Música do Silêncio: afetividade musical

Segundo Erich Fromm, tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida. Esta ideia, também, constitui a linha central da obra de Viktor Frankl.

“O amor é a maravilhosa sinfonia de cada batida do coração.”

“Música do Silêncio” (2018), dirigido por Michael Radford, é um filme baseado na vida extraordinária do renomado cantor de música clássica e tenor Andrea Bocelli. Vindo de uma família muito afetiva da região italiana da Toscana, nasceu com glaucoma, que o deixou parcialmente cego. Posteriormente, levou uma bolada no rosto, que fez com que perdesse a visão por completo, durante uma partida de futebol.

 O filme retrata a infância de Bocelli, que sempre sentiu afinidade musical. É difícil pensar em um mundo sem a música, pois ela está sempre presente reforçando os nossos sentimentos. Bocelli fez da música sua única razão de viver e, segundo Erich Fromm (2000), as necessidades humanas são as que ajudam as pessoas a encontrarem respostas à sua existência e significam o desejo da integração com o mundo natural, compreendendo o modo que este se encaixa nele. Quando estava no hospital, Bocelli não conseguia lidar com o fato de que não enxergaria o mundo como a maioria das pessoas e sentiu-se frustrado, chegando a ter episódios de agressividade. Sua mãe, sem saber o que fazer, tentou manter-se carinhosa e determinada para ajudar o filho a se acalmar – a efetividade é, em todas as intervenções, poderosamente influenciada pela postura do paciente. Não mais tardando, a calmaria veio através do som musical do paciente do quarto ao lado.

As experiências e a percepção do mundo que nos rodeia seriam completamente impossíveis se nós não conseguíssemos recordar o que vemos, o que sentimos e de maneira geral, o que percebemos. Nascemos não apenas com a possibilidade de receber estímulos reforçadores do contexto social e do meio, mas também com a capacidade de aprender a usar as experiências vividas para melhorar os futuros repertórios comportamentais.

Segundo Erich Fromm (2000), tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida. Esta ideia, também, constitui a linha central da obra de Viktor Frankl. Bocelli não conseguia captar as sensações do mundo através da visão, logo, a sua percepção dependeria de outros estímulos e de seus quatro sentidos restantes: auditiva, tátil, olfativa e gustativa.

A sensação e a percepção possibilitam a existência dos demais sentidos, sendo possível criptografar pertinentes aspectos da energia química e física que nos envolve. A percepção refere-se ao modo como cada pessoa organiza e interpreta as suas sensações em relação ao seu contexto social, sendo um processo neurológico de transformação de estímulos simplesmente sensoriais em situações perspectivos conscientes. A sensação é um acontecimento que ocorre por consequência dos estímulos biológicos, físicos e químicos, ocasionado de fora para dentro do organismo, promovendo alterações nos órgãos receptores.

Fonte: encurtador.com.br/cjADZ

No filme, Borcelli compartilhar experiências e vivências e nos permite entrar um pouco no mundo dos deficientes visuais e as dificuldades dos cegos em um mundo de maioria não cegos. Mostra a interação social e o contexto familiar como reforçadores a qualquer diversidade. O filme nos instiga a pensar a respeito das diferenças existentes e no qual é importante aprendemos a respeitar e entender cada pessoa, com suas características e necessidades únicas e respeitar o ser humano dentro da sua subjetividade.  Em suma, o filme mostra que Bocelli aprendeu novos repertórios comportamentais diante dos problemas que lhe foram impostos no decorrer de sua vida, adaptando-se ao ambiente, superando as adversidades e desenvolvendo-se, uma vez que a deficiência visual poderia ser um limitador de comportamento.

REFERÊNCIAS:

ANDRADE, V., M.; SANTOS, F.  H. ; BUENO, O. F. A. Neuropsicologia hoje. São Paulo: Artes Médicas, 2004. 454 p., il.

CATANIA, A. C. Aprendizagem: Comportamento, Linguagem E Cognição. Porto Alegre: Artmed, 1999.

FROMM, Erich. A arte de amar.Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MOREIRA, M. B.; Medeiros, C.A. de. Princípios básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre: ArtMed, 2007.

FICHA TÉCNICA DO FILME

Diretor: Michael Radford
Elenco:Toby Sebastian, Antonio Banderas, Jordi Mollà
Gênero: Biografia, Musical
País: Itália
Ano: 2018