A vida e a obra do controverso Elon Musk, o segundo homem mais rico do mundo.

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Elon Musk é um personagem mundialmente conhecido, empresário, investidor bilionário e recente dono da rede social Twitter, mas qual é a história dele?

Naiane Ribeiro de Oliveira Silva – naiane.r.oliveira@gmail.com

Um dos objetivos de uma das empresas de Elon é colonizar Marte.
Fonte: Imagem de Tumisu por Pixabay

Nascido em Pretória, na África do Sul, Elon Reeve Musk é filho de Maye Musk e Errol Musk. Tem dois irmãos e uma meia irmã. Cativado pela tecnologia desde a infância, mostrou interesse em computação aos 10 anos, vendia ovos de páscoa feitos em casa de porta a porta junto com seu irmão mais velho e desenvolveu seu primeiro jogo de computador aos 12 anos. A infância foi atingida pela separação dos pais, o bullying sofrido na escola e pela sua dificuldade em socializar, por conta do diagnóstico de autismo.

Apesar da infância ter sido socialmente conturbada, segundo o canal de notícias financeiras CNBC, a família de Musk sempre esteve privilegiada por conta de seu pai que era dono de metade de uma mina de esmeraldas na Zâmbia, e antes disso, os descendentes da família Musk faziam parte de um grupo de colonizadores europeus que invadiram a África do sul, e durante o Apartheid, se beneficiaram economicamente da segregação entre brancos e negros.

Elon, na sua primeira oportunidade, decidiu se mudar para o Canadá com sua mãe e seus irmãos, passou dois anos estudando na Queen ‘s University no Ontário e terminou os estudos na Universidade de Pennsylvania com diplomas em economia e física. Com movimentos bem pensados, Musk aumentou sua fortuna criando uma companhia bancária online em 1999 e se unindo com a Confinity, uma startup financeira, criando o PayPal. Depois de conflitos de ideias Musk foi retirado do posto de CEO em 2000 mas conseguiu por volta de 165 milhões em 2002 com a venda da empresa para o eBay (GEETER; TURNER, 2018)

Com seus recursos ele já pensava em criar uma empresa que futuramente viria a ser a Space Exploration Technologies, ou SpaceX, com o objetivo final de colonizar o planeta Marte de uma forma acessível. Além desse investimento, Musk também é um dos maiores investidores e agora também CEO da Tesla Motors , uma companhia de carros elétricos. Esses investimentos eram seus principais em 2008, ano em que quase faliu, mas conseguiu dar uma reviravolta em 2010. 

Satélite da SpaceX
Fonte: Imagem de SpaceX-Imagery por Pixabay

Tudo isso também o levou a ser notado em Hollywood chegando a participar do filme “Homem de Ferro 2”. Com a SpaceX expandindo ele se ateve a outros projetos importantes como a OpenAI, uma organização que pesquisa sobre a inteligência artificial e cria formas práticas em que podem ser utilizadas, e a Neuralink, que pesquisa sobre dispositivos que podem ser implantados dentro do cérebro humano.

Com relação a sua vida privada, desde criança sempre foi reservado pois sofria muito bullying na escola, em um episódio chegou a ser hospitalizado após ser jogado de uma escada. Após o divórcio dos seus pais ele morou com o pai durante um tempo, mas depois desse período não mantiveram contato. Com o resto da família é bem próximo de sua mãe e ainda tem contato com seu irmão e sua irmã, que também são empresários (HARTMANS, 2023)

Conheceu sua primeira esposa, Justine no Canadá e começou a namorar com ela após um reencontro anos depois, em 2000. Tiveram o primeiro filho que morreu por SIDS (Síndrome da Morte Súbita Infantil) e depois tiveram gêmeos e trigêmeos, 5 filhos no total, mas se separaram em 2008. 

Após o divórcio ele começou a namorar a atriz Talulah Riley e casou- se com ela em 2010, depois de dois anos se separaram. Recasaram em 2013 e Elon pediu divóricio novamente um ano depois, mas desistiu. Em 2016 Riley pediu divórcio e foi finalizado, mas disse que mesmo após a separação os dois estão em bons termos.

Ainda em 2016, namorou com a atriz Amber Heard mas se separaram um ano depois por conta de suas rotinas, ele relatou que foi uma separação difícil. Em 2018, Elon apareceu em um evento com a artista e DJ Grimes e disse que se aproximaram após pensarem na mesma piada sobre inteligência artificial, em 2020 Grimes divulgou uma foto em que aparece grávida e confirmou que estavam tendo um filho cujo nome é “X Æ A-XII” com pronúncia de X Ash A-12.

Em Setembro de 2021 eles se separaram, segundo ele o trabalho deles era muito distante, em estados e lados diferentes, por conta do trabalho ele viaja bastante para outros países. Ainda em 2021 Elon teve filhos gêmeos com Shivon Zilis, uma executiva na empresa Neuralink através de inseminação artificial e de forma reservada, a notícia saiu somente em 2022.

Musk e Grimes continuaram a criar o filho juntos e em março de 2022 tiveram uma menina através de uma barriga de aluguel, Exa Dark Sideræl Musk, porém os pais a chamam de Y. Segundo Grimes, o casal mantém uma relação fluída em que não estão juntos mas ainda querem ter mais filhos (TEH, 2022)

Em 2022 sua filha de 18 anos transgênero mudou seu nome legalmente e quis se distanciar do pai além de não querer ser associada com ele de nenhuma forma. Em suas redes sociais ele faz piadas e desdenha de questões sociais como o uso de pronomes escolhidos por indivíduos transgêreros ou não binários. No total Musk tem 10 filhos, 9 ainda estão vivos, ele diz que eles são os amores de sua vida.

Elon Musk e seu primeiro filho com Grimes
Fonte: Imagem de elonmusk por Twitter

A vida profissional de Elon toma conta de quase todo seu tempo, recentemente com a compra da plataforma social Twitter, ele fez mudanças drásticas no aplicativo ao demitir pessoas em massa, colocar 80 horas semanais e instalar quartos na empresa. Musk também suspendeu contas de diversos jornalistas norte-americanos (WARZEL, s/d)

Além disso restituiu contas de pessoas que haviam sido banidas do Twitter por violar regras estabelecidas, como Donald Trump e Andrew Tate – que atualmente está preso e sobre investigação por suposta relação com tráfico humano. Em suas redes sociais Elon Musk prega e defende a liberdade de expressão acima de todas as coisas (HARTMANS; DELOUY, 2023

Além da atenção que está sendo dada ao twitter, Elon também é muito ativo e influente no cenário político dos Estados Unidos, já fez parte da equipe do ex-presidente Donald Trump e constantemente fala sobre questões voltadas a ideais da direita e esquerda estadunidense. Deixou suas opiniões bem claras através das redes sociais principalmente durante a pandemia de coronavírus, onde não apoiava normas de segurança como a quarentena e a aplicação de vacinas (SHERMAN;, JORDAN, s/d)

Durante a pandemia Elon fez diversos posts no twitter espalhando fake news e desestimulando as normas aplicadas para a diminuição de casos de Covid além de influenciar seus seguidores dentro da política a apoiarem seus interesses pessoais. Interesses que atingem todas as empresas nas quais ele comanda, principalmente o twitter que vem sendo mudado constantemente, uma das mudanças notadas é o aparecimento do conteúdo dele no topo do feed dos seus usuários.

Também houve a eliminação de spam e bots através do número de telefone que os usuários fornecem ao criar a conta, o código de vários países foram excluídos inclusive da Ucrânia, país que está passando por uma guerra com a Rússia e isso afetou a divulgação de casos e vídeos desse conflito.

Os banimentos da plataforma efetuados por Musk contemplam suas próprias vontades, aumentando a tolerância de verificação e ao mesmo tempo cobrando 8 dólares para a manutenção do selo de verificado a fim de evitar que outras pessoas passem por ele. Antigos funcionários relataram para o The Washington Post que a experiência de usuário de Elon é muito única, e que ele relata experiências muito pessoais.

A vida e a personalidade de Elon Musk é vista como contraditória, suas opiniões políticas mudam constantemente e suas atitudes perante suas empresas e companhias são tomadas de forma impulsiva, baseadas na sua experiência de vida elitizada e infelizmente conturbada 

Referências

HARTMANS, Avery; DELOUYA, Samantha. Elon Musk regained the title of ‘world’s richest man.’ Here’s how the billionaire went from getting bullied as a child to becoming one of the most successful and controversial men in tech. Insider, 28 de Fevereiro 2023. Disponível em <https://www.businessinsider.com/the-rise-of-elon-musk-2016-7> Acesso em:

HARTMANS, Avery et al. Inside the turbulent personal life of Elon Musk, who had secret twins with an exec, got divorced 3 times, and was seen at the Super Bowl with Rupert Murdoch. Insider. 13 de Fevereiro 2023. Disponível em: <https://www.businessinsider.com/elon-musk-relationships-2017-11> Acesso em: 15/03/2023.

GEETER, Darren; TURNER, Ashley. Elon Musk’s family tree explained. CNBC. 12 de Agosto 2018. Disponível em: <https://www.cnbc.com/video/2018/08/12/elon-musk-kimbal-maye-solar-city-tesla-spacex.html>. Acesso em: 15/03/2023.

SHERMAN, Natalie; JORDAN, Dearbail. Who is Elon Musk? BBC News, 19 de Dezembro 2022. Disponível em <https://www.bbc.com/news/business-61234231>. Acesso em:

TEH, Cheryl. Elon Musk and AOC got into another Twitter spat, with the congresswoman telling Musk to ‘lay off the proto-fascism’ and put down his phone. Insider. 16 de Dezembro de 2022. Disponível em: <https://www.businessinsider.com/aoc-elon-musk-twitter-spat-lay-off-proto-fascism-2022-12> Acesso em: 15/03/2023

WARZEL, Charlie. Elon Musk Is a Far-Right Activist. The Atlantic. 11 de Dezembro 2022. Disponível em: <https://www.theatlantic.com/technology/archive/2022/12/elon-musk-twitter-far-right-activist/672436/> Acesso em:15/03/2023

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Em “Vivarium” o micro e o macrocósmico se encontram na prisão da família e do casamento

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Vivarium é um filme simbolicamente ambicioso por tentar criar uma visão cosmológica integrada: macro e micro se encontram naquele subúrbio que mais parece lembrar a cidade cenográfica de Seaheaven do clássico filme gnóstico Show de Truman.

“Para onde foi todo mundo?”, pergunta-se um jovem casal que foi conhecer a casa perfeita para comprar em um subúrbio de classe média. Mas que se veem de repente presos em um misterioso labirinto em loop de casas idênticas, estranhamente hiper-reais, com suas cercas brancas, grama verde e um céu azul com nuvens perfeitas que lembram os quadros surrealistas de René Magritte. Será que estão presos em uma armadilha hiperdimensional? Uma metáfora da prisão do casamento e da família no qual o micro e o macrocósmico se encontram? Esse é o filme “Vivarium” (2019), um curioso híbrido de ficção científica e terror, co-produção belga-irlandesa-dinamarquesa. Um filme ambicioso que pretende explorar um grande arco simbólico que começa com o Paradoxo de Fermi na Cosmologia (“para onde foi todo mundo?”) até chegar as alusões ao pintor Magritte, ao misticismo do número nove e da cor verde que domina aquele subúrbio – a síntese do sonho da classe média americana. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

Primeiro físico a controlar a reação nuclear, Enrico Fermi observou que existia uma contradição entre o crescente conhecimento do Universo e a ausência de contato com qualquer forma de vida existente: com bilhões de outras galáxias lá fora, muitas delas bilhões de anos mais velhas que a nossa, pelo menos uma não poderia já ter entrado em contato conosco?

“Onde está todo mundo?”, indagava o físico. Isso ficou conhecido como “Paradoxo de Fermi”. Agora, imagine um filme que construa um arco simbólico que ligue esse paradoxo com a natureza sufocante do casamento em um típico subúrbio de classe média.

Temos então o filme Vivarium (2019), dirigido e escrito por Lorcan Finnegan, um curioso híbrido de ficção científica e terror – um jovem casal está à procura da casa perfeita para iniciar uma vida a dois. Um excêntrico corretor de imóveis leva o casal para conhecer um lançamento suburbano de um conjunto de casas que mais parece uma obra do pintor surrealista belga Renné Magritte. Essa alusão será importante na compreensão do filme.

Inadvertidamente, o casal se encontrará prisioneiro em um misterioso labirinto de ruas e casas idênticas que sempre parecem se fechar em loop – repentinamente o casal se descobre prisioneiro em alguma dimensão fora do tempo e espaço, na mais típica atmosfera da série clássica Além da Imaginação.

O primeiro mistério: são dezenas e dezenas de sobrados, idênticos a se perder no horizonte. Porém, todos vazios e trancados. Aparentemente, só eles ocupam uma casa (a número nove, outra alusão simbólica). Sob um perfeito céu azul ensolarado, salpicado de nuvens ao estilo das obras de Magritte. E nunca chove. Só eles parecem ocupar aquele vasto condomínio de labirintos infinitos. Onde está todo mundo?

Também parece que aquela imensa estrutura foi criada especialmente para eles. Condenados a criar um bebê que surge do nada e viver todos os tropos e clichês da típica vida conjugal de classe média numa atmosfera claustrofóbica e sombria. Contraditoriamente, num cenário perfeito. Hiperrealisticamente perfeito em um subúrbio moderno pré-fabricado em dry wall.

  A casa dos sonhos pode ser uma armadilha. A vida conjugal perfeita pode ser a prisão de uma rotina entediante e opressiva.

Como veremos, Vivarium é um filme simbolicamente ambicioso por tentar criar uma visão cosmológica integrada: macro e micro se encontram naquele subúrbio que mais parece lembrar a cidade cenográfica de Seaheaven do clássico filme gnóstico Show de Truman.

Assim como o Paradoxo de Fermi seria uma das evidências de que o Universo seria uma gigantesca simulação computacional para aprisionar a humanidade, da mesma forma a sociedade e, principalmente, sua célula central (a família e o modelo único de vida conjugal) seria um constructo de realidade para nos manter contidos e operacionais em um sistema.

Quem criou tudo isso? Quem nos observa, atentos em nos manter vivos dentro desse horizonte de eventos que chamamos de realidade? Esse é o mistério que permeia Virarium e aguça a curiosidade do espectador.

Fonte: encurtador.com.br/yGNOZ

O Filme

O tema central de Vivarium é o típico subúrbio de classe média, símbolo do sonho americano de conformismo e alienação por trás de cercas brancas e gramados bem cuidados. Filmes como Blue Velvet, de David Lynch (uma orelha cortada achada no gramado é a ponta de um submundo muito além da normalidade) e Beleza Americana, de Sam Mendes (a descoberta do erotismo libertador para além da mediocridade cotidiana) são exemplos de narrativas de como necessidade s humanas podem ser suprimidas em relacionamentos coagulados.

Vivarium vai mais uma vez revisitar esse tema acompanhando o casal Tom (Jesse Eisenberg) e Gemma (Imogen Poots). Um casal comum: ela trabalha como professora em uma escola infantil – ama seu trabalho e ama crianças. Tom é um jardineiro que dirige para o seu trabalho, carregando suas ferramentas, no VW da mãe, embora planeje comprar um caminhão adequado.

Para eles, a vida e o trabalho ainda são divertidos nessa fase – nada ainda parece que foi oprimido pelo realismo das obrigações.

Até que um dia, depois da aula, Gemma encontra uma garotinha da sua turma muito triste: encontrou na grama um filhote de passarinho morto – parece que foi desalojado de seu ninho por um cuco predador (cuja ação predadora cruel vimos nos créditos iniciais). Esse início parece querer nos mostrar estranhos presságios para o que veremos adiante.

Fonte: encurtador.com.br/bBRTW

Pensando em morarem juntos para iniciar uma nova vida, eles encontram num estande de vendas um estranho agente imobiliário que os convence a visitar um lançamento chamado Yonder.

Chegando lá, vemos que Finnegan cria uma paisagem obviamente digitalizada de casas quadradas e idênticas pintadas de verde, criando uma pura hiper-realidade desorientadora. Visitando uma casa mobiliada, percebem que o corretor desapareceu… Bom, então vamos embora!, decidem.

Só que eles não conseguem mais encontrar a saída daquele labirinto de casas idênticas. Tom roda com o seu VW até a noite cair e a gasolina acabar. Eles apenas andaram em círculos, sempre parando em frente a casa número 9, na qual parecem terem sido condenados a morar para sempre.

Estranhas caixas de papelão surgem diariamente do nada na porta da casa, com alimentos congelados ou acondicionados à vácuo.

Até que um dia, chega mais uma caixa de papelão… dessa vez com um bebê com um bilhete: “Cuidem dele, para depois liberá-lo”.

A partir desse ponto, a dinâmica de Tom e Gemma naquela casa, cuidando do bebê, começa a assumir todas as situações e clichês do casamento: ela, cuidando do “pequeno mutante” (uma criança que cresce mais rapidamente do que o normal, tenta imitar as palavras e comportamentos dos “pais” e dá um grito ensurdecedor quando está com fome e reivindica comida) e Tom cavando obsessivamente um buraco no jardim para tentar encontrar uma saída daquele mundo.

Fonte: encurtador.com.br/cBCE0

Quando o micro e o macrocósmico se encontram – Alerta de spoilers à frente

É a metáfora da vida conjugal e das reponsabilidades da classe média: ela ocupada com o “filho” e ele no seu “trabalho” diário. Cavando, cada vez mais ansioso, estressado, desenvolvendo um comportamento obsessivo-compulsivo, enquanto vai desenvolvendo um problema respiratório “ocupacional”. É a própria condição profissional-existencial de muita gente insatisfeita e infeliz num emprego apenas para dar a segurança familiar da subsistência.

Literalmente cavará a própria sepultura para depois o garoto, agora adulto, falar para a “mãe” à beira da morte: “esse é o papel da mãe… cuidar do filho para o mundo, até liberá-lo”.

É a própria metáfora da “síndrome do ninho vazio” – depois que os filhos crescem e vão embora, simbolicamente os pais morrem.

A narrativa de Vivarium fundamenta-se em três simbolismos para fazer essa convergência gnóstica entre o micro e o macrocósmico: as sucessivas alusões ao surrealista René Magritte, a cor verde e o número 9.

As estranhas nuvens que emolduram a paisagem hiper-real (“elas não têm forma de nada, apenas de nuvens”, diz a certa altura Gemma) são uma óbvia referência à série de pinturas de Magritte chamada “Império das Luzes” (1947-1965). Magritte foi o mestre dos paradoxos visuais – embora o cotidiano possa dar a impressão de normalidade, existem anomalias em toda parte: uma esquisitice terrena que está por trás do dia-a-dia, e que deveria ser revelado pelo surrealismo.

Fonte: encurtador.com.br/GLN37

Esse é o propósito de Finnegan: o estranho lugar que Tom e Gemma ficaram prisioneiros por algum propósito inescrutável de um demiurgo alienígena, apenas revela o absurdo das relações conjugais institucionalizada pela ordem familiar que congelam e suprimem as necessidades humanas.

Ao lado do azul daquele céu surrealista, a cor verde é onipresente: gramados paredes das casas e ambiente. O verde está associado a algo quintessencial, a uma transmutação química que pode resultar tanto na vida quanto no envenenamento: de um lado a fotossíntese, ar e natureza; e do outro, processos tóxicos e veneno. Subúrbios de classe média são ambientes tóxicos e sufocantes.

E o número 9. Desde a música “Revolution 9” dos Beatles, esse número está associado na cultura pop a “loops” (da mesma forma como a música dos Beatles foi construída na engenharia de som), passando pelo filme Número 9 (The Nines, 2007) ou a animação 9 – A Salvação (2009).

Pela simbologia mística, o número 9 representa finais de ciclos – é o número de meses da gestação, por isso carregando o simbolismo do esforço e sinalizando o fim de um processo. Representa a jornada completa: seu início e término. Assim que termina, tem-se um novo início a partir do número 1.

Assim como o loop representado pelo final do filme no qual o garoto que cresceu compulsoriamente criado por Tom e Gemma assume o lugar do velho corretor de imóveis. Para levar mais jovens casais para a armadilha cósmica do subúrbio Yonder.

Aquele lugar que será a sua última casa, assim como o seu casamento, a família e o emprego.

FICHA TÉCNICA:

VIVARIUM

Direção: Lorcan Finnegan

Elenco: Imogen Poots, Jesse Eisenberg, Senan Jennings, Eanna Hardwicke

Ano: 2019

País: Bélgica, Dinamarca, Irlanda

Gênero: Ficção Científica/Mistério

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