Entre os dias 1 e 3 de junho de 2017 ocorreu, no Rio de Janeiro, o III Fórum Internacional – Novas Abordagens em Saúde Mental. Contando com a participação de vários profissionais e usuários de serviços voltados para a saúde mental, o evento proporcionou a todos a oportunidade de relatar suas experiências nesse campo.
Entre os participantes estava Luíz Eduardo Mendonça, formado em Psicologia e usuário dos programas Comunidade da Fala e Voz dos Usuários, criados com o intuito de possibilitar com que aqueles que usufruem desses serviços possam se expressar, falar o que pensam, o que desejam de mudanças e de realizações, além de relatar se estão com algum problema, em busca de ajuda para solução desse.
Luíz Eduardo relata que é um ouvidor de vozes (diagnóstico de esquizofrenia) e que uma de suas realizações é ter conquistado a formação em Psicologia. A equipe (En)Cena o entrevistou no segundo dia do evento (02/06/2017).
(En)Cena – Como você acha que poderia acontecer o processo de empoderamento com pessoas estereotipadas e estigmatizadas que possuem um transtorno mental?
Luíz Eduardo – Eu acho que quanto as pessoas estereotipadas, a gente tem que lutar para mudar esse estigma. A pessoa deve ser aceita do jeito que ela é, com a fraqueza dela, ser acolhida da melhor maneira possível. A pessoa não pode ser jogada de lado só porque tem um problema, ela deve ser acolhida pelo grupo e pela sociedade da melhor maneira possível.
(En)Cena – Quanto aos projetos citados, como A Voz dos Usuários e A Comunidade da Fala, você participa dos dois?
Luíz Eduardo – Sim, participo dos dois.
(En)Cena – Como você acha que esses projetos podem ajudar essas pessoas que são estigmatizadas?
Luíz Eduardo – Bom, eu acho que esses projetos que dão voz aos usuários favorecem um melhor tratamento para eles, um tratamento mais humano. Esses dois projetos, Comunidade da Fala e A Voz dos Usuários, estão dando voz a eles, para que eles não fiquem sofrendo calados, para que eles tenham voz da melhor maneira possível e possam ser ouvidos e respeitados. Se tem algum problema, eles abrem a boca e são orientados da melhor maneira possível para serem respeitados, ouvidos, assim “eu tenho voz, eu existo, eu sou respeitado, eu tenho direitos, eu não posso ficar sofrendo calado e rejeitado”.
(En)Cena – Como você se posiciona em relação à questão da medicalização excessiva com os pacientes que sofrem de transtornos mentais?
Luíz Eduardo – Eu acho que o tratamento não está só no remédio, é preciso trabalhar o emocional da pessoa da melhor maneira possível. O tratamento não está só em remédio, dar remédio para pessoa ficar dopada e ficar jogada de lado. Tem que se trabalhar as questões dos desafios para que tudo possa ser resolvido e as questões possam ser trabalhadas emocionalmente, não simplesmente dar um remédio e dopar a pessoa.