Está sendo realizado até o dia 25 de agosto de 2017, período em que se comemora o Dia do Profissional de Psicologia, o Caos – Congresso Acadêmico dos Saberes da Psicologia. O evento ocorre no Ceulp/Ulbra e conta com uma série de atividades que irão se debruçar sobre um dos temas mais emergentes da contemporaneidade, a violência. Dentre os profissionais convidados está Fabiano Fagundes, que irá ministra a oficina “Violência nas redes: em que momento nos tornarmos tão insensíveis aos outros?”.
Fabiano Fagundes é bacharel em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (1995) e em Psicologia pelo Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA (2012), com especialização em Redes de Computadores e Inteligência Artificial (2002) e mestrado em Ciências da Computação também pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002). Atualmente é professor do Centro Universitário Luterano de Palmas nos Cursos de Bacharelado em Sistemas de Informação, Ciência da Computação, Comunicação Social – Jornalismo e do Curso Superior Tecnológico em Redes de Computadores e também Coordenador Adjunto do curso de Ciência da Computação. Participa dos Conselhos dos Cursos de Sistemas de Informação e Ciência da Computação. É membro ativo do Conselho de Ensino, Pesquisa e extensão (CONSEPE) e do Conselho Superior (CONSUP), tendo participado do Comitê Científico do CEULP/ULBRA.
Confira abaixo a entrevista sobre o tema:
EnCena – Sua oficina será sobre a violência nas redes sociais. Quais os desafios do profissional de Psicologia diante de um campo tão novo e ainda pouco explorado?
Fabiano Fagundes – O desafio maior está justamente neste ponto: é um campo muito novo e com pouco material de estudo para auxiliar o trabalho do psicólogo. Problema que aumenta quando o próprio profissional não tem uma intimidade com as ferramentas onde a violência e o ódio se dissemina.
EnCena – O que pode estar por trás do chamado fenômeno “haters”, explicitado com o advento das redes?
Fabiano Fagundes – Atrás de um hater temos muitos fatores que podem estar em ação. Um dos mais fortes, em uma leitura minha, é a necessidade de aparecer, mesmo que de forma anônima, por mais paradoxal que seja. Saber que sua opinião tomou uma dimensão gigantesca, com pessoas curtindo ou rechaçando suas ideias, dá um prazer enorme a muitos destes haters.
EnCena – É possível sair incólume à profusão de informações e de comunicação violenta, nas redes?
Fabiano Fagundes – Sim. Mas para isso a pessoa tem que se perguntar se não é ela mesma quem está procurando por estas informações. Muitas pessoas curtem um gozo único ao se deparar com este tipo de informação e não se satisfazem enquanto não ontem maiores detalhes, como um vídeo ou fotos com imagens chocantes de violência.
EnCena – Como os pais devem agir diante deste panorama?
Fabiano Fagundes – Da mesma forma que devem fazer com tudo que diz respeito a este universo da internet: acompanhando, acompanhando e acompanhando os seus filhos no seu relacionamento com a internet e com tudo o que há nela.
EnCena – O advento e usos de comunicação por redes parece ser um fenômeno irreversível. Como tirar o melhor uso destes recursos?
Fabiano Fagundes – Volto ao meu tempo de infância a adolescência, quando meus pais não me proibiam o acesso a nenhum meio de comunicação da época, fossem eles revistas, jornais, programas de TV. O que eles faziam era selecionar e me apresentar o que havia de interessante e que proporcionava crescimento pessoal. O mesmo deveria ocorrer com a comunicação pelas redes. O problema é que, hoje, em muitas das vezes, os pais estão mais imaturos no relacionamento com esses meios do que os próprios filhos.
Por que Caos?
A subversão de conceitos aparentemente fechados é uma das marcas das mentes mais invejáveis de todos os tempos. E pensar de forma subversiva é também quebrar com a linearidade das considerações pré-concebidas. Assim, resignificar e despir as “verdades” são a tônica de toda a produção científica, de toda a produção de saberes. Caso contrário, não se estaria produzindo ciência, mas, antes, dogmas.
A palavra CAOS, neste contexto, ganha especial sentido, já que remete à possibilidade do princípio da impermanência e da criatividade. A Física diz que é do princípio do CAOS que surge parte dos fenômenos imprevisíveis, cuja beleza se materializa na vida que se desnuda a todo instante.
É neste sentido que, também, para a Psicologia, o CAOS possibilita pensar sobre uma maneira de enxergar o Ser para além de rótulos ou de concepções a priori. Este microcosmo humano que é objeto de escrutínio do profissional de Psicologia guarda uma gama de imprevisibilidade e de originalidade que representam a própria riqueza da existência. Afinal, pelo CAOS podem-se iniciar intensos processos de mudanças, autossuperações e singularidades. É pelo princípio do imprevisível e do radicalmente distinto que se vislumbra a beleza da diferença. Estas são, em súmula, as bandeiras da Psicologia, área da ciência calcada essencialmente no Humanismo, que busca elevar a condição humana em toda a sua excentricidade, sem amarras, sem julgamentos. Esse é o princípio do CAOS, o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia do Ceulp/Ulbra.
Serviço:
O que: Palestra “Saúde mental e gênero: o que as (micro)violências contra as mulheres têm a ver com isso?”
Quando: 25 de agosto de 2017 às 9h
Onde: Auditório Central do Ceulp/Ulbra
Realização: Curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra
Apoio: Conselho Regional de Psicologia – CRP-23, Prefeitura de Palmas (SEMUS), Jornal O Girassol, Psicotestes, GM Turismo, Coordenação de Extensão do Ceulp/Ulbra, Coordenação de Pesquisa do Ceulp/Ulbra.
Mais informações:
Coordenação de Psicologia: Irenides Teixeira (63) 999943446
Assessoria do Ceulp/Ulbra: 3219 8029/ 3219 8100
Programação e Inscrições: http://ulbra-to.br/caos/
Notícias do Evento: http://encenasaudemental.com/mural