O ato de aprender carrega singularidades e desafios que devem ser considerados no processo de formação, aspectos econômicos, sociais, culturais e geográficos são alguns dos elementos que podem estar diretamente associados ao nível de escolaridade alçado e à valorização da formação acadêmica como estratégia de superação da realidade. Fica a pergunta: como se formar em meio a tantos desafios?
Em prol dessa escuta e da compreensão da realidade atual, o (En)Cena convidou diferentes estudantes, da rede pública e privada para falarem sobre os desafios da formação acadêmica no Brasil. Nesta série de entrevistas eles falam sobre trajetória acadêmica, os aprendizados e os desafios que ainda precisam ser superados. As narrativas nos mostram o cenário atual de precarização não só das estruturas de formação, mas também do baixo índice de criticidade e autonomia dos alunos sobre seu processo de formação. Precisamos (re) aprender a aprender.
Visando preservar a identidade de nossos convidados e pensando na potência do ato de aprender livre de pressões institucionais, optamos por manter em sigilo o nome de todos os entrevistados e das instituições de ensino. Entendemos que suas falas alcançam, contemplam e priorizam, ainda que de modo particular, estudantes da rede pública e privada de nosso país.
A entrevistada de hoje cursa Psicologia na rede privada, em uma instituição situada no estado do Paraná. De forma clara, a mesma relatou abertamente sobre a sua trajetória até a graduação. Percebe-se a importância que a estudante atribui ao ensino, mas também deixa claro que existem pontos negativos, que podem afetar diretamente na saúde dos estudantes.
Segue a entrevista na íntegra abaixo:
(En)Cena: Qual a importância da graduação na sua vida?
Resposta: Primária, a graduação é meu foco principal atualmente.
(En)Cena: Como você acha que a universidade te auxilia para alcançar seus objetivos de vida?
Resposta: Sem a faculdade eu não conseguiria realizar o sonho de me tornar psicóloga, pois só se pode atender pacientes em clínica com domínio técnico e claro, o número no Conselho Regional. Portanto, a faculdade é o principal passo para que eu consiga atingir minhas metas profissionais.
(En)Cena: O que você acha do modelo de ensino vigente?
Resposta: Necessita de mudanças. A graduação de psicologia no Brasil ainda é atrasada em comparação aos outros países (especialmente EUA, Canadá e Inglaterra). Temos aqui uma grade horária antiga e que não recebe a atualização que deveria.
(En)Cena: Você enxerga o contexto acadêmico como inclusivo?
Resposta: Para pessoas privilegiadas socialmente, sem dúvida. Mas para aqueles que fazem parte de uma minoria, infelizmente a faculdade é um ambiente exclusivo, hierárquico e intelectualizado.
(En)Cena: Você acha que a universidade pode afetar a saúde mental dos estudantes?
Resposta: Sem dúvidas. Considerando a faculdade como algo que toma a maior parte da vida dos graduandos, seria impossível ela não afetar diretamente a saúde mental deles. Em cursos com carga horária alta e exigências desumanas, muitos estudantes sofrem com problemas sérios de saúde mental.
(En)Cena: Como foi seu trajeto até chegar na universidade?
Resposta: Fiz parte do ensino médio num intercâmbio nos EUA, depois voltei e finalizei o 3ao aqui no Brasil. No outro ano eu fiz cursinho e aí entrei na graduação com 18 anos.
(En)Cena: Há algum ensinamento que você aprendeu em sala de aula e que leva para vida?
Resposta: Seja sempre humilde. Independente do nível de conhecimento que você adquirir, mantenha a humildade e a compaixão pelas pessoas. Ajude as pessoas através do conhecimento que você tem.