Sobre a tragédia na escola em Suzano? “Precisamos desarmar corpos mas, sobretudo, desarmar almas”… eu preciso escrever sobre isso…
Quando se é professor, mortes como essas, impactam-nos de forma que destrói o coração. Porque ser Professor é ser um pouco pai, um pouco mãe, um pouco amigo, um pouco “ser que busca inspirar para o bem”, um pouco ator e um pouco artista… E, quando necessário, quase sempre, também um pouco Super Heróis (como os professores que fecharam as portas da sala, colocando-se como escudo humano, para salvar seus alunos).
Cada aluno e cada educadora mortos ontem se tornaram ora aluno de todos nós, ora filho de todos nós, ora amigo de todos nós… Por isso essa comoção que me motivou a escrever este texto.
Observo que vociferam em busca de culpados. Julgo pertinente este questionamento. Contudo, mais relevante seria tentar compreender todo esse processo de violência explícita que destoa, como citou Dias Toffoli, da conduta social do povo brasileiro.
É urgente nos desarmarmos de toda “arma” que fomenta o ódio e o desejo de “exterminar” tudo e todos que divergem do que pensamos.
Precisamos nos conscientizar que há várias armas que matam: revólver, faca, machado… e, também, palavras.
Todo ódio se incorpora, se movimenta e se vivifica, se estimulados. Então, cabe o questionamento “Como cada um de nós, enquanto sociedade,pode contribuir para que tragédias como essa não ocorram novamente”?
Podem me julgar boba, utópica, romântica, pacifista… é seu livre arbítrio. Porém, a resposta é simples. Precisamos agir enquanto SOCIEDADE que ABOMINA A VIOLÊNCIA.
Cobrar SEGURANÇA do estado, SIM. Porque se eu defendo que “professores e funcionários armados” evitariam essa chacina, estou aceitando que “eu sou a lei, a ordem e a segurança”. Para mim, é um passo para a barbárie.
Então, que reorganizemos nossas práticas sociais, no contexto, precipuamente, familiar. Posteriormente, escolar e social.
Então, nesse jogo de xadrez que é a vida, numa batalha entre o Bem e o Mal, que saibamos lutar pelo BEM. E nossa luta é diária e ininterrupta.
Lute pelo Bem compreendendo que temos opositores, não inimigos.
Lute pelo BEM ensinando nossos semelhantes a conviver com as diferenças.
Lute pelo Bem acreditando que o diálogo é sempre mais adequado que a violência física.
Lute pelo Bem tendo responsabilidade com o uso de palavras, quer faladas, quer escritas, para que elas não se transformem em munição de ódio que engatilharão ARMAS que matarão, muitas vezes, inocentes.
Os educadores e alunos, que morreram ontem, levaram uma lição para a casa eterna “Entender por que a Violência, o desamor, o ódio alimentado parece querer se legitimar entre nós”?
Com certeza, Deus, na sua infinita misericórdia, recebeu-lhes e todas essas perguntas se tornaram inférteis.
Mas, e nós, “cidadãos do Bem”, o que responderemos aos que morreram?
Então, que defendamos o uso da única arma que salva “O AMOR AO PRÓXIMO”, independente de quem seja.
Foi essa Arma de Amor que se manifestou no coração das merendeiras, que empurraram freezeres para fechar portas, colocando suas vidas em risco para salvar crianças.
Foi essa Arma de Amor que motivou professores a se posicionarem como escudo humano, fechando portas, para proteger seus alunos.
Foi essa Arma de Amor que fez com que médicos, de um hospital particular, atendessem feridos, gratuitamente, priorizando a missão de salvar vidas, QUALQUER VIDA.
Foi essa Arma de Amor que nos sensibilizou ao ponto de, ao nos colocarmos no lugar do outro, fazer chorar o coração.
Aos familiares e amigos daqueles que foram vítimas de horrenda violência, meus sinceros sentimentos.
Aos que morreram, meu pedido de perdão e minha promessa de que continuarei lutando por um mundo mais ARMADO DE AMOR!
Conforta-me saber que, nesta batalha, NÃO ESTOU SÓ.