Em entrevista ao (En)Cena, Caram comenta que produz suas obras usando exclusivamente o suporte digital
O (En)Cena entrevista o artista surrealista Marcel Caram, que recebe influência de dois gênios da pintura, Salvador Dali e Chirico. Caram, assim, reverbera uma produção que dá eco a um universo paralelo, por vezes onírico, para além de construções racionais, e que se coloca como uma importante forma de acessar os conteúdos do inconsciente, que são sempre simbólicos.
De acordo com o site Obvious, recentemente a obra de Marcel Caram foi selecionada no SoJie 6, uma espécie de concurso cultural que reúne artistas de diferentes partes do mundo. A exposição, que ocorre em plataforma virtual (bem à moda do artista), reúnes grandes curadores globais e, além de conter arte digital, converge também produções em pintura convencional e fotografia. O festival é uma iniciativa da empresa australiana REDBUBBLE, que funciona como um mercado virtual, possibilitando que novos artistas exponham e vendam seus trabalhos.
En)Cena: O país passa por uma grande crise, crise esta que vai muito além de questões financeiras e que abala, inclusive, a capacidade de desenvolver a imaginação, já que o medo paralisa parte das pessoas. Em que medida o surrealismo poderia colaborar para quebrar estes grilhões?
Marcel Caram – Realmente vivemos momentos difíceis no Brasil e no Mundo. Problemas que vão, como você mencionou, além das questões financeiras. Acredito que o Surrealismo, como qualquer outro tipo de arte, pode ajudar as pessoas no sentido de fazê-las pensar, usar a imaginação. Sendo assim, a arte seria um estímulo para fazer as pessoas criarem.
(En)Cena: Além de um movimento estético, o Surrealismo também poderia ser considerado um território de discussões políticas?
Marcel Caram – Claro que sim. Se esta for a intensão do artista. Não é o meu caso. Procuro fazer meus desenhos sem conotações políticas.
(En)Cena: Em sua opinião, o pintor René Magritte recebeu o devido valor, pela sua obra?
Marcel Caram – Acho que sim. Magritte é um mestre reconhecido do surreal na mesma grandeza de Dalí.
(En)Cena: A Psicologia, notadamente a partir do trabalho da Arteterapia e da Psicologia Analítica, se utiliza da arte como um dispositivo para ampliar a linguagem das pessoas e promover saúde mental. Já fez alguma intervenção neste sentido? O que acha desta proposta?
Marcel Caram – Não. Nunca fiz uma intervenção neste sentido. Acho a proposta interessante. Sabemos que envolver-se com a arte provoca um profundo estado de relaxamento, em geral, e isso traz saúde mental.
(En)Cena: Nietzsche vaticinava que o mundo seria insuportavelmente triste sem a arte. De acordo com o seu ponto de vista, os brasileiros reconhecem este valor simbólico da arte? Em que pé estamos, se comparados a países próximos como a Argentina, o Chile e o Uruguai?
Marcel Caram – Não sei dizer se os brasileiros conscientemente reconhecem este valor simbólico da arte. O que eu sei dizer é que o povo brasileiro é muito criativo e produz arte de qualidade em todas as regiões do País. Nesse sentido, se comparado com nossos vizinhos regionais, acho que estamos um pouco na frente em matéria de produção artística.
(En)Cena: Seu trabalho é feito exclusivamente com mídia digital? Quais os benefícios e/ou eventuais gargalos desta escolha?
Marcel Caram – Sim. Meu trabalho é exclusivamente em mídia digital. Como benefício e posso citar a comodidade e a infinidade de recursos para criação. Como gargalo, eu posso citar o ainda pouco reconhecimento da arte digital pelo público em geral.
(En)Cena: Como é o seu processo de criação? É baseado em conteúdos oníricos, em associações livres, visualizações ativas ou algo do gênero?
Marcel Caram – Meu processo de criação é variado. As vezes tenho uma ideia e o desenho já vem pronto na mente. As vezes um objeto ou uma imagem me inspiram. As vezes uma cena corriqueira que eu vejo no dia-a-dia pode iniciar um processo de criação. Como disse, é variado.
(En)Cena: Imaginamos que, além de Magritte, o senhor recebeu influência do Dali. Poderia comentar um pouco sobre este percurso?
Marcel Caram – Acredito que eu tenha sofrido mais influência de Dalí e Chirico do que de Magritte. O percurso para o surrealismo foi natural. Desde criança os trabalhos surrealistas sempre chamaram minha atenção. Especificamente os de Dalí. Então desde que eu comecei a desenhar eu pratico o surrealismo espelhado em seus trabalhos.
(En)Cena: O que gostaria de acrescentar a esta entrevista?
Marcel Caram – Gostaria de acrescentar que eu faço impressões em Fine Art dos meus trabalhos para quadros decorativos e envio para todo o Brasil via Sedex. Quem estiver interessado por favor entre em contado pelo e-mail “marcarambh@yahoo.com.br” ou pelo Facebook @marcarambr. Obrigado! (Com informações do site Obvious)