“AlphaGo é o primeiro programa de computador a derrotar um jogador Go humano profissional, o primeiro a derrotar um campeão mundial Go e é sem dúvida o jogador Go mais forte da história”[3]. Especula-se sobre quando as máquinas terão a capacidade de pensar por conta própria? Este questionamento vem mesmo que de forma muito discreta, carregado de um sentimento de assombro, pois não podemos imaginar como será o mundo quando isso acontecer, porém, o AlphaGo pode nos dar um vislumbre de como isto pode ser possível.
O jogo Go tem sua origem na china e pode ter sido criado há mais de 3.000 anos [3], em uma síntese, pode ser descrito assim:
Dois jogadores, usando pedras brancas ou pretas, se revezam colocando suas pedras em um tabuleiro. O objetivo é cercar e capturar as pedras do adversário ou criar estrategicamente espaços de território. Uma vez que todos os movimentos possíveis tenham sido executados, tanto as pedras no tabuleiro quanto os pontos vazios são computados. O maior número ganha [2].
O que torna este jogo um desafio para a IA é que as possibilidades são praticamente ilimitadas e cada jogada pode ir além de uma técnica ou estratégia, ela pode refletir o humor ou o sentimento do competidor, sua individualidade. Assim, poderia um computador ser capaz de construir sua própria individualidade? O AlphaGo utiliza redes neurais profundas [2] e formou seu estilo próprio (sua individualidade?) baseando-se em jogos de competidores amadores e profissionais, jogando milhares e milhares de vezes contra outros competidores assim como contra a si próprio.
Em nossa vida são nossas vivências na infância, em um dado local ou em uma determinada comunidade, por exemplo, que definem quem nós somos, por isso, mesmo que com formação e níveis de inteligência semelhantes, os jogadores humanos são diferenciados, fazem suas escolhas não apenas baseado na lógica, mas nas suas experiências. A ideia de usar algoritmos de IA cada vez mais potentes no AlphaGo é torná-lo capaz de também tomar decisões nas experiências que formam suas redes e seus dados. Assim, por mais que seu código tenha sido programado por uma equipe de desenvolvedores extremamente competente, não foram eles que lhes disseram quais decisões deveriam tomar mediante cada partida, foram sua incontáveis experiências, acertos e erros que o fizeram ser capaz de derrotar o campeão mundial dez anos antes do que se esperava ser possível por um computador [2].
O fato de o software necessitar que alguém mova as peças fisicamente para ele talvez nos dê uma leve sensação de conforto ao saber que ele ainda precisa de um representante humano para concretizar suas ações, mas a implementação de um recurso como este é apenas questão de tempo. Contudo, os esforços em fazer o AlphaGo se tornar cada vez mais capacitado tem como fim auxiliar a humanidade [2] em questões onde a tomada de decisão correta pode significar a vida ou a morte de um paciente, por exemplo.
Por mais assustador que possa parecer ter um computador que pensa por conta própria e que é melhor que um humano nisso, somos nós quem os mantemos e nos beneficiamos de seus feitos, de modo que as possibilidades de utilização de um software deste nível são inimagináveis, seja na área jurídica ou médica onde uma decisão baseada em experiência tende a ser mais assertiva. O AlphaGo pode ser muito mais que um jogador de tabuleiro e se tornar o avanço necessário para uma sociedade ainda mais desenvolvida.
REFERÊNCIAS:
[1] https://ai.plainenglish.io/how-deepminds-alphago-became-the-world-s-top-go-player-5b275e553d6a
[2] https://youtu.be/EfSWcJ_8Jqg
[2] https://www.deepmind.com/research/highlighted-research/alphago
Observação: artigo desenvolvido na disciplina “Tecnologias Criativas” do Programa Extensionista Interdisciplinar “Tecnologias para a Vida” dos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia de Software da Ulbra Palmas.