Cronos é a divindade suprema da segunda geração de deuses da mitologia grega, correspondente ao deus romano Saturno. Deus da agricultura e também símbolo do tempo cronológico. Filho de Urano, o Céu estrelado, e Gaia, a Terra, é o mais jovem dos Titãs.
Casou-se com sua irmã Réia e com ela teve seis filhos: Deméter, Héstia, Poseidon, Hades, Hera e Zeus.
Sua lenda conta que seu pai Urano, tão logo nasciam os filhos, devolvia-os ao ventre materno, pois tinha medo de ser destronado por um deles. Gaia, sua mãe, então resolveu libertá-los e pediu aos filhos que a vingassem e a libertassem do terrível marido. Todos se recusaram, exceto Cronos, que odiava o pai. Gaia, então lhe entregou uma foice e quando Urano se deitou, à noite, sobre a esposa, Cronos cortou-lhe os testículos e os jogou no mar.
Com isso, após expulsar o pai, Cronos toma seu lugar e se torna tão déspota quanto o pai.
Temendo uma profecia segundo a qual seria tirado do poder por um de seus filhos, ele passa a engoli–lós ao nascerem. Assim comeu todos seus filhos exceto Zeus, que Réia conseguiu salvar enganando Cronos. Grávida de Zeus, Réia fugiu para a ilha de Creta e lá, secretamente, no monte Dicta, deu à luz o caçula. Envolvendo em panos de linho uma pedra, deu-a ao marido, como se fosse a criança, e o deus, de imediato, a engoliu.
Quando Zeus cresceu, iniciou uma longa e terrível guerra contra seu pai Cronos, solicitando para esse feito o apoio de Métis – a Prudência – filha do Titã Oceano. Esta ofereceu a Cronos uma poção mágica, que o fez vomitar os filhos que tinha devorado.
Zeus, então o expulsou do Olimpo, banindo-o com seus titãs aliados para o Tártaro, lugar de tormento, depois de uma guerra de dez anos que ficaria conhecida como titanomaquia. E assim como o pai simbolizava o tempo, ao derrotá-lo, Zeus tornou os deuses imortais.
Como arquétipo, Cronos representa a passagem do tempo, a velhice, as tradições. Nele encontramos as limitações da vida mortal. É natural que um soberano com a idade seja substituído por um de seus filhos, entretanto Cronos não aceita bem a passagem do tempo e a perda da fertilidade e do poder, por isso engole seus filhos.
Escultura Romana do séc. II a.C.
Ele somente encontra a sabedoria na velhice, quando é inevitavelmente expulso por Zeus e se torna um deus agrário. Porém isso ocorre de uma forma amarga e com muito sofrimento. Cronos, portanto representa o corpo físico, que envelhece de forma inexorável e ao mesmo tempo se rebela contra seu destino fatal.
Esse arquétipo também representa os complexos paternos que herdamos. Uma maldição familiar. Uma vez que Cronos repete a mesma insanidade, que seu pai cometeu com ele.
Saturno devorando um filho, GOYA (1819).
Esse arquétipo nos diz que devemos aceitar nossa condição mortal e isso se dá por meio da separação dos pais e da infância. Aceitar a maturidade nos traz sabedoria. Somente assim podemos parar de fantasiar que alguém virá como num passe de mágica transformar a nossa vida em um aconchego eterno. E então, passamos a assumir a responsabilidade dos nossos atos e escolhas. A maturidade do espírito faz com que diminuamos as projeções.
Nosso lado adolescente, que não quer “crescer” irá se rebelar, porém, se aceitarmos isso poderemos evitar muitas amarguras e descontentamentos e poderemos encontrar a sabedoria.