentados constantemente em uma cadeira toda equipada com acessórios modernos e eletrônicos para se moverem sem precisar andar, comunicarem-se sem precisar olhar no olho do outro, comer tudo o que quisessem. Por outro lado, porém, eram todos obesos e alienados e suas gerações subsequentes sequer sabiam o que era Terra ou vida fora daquela nave. Estavam todos adaptados e condicionados àquela forma de vida uniforme e moldada conforme a “tendência da moda”, ilustrada através da cor da roupa que todos usavam e mudavam quando surgisse uma propaganda que os dissesse que a nova moda era outra cor.

 

 

Entre as várias confusões em que Wall-E se mete para conquistar EVA, há um segundo cenário onde o comandante da nave, responsável por levá-la de volta à Terra quando encontrassem vida vê-se fascinado pela plantinha que EVA trouxera e passa, então, um dia inteiro buscando em seu computador ultramoderno os significados de diversas palavras que foram esquecidas por estes longos anos fora de “casa”; Terra, árvore, mar, água… É neste momento que desperta nele a vontade de voltar, no entanto, o comandante percebe que a nave tem “vida própria”. O que ele achava que antes controlava, a nave, agora tem o controle de tudo e todos que estão ali e não permite que o comandante dê o comando para voltarem à Terra. Inicia-se, assim, a luta pelo bem da humanidade, entre máquinas e pessoas, tendo como aliados dois robôs ajudando o comandante a recuperar o controle da nave e retornar à Terra para reconstruírem o bem maior que possuem.

 

 

Através do filme Wall-E, são abordados temas relacionados as novas tecnologias de comunicação, que unem pessoas que estão distantes e, por outro lado, separam as que estão próximas, deixando de notar o que está em volta e distanciando-se do real; a facilidade de acesso à informação através do comando oral e divulgação em massa do que se deseja e, além de tudo, a aproximação das máquinas com o homem, passando a expressar sentimentos e adquirir personalidade, mostrado através do protagonista do filme. O filme transcorre com a sensibilização dos telespectadores através do romance e afetividade entre robôs de gerações distintas, deixando-nos propensos a captar sua mensagem intrínseca que é a sustentabilidade ambiental.

 

 

No final do filme, os seres humanos voltam à Terra com a esperança renovada de prosperar e cuidar do que tinham de mais precioso, e deixar como herança para seus filhos e netos, e ensinar àquelas que nasceram no espaço sobre como era viver na Terra.

 

 

Deixo, então, a questão: Será preciso destruir tudo para valorizarmos o bem mais precioso, não que possuímos, mas que podemos usufruir para viver bem?

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FICHA TÉCNICA

WALL-E

Direção: Andrew Stanton
Roteiro: Andrew Stanton e Jim Reardon
Música: Thomas Newman
Gênero: Ficção Científica
Estúdio: Pixar Animation Studios
Distribuição: Walt Disney Pictures e Buena Vista International
Ano: 2008