As facetas da violência contra a mulher

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A crise sanitária ocasionada pela pandemia da Covid-19 foi um dos fatores que provocaram o aumento da violência doméstica contra a mulher. A informação é do Ministério da Família e dos Direitos Humanos (MFDH), baseado na coleta de informações, no ano anterior. Conforme a pasta foi registrada mais de 100 mil denúncias de violência contra a mulher, nesse período. Os dados divulgados são alarmantes, e reforça a necessidade da denúncia do agressor para coibir esse tipo de criminalidade, que tem tido um crescimento, nos últimos anos.

De acordo com o Atlas da Violência, uma mulher é assassinada no Brasil, a cada 2 horas. Situação que tem preocupado organizações governamentais e não governamentais.  Nesse sentido, o Governo Federal, por meio do MFDH disponibiliza o disque denúncia, pelo número 180, Central de Atendimento de Ajuda a Mulher, bem como as delegacias estaduais oferecem 197. Medidas adotadas para evitar o número de mulheres agredidas, em suas violências.  As mulheres, que se sentirem vítimas, podem realizar o boletim de ocorrência virtual, caso tenham sido impedidas de sair de seu lar.

Minayo (2005) explica que o machismo provoca o aumento dos casos de violência, a partir do momento que o agressor se sente proprietário da mulher. “No caso das relações conjugais, a prática cultural do “normalmente masculino” como a posição do “macho social” apresenta suas atitudes e relações violentas como “atos corretivos” (Minayo, 2005). Nessa perspectiva, a pesquisadora aponta que é preciso rever os conceitos da cultura brasileira, em que o homem está inserido (MacDonald, 2013) reforça que a violência contra a mulher acontece em todos os quatro cantos do mundo, sendo que esse tipo de violência tem suas raízes na discriminação e na visão que a mulher é um ser frágil e submisso ao homem.

Fonte: Freepik

Sobre esse assunto, a Netflix lançou esse mês, a série Maid, que retrata justamente a violência contra a mulher, mas com foco na violência psicológica, que muitas das vezes, não é vista como violência, por não ter acontecido uma agressão física. A narrativa gira em torno da personagem feminina Alex, que durante a madrugada foge com sua filha Maddy, de apenas dois anos, em um ato desesperado, por não aguentar mais a tortura psicológica, em que era submetida pela então companheiro e pai de sua filha.  Sem emprego, dinheiro e uma conta bancária, a jovem mãe vê-se obrigada a procurar ajuda em um abrigo, quando entende que foi vítima de violência psicológica.

No início a jovem não queria aceitar sua condição de vítima, mas a partir do momento em que compreendeu sua situação de vulnerabilidade, realizou a denúncia, e foi encaminhada para uma casa de apoio a mulheres vítimas de violência física e psicológica. Para poder ter a guarda da filha, Alex interpretada pela atriz, Margaret Qualley, foi trabalhar como empregada doméstica, em diversas casas, com objetivo de sustentar a criança e encontrar um lar seguro, distante de todo tipo de violência.   A drama prende o telespectador, no sentido de identificação com a personagem.

A minissérie tem feito tanto sucesso, que muitas mulheres têm relatado suas histórias de violência doméstica, e outras clareando suas mentes pelo que tem vivido em suas casas ao lado do agressor.  Destaca-se que os 10 episódios são baseados na história real de Stephanie Land, que escreveu sua biografia na obra “Superação: Trabalho Duro, Salário Baixo e o Dever de Uma Mãe Solo”. Considerado um dos mais vendidos pelo jornal New York Times, o enredo traz sobre a vida de Land, que vive abaixo da linha da pobreza e buscou ajuda do governo e trabalhar como doméstica para sobreviver e sair do retrato da violência.

Fonte: Divulgação Netflix

No Brasil para combater a violência contra a mulher foi aprovado em 2006, a Lei 11.340, mais conhecida como a Lei Maria da Pena, que criminaliza a violência doméstica e familiar contra a mulher, bem como busca prevenção, por meio de medidas protetivas, quando feita a denúncia.  Em seu título II, a lei explica que a violência pode acontecer em diversas formas, como a física, psicológica, sexual, patrimonial e material.  Segundo o artigo 5º, da Lei Maria da Penha, violência doméstica e familiar contra a mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.

 Caso conheça algum caso de violência contra a mulher, denuncie. Não deixa o agressor impune. Muitas mulheres não têm força para denunciar, mas seja o vizinho que irá ajudar a pôr fim a um ciclo de violência familiar.  Como já foi mencionado, é somente ligar no 180, central de atendimento, ou na delegacia da sua região, pelo 197.

REFERÊNCIAS

Brasil, Atlas da Violência (2020). Disponível em <https://www.netflix.com/br/title/81166770> Acessso. 23, de out, de 2020.

Brasil, Ministério da Família e dos Direitos Humanos (2020).

MacDonald, M. (2013). Women prisoners, mental health, violenceand abuse. International Journal of Law and Psychiatry.

 Mynaio,  M.C. Laços perigosos entre machismo e violência(2005). Disponível em <https://www.scielo.br/j/csc/a/gvk6bsw36SPbzckFxMN6Brp/?lang=pt&format=pdf> Acesso: 23, de out de 2021.

Netflix, Maid. Disponível em < https://www.netflix.com/br/title/81166770> .Acesso, 23 de out,de 2021.

Brasil, Planalto Central. Lei 11.340. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm> Acesso. 23, de out de 2021.

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Senado aprova por unanimidade projeto de Kátia Abreu que exige laudo psicológico para soltura de agressor de mulher

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Projeto, aprovado em caráter terminativo, agora será analisado pela Câmara dos Deputados.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (09), por unanimidade, projeto de lei da senadora Kátia Abreu (PDT-TO) que determina que a revogação da prisão preventiva de agressor de mulheres ocorra somente após a emissão de laudo psicológico. A matéria foi aprovada em caráter terminativo e agora será analisada na Câmara dos Deputados.

A medida, que complementa a Lei Maria da Penha, visa a evitar que os agres sores reincidam após a soltura. Determina que, no caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, qualquer revogação de prisão, seja em flagrante ou preventiva, deve ser precedida de uma avaliação psicológica do agressor que verifique o grau de probabilidade de ele voltar a agredir a ofendida.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Autora do projeto, a senadora Kátia Abreu lembrou que, somente em 2016, 4.600 mulheres foram assassinadas no Brasil, uma média de 12 homicídios por dia, conforme o Atlas da Violência 2017.

“A maioria desses crimes foi cometida por maridos e namorados das vitimas. Muitas das mulheres assassinadas por seus companheiros já recebiam ameaças ou eram agredidas constantemente por eles. Os agressores se sentem legitimados e creem ter justificativas para matar, culpando a vítima”, observou Kátia. 

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Sessões Técnicas abordam a Violência Conjugal no CAOS 2019

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Nesta quinta-feira (23) aconteceu a apresentação dos artigos científicos submetidos ao CAOS 2019. A programação chamada de Sessões Técnicas, contou com quatro grandes temas que foram mediados pelos professores de Psicologia: Cristina Filipakis, Sonielson Luciano de Sousa, Thaís Monteiro e Irenides Teixeira.

A acadêmica de Psicologia Josiane Ribeiro Freitas apresentou o artigo “A violência conjugal e o discurso das vítimas sob a ótica da perspectiva sistêmica”, que foi escrito juntamente com a acadêmica Keila Ferreira da Silva sob supervisão da professora Cristina.

Fonte: Arquivo Pessoal

Josiane explanou sobre os tipos de violência que as mulheres sofrem por parte dos seus companheiros, abordando a violência física, patrimonial, psicológica e moral. Além disso, ela chamou atenção para como os padrões de violência são passados de geração para geração, num processo conhecido como transmissão transgeracional, caso não sejam resolvidos e ressignificados.

Em conclusão, a acadêmica levou o público a refletir sobre como a violência contra a mulher ainda está muito presente nos dias atuais, suscitando a necessidade de que as formas de se relacionar baseadas no machismo sejam repensadas e reformuladas.

 

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Bullying e imagem corporal na infância: um relato de experiência

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No último dia 22 de agosto participei de um debate em meio ao CAOS, Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia, sobre o tema Violência. O debate foi um dos grandes eventos e possuía tamanha importância, sendo apresentado pela Psicóloga egressa do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP), Michelle Sales Zukowski. A psicóloga apresentou o seu Trabalho de Conclusão do Curso (TCC), orientada pelo Dr. Pierre Brandão com o seguinte tema: “Bullying e imagem corporal na infância”.

Zukowski apresentou uma breve definição para a palavra Bullying, segundo Tognetta, sendo indisciplina, incivilidade. Complementa com Olweus dizendo: todo comportamento agressivo que se repita e que tenha provocação, é Bullying. Ela expõe que essa prática é dividida em duas partes: Bullying direto e Bullying indireto. O bullying direto é a agressão física, verbal, moral, psicológica e danos materiais. Dentro de sua pesquisa, Zukowski concluiu que essa prática é mais frequente entre meninos. Existe também o bullying indireto, fofocas ou rumores desagradáveis. Está ligado à parte relacional e social. Concluiu que essa prática é mais frequente entre as meninas.

Fonte: https://goo.gl/1tkAvS

No decorrer da apresentação, Zukowski mostrou que os meninos agridem tanto os outros meninos, quanto as meninas, e as meninas agridem apenas as outras meninas. Complementou que a prática do Bullying começa aos 3 anos de idade, estágio pré-operatório segundo Piaget. A falta de compreensão faz com que nessa fase o bullying seja direto, ou seja, agressões físicas, verbais, etc. A violência aumenta conforme o aumento das relações.

Sales mostrou características que as crianças agressoras e vítimas podem apresentar. Os agressores apresentaram problemas de satisfação pessoal, autoestima baixa e problemas com a autoimagem; são influenciados socialmente a anular sua empatia com as vítimas, buscam vítimas vulneráveis, nas quais identificam os seus pontos fracos. Já as vítimas experimentam sensação de extrema angústia ao ir para a escola; podendo levar ao comportamento autolesivo e tentativas de suicídio, ansiedade e insegurança. A egressa foi a fundo, dando dicas para identificação de crianças agressoras e vítimas. As agressoras apresentam ganho de objetos e falam muito de si. Já com as vítimas acontece o oposto, há perda de objetos e marcas no corpo.

Zukowski fala sobre a Imagem Corporal, e afirma que desde bebê começamos a percepção da nossa própria imagem corporal. Baseado em Schilder (1980), diz que o processo da nossa própria imagem é figurativo, como exemplo: identificação de gorduras onde não há. Para a interação fisiológica ela cita três aspectos: os Aspectos Neurais, os Aspectos Emocionais e os Fatores Sociais. Por fim, Michelle citou que usou metodologia de natureza quantitativa em seu estudo e apresentou em números os resultados de sua pesquisa desenvolvida em uma escola de rede privada de Palmas.

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