Entrevista com a Coordenadora Escolar ABA e as dificuldades encontradas por Atendentes Terapêuticos no contexto escolar.
(En)Cena entrevista a pedagoga Janaina Alves de Oliveira. Formada em Licenciatura Plena em Pedagogia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), interessou-se por disciplinas como “Educação Especial e Inclusão” e “Psicologia da Educação – Desenvolvimento e Aprendizagem”, que nortearam sua especialização.
É pós-graduada em Neuropsicopedagogia pela Faculdade de Tecnologia e Educação Superior Profissional – FATESP e pós-graduanda em Intervenção ABA para Autismo e Deficiência Intelectual pela CBI of MIAMI.
Faz parte da equipe ABA do Instituto Psiquê – Neurociência e Saúde desde o ano de 2021, tendo iniciado como Assistente Terapêutica Escolar e Clínica, em seguida tornando-se Assistente de Coordenação Técnica e, hoje, atuando como Coordenadora ABA Escolar.
(En)Cena: Os Atendentes Terapêuticos desempenham um papel vital nas escolas, apoiando alunos com necessidades emocionais e comportamentais. Quais são as principais responsabilidades dos Atendentes Terapêuticos escolares?
Janaina: Os Assistentes Terapêuticos estão presentes nas escolas para facilitar a inclusão e desenvolvimentos dos aprendizes, com foco comportamental. Os atendentes manejam comportamentos de crise, auxiliam na estimulação de habilidades sociais e estão atentos às dificuldades pedagógicas dos aprendizes, assim sinalizando as habilidades que precisam ser trabalhadas com mais ênfase.
(En)Cena: Como coordenadora, qual é o seu papel na capacitação e no apoio contínuo aos Atendentes Terapêuticos em sua equipe?
Janaina: Como coordenadora ABA, sou responsável por supervisionar os atendimentos escolares e por auxiliar os Assistentes Terapêuticos, tirando dúvidas, ajudando a manejar os comportamentos e aplicar programas. Também organizo os planos de ensino, visando os alvos necessários para cada aprendiz.
(En)Cena: Trabalhar em conjunto com professores e outros profissionais da escola é essencial. Como vocês promovem uma colaboração eficaz entre os Atendentes Terapêuticos e a equipe escolar?
Janaina: O objetivo é estarmos alinhados com as escolas para melhorar a qualidade da Intervenção ABA, estimulando, assim, o desenvolvimento dos aprendizes. Reuniões são realizadas com frequência para troca de informações e alinhamento de condutas e objetivos. O ABA está dentro das escolas para somar com o trabalho dos professores e corpo docente, respeitando o espaço dos profissionais e dando autonomia para os professores e oferecendo suporte quando necessário.
(En)Cena: Como vocês promovem a autonomia e a capacitação dos alunos, ajudando-os a desenvolver habilidades emocionais e comportamentais que possam usar independentemente?
Janaina: Cada aprendiz tem o seu plano de ensino individualizado, onde traçamos habilidades que estão em déficit e devem ser estimuladas. Utilizamos um aplicativo onde o assistente alimenta diariamente com informações como: se houve a aplicação do programa de ensino da habilidade em déficit e porcentagem de independência do aprendiz naquela habilidade. Existem níveis de ajudas necessárias para ajudar que o aprendiz adquira a habilidade e a realize de forma independente.
(En)Cena: É provável que os Atendentes Terapêuticos enfrentem desafios diversos ao trabalhar no ambiente escolar. Poderia compartilhar quais são os desafios mais comuns que eles enfrentam e como lidam com essas situações?
Janaina: Pouco se é dito sobre a importante e a função do assistente terapêutico escolar, enfrentamos dificuldades como: falta de espaço para manejo de comportamentos e terceirização do ensino, onde o assistente fica responsável pela vida acadêmica do aprendiz. Ainda há falta dos planos de ensino individualizado elaborados pelas escolas e adaptação curricular.
(En)Cena: Hoje, sabemos que nem todas as crianças conseguem acesso a um acompanhamento escolar quando necessitam. Como isso pode afetar o desenvolvimento do estudante?
Janaina: A falta de profissionais capacitados impacta na evolução do aprendiz, sem o suporte necessário, novas habilidades não serão adquiridas devido à falta de estimulação.
(En)Cena: Como é o preparo da equipe escolar para receber e lidar com crianças neurodivergentes? Quais são as maiores dificuldades relacionadas à docência?
Janaina: As escolas deveriam ter uma equipe especializada com formações continuadas voltadas ao público neurodivergente, porém não é a realidade que encontramos na maioria das escolas. No instituto temos a política de envio de documentações com as atribuições do assistente terapêutico e documentos pessoais. Nossos profissionais realizam formações continuadas, solicitamos reuniões com toda equipe (clínica e escola) para sanar dúvidas e repassar orientações, além de nos disponibilizarmos para ministrar palestras e rodas de conversa.
(En)Cena: De que forma a família pode ajudar no processo de aprendizagem das crianças neurodivergentes?
Janaina: A família é o principal responsável nesse processo, e é quem mais tem a contribuir com o desenvolvimento. Estar alinhado com os métodos e estratégias fazem toda diferença no processo terapêutico. É com a família que o aprendiz passar maior parte do tempo e tem mais oportunidade de generalizar os comportamentos aprendidos em ambiente clínico e escolar.
(En)Cena: Como tem sido sua experiência ao trabalhar com essa profissão tão essencial para o desempenho e crescimento das crianças?
Janaina: É enriquecedor trabalhar na área. Perceber as particularidades de cada aprendiz, contribuir com os ganhos de habilidade e ver os progressos não tem preço. É uma área essencial e de grande contribuição social.